O Curso G9 tem se destacado de maneira especial nas olimpíadas, neste ano de 2011. Na Olimpíada de Matemática em 2010, por exemplo, não tivemos nenhum aluno promovido para a 2a fase. Em 2011, no entanto, quase a metade dos alunos participantes conseguiram passar para a 2a fase, que será realizada dia 03 de setembro. Na OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia), temos dois alunos selecionados para a pré-seleção para a 2a fase, que acontecerá no dia 02 de setembro. A Olimpíada de História, que destaco neste artigo, tem vários alunos participantes. Ela é bastante desafiadora, organizada pela UNICAMP, é semanal,exigindo muito da profa Patricia Abbud, que a coordena no G9 e dos alunos, que têm que estudar e pesquisar muito para conseguirem se manter na competição.
Parabéns a todos: alunos e professores, pelo profissionalismo e pelo empenho demonstrados até então.
Deixo, abaixo, uma entrevista com a coordenadora da Olimpíada de História. Vale a pena saber mais detalhes a respeito.
FOLHA.COM - 24/08/2011 - 09h30
Olimpíada de história tem 65 mil inscritos e desafios em grupo
ELTON BEZERRA - DE SÃO PAULO
Estimular os alunos a trocar ideias e a realizar pesquisas, além de promover a reciclagem de professores de escolas públicas e privadas. Essas são algumas características da Olimpíada Nacional em História do Brasil, segundo Cristina Meneguello, diretora do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, instituição responsável pela disputa.
Em entrevista à Folha ela conta detalhes da terceira edição da Olimpíada, que teve 65 mil inscritos de todo o país e utiliza testes online de múltipla escolha em que só uma alternativa está errada e as corretas variam conforme diferentes níveis de cognição. A disputa começou na semana passada e está em sua segunda fase. A final está marcada para o dia 15 de outubro, quando 1.200 estudantes farão uma prova dissertativa na Unicamp. A premiação consiste em 15 medalhas de ouro, 25 de prata e 35 bronze.
Podem participar estudantes do oitavo e nono anos do ensino fundamental, e também do ensino médio, que devem ser orientados por um professor de história. As inscrições são feitas pelo site.
Folha - Quando surgiu a ideia de fazer uma olimpíada de história?
Cristina Meneguello - A ideia de fazer a Olimpíada surgiu em 2008, quando concorremos no edital de olimpíadas científicas do Ministério de Ciência e Tecnologia, pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Nós fomos contemplados e a primeira Olimpíada aconteceu em 2009. Ano passado foi a segunda e hoje (15) começou a terceira.
Como ela funciona?
Existem cinco fases online, pela internet, e uma fase presencial, só para as esquipes que venceram os desafios e as eliminatórias anteriores. Ela dura cinco semanas pela internet. Aí convocamos os primeiros colocados, que vêm fazer uma prova dissertativa na Unicamp. Para a prova dissertativa, chamamos 1.200 participantes.
Concorrem estudantes de escolas públicas e privadas?
A maioria é de escola pública --para a nossa alegria. Temos mais de 60% de escolas públicas e o restante é escola privada. São estudantes de oitavo e nono anos, 1º, 2º e 3º anos de ensino médio. Mas a nossa Olimpíada tem um charme: cada equipe tem três alunos e o professor de história do colégio. Então ela é coletiva, não é individual. Eles resolvem as provas, fazem as tarefas em grupo. Para nós, de história, de ciências humanas, isso é fundamental. Essa possibilidade de eles trocarem ideias, discutirem temas, e não competirem uns contra os outros.
Mas não ocorre uma competição entre as equipes?
Todos eles estão disputando um lugar na grande final, mas temos percebido um comportamento bem diferente de competição entre eles. Primeiro, como ela é pela internet, eles começam a conviver tanto no ambiente da prova como em Facebook, Orkut etc, ao longo de toda a competição. Muitas vezes a gente vê, na final, aquela equipe do Pará procurando a equipe do Rio Grande do Sul, com a qual fizeram amizade há três meses para eles se verem de carne e osso. Ao todo, 15 equipes ganham ouro, 25 ganham prata e 35 ganham bronze. Isso dilui muito a ideia de competitividade. Eles se sentem meio vitoriosos só de chegar à final.
Na final há redação?
A final é uma prova dissertativa. Ano passado, por exemplo, nós conseguimos, junto com a família dos herdeiros do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, permissão para distribuir para essas equipes um capítulo do "Caminhos e Fronteiras", que é um clássico da historiografia. Eles estudaram por um mês esse capítulo. Na prova final, duas das perguntas foram sobre esse capítulo. Eles [alunos] se preparam mesmo para a prova e a fazem com muita maturidade.
Nas fases anteriores são questões objetivas?
São testes de múltipla escolha, só que de um jeito diferente, que nós inventamos. Existem as alternativas e só uma está errada. As outras estão certas e em diferentes níveis de acerto, em diferentes níveis de cognição. Uma é aquela alternativa mais simples, de leitura de enunciado, a outra é mais complexa, mais conceitual. Isso aumenta muito a chance de eles prosseguirem. E aumenta a dúvida também. Às vezes duas alternativas são igualmente razoáveis e pertinentes. Em vez de irem direto em qual é a certa, eles eliminam a errada rapidamente e depois têm que discutir entre si. Por que eles acham que essa resposta é melhor do que a outra? Fazendo isso eles aprendem e estudam. A nossa Olimpíada não é de correria. Nós subimos a página e deixamos seis dias online. Ele [aluno] pode ir à biblioteca, olhar na internet, perguntar para o professor. Ele pode, não. Ele deve. Por isso nós conseguimos fazer uma prova bem difícil, porque ele pode estudar para responder.
Nós apresentamos esse sistema que nós criamos em vários lugares, inclusive na Fundação Carlos Chagas, que prepara concursos, e eles ficaram interessadíssimos. Disseram que só nos EUA existem provas assim.
Quantos inscritos?
65 mil.
Há um diálogo com novas pesquisas nas áreas de didática e pedagogia?
Sim. Eles [alunos] acabam se familiarizando muito com o jeito que os historiadores trabalham, porque nós mostramos para eles não texto de livro. Nós mostramos documentos históricos. Imagens, documentos escritos, mapas. Nós os ensinamos a olhar aquele documento e questionar: "mas como é que o historiador escreve a história? De onde ele tira as informações? Como é que ele consegue contar uma coisa que aconteceu há 300 anos". Nós mostramos para eles como nós, historiadores, trabalhamos: olhando documentos, comparando, criticando, vendo inconsistências. É como se eles fossem mini-historiadores.
Que objetivos vocês tinham em mente quando elaboraram a Olimpíada?
Nós somos o Museu Exploratório de Ciências Unicamp, temos muitos programas de extensão para escolas e observamos que não tinha nenhuma Olimpíada em nível nacional do Ministério que fosse na área de ciências humanas. Absolutamente nenhuma. Aí resolvemos fazer uma proposta de uma Olimpíada em ciências humanas, mas com características das ciências humanas. Ou seja, você não precisa responder correndo, porque se você responder muito rápido ou mais lentamente não significa necessariamente que você sabe mais ou menos. E enfatizando esse caráter da equipe. Então montamos uma Olimpíada que podia ser feita em grupo, percebendo essa carência. As respostas que tivemos dos professores e dos alunos é um negócio impressionante. Temos equipes de todos os Estados do país. Ela virou rapidamente uma Olimpíada nacional.
O que os professores têm comentado?
Os professores gostam muito. Primeiro porque eles se sentem muito valorizados. Nós fazemos as equipes e ele é o capitão. Os alunos procuram, têm dúvida, perguntam e percebem o quanto ele [professor] tem para ensinar para além da sala de aula. Em segundo, para os professores é uma reciclagem interessante, porque deixamos disponível todos os documentos usados nas provas. Tem professor que fala assim pra mim: "eu monto minha aula usando o material que vocês deixaram".
E os alunos?
O aluno não precisa adorar história, querer ser historiador para participar da Olimpíada. Nas Olimpíadas de ciências exatas existe uma exclusão natural. O menino que é muito ruim em matemática não gosta, e ele não passa da primeira fase. O menino que não é o maioral em história, se ele lê a nossa prova com atenção, perguntar para o professor e estudar, ele passa de fase. E na hora que ele sente que passou de fase, ele começa a estudar mais ainda. Ela [a prova] tem um caráter inclusivo que não é para gênios historiadores. Já tivemos equipe medalhista na Olimpíada de História que também havia sido medalhista na Olimpíada de Química. As mesmas meninas eram medalha de ouro na Olimpíada de Química e foram medalha de prata na Olimpíada de História. O que isso mostra para nós? Que não é preciso fechar o conhecimento enquanto eles são tão jovens. Eles podem gostar e se apaixonar por várias coisas ao mesmo tempo. As duas iam prestar vestibular para engenharia, e não estavam muito a fim de fazer a Olimpíada de História, mas a escola insistiu, porque elas eram muito estudiosas. Quando acabou a Olimpíada de História, uma falou: "acho que não quero mais ser engenheira, meu pai vai ficar muito bravo com a senhora." Eu falei: "não, vai ser engenheira" [rindo].
Há alguma atividade para os professores?
Quando chamamos o finalista, nós sabemos qual é a equipe de cada Estado do país que teve a maior nota. Nós chamamos de "o melhor de cada Estado". Cada uma dessas equipes tem um professor. São 27 e mais cinco professores de escola pública. Para esses 32 professores nós fazemos um curso de formação na Unicamp. Acaba a Olimpíada e eles ficam aqui uma semana. Eles chamam o curso de "tendo aula com a bibliografia", porque eles vão ter aulas com professores que eles estudaram quando fizeram faculdade.
Profa Marcia Gil de Souza
Coordenadora Ensino Médio
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
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Acabei de conversar com a profa Patrícia Abbud e ela me deu a ótima notícia de que fomos aprovados para a 3a fase. Na 6a fase iremos a Campinas. Tenho certeza de que conseguiremos, pois a dedicação de todos tem sido impressionante. Parabéns professora e alunos.
ResponderExcluirQuerida Márcia,
ResponderExcluirÉ com muito orgulho que informar-lhe que já estamos na 5ªfase da Olimpíada de História. Agradeço o reconhecimento e o incentivo. Esse resultado é fruto de responsabilidade, compromisso e dedicação dos nossos alunos. Parabéns às equipes Luditas, Know, Tudors I, Desbravadores I e Anita Garilbaldi pelo sucesso.
Prof. Patrícia