O Tiririca, a prepotência e a Educação.
Como um dos mais antigos profissionais no mundo, o professor tem papel fundamental na formação do individuo, e não é por menos: para ser médico você precisa do professor, para ser arquiteto você precisa do professor, para ser turismólogo você precisa do professor, e até para ser professor você precisa do professor. Pelo menos um professor passa pela vida de cada pessoa no mundo, e mesmo que esta pessoa nunca tenha frequentado escola ela aprende algo com seus pais, vizinhos ou amigos, pois professor é aquele que orienta, educa e mostra.
E nesses tempos de eleição me pergunto que professor é este que ensina a 1.353.820 pessoas que Tiririca, aquele cujo slogan de campanha eleitoral foi “Pior que tá não fica”, é um bom candidato para Deputado Federal. Quem ensinou a essas pessoas que isso é fazer protesto? E como Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, aprendeu que é possivel brincar com coisa séria? Estas indagações não saem de minha mente, e a meu ver a culpada por tudo isso é a Educação prepotente.
Infelizmente ainda existe nas escolas formais uma atitude de pretensa superioridade, arrogância, tirania e de abuso de poder por parte de muitos professores. Estes acreditam que são detentores do conhecimento e da verdade absoluta, pessoas influentes e poderosas, capazes de abusar da autoridade que têm. Diante deles o aluno é vazio, pequeno e incapaz de alcançar sua força e sabedoria.
O resultado é o que vemos hoje: o aluno desinteressado pelo ensino, não tendo a educação como base para a formação de uma consciência crítica. Cresce acreditanto no “Rouba, mas faz”, e diante de um momento tão importante como o das eleições, faz piada. Na Internet é possivel encontrar propagandas eleitorais do Tiririca com comentarios do tipo “pelo menos ele é humilde e tem bom caráter”, “pelo menos ele lutou”, e “pelo menos ele vai fazer a gente rir”. Pelo menos? Sim, esta é a forma como o aluno da prepotência se consola hoje.
A minha certeza de que a Educação é a base de tudo foi fortalecida durante a Feira do Conhecimento do G9, quando nossos alunos apresentaram-se brilhantemente no palco e nos estandes, expondo sua sabedoria, timidez, e a grande capacidade de ensinar aos outros. Assim que começaram a falar, percebi que toda a minha inquietação sobre um possivel insucesso em atuar ou explicar sites e gráficos havia acabado. A escola toda me encantou com os cuidados que devemos tomar com a internet, com o túnel do passado, presente e futuro, a história do jornal, a educação digital para os deficientes, entre outros.
No entanto, o que me chamou muito a atenção foram os trabalhos dos pequeninos da educação infantil. Eles souberam explicar muito bem o que haviam feito, conseguindo inclusive fazer comentarios “extras” sobre o que estavam apresentando. A responsável por tudo isso, claro, é a educação. São as professoras extremamente dedicadas que pensam no livrinho da sala, no jornal dos acontecimentos, no gibi dos animais e nas caixinhas “O que é o que é”, e que educam as crianças com muito carinho e humildade.
Deixei a feira emocionada, feliz por ver tanta qualidade em educação, e ao mesmo tempo apreensiva com a possibilidade de haver mais pretensão do que humildade na professora dentro de mim. Percebi que TODOS nós, educadores, precisamos aprender muito com as professoras do ensino infantil, pois o futuro crítico de que tanto falamos e esperamos para os nossos jovens começa nas mãos delas.
Não podemos educar na expectativa de não termos mais Tiriricas. Devemos educar para não termos mais Tiriricas. O foco do professor tem que deixar de ser nele próprio, no quanto ele sabe mais, no quanto está certo e o quão melhor é em relação aos outros, e voltar-se para o aluno, contribuindo com sua transformação em um cidadão consciente e melhor a cada dia.
Texto elaborado pela profª Lívia Mota, que ministra Inglês no Curso G9.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Livia, adorei a relação que fez com a formação cidadã do aluno, a política e a Feira do Conhecimento. Parabéns, o texto ficou muito rico.
ResponderExcluirA professora Lívia foi muito feliz ao se reportar às professoras do ensino infantil. O trabalho delas fica evidente para quem fica no período da tarde na escola ou que já assistiu alguma atividade ou que teve contato com os pequeninos. Todo professor deveria trocar umas ideias com essas educadoras. Afinal seus alunos serão nossos também.
ResponderExcluir