O Estado de São Paulo, 24/01/2012 - São Paulo SP
Mercadante assume MEC e muda cúpula
Novo ministro da Educação deve indicar novo presidente do Inep e de outros 3 cargos-chave
BRASÍLIA - Malvina Tuttman deve deixar a presidência do Inep com a posse, nesta terça-feira, 24, do novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O Inep é a autarquia do Ministério da Educação (MEC) que cuida do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O secretário da Educação Superior, Luiz Cláudio Costa, continua na equipe, mas deve ser remanejado. Segundo o Estado apurou, o nome dele é cotado para assumir a presidência do Inep - que teve três presidentes nos últimos três anos.
Para especialistas, ajustar a logística do Enem, melhorar a formação de professores e reduzir o gargalo do ensino médio são os principais desafios lançados ao novo ministro da Educação. Conforme o Estado antecipou no mês passado, a presidente Dilma Rousseff pediu em conversas reservadas que Mercadante se dedicasse a dois assuntos: solucionar os problemas do Enem e colocar de pé o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
Para os educadores, no entanto, será preciso um olhar mais abrangente às deficiências no sistema de ensino brasileiro. A sucessão de falhas envolvendo o Enem, que acabou de ter cancelada a edição programada para abril, é vista como o calcanhar de Aquiles da administração Haddad. “O Enem foi uma grande ideia má executada até agora, realizada com pressa”, avalia o coordenador da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Daniel Cara. Para a diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Fonseca da Cruz, Mercadante “terá de resolver o Enem” e evitar a repetição de erros que, embora pontuais, atingem milhares de estudantes. Além disso, uma das grandes batalhas será garantir que os cursos de pedagogia e as licenciaturas ofereçam a ferramenta necessária para o professor atuar em sala de aula. “Os professores em grande medida têm uma formação muito ruim no País, o que explica o fato de os alunos não aprenderem nas escolas”, comenta.
A opinião é compartilhada pela educadora Maria Helena Guimarães, ex-presidente do Inep e ex-secretária estadual de Educação de São Paulo. “O MEC até aumentou a oferta de matrículas, mas não é esse o problema, e sim o currículo. Os cursos de formação estão descolados daquilo de que as escolas precisam.” Maria Helena critica a situação do ensino médio - apenas 28,9% dos estudantes chegam ao 3.º ano acima do nível considerado adequado em língua portuguesa e 11% em matemática. “Não faz sentido um mesmo ensino médio para um aluno que quer fazer pedagogia e para outro que pretende cursar engenharia”, diz. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, diz que o MEC deve ser mais atuante. “Em questões como o piso salarial nacional, o governo deve ser mais incisivo na cobrança dessa lei por parte de Estados e municípios.”
Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora Pedagógica - Curso G9
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Num momento em que a educação passa por situações delicadas e complexas, a escolha do novo ministro é somente política. Complicado, não?
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