Educação Permanente

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

EPISÓDIO DA USP

Colegas, li o artigo abaixo e concordei plenamente com ele. Trata-se de uma análise sobre o comportamento dos jovens "rebeldes" da USP. Gostei da abordagem que Miro Hildebrando fez. Penso que contribuirá para nossas reflexões a respeito do assunto USP.
Boa leitura!

A Notícia, 14/11/2011 - Joinville SC
Alguma lição do episódio da USP?
Miro Hildebrando
Em quase todas as circunstâncias, tivemos a oportunidade de ver o idealismo da juventude, pari passu a movimentos sociais, manifestado às vezes de maneira radical, heroica e até mesmo absurda: os estudantes têm literalmente arriscado a pele por liberdade, justiça, igualdade e direitos humanos. A arte tem retratado alguns deles, cheios do vigor juvenil e da ardência própria, a desafiar governos, ditadores e burocratas usuais. Uma das imagens mais recorrentes e comoventes é a do jovem opondo-se a uma fileira de tanques chineses, na praça da Paz Celestial, em Beijing – e que, sintomaticamente, desapareceu da visão do mundo. Em Nova York, liliputianos combatem colossos financeiros de Wall Street pela humanização do capitalismo.

No Brasil, entretanto, após um período admirável de escaramuças com a ditadura militar, os estudantes foram se aquietando – especialmente sua liderança nacional, a UNE. Saíram do noticiário os protestos estudantis, faixas e cartazes e, no lugar disso, um silêncio atroador. Alguns veem nisso o resultado de relações espertas (e perigosas) com o poder; outros manifestam a certeza de que as principais lideranças estudantis foram cooptadas por meio de cavilosas manobras de políticos de visão dupla, enquanto outros entendem que os pesados financiamentos para custear obras de ampliações físicas da UNE foram simples moeda de troca. A manifestação agressiva na USP, supostamente em nome da autonomia universitária, contra a presença da polícia no campus e qualquer espécie de autoritarismo decorrente (como a de exigir documentos pessoais) merece algum exame.

Pedimos licença para utilizar a imagem shakespeariana do cego que, tendo seu pão roubado, desfere uma paulada no poste. Um pequeno e irritadiço grupo, surpreendido fumando maconha, acabou convencendo outros a se apossar de espaços físicos da universidade, exigindo liberdade irrestrita, inda que à custa da segurança individual e coletiva. E cabe perguntar: o que faz o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo no meio dos estudantes? Talvez a sociedade, as instituições e os governos tenham que balançar a cabeça, consternados e pacientes, e aguardar que o bom senso finalmente retorne. Existem causas muito mais dignas de serem discutidas – que tal o movimento contra a corrupção disseminada capilarmente pelo território nacional e que, por sinal, não mereceu a atenção da UNE e dos estudantes da USP? Talvez a tentativa de silenciar o CNJ, enquadrar a imprensa, o invasivo projeto de Belo Monte ou a impunidade de atropeladores embriagados pudessem sensibilizá-los. Mas, até agora, infelizmente, muito pouco ou quase nada vimos nesse sentido.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Ensino Médio e PV
Curso G9