Educação Permanente

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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Educação e Identidade Humana

Educar para Transformar = Educar para a Identidade Humana
Educar para transformar é a filosofia do Curso G9, expressando a ideia de que o saber comprometido leva a atitudes que transformam.
Na Revista Pátio de maio/julho 2008, encontra-se um artigo do educador e psicólogo Yves de La Taille, professor titular do Instituto de Psicologia da USP, que vai ao encontro desta filosofia do Curso G9. Ele faz referência à sociedade de consumo, à educação dos jovens e à sobrevivência de nosso planeta. Tomei a liberdade de transcrever as principais ideias para este blog, na intenção de aprofundar nossa prática rumo ao alcance da filosofia do G9.
O autor destaca, inicialmente, uma fala de Pascalet, filósofo francês: “Nesse começo do século XXI, se todos os homens consumissem como os europeus, precisaríamos nada menos do que três planetas para satisfazer nossas necessidades. Se eles tivessem o modo de vida dos americanos,seriam necessários seis”.
O autor argumenta, então, que estratégias educacionais que visem a preparar os alunos para o bom trato do meio ambiente, para o chamado “desenvolvimento sustentável”, para a convivência harmoniosa dos homens com o seu planeta e para a própria sobrevivência da humanidade devem imperativamente focar o grave problema do consumo. Afirma, depois, que isso é muito difícil de ser feito numa sociedade que é justamente chamada de “sociedade do consumo”. Ter êxito em convencer alguém de que deve consumir menos e melhor implica enfrentar poderosos interesses. E implica também enfrentar os valores de uma cultura que ele chama de cultura da vaidade.
Exemplifica essa teoria falando das aparências. Tudo é feito para “encher os olhos”, para impressionar, para chamar e prender a atenção.
Afirma que até mesmo aulas e palestras, que deveriam primar pela clareza e pela simplicidade, assemelham-se cada vez mais a espetaculosos exercícios de retórica acompanhados de uma parafernália tecnológica digna de um Cirque du Soleil. Os fatos cotidianos tornam-se “fantástico show da vida”, e as celebridades não se privam de dar espetáculos de si. E todos acabam imitando-as, pois os indivíduos, além de serem levados a ver o mundo com as lentes do espetáculo, são incentivados a se tornar um dos seus participantes pela imitação do estilo de vida dos personagens da moda.
Lembra que é tal superficialidade que domina nossa sociedade, que na televisão, por exemplo, debates sobre temas relevantes, quando existem, são programados para altas horas da noite, ao passo que frivolidades ocupam o horário nobre. Normalmente, se dá um minuto para que um cientista explique determinada teoria, e uma hora para que um jogador de futebol comente seu gol ou seu casamento.
Reafirma que nossa cultura mostra-se vazia e vã em vários aspectos; portanto, merece, ao menos em parte, ser chamada de “cultura da vaidade”. A necessidade psicológica do consumo está mais nas marcas de visibilidade do que nas necessidades pragmáticas de sobrevivência e conforto. Consome-se para, por meio da ostentação daquilo que foi adquirido, dar um “espetáculo de si”. Consumo e superficialidade andam juntos. Infelizmente, consumo também acompanha a violência: o dinheiro obtido no assalto troca-se pelo tênis de marca, pela camisa de marca. O vestuário cumpre a função de diferenciar-se para destacar-se. Consome-se para não morrer psicologicamente, já que se vive uma vida imaginária no pensamento dos outros. E, às vezes, para não morrer, mata-se. E mata-se o planeta.
O autor conclui afirmando: “impõe-se que uma educação para o desenvolvimento sustentável não ignore o problema do consumo nem o dissocie da própria constituição da subjetividade. Trata-se de um problema moral: o direito de todos e das próximas gerações a uma vida digna em um planeta que a permita. Trata-se também de um problema ético: reavaliar o que seria, de fato, uma ”vida boa”. E como pensar sobre a vida que queremos viver implica refletir sobre quem queremos ser (identidade), uma educação que vise à conscientização dos alunos sobre o seu papel como habitantes da Terra não pode limitar-se aos aspectos técnicos da questão. Ela deve levar os jovens a pensar sobre o que, afinal, é ser humano”.
Referência:Revista Pátio, Ano XII Nº 46, maio/jul 2008, p 17 a 19.

Profª Francisca, Curso G9