Colegas, a entrevista abaixo, feita com um sociólogo e focada na avaliação do teste Pisa e as providências sugeridas em função dos resultados obtidos pelo Brasil, ajudam nossa reflexão sobre o trabalho educativo para 2011.
Gazeta do Povo, 14/12/2010 - Curitiba PR
Família é responsável por até 50% do desempenho do aluno
Julio Jacobo Waiselfisz, sociólogo e diretor de Pesquisa e Avaliação da Sangari, responsável pelo estudo “O Ensino de Ciências no Brasil e o Pisa”
Um ano a mais de ensino básico e uma carga horária maior no ensino de ciências são algumas das sugestões que o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz apresenta para tentar acelerar a melhora no desempenho dos estudantes brasileiros. Ao analisar os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2009, o especialista concorda com a opinião geral de diversos colegas, de que a melhora dos estudantes brasileiros em relação ao exame de 2006 está longe de colocar o Brasil num nível aceitável de qualidade na educação, e que o ritmo dessa melhora é insuficiente. Por isso Waiselfisz defende medidas concretas, com urgência, começando-se pelas menos complexas. Segundo o sociólogo, a adoção generalizada dos nove anos no ensino básico já poderia somar 44 pontos no resultado dos próximos exames, muito mais do que os festejados 17 pontos de alta observados entre 2006 e 2009. No ensino de ciências, que teve o menor crescimento entre as três disciplinas avaliadas pelo Pisa, uma hora de aula a mais por semana pode ter um resultado muito significativo.
Waiselfisz ocupa o cargo de diretor de Pesquisa e Avaliação da Sangari, onde produziu o estudo “O Ensino de Ciências no Brasil e o Pisa”, e afirma que “os estudantes dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm, em média, 3,2 horas semanais de aulas de Ciências dentro da escola, enquanto os brasileiros têm 2,2 horas semanais”. O resultado é simples de se observar: os países da OCDE têm quase cem pontos acima da média brasileira em Ciências. São os países líderes em desenvolvimento científico e tecnológico. O sociólogo ressalta ainda o papel da família na formação de crianças e adolescentes. Segundo ele, o nível familiar tem peso entre 30% e 50% no desempenho do aluno, para o bem e para o mal. O Brasil tem 42% de seus alunos no nível mais baixo da escala sociocultural elaborada pelo Pisa. Na Coreia, essa proporção está em 4%.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista com o sociólogo:
A avaliação geral do Brasil no Pisa 2009 é positiva?
Sim, mas pouco. Os dados de 2003 e 2006 mostraram estagnação, passando da média geral de 383 para 384 pontos, com o Brasil no fim do ranking. Em 2009 chegou a 401, ou 17 pontos acima. Ou seja, saímos da estagnação, mas pela ótica do atraso histórico em relação aos países mais desenvolvidos, é pouco se quisermos recuperar o terreno rapidamente, como pretende o Ministério da Educação com a implantação da Prova Brasil e do Ideb Nacional.
Em relação às três áreas avaliadas, leitura, matemática e ciências, há diferenças significativas?
Não. Como todas tiveram subidas discretas, todas tiveram o mesmo papel no desempenho relativamente fraco da média. A evolução de ciências foi a mais fraca entre as três, com apenas 15 pontos de elevação sobre 2006, de 390 pontos para 405 pontos. Leitura, que teve a alta maior, subiu apenas 19 pontos, passando de 393 para 412 e, matemática, de 370 para 386. Nenhuma das disciplinas conseguiu dar grande salto em favor da média geral.
Quais os fatores que levam o Brasil a ficar parado ou andar devagar nas avaliações do Pisa?
São vários fatores que se somam para criar um panorama complexo, mas a situação socioeconômico familiar é particularmente cruel. O nível familiar tem peso entre 30% e 50% no desempenho do aluno, para o bem e para o mal. O Brasil tem 42% de seus alunos no nível mais baixo da escala sociocultural elaborada pelo Pisa. Na Coreia, essa proporção está em 4%. Na média dos países ricos da OCDE, 10%. O Brasil está pior que o México e Colômbia, que têm 41% de seus estudantes em famílias de menor nível sociocultural.
De que forma influi o ambiente familiar?
A família influi de diversas formas. Ela pode criar um ambiente favorável ao estudo dentro de suas possibilidades. Está demonstrado que pais que conversam com seus filhos sobre diversos temas também influenciam na aprendizagem. Criar um pequeno espaço para o estudante em casa, uma mesinha e estimular uma criança a pegar um livro na biblioteca pública são atitudes que contam muito.
Falta investimento na educação brasileira ou o dinheiro é mal gasto?
As duas coisas, mas há uma distorção na leitura que se faz dos investimentos. Se tomarmos o quanto do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é investido em educação, cerca de 5% do PIB, estaremos igualados à Alemanha. Porém, como o PIB alemão é muito maior que o brasileiro, a Alemanha investe US$ 6.400 por aluno, enquanto o Brasil investe US$ 1.150. O investimento por aluno é muito melhor indicador do que o porcentual sobre o PIB. O Quênia, na África, investe 7% do seu PIB em educação, mas cada aluno tem investimento de US$ 245, e por isso a educação naquele país é uma das piores do mundo, apesar dos 7% de investimento sobre o PIB.
Que medidas o Brasil poderia tomar para tentar reverter rapidamente o quadro atual?
Algumas coisas simples e que já foram iniciadas, como o aumento de oito para nove anos de escolaridade no ciclo fundamental. Os alunos brasileiros que participaram do Pisa 2006 tinham 8,74 anos de estudo, melhor apenas do que a Estônia entre os 57 países que participaram. Reino Unido, por exemplo, tem 11 anos de estudo e a Nova Zelândia, 10,9. Há bem pouco tempo que essa distorção começou a ser corrigida. Segundo o Pisa, um ano a menos significou a perda de 12% no resultado de ciências de um estudante. Essa diferença significa nem mais nem menos do que 44 pontos, bem mais do que os 17 pontos ganhos entre 2006 e 2009. Só que os resultados de uma medida tão simples e correta só serão sentidos nas próximas edições do Pisa. Até agora, os alunos de 15 anos pertencem à época do ciclo de oito anos.
Especialistas colocam que um dos grandes problemas são os baixos salários dos professores brasileiros. O senhor concorda?
Em parte. Creio que é um dos problemas estratégicos, mas a questão dos docentes não se resume aos salários baixos. Há uma questão de formação dos professores que é tanto ou mais séria. E não é uma questão de competência do professor, mas sim de não cumprimento das legislações nacionais. Cerca de um quarto dos professores brasileiros não têm escolarização legalmente exigida. A maioria dos professores não está lecionando em suas áreas de formação. Apenas 43% dos professores de língua portuguesa têm diploma nessa área de conhecimento. Em matemática, são apenas 36%. Só 15% dos professores de física têm formação em física. Metade dos professores dessa disciplina é formada em Matemática. É um problema muito sério.
Qual outra solução o senhor apontaria?
Outra questão que afeta a eficiência do ensino é a jornada dos alunos, a quantidade de horas/aula ministradas para cada disciplina. Os países avaliados pelo Pisa com melhor desempenho têm jornadas maiores para os alunos. Isso é importante, sim. Os estudantes dos países da OCDE têm, em média, 3,2 horas semanais de aulas de ciências dentro da escola, enquanto os brasileiros têm 2,2 horas semanais. Essa diferença atinge as outras disciplinas também. Esse é um dos motivos do abismo que existe quando se compara o resultado em ciências entre Brasil e países da OCDE. A média dos países europeus está quase cem pontos acima. As escolas brasileiras não conseguem sequer cumprir as quatro horas diárias previstas legalmente. São greves, feriados, semanas de prova, atividades extras, faltas de professores sem reposição e até o horário do recreio que, somados, vão tirando muitas horas/aula dos estudantes. Uma perda irreparável.
Artigo postado pela Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora pedagógica
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
O orgulho de SER professor
Tem-se tornado comum os canais de televisão divulgarem professores sofrendo agressões físicas praticadas pelos seus alunos adolescentes na própria sala de aula. No último dia 12, chegamos ao absurdo de ver uma agressão violenta, praticada por um estudante de enfermagem de 23 anos, de uma escola particular, contra a coordenadora.
Acredito que esses fatos também têm contribuído para que os nossos jovens não queiram seguir a carreira de professor, o que me deixa muito preocupado porque quando se discute os mais diversos problemas do nosso país, percebemos que as soluções sempre passam pela educação.
Neste momento, o que fazer? Nas reuniões de professores que realizo no Curso G9, tenho sempre dito que não podemos desanimar por fatos negativos ocorridos em nossa sociedade. Precisamos divulgar as inúmeras situações positivas que vivemos com nossos alunos em sala de aula, situações que, com raras exceções, a mídia tem interesse em divulgar. É preciso, cada vez mais, valorizar e se orgulhar da nossa profissão de professor. Essa deve ser a postura do Educador que sabe da importância de sua contribuição no mundo atual.
Este artigo foi escrito no início da manhã do dia 13 de novembro. Nessa data, às 7 horas da manhã, fui ao café do Vadinho, dei bom dia aos funcionários e a duas famílias que têm filhos no Curso G9. Todos eles retribuíram meu bom dia com a seguinte frase: Bom dia, Professor! Sinto-me orgulhoso de carregar junto ao meu nome o título de Professor.
Ao longo dos anos, construímos nossa história, influenciamos e contribuímos com as decisões de nossos alunos, portanto nossas atitudes servem de exemplo para eles. Pedi permissão à professora Maria Aparecida Fernandes para publicar o texto de uma carta enviada, neste mês, por uma ex-aluna dela, do colégio Major João Pereira:
“Na última eleição, ao entrar novamente, após anos e anos, na Escola Major Pereira, tive a surpresa de encontrar minha seção na antiga sala de aula, que um dia foi o espaço da 4ª série. Por um momento, uma imagem se formou. Profª Fernandes lendo a História de Narizinho, de Monteiro Lobato e nós, alunos, alimentados pelo silêncio e pela imaginação, dançávamos no ritmo daquela leitura. A sala guarda a magia de muitos momentos. Saí de lá, agradecendo por ter sido contaminada pelo gosto do saber, da leitura, das palavras. Obrigada, Fernandes.
Uma aluna dos anos 70.”
A verdadeira educação é uma arte realizada por pessoas especiais que têm a oportunidade de preparar nossos jovens para se transformarem em futuros líderes , os quais terão a responsabilidade de construir uma sociedade melhor, mais justa.
Para isso, como diz o professor Mario Sergio Cortella: “sejamos velozes sem pressa. A velocidade requer deixar as pessoas em estado de atenção permanente, enquanto pressa é deixá-las em estado de tensão permanente”.
Um conselho: inspire seus alunos pelos valores e pela força de seu trabalho e não apenas pelo seu carisma ou hierarquia.
Professor Hilson Háliz Dias Perlingeiro
Diretor Administrativo do Curso G9
Acredito que esses fatos também têm contribuído para que os nossos jovens não queiram seguir a carreira de professor, o que me deixa muito preocupado porque quando se discute os mais diversos problemas do nosso país, percebemos que as soluções sempre passam pela educação.
Neste momento, o que fazer? Nas reuniões de professores que realizo no Curso G9, tenho sempre dito que não podemos desanimar por fatos negativos ocorridos em nossa sociedade. Precisamos divulgar as inúmeras situações positivas que vivemos com nossos alunos em sala de aula, situações que, com raras exceções, a mídia tem interesse em divulgar. É preciso, cada vez mais, valorizar e se orgulhar da nossa profissão de professor. Essa deve ser a postura do Educador que sabe da importância de sua contribuição no mundo atual.
Este artigo foi escrito no início da manhã do dia 13 de novembro. Nessa data, às 7 horas da manhã, fui ao café do Vadinho, dei bom dia aos funcionários e a duas famílias que têm filhos no Curso G9. Todos eles retribuíram meu bom dia com a seguinte frase: Bom dia, Professor! Sinto-me orgulhoso de carregar junto ao meu nome o título de Professor.
Ao longo dos anos, construímos nossa história, influenciamos e contribuímos com as decisões de nossos alunos, portanto nossas atitudes servem de exemplo para eles. Pedi permissão à professora Maria Aparecida Fernandes para publicar o texto de uma carta enviada, neste mês, por uma ex-aluna dela, do colégio Major João Pereira:
“Na última eleição, ao entrar novamente, após anos e anos, na Escola Major Pereira, tive a surpresa de encontrar minha seção na antiga sala de aula, que um dia foi o espaço da 4ª série. Por um momento, uma imagem se formou. Profª Fernandes lendo a História de Narizinho, de Monteiro Lobato e nós, alunos, alimentados pelo silêncio e pela imaginação, dançávamos no ritmo daquela leitura. A sala guarda a magia de muitos momentos. Saí de lá, agradecendo por ter sido contaminada pelo gosto do saber, da leitura, das palavras. Obrigada, Fernandes.
Uma aluna dos anos 70.”
A verdadeira educação é uma arte realizada por pessoas especiais que têm a oportunidade de preparar nossos jovens para se transformarem em futuros líderes , os quais terão a responsabilidade de construir uma sociedade melhor, mais justa.
Para isso, como diz o professor Mario Sergio Cortella: “sejamos velozes sem pressa. A velocidade requer deixar as pessoas em estado de atenção permanente, enquanto pressa é deixá-las em estado de tensão permanente”.
Um conselho: inspire seus alunos pelos valores e pela força de seu trabalho e não apenas pelo seu carisma ou hierarquia.
Professor Hilson Háliz Dias Perlingeiro
Diretor Administrativo do Curso G9
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
OS EXCLUÍDOS DA LEI: O LONGO CAMINHO DA DEMOCRACIA
No dia 05 de outubro de 1988, exatamente há 22 anos atrás, era promulgada a atual Constituição Federal do Brasil, chamada de “Constituição Cidadã” por Ulysses Guimarães. Para demonstrar a mudança que estava havendo no sistema governamental brasileiro, que saía de um regime autoritário recente, a Constituição de 1988 qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o Estado democrático e a ordem constitucional, criando assim garantias constitucionais. Com a nova lei, o direito maior de um cidadão que vive em uma democracia foi conquistado: foi determinada a eleição direta, que previa uma maior responsabilidade fiscal e ainda ampliava os poderes do Congresso Nacional.
Este artigo, destarte, pretende analisar a conjuntura social decorrente da falta de uma participação política plena, embora atualmente a realidade brasileira seja inovadora politicamente, já que no ano de 2000 houve a primeira eleição totalmente informatizada do mundo, 110 milhões de pessoas escolheram prefeitos e vereadores de 5559 municípios. Ainda é um fato considerado extremamente novo na medida em que somente há 22 anos a legislação prevê a participação política aos analfabetos.
Atualmente, mais de 135 milhões de brasileiros podem votar para presidente, o que faz do país a terceira maior democracia do planeta. Um avanço extraordinário se comparado à época da ditadura militar, em que apenas 476 brasileiros dos mais de 100 milhões votavam para presidente da República.
Da fundação da Vila de São Vicente, em 1532, até a abertura democrática da Constituição de 1988, o direito do voto sofreu várias restrições, como a exigência de uma renda mínima e a exclusão feminina. O voto é a mais antiga ferramenta do brasileiro para exercer sua cidadania e escolher seus representantes.
O direito à participação política através do voto pelos analfabetos faz parte há pouco tempo da história do Brasil. A história do sufrágio universal, o direito do ser humano de escolher de forma livre seus representantes mediante o voto é recente, mas ainda incompleta. Neste momento, menos da metade das pessoas do planeta vive em regime democrático, mas essa situação já é considerada um grande avanço.
As primeiras eleições do Brasil colônia provavelmente ocorreram ainda no século XVI, na primeira vila fundada na América Portuguesa, São Vicente. Os moradores teriam elegido o Conselho Municipal seguindo a legislação portuguesa através do Livro das Ordenações. As decisões sobre a vida cotidiana dos colonos cabiam às Câmaras Municipais, responsáveis pelo governo das vilas e cidades. Somente os ‘homens-bons’, em geral proprietários de terras e de escravos, podiam ser eleitos vereadores. Aqueles que exerciam trabalhos manuais, os degredados e os não-cristãos não podiam ser eleitos. De forma que o comando político das vilas e das cidades estava nas mãos de uma minoria. A economia passava pela política, recorria ao sistema de mercês e a participação nas câmaras municipais para a formação das famílias poderosas.
Durante o período colonial brasileiro até quase o fim do Império, só podiam votar e ser votados nobres, burocratas, militares, comerciantes ricos, senhores de engenho, em resumo, homens de posse, mesmo sendo considerados analfabetos. Com a vinda da família real para o Brasil em 1808, o príncipe regente que mais tarde iria se tornar o rei do império português convocou eleições para os cargos da corte. As vagas sempre eram ocupadas por membros da elite brasileira. Nessa época, os iletrados poderiam participar das eleições, porque o requisito fundamental era a posição social e, consequentemente, a renda anual.
O Brasil e os brasileiros, tal como entendemos hoje, não existiam no período colonial. Os habitantes da colônia em geral se identificavam como súditos do rei de Portugal e integrantes do reino português, submetidos às leis do código português e aos interesses dos homens-bons. Com a Independência, em 1822, o Brasil surgiu como Estado nacional com instituições e leis próprias. Entretanto, o poder político ainda estava nas mãos de uma minoria que zelava pela manutenção de seus interesses e privilégios. A população, em sua maioria analfabeta e pobre, estava excluída da participação política.
O sistema eleitoral do Segundo Reinado continuou baseado no voto censitário e masculino. A população pobre e marginalizada, excluída das eleições pela exigência da renda mínima, não participava das disputas político-partidárias do período.
Aprovado em janeiro de 1881, um decreto do primeiro-ministro do Império, José Antonio Saraiva, estabelecia eleições diretas para as câmaras e assembleias. Algumas províncias foram divididas em distritos, e eleitores com renda mínima anual de 200 mil-réis foram cadastrados. Em 1882, foram excluídos os analfabetos, já que era necessário assinar um documento. Ainda durante o século XIX existia o eleitor fósforo, assim chamado porque, nessa época, a urna parecia com uma caixa de fósforos e esse tipo de eleitor participava várias vezes em uma única urna ou até mesmo em outras, usando identificações falsas ou de pessoas mortas.
A transição do Império para a República é a primeira grande mudança de regime político após a Independência. Tratava-se da implantação de um sistema de governo que propunha a participação política popular.
A Constituição de 1891 elimina o voto censitário, mas exige ainda a alfabetização, de modo que a grande maioria da população não participava da sociedade política. Retirava do Estado o ônus da educação, impossibilitando o processo de democratização.
Na verdade, 80% da população estava excluída do direito político. A República não tinha aumentado a participação política do povo. Ao contrário, o novo regime frustrara a população, não cumprindo suas promessas de cidadania. Em geral, as pessoas preferiam ser cidadãos inativos, porque as eleições eram marcadas pela violência.
Durante o início da primeira república, a Constituição de 1891 determinou a eleição direta, embora o primeiro presidente tenha sido eleito por uma assembleia. Nesse período, predominava uma prática que perdurou até a revolução de 30, a qual exercia poder de coerção e intimidação sobre os eleitores. Estabelecido na lei de 1904, denominada de Lei Rosa e Silva, o mecanismo funcionava da seguinte forma: haviam duas cédulas, uma para a urna e a outra que seria entregue para um fiscal eleitoral, que preenchia, datava e rubricava a cédula.
Em 1932 ficou estabelecido o voto secreto, obrigatório, para maiores de 21 anos sem distinção de sexo. Assim, inicia-se a participação política das mulheres. Contudo, em 1934 a idade mínima passou a ser 18 anos. O título eleitoral deveria ter foto, mas essa ideia só foi integrada ao sistema eleitoral em 1955.
Com o fim do Estado Novo e a deposição de Vargas do poder executivo. Dutra se tornou seu sucessor e proclamou a quarta Constituição brasileira, que não previa a maioria absoluta dos votos para os candidatos à presidência. Alguns presidentes eleitos como Getúlio na década de 50, JK e Jânio receberam menos da metade dos votos. A cédula passou a ser confeccionada pela Justiça Eleitoral, já que antes ficava na responsabilidade dos candidatos. Outro detalhe a ser destacado desse período é a chamada “lei do dedo sujo”, aprovada em 1955, na qual todos os eleitores teriam o dedo marcado à tinta para identificar aquele que já teria participado da eleição. Lei que foi revogada meses depois.
O chamado “voto colorido”, criado em 1962 e revogado logo depois de um mês de sua aprovação, consistia em que todos os partidos políticos escolheriam uma cor, para a realização de cédulas coloridas de modo a facilitar a identificação.
Com a redemocratização e a liberdade de imprensa, perdia-se o medo de denunciar os poderosos e se iniciava um período de ajustes de contas. Na verdade, os brasileiros esperavam que a democracia solucionasse todas as mazelas do país; a corrupção e a punição dos crimes cometidos em nome da ditadura eram apenas alguns deles. A esperança de que o Brasil se tornaria um país mais justo e próspero em um futuro próximo iria desmoronar em pouco tempo, com o fracasso do plano cruzado e a hiperinflação. Alguns temores não se concretizaram e as conquistas democráticas sobreviveram e se fortaleceram.
A República, passado o momento inicial de esperança de expansão democrática, consolidou-se sobre um mínimo de participação eleitoral, com a exclusão do movimento popular no governo. Na verdade, consolidou-se no poder oligárquico. Se a mudança de regime político despertou em vários setores da população a expectativa de expansão dos direitos políticos e de redefinição de seu papel na sociedade, as próprias condições sociais do país fizeram com que as expectativas se frustrassem. O setor vitorioso da elite civil republicana criou todos os obstáculos à democratização.
Ainda hoje, livre da tarefa de representar o país, e tendo conquistado o direito de eleger seus representantes, a população não consegue transformar sua capacidade de participação comunitária em participação cívica. A atitude popular perante o poder oscila entre a indiferença e a reação violenta.
Desde o início do período colonial até a proclamação da Constituição de 1988, o direito à participação política sofreu limitações, a população aparecia em muitos momentos como expectadora, e às vezes até figurante. Mas mesmo que a vitória não tenha sido traduzida em mudanças políticas imediatas, a luta pelo direito ao voto certamente deixou um sentimento de orgulho e auto-estima, passo importante para a formação da cidadania.
Texto elaborado pela profª Patrícia Abbud, que ministra História no Curso G9.
Este artigo, destarte, pretende analisar a conjuntura social decorrente da falta de uma participação política plena, embora atualmente a realidade brasileira seja inovadora politicamente, já que no ano de 2000 houve a primeira eleição totalmente informatizada do mundo, 110 milhões de pessoas escolheram prefeitos e vereadores de 5559 municípios. Ainda é um fato considerado extremamente novo na medida em que somente há 22 anos a legislação prevê a participação política aos analfabetos.
Atualmente, mais de 135 milhões de brasileiros podem votar para presidente, o que faz do país a terceira maior democracia do planeta. Um avanço extraordinário se comparado à época da ditadura militar, em que apenas 476 brasileiros dos mais de 100 milhões votavam para presidente da República.
Da fundação da Vila de São Vicente, em 1532, até a abertura democrática da Constituição de 1988, o direito do voto sofreu várias restrições, como a exigência de uma renda mínima e a exclusão feminina. O voto é a mais antiga ferramenta do brasileiro para exercer sua cidadania e escolher seus representantes.
O direito à participação política através do voto pelos analfabetos faz parte há pouco tempo da história do Brasil. A história do sufrágio universal, o direito do ser humano de escolher de forma livre seus representantes mediante o voto é recente, mas ainda incompleta. Neste momento, menos da metade das pessoas do planeta vive em regime democrático, mas essa situação já é considerada um grande avanço.
As primeiras eleições do Brasil colônia provavelmente ocorreram ainda no século XVI, na primeira vila fundada na América Portuguesa, São Vicente. Os moradores teriam elegido o Conselho Municipal seguindo a legislação portuguesa através do Livro das Ordenações. As decisões sobre a vida cotidiana dos colonos cabiam às Câmaras Municipais, responsáveis pelo governo das vilas e cidades. Somente os ‘homens-bons’, em geral proprietários de terras e de escravos, podiam ser eleitos vereadores. Aqueles que exerciam trabalhos manuais, os degredados e os não-cristãos não podiam ser eleitos. De forma que o comando político das vilas e das cidades estava nas mãos de uma minoria. A economia passava pela política, recorria ao sistema de mercês e a participação nas câmaras municipais para a formação das famílias poderosas.
Durante o período colonial brasileiro até quase o fim do Império, só podiam votar e ser votados nobres, burocratas, militares, comerciantes ricos, senhores de engenho, em resumo, homens de posse, mesmo sendo considerados analfabetos. Com a vinda da família real para o Brasil em 1808, o príncipe regente que mais tarde iria se tornar o rei do império português convocou eleições para os cargos da corte. As vagas sempre eram ocupadas por membros da elite brasileira. Nessa época, os iletrados poderiam participar das eleições, porque o requisito fundamental era a posição social e, consequentemente, a renda anual.
O Brasil e os brasileiros, tal como entendemos hoje, não existiam no período colonial. Os habitantes da colônia em geral se identificavam como súditos do rei de Portugal e integrantes do reino português, submetidos às leis do código português e aos interesses dos homens-bons. Com a Independência, em 1822, o Brasil surgiu como Estado nacional com instituições e leis próprias. Entretanto, o poder político ainda estava nas mãos de uma minoria que zelava pela manutenção de seus interesses e privilégios. A população, em sua maioria analfabeta e pobre, estava excluída da participação política.
O sistema eleitoral do Segundo Reinado continuou baseado no voto censitário e masculino. A população pobre e marginalizada, excluída das eleições pela exigência da renda mínima, não participava das disputas político-partidárias do período.
Aprovado em janeiro de 1881, um decreto do primeiro-ministro do Império, José Antonio Saraiva, estabelecia eleições diretas para as câmaras e assembleias. Algumas províncias foram divididas em distritos, e eleitores com renda mínima anual de 200 mil-réis foram cadastrados. Em 1882, foram excluídos os analfabetos, já que era necessário assinar um documento. Ainda durante o século XIX existia o eleitor fósforo, assim chamado porque, nessa época, a urna parecia com uma caixa de fósforos e esse tipo de eleitor participava várias vezes em uma única urna ou até mesmo em outras, usando identificações falsas ou de pessoas mortas.
A transição do Império para a República é a primeira grande mudança de regime político após a Independência. Tratava-se da implantação de um sistema de governo que propunha a participação política popular.
A Constituição de 1891 elimina o voto censitário, mas exige ainda a alfabetização, de modo que a grande maioria da população não participava da sociedade política. Retirava do Estado o ônus da educação, impossibilitando o processo de democratização.
Na verdade, 80% da população estava excluída do direito político. A República não tinha aumentado a participação política do povo. Ao contrário, o novo regime frustrara a população, não cumprindo suas promessas de cidadania. Em geral, as pessoas preferiam ser cidadãos inativos, porque as eleições eram marcadas pela violência.
Durante o início da primeira república, a Constituição de 1891 determinou a eleição direta, embora o primeiro presidente tenha sido eleito por uma assembleia. Nesse período, predominava uma prática que perdurou até a revolução de 30, a qual exercia poder de coerção e intimidação sobre os eleitores. Estabelecido na lei de 1904, denominada de Lei Rosa e Silva, o mecanismo funcionava da seguinte forma: haviam duas cédulas, uma para a urna e a outra que seria entregue para um fiscal eleitoral, que preenchia, datava e rubricava a cédula.
Em 1932 ficou estabelecido o voto secreto, obrigatório, para maiores de 21 anos sem distinção de sexo. Assim, inicia-se a participação política das mulheres. Contudo, em 1934 a idade mínima passou a ser 18 anos. O título eleitoral deveria ter foto, mas essa ideia só foi integrada ao sistema eleitoral em 1955.
Com o fim do Estado Novo e a deposição de Vargas do poder executivo. Dutra se tornou seu sucessor e proclamou a quarta Constituição brasileira, que não previa a maioria absoluta dos votos para os candidatos à presidência. Alguns presidentes eleitos como Getúlio na década de 50, JK e Jânio receberam menos da metade dos votos. A cédula passou a ser confeccionada pela Justiça Eleitoral, já que antes ficava na responsabilidade dos candidatos. Outro detalhe a ser destacado desse período é a chamada “lei do dedo sujo”, aprovada em 1955, na qual todos os eleitores teriam o dedo marcado à tinta para identificar aquele que já teria participado da eleição. Lei que foi revogada meses depois.
O chamado “voto colorido”, criado em 1962 e revogado logo depois de um mês de sua aprovação, consistia em que todos os partidos políticos escolheriam uma cor, para a realização de cédulas coloridas de modo a facilitar a identificação.
Com a redemocratização e a liberdade de imprensa, perdia-se o medo de denunciar os poderosos e se iniciava um período de ajustes de contas. Na verdade, os brasileiros esperavam que a democracia solucionasse todas as mazelas do país; a corrupção e a punição dos crimes cometidos em nome da ditadura eram apenas alguns deles. A esperança de que o Brasil se tornaria um país mais justo e próspero em um futuro próximo iria desmoronar em pouco tempo, com o fracasso do plano cruzado e a hiperinflação. Alguns temores não se concretizaram e as conquistas democráticas sobreviveram e se fortaleceram.
A República, passado o momento inicial de esperança de expansão democrática, consolidou-se sobre um mínimo de participação eleitoral, com a exclusão do movimento popular no governo. Na verdade, consolidou-se no poder oligárquico. Se a mudança de regime político despertou em vários setores da população a expectativa de expansão dos direitos políticos e de redefinição de seu papel na sociedade, as próprias condições sociais do país fizeram com que as expectativas se frustrassem. O setor vitorioso da elite civil republicana criou todos os obstáculos à democratização.
Ainda hoje, livre da tarefa de representar o país, e tendo conquistado o direito de eleger seus representantes, a população não consegue transformar sua capacidade de participação comunitária em participação cívica. A atitude popular perante o poder oscila entre a indiferença e a reação violenta.
Desde o início do período colonial até a proclamação da Constituição de 1988, o direito à participação política sofreu limitações, a população aparecia em muitos momentos como expectadora, e às vezes até figurante. Mas mesmo que a vitória não tenha sido traduzida em mudanças políticas imediatas, a luta pelo direito ao voto certamente deixou um sentimento de orgulho e auto-estima, passo importante para a formação da cidadania.
Texto elaborado pela profª Patrícia Abbud, que ministra História no Curso G9.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
O Tiririca, a prepotência e a Educação
O Tiririca, a prepotência e a Educação.
Como um dos mais antigos profissionais no mundo, o professor tem papel fundamental na formação do individuo, e não é por menos: para ser médico você precisa do professor, para ser arquiteto você precisa do professor, para ser turismólogo você precisa do professor, e até para ser professor você precisa do professor. Pelo menos um professor passa pela vida de cada pessoa no mundo, e mesmo que esta pessoa nunca tenha frequentado escola ela aprende algo com seus pais, vizinhos ou amigos, pois professor é aquele que orienta, educa e mostra.
E nesses tempos de eleição me pergunto que professor é este que ensina a 1.353.820 pessoas que Tiririca, aquele cujo slogan de campanha eleitoral foi “Pior que tá não fica”, é um bom candidato para Deputado Federal. Quem ensinou a essas pessoas que isso é fazer protesto? E como Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, aprendeu que é possivel brincar com coisa séria? Estas indagações não saem de minha mente, e a meu ver a culpada por tudo isso é a Educação prepotente.
Infelizmente ainda existe nas escolas formais uma atitude de pretensa superioridade, arrogância, tirania e de abuso de poder por parte de muitos professores. Estes acreditam que são detentores do conhecimento e da verdade absoluta, pessoas influentes e poderosas, capazes de abusar da autoridade que têm. Diante deles o aluno é vazio, pequeno e incapaz de alcançar sua força e sabedoria.
O resultado é o que vemos hoje: o aluno desinteressado pelo ensino, não tendo a educação como base para a formação de uma consciência crítica. Cresce acreditanto no “Rouba, mas faz”, e diante de um momento tão importante como o das eleições, faz piada. Na Internet é possivel encontrar propagandas eleitorais do Tiririca com comentarios do tipo “pelo menos ele é humilde e tem bom caráter”, “pelo menos ele lutou”, e “pelo menos ele vai fazer a gente rir”. Pelo menos? Sim, esta é a forma como o aluno da prepotência se consola hoje.
A minha certeza de que a Educação é a base de tudo foi fortalecida durante a Feira do Conhecimento do G9, quando nossos alunos apresentaram-se brilhantemente no palco e nos estandes, expondo sua sabedoria, timidez, e a grande capacidade de ensinar aos outros. Assim que começaram a falar, percebi que toda a minha inquietação sobre um possivel insucesso em atuar ou explicar sites e gráficos havia acabado. A escola toda me encantou com os cuidados que devemos tomar com a internet, com o túnel do passado, presente e futuro, a história do jornal, a educação digital para os deficientes, entre outros.
No entanto, o que me chamou muito a atenção foram os trabalhos dos pequeninos da educação infantil. Eles souberam explicar muito bem o que haviam feito, conseguindo inclusive fazer comentarios “extras” sobre o que estavam apresentando. A responsável por tudo isso, claro, é a educação. São as professoras extremamente dedicadas que pensam no livrinho da sala, no jornal dos acontecimentos, no gibi dos animais e nas caixinhas “O que é o que é”, e que educam as crianças com muito carinho e humildade.
Deixei a feira emocionada, feliz por ver tanta qualidade em educação, e ao mesmo tempo apreensiva com a possibilidade de haver mais pretensão do que humildade na professora dentro de mim. Percebi que TODOS nós, educadores, precisamos aprender muito com as professoras do ensino infantil, pois o futuro crítico de que tanto falamos e esperamos para os nossos jovens começa nas mãos delas.
Não podemos educar na expectativa de não termos mais Tiriricas. Devemos educar para não termos mais Tiriricas. O foco do professor tem que deixar de ser nele próprio, no quanto ele sabe mais, no quanto está certo e o quão melhor é em relação aos outros, e voltar-se para o aluno, contribuindo com sua transformação em um cidadão consciente e melhor a cada dia.
Texto elaborado pela profª Lívia Mota, que ministra Inglês no Curso G9.
Como um dos mais antigos profissionais no mundo, o professor tem papel fundamental na formação do individuo, e não é por menos: para ser médico você precisa do professor, para ser arquiteto você precisa do professor, para ser turismólogo você precisa do professor, e até para ser professor você precisa do professor. Pelo menos um professor passa pela vida de cada pessoa no mundo, e mesmo que esta pessoa nunca tenha frequentado escola ela aprende algo com seus pais, vizinhos ou amigos, pois professor é aquele que orienta, educa e mostra.
E nesses tempos de eleição me pergunto que professor é este que ensina a 1.353.820 pessoas que Tiririca, aquele cujo slogan de campanha eleitoral foi “Pior que tá não fica”, é um bom candidato para Deputado Federal. Quem ensinou a essas pessoas que isso é fazer protesto? E como Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, aprendeu que é possivel brincar com coisa séria? Estas indagações não saem de minha mente, e a meu ver a culpada por tudo isso é a Educação prepotente.
Infelizmente ainda existe nas escolas formais uma atitude de pretensa superioridade, arrogância, tirania e de abuso de poder por parte de muitos professores. Estes acreditam que são detentores do conhecimento e da verdade absoluta, pessoas influentes e poderosas, capazes de abusar da autoridade que têm. Diante deles o aluno é vazio, pequeno e incapaz de alcançar sua força e sabedoria.
O resultado é o que vemos hoje: o aluno desinteressado pelo ensino, não tendo a educação como base para a formação de uma consciência crítica. Cresce acreditanto no “Rouba, mas faz”, e diante de um momento tão importante como o das eleições, faz piada. Na Internet é possivel encontrar propagandas eleitorais do Tiririca com comentarios do tipo “pelo menos ele é humilde e tem bom caráter”, “pelo menos ele lutou”, e “pelo menos ele vai fazer a gente rir”. Pelo menos? Sim, esta é a forma como o aluno da prepotência se consola hoje.
A minha certeza de que a Educação é a base de tudo foi fortalecida durante a Feira do Conhecimento do G9, quando nossos alunos apresentaram-se brilhantemente no palco e nos estandes, expondo sua sabedoria, timidez, e a grande capacidade de ensinar aos outros. Assim que começaram a falar, percebi que toda a minha inquietação sobre um possivel insucesso em atuar ou explicar sites e gráficos havia acabado. A escola toda me encantou com os cuidados que devemos tomar com a internet, com o túnel do passado, presente e futuro, a história do jornal, a educação digital para os deficientes, entre outros.
No entanto, o que me chamou muito a atenção foram os trabalhos dos pequeninos da educação infantil. Eles souberam explicar muito bem o que haviam feito, conseguindo inclusive fazer comentarios “extras” sobre o que estavam apresentando. A responsável por tudo isso, claro, é a educação. São as professoras extremamente dedicadas que pensam no livrinho da sala, no jornal dos acontecimentos, no gibi dos animais e nas caixinhas “O que é o que é”, e que educam as crianças com muito carinho e humildade.
Deixei a feira emocionada, feliz por ver tanta qualidade em educação, e ao mesmo tempo apreensiva com a possibilidade de haver mais pretensão do que humildade na professora dentro de mim. Percebi que TODOS nós, educadores, precisamos aprender muito com as professoras do ensino infantil, pois o futuro crítico de que tanto falamos e esperamos para os nossos jovens começa nas mãos delas.
Não podemos educar na expectativa de não termos mais Tiriricas. Devemos educar para não termos mais Tiriricas. O foco do professor tem que deixar de ser nele próprio, no quanto ele sabe mais, no quanto está certo e o quão melhor é em relação aos outros, e voltar-se para o aluno, contribuindo com sua transformação em um cidadão consciente e melhor a cada dia.
Texto elaborado pela profª Lívia Mota, que ministra Inglês no Curso G9.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Se um cachorro fosse professor, você aprenderia coisas assim:
Texto de Ramiro Ros
Se um cachorro fosse professor, você aprenderia coisas assim:
Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.
Nunca perca uma oportunidade de ir passear.
Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.
Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.
Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.
Corra, pule e brinque todos os dias.
Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas tocarem você.
Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.
Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquido e deite debaixo da sombra de uma árvore.
Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.
Não importa quantas vezes o outro o magoa, não se sinta culpado...volte e faça as pazes novamente.
Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
Se alimente com gosto e entusiasmo.
Coma só o suficiente.
Seja leal.
Nunca pretenda ser o que você não é.
E o MAIS importante de tudo....
Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por perto e mostre que você está ali para confortar.
A amizade verdadeira não aceita imitações!
E NÓS PRECISAMOS APRENDER ISTO COM UM ANIMAL QUE DIZEM SER IRRACIONAL!
Na Biologia é assim, os seres desenvolvem caracteristicas diferentes uns dos outros, mas se observarmos suas atitudes, são seres muito melhores e consequentemente mais próximos da grandeza de Deus. Afinal, foi Ele quem criou tudo isso para nossa contemplação! Basta que olhemos em volta e aprenderemos mais e mais com a VIDA (BIO)!
Professora Pollyanna M. Freitas Leite
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Como a Afetividade entre o Professor e o Aluno pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem
A Relação Professor-Aluno e a Afetividade:
Como a Afetividade entre o Professor e o Aluno pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem
Afetividade é um termo utilizado para designar e resumir não só os afetos em sua acepção mais estrita, mas também os sentimentos ligeiros ou matizes de sentimentais de agrado ou desagrado, enquanto o afeto é definido como qualquer espécie de sentimento e (ou) emoção associada a idéias ou a complexos de idéias ( CABRAL e NICK, 1999 ).
Nas escolas em geral, alunos experimentam diversos afetos: o prazer de conseguir realizar algo pela primeira vez, tristeza ao saber da doença de um amigo, raiva ao discutir com colegas. Além disso, podem gostar ou não de seus professores, sentir-se felizes quando seus companheiros de sala os aceitam e culpados quando não estudam o suficiente.
Vale dizer que os sentimentos e emoções do aluno precisam ser levados em conta, já que podem favorecer ou desfavorecer o desenvolvimento cognitivo – com o qual está intimamente relacionado desde que o bebê vem ao mundo. A emoção é a forma que o corpo encontra de exprimir o que é pessoal e socialmente agradável ou desagradável para determinado sujeito.
Sua manifestação depende do outro, isto é, para que haja o desencadeamento de uma reação emotiva é necessário que se tenha a presença de um espectador, pois a emoção não se manifesta sem “plateia”; mesmo que esta seja imaginária, é necessário que se faça presente.
O choro e o riso são as vias mais comuns de expressão da emoção. É importante salientar que ambos não podem ser considerados como emoções em si, mas como veículo de expressão. O corpo é o meio que a emoção tem de se expor e o choro e o riso muitas vezes são caminhos que as reações emotivas percorrem para se expressar livremente.
A emoção e a inteligência se relacionam durante todo o percurso psicológico do indivíduo. Wallon nos alerta sobre a importância que o ser humano deveria dar aos dois aspectos da personalidade humana. Entretanto, ele enfatiza que esta não é uma tarefa muito fácil quando se enfrenta a natureza insubordinada da emoção. Segundo ele, para que se produza intelectualmente, é imprescindível não se submeter ao poder da emoção, pois isso afetaria a percepção de mundo real e conseqüentemente reduziria o nível da afetividade intelectual do sujeito. É necessário tentar uma racionalização da situação emotiva, em casos de intensa reação emocional. Da mesma forma em algumas atividades intelectuais, é necessário um trabalho de emocionalização, para que se faça de tal atividade algo mais criativo e espontâneo.
Entretanto, geralmente é a racionalidade que cede aos caprichos da emoção. O ideal seria encontrar um equilíbrio entre as reações afetivas e inteligência, mas nem sempre isso é possível devido à intensa intelectualização social ou devido à intensa subordinação emocional em determinados indivíduos. Porém, a relação entre emoção e inteligência é realmente intensa. Na opinião de Wallon, as conquistas do plano emocional são também apreendidas pela racionalidade, e vice-versa. É exprimindo ao outro o que sentimos, por meio de palavras e gestos, que abolimos um estado emocional. A dissolução ocorre exatamente pela transformação da emoção em atividade mental.
A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das dimensões da pessoa: ela também é uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade direcionou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira.
A afetividade e a inteligência são aspectos indissociáveis, intimamente ligados e influenciados pela socialização. A afetividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca. No ambiente escolar é além de dar carinho, é aproximar-se do aluno, saber ouvi-lo, valoriza-lo e acreditar nele, dando abertura para a sua expressão. Carinho faz parte da trajetória, é apenas o começo do caminho.
O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas. “As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente”. (ALMEIDA, 1999) Compreendemos a afetividade como substância que nutre estas ações e não um puro ato de “melosidade”.
Para Jean Piaget, é irrefutável que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e conseqüentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria inteligência. A afetividade é atribuída como uma condição inevitável na construção da inteligência mas, também não é suficiente.
Ainda, define a afetividade como todos os movimentos mentais conscientes e inconscientes não-racionais (razão), sendo o afeto um elemento indiferenciado do domínio da afetividade. Afirma ele, que o afeto é uma importante energia para o desenvolvimento cognitivo e estudos que integram suas pesquisas e também de Freud especificam que a afetividade influi na construção do conhecimento de forma essencial através da pulsão de vida e da busca pela excelência.
A intensificação das relações entre professor-aluno, os aspectos afetivos emocionais, a dinâmica das manifestações da sala de aula e formas de comunicação devem ser caracterizadas como pressupostos básicos para o processo da construção do conhecimento e da aprendizagem e ainda, da condição organizativa do trabalho do professor.
Enquanto o indivíduo se desenvolve no seu espaço social e cultural afasta-se de uma submissão aprendendo a transferir suas motivações para outros objetos e situações, ao mesmo tempo que, condiciona afetivamente, suas relações vivenciais.
A relação professor-aluno deve estar amplamente ancorada na afetividade. A escola hoje, mais do que qualquer outro tempo é um espaço onde se constroem relações humanas. Por isso, é de fundamental importância trabalhar não só conteúdos mas também as relações afetivas: ensinando os alunos a tratar do outro, fazer amigos, exigindo do outro o respeito, a cooperação... É imperioso que os professores combinem projetos que dêem a seus alunos mais que seu saber, a riqueza insubstituível de sua amizade. E conseguimos isso através do diálogo. Os alunos não podem levar à escola apenas seus ouvidos e suas mãos. Eles devem levar, efetivamente, sua boca e seu cérebro.
O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.
A afetividade é uma condição indispensável de relacionamento com o mundo. Nossa relação com o mundo é em si afetiva; sempre estabelecemos um vínculo que envolve nossa afetividade, que nos agrada ou desagrada em diferentes níveis. Mas não amamos nem odiamos por predisposição genética.
É a partir das experiências prazerosas ou desagradáveis que se constituem nossas inclinações, nossas preferências, nossa forma de nos posicionarmos com o mundo, nossa forma de entende-lo. Este é um marco de uma cultura que nos provem dos significados socialmente construídos. Por isso que consideramos importante não esquecer o quão importante é esse conceito na hora de refletir nossas práticas, sociais em especial, a educação.
É preciso recuperar a ideia de homem como unidade, como indivíduo social, histórico cultural, para pensar que o aluno não é um depósito de conhecimento, dando lugar à uma forma de relacionamento com o mundo. Melhorar essa relação gerando experiências positivas de encontro com o conhecimento, talvez seja um conteúdo a mais que a formação docente tem que incorporar.
Professora Ludimila, Curso G9
Como a Afetividade entre o Professor e o Aluno pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem
Afetividade é um termo utilizado para designar e resumir não só os afetos em sua acepção mais estrita, mas também os sentimentos ligeiros ou matizes de sentimentais de agrado ou desagrado, enquanto o afeto é definido como qualquer espécie de sentimento e (ou) emoção associada a idéias ou a complexos de idéias ( CABRAL e NICK, 1999 ).
Nas escolas em geral, alunos experimentam diversos afetos: o prazer de conseguir realizar algo pela primeira vez, tristeza ao saber da doença de um amigo, raiva ao discutir com colegas. Além disso, podem gostar ou não de seus professores, sentir-se felizes quando seus companheiros de sala os aceitam e culpados quando não estudam o suficiente.
Vale dizer que os sentimentos e emoções do aluno precisam ser levados em conta, já que podem favorecer ou desfavorecer o desenvolvimento cognitivo – com o qual está intimamente relacionado desde que o bebê vem ao mundo. A emoção é a forma que o corpo encontra de exprimir o que é pessoal e socialmente agradável ou desagradável para determinado sujeito.
Sua manifestação depende do outro, isto é, para que haja o desencadeamento de uma reação emotiva é necessário que se tenha a presença de um espectador, pois a emoção não se manifesta sem “plateia”; mesmo que esta seja imaginária, é necessário que se faça presente.
O choro e o riso são as vias mais comuns de expressão da emoção. É importante salientar que ambos não podem ser considerados como emoções em si, mas como veículo de expressão. O corpo é o meio que a emoção tem de se expor e o choro e o riso muitas vezes são caminhos que as reações emotivas percorrem para se expressar livremente.
A emoção e a inteligência se relacionam durante todo o percurso psicológico do indivíduo. Wallon nos alerta sobre a importância que o ser humano deveria dar aos dois aspectos da personalidade humana. Entretanto, ele enfatiza que esta não é uma tarefa muito fácil quando se enfrenta a natureza insubordinada da emoção. Segundo ele, para que se produza intelectualmente, é imprescindível não se submeter ao poder da emoção, pois isso afetaria a percepção de mundo real e conseqüentemente reduziria o nível da afetividade intelectual do sujeito. É necessário tentar uma racionalização da situação emotiva, em casos de intensa reação emocional. Da mesma forma em algumas atividades intelectuais, é necessário um trabalho de emocionalização, para que se faça de tal atividade algo mais criativo e espontâneo.
Entretanto, geralmente é a racionalidade que cede aos caprichos da emoção. O ideal seria encontrar um equilíbrio entre as reações afetivas e inteligência, mas nem sempre isso é possível devido à intensa intelectualização social ou devido à intensa subordinação emocional em determinados indivíduos. Porém, a relação entre emoção e inteligência é realmente intensa. Na opinião de Wallon, as conquistas do plano emocional são também apreendidas pela racionalidade, e vice-versa. É exprimindo ao outro o que sentimos, por meio de palavras e gestos, que abolimos um estado emocional. A dissolução ocorre exatamente pela transformação da emoção em atividade mental.
A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das dimensões da pessoa: ela também é uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade direcionou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira.
A afetividade e a inteligência são aspectos indissociáveis, intimamente ligados e influenciados pela socialização. A afetividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca. No ambiente escolar é além de dar carinho, é aproximar-se do aluno, saber ouvi-lo, valoriza-lo e acreditar nele, dando abertura para a sua expressão. Carinho faz parte da trajetória, é apenas o começo do caminho.
O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas. “As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente”. (ALMEIDA, 1999) Compreendemos a afetividade como substância que nutre estas ações e não um puro ato de “melosidade”.
Para Jean Piaget, é irrefutável que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e conseqüentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria inteligência. A afetividade é atribuída como uma condição inevitável na construção da inteligência mas, também não é suficiente.
Ainda, define a afetividade como todos os movimentos mentais conscientes e inconscientes não-racionais (razão), sendo o afeto um elemento indiferenciado do domínio da afetividade. Afirma ele, que o afeto é uma importante energia para o desenvolvimento cognitivo e estudos que integram suas pesquisas e também de Freud especificam que a afetividade influi na construção do conhecimento de forma essencial através da pulsão de vida e da busca pela excelência.
A intensificação das relações entre professor-aluno, os aspectos afetivos emocionais, a dinâmica das manifestações da sala de aula e formas de comunicação devem ser caracterizadas como pressupostos básicos para o processo da construção do conhecimento e da aprendizagem e ainda, da condição organizativa do trabalho do professor.
Enquanto o indivíduo se desenvolve no seu espaço social e cultural afasta-se de uma submissão aprendendo a transferir suas motivações para outros objetos e situações, ao mesmo tempo que, condiciona afetivamente, suas relações vivenciais.
A relação professor-aluno deve estar amplamente ancorada na afetividade. A escola hoje, mais do que qualquer outro tempo é um espaço onde se constroem relações humanas. Por isso, é de fundamental importância trabalhar não só conteúdos mas também as relações afetivas: ensinando os alunos a tratar do outro, fazer amigos, exigindo do outro o respeito, a cooperação... É imperioso que os professores combinem projetos que dêem a seus alunos mais que seu saber, a riqueza insubstituível de sua amizade. E conseguimos isso através do diálogo. Os alunos não podem levar à escola apenas seus ouvidos e suas mãos. Eles devem levar, efetivamente, sua boca e seu cérebro.
O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.
A afetividade é uma condição indispensável de relacionamento com o mundo. Nossa relação com o mundo é em si afetiva; sempre estabelecemos um vínculo que envolve nossa afetividade, que nos agrada ou desagrada em diferentes níveis. Mas não amamos nem odiamos por predisposição genética.
É a partir das experiências prazerosas ou desagradáveis que se constituem nossas inclinações, nossas preferências, nossa forma de nos posicionarmos com o mundo, nossa forma de entende-lo. Este é um marco de uma cultura que nos provem dos significados socialmente construídos. Por isso que consideramos importante não esquecer o quão importante é esse conceito na hora de refletir nossas práticas, sociais em especial, a educação.
É preciso recuperar a ideia de homem como unidade, como indivíduo social, histórico cultural, para pensar que o aluno não é um depósito de conhecimento, dando lugar à uma forma de relacionamento com o mundo. Melhorar essa relação gerando experiências positivas de encontro com o conhecimento, talvez seja um conteúdo a mais que a formação docente tem que incorporar.
Professora Ludimila, Curso G9
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Educação e Identidade Humana
Educar para Transformar = Educar para a Identidade Humana
Educar para transformar é a filosofia do Curso G9, expressando a ideia de que o saber comprometido leva a atitudes que transformam.
Na Revista Pátio de maio/julho 2008, encontra-se um artigo do educador e psicólogo Yves de La Taille, professor titular do Instituto de Psicologia da USP, que vai ao encontro desta filosofia do Curso G9. Ele faz referência à sociedade de consumo, à educação dos jovens e à sobrevivência de nosso planeta. Tomei a liberdade de transcrever as principais ideias para este blog, na intenção de aprofundar nossa prática rumo ao alcance da filosofia do G9.
O autor destaca, inicialmente, uma fala de Pascalet, filósofo francês: “Nesse começo do século XXI, se todos os homens consumissem como os europeus, precisaríamos nada menos do que três planetas para satisfazer nossas necessidades. Se eles tivessem o modo de vida dos americanos,seriam necessários seis”.
O autor argumenta, então, que estratégias educacionais que visem a preparar os alunos para o bom trato do meio ambiente, para o chamado “desenvolvimento sustentável”, para a convivência harmoniosa dos homens com o seu planeta e para a própria sobrevivência da humanidade devem imperativamente focar o grave problema do consumo. Afirma, depois, que isso é muito difícil de ser feito numa sociedade que é justamente chamada de “sociedade do consumo”. Ter êxito em convencer alguém de que deve consumir menos e melhor implica enfrentar poderosos interesses. E implica também enfrentar os valores de uma cultura que ele chama de cultura da vaidade.
Exemplifica essa teoria falando das aparências. Tudo é feito para “encher os olhos”, para impressionar, para chamar e prender a atenção.
Afirma que até mesmo aulas e palestras, que deveriam primar pela clareza e pela simplicidade, assemelham-se cada vez mais a espetaculosos exercícios de retórica acompanhados de uma parafernália tecnológica digna de um Cirque du Soleil. Os fatos cotidianos tornam-se “fantástico show da vida”, e as celebridades não se privam de dar espetáculos de si. E todos acabam imitando-as, pois os indivíduos, além de serem levados a ver o mundo com as lentes do espetáculo, são incentivados a se tornar um dos seus participantes pela imitação do estilo de vida dos personagens da moda.
Lembra que é tal superficialidade que domina nossa sociedade, que na televisão, por exemplo, debates sobre temas relevantes, quando existem, são programados para altas horas da noite, ao passo que frivolidades ocupam o horário nobre. Normalmente, se dá um minuto para que um cientista explique determinada teoria, e uma hora para que um jogador de futebol comente seu gol ou seu casamento.
Reafirma que nossa cultura mostra-se vazia e vã em vários aspectos; portanto, merece, ao menos em parte, ser chamada de “cultura da vaidade”. A necessidade psicológica do consumo está mais nas marcas de visibilidade do que nas necessidades pragmáticas de sobrevivência e conforto. Consome-se para, por meio da ostentação daquilo que foi adquirido, dar um “espetáculo de si”. Consumo e superficialidade andam juntos. Infelizmente, consumo também acompanha a violência: o dinheiro obtido no assalto troca-se pelo tênis de marca, pela camisa de marca. O vestuário cumpre a função de diferenciar-se para destacar-se. Consome-se para não morrer psicologicamente, já que se vive uma vida imaginária no pensamento dos outros. E, às vezes, para não morrer, mata-se. E mata-se o planeta.
O autor conclui afirmando: “impõe-se que uma educação para o desenvolvimento sustentável não ignore o problema do consumo nem o dissocie da própria constituição da subjetividade. Trata-se de um problema moral: o direito de todos e das próximas gerações a uma vida digna em um planeta que a permita. Trata-se também de um problema ético: reavaliar o que seria, de fato, uma ”vida boa”. E como pensar sobre a vida que queremos viver implica refletir sobre quem queremos ser (identidade), uma educação que vise à conscientização dos alunos sobre o seu papel como habitantes da Terra não pode limitar-se aos aspectos técnicos da questão. Ela deve levar os jovens a pensar sobre o que, afinal, é ser humano”.
Referência:Revista Pátio, Ano XII Nº 46, maio/jul 2008, p 17 a 19.
Profª Francisca, Curso G9
Educar para transformar é a filosofia do Curso G9, expressando a ideia de que o saber comprometido leva a atitudes que transformam.
Na Revista Pátio de maio/julho 2008, encontra-se um artigo do educador e psicólogo Yves de La Taille, professor titular do Instituto de Psicologia da USP, que vai ao encontro desta filosofia do Curso G9. Ele faz referência à sociedade de consumo, à educação dos jovens e à sobrevivência de nosso planeta. Tomei a liberdade de transcrever as principais ideias para este blog, na intenção de aprofundar nossa prática rumo ao alcance da filosofia do G9.
O autor destaca, inicialmente, uma fala de Pascalet, filósofo francês: “Nesse começo do século XXI, se todos os homens consumissem como os europeus, precisaríamos nada menos do que três planetas para satisfazer nossas necessidades. Se eles tivessem o modo de vida dos americanos,seriam necessários seis”.
O autor argumenta, então, que estratégias educacionais que visem a preparar os alunos para o bom trato do meio ambiente, para o chamado “desenvolvimento sustentável”, para a convivência harmoniosa dos homens com o seu planeta e para a própria sobrevivência da humanidade devem imperativamente focar o grave problema do consumo. Afirma, depois, que isso é muito difícil de ser feito numa sociedade que é justamente chamada de “sociedade do consumo”. Ter êxito em convencer alguém de que deve consumir menos e melhor implica enfrentar poderosos interesses. E implica também enfrentar os valores de uma cultura que ele chama de cultura da vaidade.
Exemplifica essa teoria falando das aparências. Tudo é feito para “encher os olhos”, para impressionar, para chamar e prender a atenção.
Afirma que até mesmo aulas e palestras, que deveriam primar pela clareza e pela simplicidade, assemelham-se cada vez mais a espetaculosos exercícios de retórica acompanhados de uma parafernália tecnológica digna de um Cirque du Soleil. Os fatos cotidianos tornam-se “fantástico show da vida”, e as celebridades não se privam de dar espetáculos de si. E todos acabam imitando-as, pois os indivíduos, além de serem levados a ver o mundo com as lentes do espetáculo, são incentivados a se tornar um dos seus participantes pela imitação do estilo de vida dos personagens da moda.
Lembra que é tal superficialidade que domina nossa sociedade, que na televisão, por exemplo, debates sobre temas relevantes, quando existem, são programados para altas horas da noite, ao passo que frivolidades ocupam o horário nobre. Normalmente, se dá um minuto para que um cientista explique determinada teoria, e uma hora para que um jogador de futebol comente seu gol ou seu casamento.
Reafirma que nossa cultura mostra-se vazia e vã em vários aspectos; portanto, merece, ao menos em parte, ser chamada de “cultura da vaidade”. A necessidade psicológica do consumo está mais nas marcas de visibilidade do que nas necessidades pragmáticas de sobrevivência e conforto. Consome-se para, por meio da ostentação daquilo que foi adquirido, dar um “espetáculo de si”. Consumo e superficialidade andam juntos. Infelizmente, consumo também acompanha a violência: o dinheiro obtido no assalto troca-se pelo tênis de marca, pela camisa de marca. O vestuário cumpre a função de diferenciar-se para destacar-se. Consome-se para não morrer psicologicamente, já que se vive uma vida imaginária no pensamento dos outros. E, às vezes, para não morrer, mata-se. E mata-se o planeta.
O autor conclui afirmando: “impõe-se que uma educação para o desenvolvimento sustentável não ignore o problema do consumo nem o dissocie da própria constituição da subjetividade. Trata-se de um problema moral: o direito de todos e das próximas gerações a uma vida digna em um planeta que a permita. Trata-se também de um problema ético: reavaliar o que seria, de fato, uma ”vida boa”. E como pensar sobre a vida que queremos viver implica refletir sobre quem queremos ser (identidade), uma educação que vise à conscientização dos alunos sobre o seu papel como habitantes da Terra não pode limitar-se aos aspectos técnicos da questão. Ela deve levar os jovens a pensar sobre o que, afinal, é ser humano”.
Referência:Revista Pátio, Ano XII Nº 46, maio/jul 2008, p 17 a 19.
Profª Francisca, Curso G9
Marcadores:
Educar para a formação da identidade
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Internet e Redes Sociais
Colegas, neste tempo em que estamos refletindo sobre a fama adquirida pela internet, as novas configurações sociais advindas dessa rede de relacionamento, os prós e contras da internet na formação da identidade, a notícia abaixo traz mais um elemento para refletir: os famosos têm deixado de usar o twitter. Será o primeiro passo no ajuste do uso salutar desse relacionamento virtual?
Celebridades descobrem o lado ruim do Twitter
REUTERS
Por Zorianna Kit
LOS ANGELES (Reuters) - Será que a obsessão das celebridades pelo Twitter está começando a acabar?
Quando o cantor John Mayer, um dos mais célebres tuiteiros, com 3,7 milhões de seguidores, fechou sua conta na segunda-feira, engrossou a lista de celebridades que tem abandonado o serviço de microblog.
Alguns astros estão descobrindo que o Twitter pode ser ótimo como ferramenta promocional ou para falar com os fãs, mas que também tem seu lado negativo.
A cantora adolescente Miley Cyrus deletou sua conta há um ano, depois de ser convencida por seu novo namorado, Liam Hemsworth, a ficar em silêncio.
Amanda Bynes, de "Hairspray", cancelou sua conta na semana passada, sem dar satisfação aos fãs. No começo do mês, Demi Lovato, 18 anos, estrela da Disney, anunciou que iria dar "adeus ao Twitter" porque "o acesso que as outras pessoas têm é desconfortável para mim".
"A bênção de tuitar para as celebridades era essa ideia de que você poderia evitar o envio de um press release e ir diretamente àqueles que estão lhe seguindo", disse Robert Thompson, professor de Televisão e Cultura Popular da Universidade Syracuse.
Mas muitas celebridades estão passando constrangimentos por causa do que escrevem.
Bynes, 24 anos, não deu explicações para o fim do seu Twitter, mas aparentemente não se deu muito bem com esse universo. Neste ano, ela usou o serviço para anunciar que iria deixar a carreira de atriz, mas desanunciou a aposentadoria um mês depois.
Ela também brigou com usuários que discordavam das suas tuitadas, inclusive no que diz respeito a suas preferências em relação aos homens.
"Muitas celebridades estão descobrindo o velho ditado de que a familiaridade alimenta o desprezo", disse Thompson à Reuters. "Costumávamos achar que as celebridades eram pessoas distantes, com as quais jamais poderíamos nos comunicar. O Twitter reverteu isso, e algumas celebridades estão ficando cansadas."
Basta perguntar à cantora country LeAnn Rimes, que era uma usuária ativa do Twitter na época em que seu casamento acabou, depois de ela trair seu marido com o ator casado Eddie Cibrian.
Depois de Rimes e Cibrian se divorciarem dos respectivos cônjuges, a dupla foi fotografada se beijando, o que causou indignação. A cantora então começou a ser atacada no Twitter e, quando tentou se defender pelo microblog, foi ainda mais retaliada.
Em julho, Rimes fechou sua conta, declarando ser "insalubre para mim e para a minha família ler comentários negativos". Uma semana depois, no entanto, ela voltou ao microblog, contando que sentia saudade dos fãs e queria que eles soubessem "o quanto eu aprecio vocês".
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terça-feira, 14 de setembro de 2010
Ética - o que é, o que foi e como está
O que é
Definir a Ética não é uma tarefa fácil, especialmente por que os calendários e as paisagens costumam mudar o significado da palavra. Ou seja, cada cultura, em lugares e tempos diferentes, mostrou o seu entendimento a respeito do que seria a ética.
Bem, primeiramente podemos ter certeza de que a Ética está ligada às ações dos homens, ou seja, tem por finalidade orientar e julgar as atitudes das pessoas mediante algum tipo de ponto de referência. A Ética visa moldar as ações humanas.
Já que a Ética tem a finalidade de reger a conduta e a prática das pessoas, outra coisa que podemos saber com segurança a seu respeito é que a Ética orienta e julga os atos através de um sistema de valores, através dos quais define o que deve ser feito e o que não deve ser feito. A Ética, portanto, deve ser capaz de realizar juízos de valor sobre os atos, classificando-os em bons ou ruins, fazendo isto a partir de um princípio fundamental.
Bem, agora que sabemos que a Ética deve fazer juízos de valor sobre os atos das pessoas, podemos dar um passo a mais: a Ética deve erguer seus juízos de valor sobre um princípio fundamental, uma pedra essencial que possa organizar e alinhar os juízos de valor.
E a finalidade vem a reboque: a finalidade da Ética é estabelecer padrões e limites de forma que o convívio social possa ser preservado e todos mantenham sua integridade física, psíquica e assim por diante. A ética visa regular as ações dos homens no meio social, a fim de que essas ações não venham a prejudicar os outros homens que estão implicados nesse mesmo meio.
Na tentativa de aproximação de uma definição, pode-se dizer que a ética é um conjunto de princípios que estabelecem juízos de valor sobre a conduta humana, visando orientar e regular a ação do homem na sociedade através de um conceito fundamental e essencial, com a finalidade de garantir a integridade dos membros dessa sociedade.
O que foi
Já sabemos que origem da Ética está lá na Grécia Antiga, mas para podermos compreender melhor teremos de olha o próprio sentido da palavra grega que deu origem ao termo “Ética”. Um dos primeiros a usar o termo foi o pré-socrático Heráclito. Para Heráclito, o centro a partir do qual se desdobram os atos, as ações dos homens é um lugar profundo e pessoal no ser humano, que seria a consciência ou a índole. Assim, as atitudes são o reflexo e resultado do que está no interior, a índole de uma pessoa, ou seja, o seu éthos (e,,,,,,,,,,,qos).
Contudo, Aristóteles compreendeu a questão da ação humana de forma diferente, visto que para ele o comportamento não é resultado de uma natureza que nasce com a pessoa, ou seja, a índole, mas sim de uma questão de repetir sempre os mesmos atos, ou seja, hábitos. Para ele, o que está no homem, em seu e,,,,,,,,,,,qos não é importante, mas sim os hábitos que ele vai aprendendo ao longo de sua vida, ou seja, os seus costumes, ou ethos (hqos).
Deve se reparar que a palavra que Heráclito usa para índole é idêntica à palavra que Aristóteles usa para costume, visto que na língua grega duas letras diferentes tem o mesmo som de “e”. Assim, as palavras são pronunciadas de forma idêntica, mas são duas palavras diferentes.
Como Aristóteles foi mais lido e mais traduzido para o latim, acabou predominando a concepção de que a Ética é uma questão de costumes, e isso pode nos ajudar a entender por que Ética e Moral estão sempre tão próximas que pensamos serem a mesma coisa. O que aconteceu é que a palavra “moral” vem do termo latino mores, que significa costumes, e como a concepção de Ética de Aristóteles acabou prevalecendo durante a Idade Média, então por muito tempo (e ainda hoje) muitos estudiosos afirmam não haver nenhuma distinção entre a Ética e a Moral, ou seja, ambas são relativas aos costumes de cada cultura, costumes estes que estabelecem o que é certo e o que é errado.
Embora os pré-socráticos já discutissem o tema da Ética, essa só veio para o centro do palco a partir de Sócrates e seus embates com os sofistas. Os sofistas pensavam uma Ética relativizada, pois como disse Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas". O problema da relatividade da verdade impedia que houvesse uma base universal sobre a qual pudesse repousar uma Ética de largo alcance.
Sócrates discordando dos sofistas sustentou que existe um saber universal e válido que decorre da essência humana daí se pode conceber a fundamentação de uma moral universal. Ao enunciar sua máxima: "Conhece-te a ti mesmo" traduz que o essencial a todos é a alma racional. Dessa forma, o fundamento da Ética de Sócrates esta no fato de que "o homem é essencialmente razão", e por isso a ética socrática é racionalista.
Platão apurou o conceito da distinção entre corpo e alma. Argumentava Platão que o corpo é a sede de desejos e paixões, e por isso mesmo muitas vezes desvia o homem de seu caminho para o bem. Logo, a base da Ética de Platão estava na virtude residente na alma, que deveria ser elevada ao mundo das idéias para vencer as paixões do corpo material.
Aristóteles desenvolveu também uma ética racionalista e mais realista de forma que a reflexão e a contemplação deveriam levar a pessoa a agir corretamente, através da prática das virtudes. A virtude é o ponto de equilíbrio entre extremos, um dos quais envolve o excesso e o outro a deficiência. A virtude é o princípio ético que leva à felicidade.
Tanto em Platão como em Aristóteles, a ética está vinculada à vida social, no meio da polis, mas o enlace da filosofia grega com o cristianismo vai mudar isso, visto que os cristãos não estão vinculados a uma nacionalidade ou cidade, mas sim a um Deus pessoal e transcendente.
Os filósofos cristãos acabam então herdando a discussão sobre ética dos pensadores gregos e redimensionam a questão da ética através da ótica cristã. É interessante notar que a ética judaico-cristã tem seu fundamento na pessoa do próprio Deus. A imagem mais clara disso está em dois relatos essenciais para se compreender a ética cristã, que são as Dez Palavras (conhecido como Dez Mandamentos) e o Sermão do Monte proferido por Jesus.
O fundamento da ética judaica expressa nas Dez Palavras é a própria pessoa de Deus, e por isso a tradição das duas tábuas, já que uma tábua conteria a ética com relação ao homem e Deus, e a segunda com relação ao homem e seu semelhante. O homem deve ser justo com o outro, por que sua ética se fundamenta no fato de que o mesmo Deus criou a ambos.
Sobre esse mesmo fundamento ético Jesus lança seus termos éticos no sermão do monte, que ocupa os capítulos de 5 a 7 do Evangelho de Mateus. A ética de Jesus continua repousando sobre o alicerce da pessoa de Deus Pai, com um avanço notável sobre as Dez Palavras, uma vez que Jesus coloca no seu projeto ético uma consideração sobre a intenção humana. Enquanto as Dez Palavras tratam das ações humanas, Jesus coloca a ética no centro do coração humano, levando as ordens até os recônditos do coração. Jesus diz que obedecer a Deus não é apenas uma questão de disposição exterior, mas também interior, uma vez que o coração tem de estar alinhado com o Reino e a sua justiça.
Os pensadores cristãos herdaram alguns elementos da tradição filosófica grega, reconfigurando-os na concepção cristã. A purificação da alma sugerida inicialmente por Platão para alcançar a virtude foi retomada Santo Agostinho (séc. II), adicionando a idéia da interioridade, pois ser santo é quando o homem faz o bem e para isso Agostinho ordena: “Ama e faz o que queres, porque se amas corretamente, tudo quanto faças será bom”.
São Tomás de Aquino (século XIII) distinguiu as virtudes éticas em virtudes teologais, que seriam acessíveis ao homem apenas pela graça de Deus, e as virtudes cardinais, acessíveis a qualquer homem, por meio de suas faculdades naturais.
Com o Renascimento houve uma retomada do humanismo que voltou a reflexão ética para a autonomia humana, rompendo ao menos em parte com o fundamento ético da pessoa de Deus. Este movimento acabou desembocando no Iluminismo, quando os filósofos passam a defender que a moral deve ser fundamentada não em valores religiosos e sim na compreensão sobre a natureza humana, em valores universais que possam ser compreendidos e aceitos por qualquer cultura em qualquer tempo, independentemente da religião ou nacionalidade.
Um exemplo claro da busca dessa universalidade pode ser encontrada em Immanuel Kant, que afirmava que a ética era um dever universal, independente da condição individual na qual cada um se encontra diante desse dever. Isto é, não importando as circunstâncias ou contextos, o dever é o mesmo e imutável por que está baseado em leis universais e imutáveis que a razão conhece. Por isso a Ética é um Imperativo Categórico, visto que é uma ordem que não admite hipóteses, não muda diante dos contextos.
Hegel foi crítico de Kant, no sentido em que considera a moral como uma questão que deve passar obrigatoriamente pelas instituições da cultura. Isso equivale a dizer que a ética não existiria em uma forma universal, válida para todos os tempos, mas a ética seria então o acordo e a junção entre a vontade do indivíduo e a vontade da sociedade. A Ética para Hegel nasce na harmonia entre a vontade pessoal e os costumes estabelecidos pela cultura, e por isso a Ética muda assim como mudam os costumes de cultura para cultura.
Nietzsche criticou o racionalismo ético que reprime, bem como se tornou um duro acusador da herança da ética judaico-cristã. Para ele, as noções de pecado, de culpa e inferno são apenas formas de dominação de uns poucos sobre muitos. Logo, a filosofia de Nietzsche acaba colocando sob ataque as próprias bases da Ética ocidental, que residem sobre a tradição judaico-cristã.
A discussão ética atual tem em Jürgen Habermas um de seus maiores representantes. Habermas desenvolve uma ética discursiva fundada no diálogo e no consenso entre os sujeitos. O que se busca no diálogo é a razão que, tendo sido reconhecida pelos participantes do diálogo, que serviria de base última para a ação moral.
O conceito de razão em Habermas é uma razão que se constrói a partir da argumentação. É uma razão interpessoal e não mais subjetiva, uma razão processual, não definitiva e não acabada. Logo, a Ética de Habermas é uma aposta na linguagem e na capacidade de entendimento entre as pessoas na busca da ética universal baseada em valores válidos e aceitos por consenso.
Como está
Para compreendermos a situação atual da discussão sobre Ética, devemos compreender ao menos superficialmente o que muitos historiadores e sociólogos têm chamado de Pós-Modernidade.
A Pós-Modernidade é uma corrente de pensamento que é uma espécie de reação à modernidade, rejeitando alguns aspectos da era moderna e repaginando alguns outros dentro de uma nova perspectiva. Alguns pontos do universo da modernidade que aparecem como maior alvo de rejeição por parte do pensamento pós-moderno são o racionalismo, a crença na ciência como redentora dos males da humanidade e a concepção de história como uma evolução social.
O homem pós-moderno mantém suas reservas de desconfiança da razão, que foi senhora absoluta no Iluminismo, bem como critica a ciência como refém dos interesses de uns poucos poderosos apenas. Algumas características essenciais da Pós-Modernidade são o individualismo tão exagerado que chega a ser narcisismo, a ausência de grandes sistemas filosóficos, como um grande buraco na área da reflexão, e um ambiente cada vez mais tecnológico que têm alterado o próprio ser humano.
Todas essas características têm se combinado em uma teia complexa, de forma que a Ética é uma matéria tão atual justamente por que se percebe que o novo tempo que está raiando esgotou as respostas éticas do passado, o que dá a impressão que a ética de nossos dias está falida, decadente.
Freqüentemente a pós-modernidade despreza o sentido da culpa e do erro, de forma a diminuir a ação da consciência. O extremo individualismo acarreta em um relativismo que dá direitos a todos de estabelecerem seus padrões éticos de acordo com as circunstâncias e contextos, o que mostra a tendência pós-moderna de basear sua ética no prazer e na satisfação pessoal.
Se por um lado a ética pós-moderna acabou presa aos interesses do indivíduo e moldada por ele segundo suas necessidades, por outro os novos campos de conhecimento tem aberto novos horizontes e a cada dia surgem novas questões que esperam por respostas de uma ética que ainda não surgiu. Essa nova ética deverá compreender tanto a perspectiva individualista dos nossos tempos, como a perspectiva ampla de um mundo globalizado.
No campo das pesquisas genéticas e médicas, desde a década de 80 vêm surgindo a chamada bioética. Neste campo ético se encontram diversos temas complexos, como as células tronco, clonagem de seres humanos, alimentos geneticamente modificados e até mesmo eutanásia.
No campo dos negócios e do mundo corporativo, tem surgido a Ética dos Business. A partir da década de 70 começou a se desenvolver nos EUA um debate diante dos escândalos envolvendo corrupção nas empresas e também o marketing enganoso e manipulador. Nos anos 80 mais de três quartos das grandes empresas dos EUA já possuíam um código de conduta e comitês de ética, que deveriam orientar desde a convivência dos executivos, estabelecendo uma ética de trabalho para convivência no ambiente da empresa, até a relação das empresas com os clientes, passando pela forma como os produtos seriam feitos e anunciados.
A proliferação das mídias de comunicação acabou levantando uma outra grande série de questões éticas, principalmente em torno dos interesses por trás da manipulação das mídias sobre os gostos e desejos de milhões de espectadores.
A Internet surge numa grande explosão de expansão em meados da década de 90, e logo começam a surgir debates sobre a necessidade de uma ética que pudesse abarcar essa nova rede de comunicação. O anonimato do internauta, os diversos recursos de exposição do outro, a possibilidade de uma existência virtual e diversas outras questões figuram entre um universo de interrogações éticas na web.
O maior temor dos pais é que a rede divulga temas como pornografia, violência, racismo, atividades ilegais, entre outros, e com o clique de um mouse acaba se entrando em um mundo de muitas armadilhas e perigos. Além do mais, a possibilidade de anonimato pode se tornar um atrativo para agressões a outros, que acabam se tornando presas fáceis. É o chamado cyberbullying.
A ética necessária para esclarecer os limites do uso da Internet não vai surgir sem reflexão e engajamento da sociedade, principalmente por parte daqueles que estão ligados à rede.
Jeferson Carvalho Alvarenga - Professor do Ensino Médio
Definir a Ética não é uma tarefa fácil, especialmente por que os calendários e as paisagens costumam mudar o significado da palavra. Ou seja, cada cultura, em lugares e tempos diferentes, mostrou o seu entendimento a respeito do que seria a ética.
Bem, primeiramente podemos ter certeza de que a Ética está ligada às ações dos homens, ou seja, tem por finalidade orientar e julgar as atitudes das pessoas mediante algum tipo de ponto de referência. A Ética visa moldar as ações humanas.
Já que a Ética tem a finalidade de reger a conduta e a prática das pessoas, outra coisa que podemos saber com segurança a seu respeito é que a Ética orienta e julga os atos através de um sistema de valores, através dos quais define o que deve ser feito e o que não deve ser feito. A Ética, portanto, deve ser capaz de realizar juízos de valor sobre os atos, classificando-os em bons ou ruins, fazendo isto a partir de um princípio fundamental.
Bem, agora que sabemos que a Ética deve fazer juízos de valor sobre os atos das pessoas, podemos dar um passo a mais: a Ética deve erguer seus juízos de valor sobre um princípio fundamental, uma pedra essencial que possa organizar e alinhar os juízos de valor.
E a finalidade vem a reboque: a finalidade da Ética é estabelecer padrões e limites de forma que o convívio social possa ser preservado e todos mantenham sua integridade física, psíquica e assim por diante. A ética visa regular as ações dos homens no meio social, a fim de que essas ações não venham a prejudicar os outros homens que estão implicados nesse mesmo meio.
Na tentativa de aproximação de uma definição, pode-se dizer que a ética é um conjunto de princípios que estabelecem juízos de valor sobre a conduta humana, visando orientar e regular a ação do homem na sociedade através de um conceito fundamental e essencial, com a finalidade de garantir a integridade dos membros dessa sociedade.
O que foi
Já sabemos que origem da Ética está lá na Grécia Antiga, mas para podermos compreender melhor teremos de olha o próprio sentido da palavra grega que deu origem ao termo “Ética”. Um dos primeiros a usar o termo foi o pré-socrático Heráclito. Para Heráclito, o centro a partir do qual se desdobram os atos, as ações dos homens é um lugar profundo e pessoal no ser humano, que seria a consciência ou a índole. Assim, as atitudes são o reflexo e resultado do que está no interior, a índole de uma pessoa, ou seja, o seu éthos (e,,,,,,,,,,,qos).
Contudo, Aristóteles compreendeu a questão da ação humana de forma diferente, visto que para ele o comportamento não é resultado de uma natureza que nasce com a pessoa, ou seja, a índole, mas sim de uma questão de repetir sempre os mesmos atos, ou seja, hábitos. Para ele, o que está no homem, em seu e,,,,,,,,,,,qos não é importante, mas sim os hábitos que ele vai aprendendo ao longo de sua vida, ou seja, os seus costumes, ou ethos (hqos).
Deve se reparar que a palavra que Heráclito usa para índole é idêntica à palavra que Aristóteles usa para costume, visto que na língua grega duas letras diferentes tem o mesmo som de “e”. Assim, as palavras são pronunciadas de forma idêntica, mas são duas palavras diferentes.
Como Aristóteles foi mais lido e mais traduzido para o latim, acabou predominando a concepção de que a Ética é uma questão de costumes, e isso pode nos ajudar a entender por que Ética e Moral estão sempre tão próximas que pensamos serem a mesma coisa. O que aconteceu é que a palavra “moral” vem do termo latino mores, que significa costumes, e como a concepção de Ética de Aristóteles acabou prevalecendo durante a Idade Média, então por muito tempo (e ainda hoje) muitos estudiosos afirmam não haver nenhuma distinção entre a Ética e a Moral, ou seja, ambas são relativas aos costumes de cada cultura, costumes estes que estabelecem o que é certo e o que é errado.
Embora os pré-socráticos já discutissem o tema da Ética, essa só veio para o centro do palco a partir de Sócrates e seus embates com os sofistas. Os sofistas pensavam uma Ética relativizada, pois como disse Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas". O problema da relatividade da verdade impedia que houvesse uma base universal sobre a qual pudesse repousar uma Ética de largo alcance.
Sócrates discordando dos sofistas sustentou que existe um saber universal e válido que decorre da essência humana daí se pode conceber a fundamentação de uma moral universal. Ao enunciar sua máxima: "Conhece-te a ti mesmo" traduz que o essencial a todos é a alma racional. Dessa forma, o fundamento da Ética de Sócrates esta no fato de que "o homem é essencialmente razão", e por isso a ética socrática é racionalista.
Platão apurou o conceito da distinção entre corpo e alma. Argumentava Platão que o corpo é a sede de desejos e paixões, e por isso mesmo muitas vezes desvia o homem de seu caminho para o bem. Logo, a base da Ética de Platão estava na virtude residente na alma, que deveria ser elevada ao mundo das idéias para vencer as paixões do corpo material.
Aristóteles desenvolveu também uma ética racionalista e mais realista de forma que a reflexão e a contemplação deveriam levar a pessoa a agir corretamente, através da prática das virtudes. A virtude é o ponto de equilíbrio entre extremos, um dos quais envolve o excesso e o outro a deficiência. A virtude é o princípio ético que leva à felicidade.
Tanto em Platão como em Aristóteles, a ética está vinculada à vida social, no meio da polis, mas o enlace da filosofia grega com o cristianismo vai mudar isso, visto que os cristãos não estão vinculados a uma nacionalidade ou cidade, mas sim a um Deus pessoal e transcendente.
Os filósofos cristãos acabam então herdando a discussão sobre ética dos pensadores gregos e redimensionam a questão da ética através da ótica cristã. É interessante notar que a ética judaico-cristã tem seu fundamento na pessoa do próprio Deus. A imagem mais clara disso está em dois relatos essenciais para se compreender a ética cristã, que são as Dez Palavras (conhecido como Dez Mandamentos) e o Sermão do Monte proferido por Jesus.
O fundamento da ética judaica expressa nas Dez Palavras é a própria pessoa de Deus, e por isso a tradição das duas tábuas, já que uma tábua conteria a ética com relação ao homem e Deus, e a segunda com relação ao homem e seu semelhante. O homem deve ser justo com o outro, por que sua ética se fundamenta no fato de que o mesmo Deus criou a ambos.
Sobre esse mesmo fundamento ético Jesus lança seus termos éticos no sermão do monte, que ocupa os capítulos de 5 a 7 do Evangelho de Mateus. A ética de Jesus continua repousando sobre o alicerce da pessoa de Deus Pai, com um avanço notável sobre as Dez Palavras, uma vez que Jesus coloca no seu projeto ético uma consideração sobre a intenção humana. Enquanto as Dez Palavras tratam das ações humanas, Jesus coloca a ética no centro do coração humano, levando as ordens até os recônditos do coração. Jesus diz que obedecer a Deus não é apenas uma questão de disposição exterior, mas também interior, uma vez que o coração tem de estar alinhado com o Reino e a sua justiça.
Os pensadores cristãos herdaram alguns elementos da tradição filosófica grega, reconfigurando-os na concepção cristã. A purificação da alma sugerida inicialmente por Platão para alcançar a virtude foi retomada Santo Agostinho (séc. II), adicionando a idéia da interioridade, pois ser santo é quando o homem faz o bem e para isso Agostinho ordena: “Ama e faz o que queres, porque se amas corretamente, tudo quanto faças será bom”.
São Tomás de Aquino (século XIII) distinguiu as virtudes éticas em virtudes teologais, que seriam acessíveis ao homem apenas pela graça de Deus, e as virtudes cardinais, acessíveis a qualquer homem, por meio de suas faculdades naturais.
Com o Renascimento houve uma retomada do humanismo que voltou a reflexão ética para a autonomia humana, rompendo ao menos em parte com o fundamento ético da pessoa de Deus. Este movimento acabou desembocando no Iluminismo, quando os filósofos passam a defender que a moral deve ser fundamentada não em valores religiosos e sim na compreensão sobre a natureza humana, em valores universais que possam ser compreendidos e aceitos por qualquer cultura em qualquer tempo, independentemente da religião ou nacionalidade.
Um exemplo claro da busca dessa universalidade pode ser encontrada em Immanuel Kant, que afirmava que a ética era um dever universal, independente da condição individual na qual cada um se encontra diante desse dever. Isto é, não importando as circunstâncias ou contextos, o dever é o mesmo e imutável por que está baseado em leis universais e imutáveis que a razão conhece. Por isso a Ética é um Imperativo Categórico, visto que é uma ordem que não admite hipóteses, não muda diante dos contextos.
Hegel foi crítico de Kant, no sentido em que considera a moral como uma questão que deve passar obrigatoriamente pelas instituições da cultura. Isso equivale a dizer que a ética não existiria em uma forma universal, válida para todos os tempos, mas a ética seria então o acordo e a junção entre a vontade do indivíduo e a vontade da sociedade. A Ética para Hegel nasce na harmonia entre a vontade pessoal e os costumes estabelecidos pela cultura, e por isso a Ética muda assim como mudam os costumes de cultura para cultura.
Nietzsche criticou o racionalismo ético que reprime, bem como se tornou um duro acusador da herança da ética judaico-cristã. Para ele, as noções de pecado, de culpa e inferno são apenas formas de dominação de uns poucos sobre muitos. Logo, a filosofia de Nietzsche acaba colocando sob ataque as próprias bases da Ética ocidental, que residem sobre a tradição judaico-cristã.
A discussão ética atual tem em Jürgen Habermas um de seus maiores representantes. Habermas desenvolve uma ética discursiva fundada no diálogo e no consenso entre os sujeitos. O que se busca no diálogo é a razão que, tendo sido reconhecida pelos participantes do diálogo, que serviria de base última para a ação moral.
O conceito de razão em Habermas é uma razão que se constrói a partir da argumentação. É uma razão interpessoal e não mais subjetiva, uma razão processual, não definitiva e não acabada. Logo, a Ética de Habermas é uma aposta na linguagem e na capacidade de entendimento entre as pessoas na busca da ética universal baseada em valores válidos e aceitos por consenso.
Como está
Para compreendermos a situação atual da discussão sobre Ética, devemos compreender ao menos superficialmente o que muitos historiadores e sociólogos têm chamado de Pós-Modernidade.
A Pós-Modernidade é uma corrente de pensamento que é uma espécie de reação à modernidade, rejeitando alguns aspectos da era moderna e repaginando alguns outros dentro de uma nova perspectiva. Alguns pontos do universo da modernidade que aparecem como maior alvo de rejeição por parte do pensamento pós-moderno são o racionalismo, a crença na ciência como redentora dos males da humanidade e a concepção de história como uma evolução social.
O homem pós-moderno mantém suas reservas de desconfiança da razão, que foi senhora absoluta no Iluminismo, bem como critica a ciência como refém dos interesses de uns poucos poderosos apenas. Algumas características essenciais da Pós-Modernidade são o individualismo tão exagerado que chega a ser narcisismo, a ausência de grandes sistemas filosóficos, como um grande buraco na área da reflexão, e um ambiente cada vez mais tecnológico que têm alterado o próprio ser humano.
Todas essas características têm se combinado em uma teia complexa, de forma que a Ética é uma matéria tão atual justamente por que se percebe que o novo tempo que está raiando esgotou as respostas éticas do passado, o que dá a impressão que a ética de nossos dias está falida, decadente.
Freqüentemente a pós-modernidade despreza o sentido da culpa e do erro, de forma a diminuir a ação da consciência. O extremo individualismo acarreta em um relativismo que dá direitos a todos de estabelecerem seus padrões éticos de acordo com as circunstâncias e contextos, o que mostra a tendência pós-moderna de basear sua ética no prazer e na satisfação pessoal.
Se por um lado a ética pós-moderna acabou presa aos interesses do indivíduo e moldada por ele segundo suas necessidades, por outro os novos campos de conhecimento tem aberto novos horizontes e a cada dia surgem novas questões que esperam por respostas de uma ética que ainda não surgiu. Essa nova ética deverá compreender tanto a perspectiva individualista dos nossos tempos, como a perspectiva ampla de um mundo globalizado.
No campo das pesquisas genéticas e médicas, desde a década de 80 vêm surgindo a chamada bioética. Neste campo ético se encontram diversos temas complexos, como as células tronco, clonagem de seres humanos, alimentos geneticamente modificados e até mesmo eutanásia.
No campo dos negócios e do mundo corporativo, tem surgido a Ética dos Business. A partir da década de 70 começou a se desenvolver nos EUA um debate diante dos escândalos envolvendo corrupção nas empresas e também o marketing enganoso e manipulador. Nos anos 80 mais de três quartos das grandes empresas dos EUA já possuíam um código de conduta e comitês de ética, que deveriam orientar desde a convivência dos executivos, estabelecendo uma ética de trabalho para convivência no ambiente da empresa, até a relação das empresas com os clientes, passando pela forma como os produtos seriam feitos e anunciados.
A proliferação das mídias de comunicação acabou levantando uma outra grande série de questões éticas, principalmente em torno dos interesses por trás da manipulação das mídias sobre os gostos e desejos de milhões de espectadores.
A Internet surge numa grande explosão de expansão em meados da década de 90, e logo começam a surgir debates sobre a necessidade de uma ética que pudesse abarcar essa nova rede de comunicação. O anonimato do internauta, os diversos recursos de exposição do outro, a possibilidade de uma existência virtual e diversas outras questões figuram entre um universo de interrogações éticas na web.
O maior temor dos pais é que a rede divulga temas como pornografia, violência, racismo, atividades ilegais, entre outros, e com o clique de um mouse acaba se entrando em um mundo de muitas armadilhas e perigos. Além do mais, a possibilidade de anonimato pode se tornar um atrativo para agressões a outros, que acabam se tornando presas fáceis. É o chamado cyberbullying.
A ética necessária para esclarecer os limites do uso da Internet não vai surgir sem reflexão e engajamento da sociedade, principalmente por parte daqueles que estão ligados à rede.
Jeferson Carvalho Alvarenga - Professor do Ensino Médio
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Educação - Família&Escola
Caros pais e profissionais da educação,
Repasso, abaixo, artigo sobre a educação e a parceria que deve ter escola e família nessa tarefa. O artigo aborda também a lei que tenta regulamentar os limites dos castigos dados aos filhos.
Gazeta do Povo, 29/08/2010 - Curitiba PR
O direito intransferível dos pais na educação - João Malheiro
Têm vindo à baila recentemente no noticiário algumas pretensões governamentais de legislar sobre como os pais devem educar os seus filhos, dispondo sobre os limites dos castigos, das palmadas e dos beliscões por parte dos progenitores. Nessa mesma direção, autoridades judiciárias do Rio Grande do Sul chegaram inclusive a afirmar que “os filhos não são propriedades dos pais. Eles são cidadãos e por isso pertencem ao Estado, dessa forma é perfeitamente cabível a interferência dele na educação da criança”. Diante dessas aberrações, é natural que todos nós educadores fiquemos alertas e apreensivos, pois de ideias desse tipo a nossa triste história está cheia. Já se comprovou que é por aí que Estados totalitários começaram a invadir direitos humanos, desrespeitando a dignidade humana. Felizmente, a maioria dos pais reagiu prontamente, como se devia esperar. Na pesquisa recente do Instituto DataFolha, de São Paulo, 54% dos 10.905 entrevistados afirmaram ser totalmente contra o projeto de lei e 10% não sabiam o que responder. 36% dos pais, entretanto, foram favoráveis. Diante desses fatos, talvez seja bom recordar alguns conceitos básicos de educação para esclarecer o pensamento tanto dos indecisos e favoráveis às intenções governamentais quanto do público em geral. A primeira ideia básica, indicada na Declaração Universal de Direitos Humanos no seu artigo 26, é que os pais têm o direito de escolher a educação que preferirem para os seus filhos, em todos os seus aspectos. Os países que assinaram esse acordo em 1948 chegaram a definir que esse princípio seria considerado entre os mais básicos, e que sob pretexto algum um Estado poderia interferir nele ou negá-lo. Esse direito dos pais de educar seus filhos fundamenta-se no direito que os filhos têm de receber uma educação adequada à sua dignidade humana e às suas necessidades básicas. Um atentado contra esse direito do filho, que em justiça deve ser reconhecido e amparado pela sociedade, é uma violência que jamais poderá ser permitida. Inclusive, no caso daqueles pais que se sintam incapazes de educar ou que acreditem que outras instituições possam fazê-lo melhor, o Estado terá de conscientizá-los de que não podem renunciar a serem educadores. Sempre é bom recordar que a família é o lugar natural por excelência em que as relações de amor, de serviço e de doação mútua se descobrem, valorizam e aprendem. É nesse ambiente que o “ser animal”, que todos nós somos quando nascemos, tem facilidade para se tornar um verdadeiro ser humano, com todas as suas potencialidades bem desenvolvidas. Pais, irmãos, primos, tios, avós devem ser, portanto, a primeira grande escola da vida. Se a educação é a atividade primordial de um pai e de uma mãe, qualquer outro agente educativo somente o será por delegação dos pais e sempre subordinado a eles. Quando colocam seus filhos numa escola, os pais não devem se sentir livres da tarefa árdua de educar ou, o que é pior, como se estivessem transferindo essa responsabilidade para outras pessoas, supostamente mais preparadas. É preciso recordar-lhes que a verdadeira competência para educar bem os próprios filhos nasce pelo simples fato de serem eles os pais. Portanto, como já dizia o Papa João Paulo II, em sua Carta às Famílias, “qualquer outro colaborador no processo educativo deve atuar em nome dos pais, com seu consentimento e, em certo modo, inclusive, por encargo seu”.
Parece ficar claro que, para evitar intromissões do Estado, como a apontada no início, é preciso mudar radicalmente a visão que muitos pais têm da escola. Ela deve ser vista, de acordo com um educador espanhol, David Isaacs, como “um projeto comum de melhora integral de pais, professores, funcionários e alunos”. Um local no qual os pais pedem a colaboração de professores e funcionários para ajudá-los a continuar nessa tarefa que já fazem em casa de auxiliar os filhos a serem melhores. A escola deverá ser sempre um prolongamento do lar. Um instrumento para a tarefa dos próprios pais, enquanto pais, de educar – e não só um lugar que proporcione uma série de conhecimentos. Por isso deverá haver sempre uma grande integração entre os pais e professores. Ambos devem estar motivados para alcançar uma série de objetivos educativos e formativos para os seus filhos/alunos. Naturalmente, muitos leitores diante dessas ideias terão sentimentos de culpa e pensarão: “preciso me dedicar mais à escola do meu filho..., mas como conseguir ter tempo para isso se na empresa...”. É evidente que, na vida que corre, isso parece quase impossível. Porém ter tempo para as obrigações é sempre uma questão do que valorizamos e priorizamos. De todas as formas, penso que ficou claro neste artigo que o pátrio poder é um direito intransferível que incumbe prioritamente à família como direito natural e humano. Jamais qualquer pai ou educador digno deste nome poderá ficar impassível diante de possíveis ameaças presentes ou futuras a este direito.
Profª Marcia Gil de Souza
Repasso, abaixo, artigo sobre a educação e a parceria que deve ter escola e família nessa tarefa. O artigo aborda também a lei que tenta regulamentar os limites dos castigos dados aos filhos.
Gazeta do Povo, 29/08/2010 - Curitiba PR
O direito intransferível dos pais na educação - João Malheiro
Têm vindo à baila recentemente no noticiário algumas pretensões governamentais de legislar sobre como os pais devem educar os seus filhos, dispondo sobre os limites dos castigos, das palmadas e dos beliscões por parte dos progenitores. Nessa mesma direção, autoridades judiciárias do Rio Grande do Sul chegaram inclusive a afirmar que “os filhos não são propriedades dos pais. Eles são cidadãos e por isso pertencem ao Estado, dessa forma é perfeitamente cabível a interferência dele na educação da criança”. Diante dessas aberrações, é natural que todos nós educadores fiquemos alertas e apreensivos, pois de ideias desse tipo a nossa triste história está cheia. Já se comprovou que é por aí que Estados totalitários começaram a invadir direitos humanos, desrespeitando a dignidade humana. Felizmente, a maioria dos pais reagiu prontamente, como se devia esperar. Na pesquisa recente do Instituto DataFolha, de São Paulo, 54% dos 10.905 entrevistados afirmaram ser totalmente contra o projeto de lei e 10% não sabiam o que responder. 36% dos pais, entretanto, foram favoráveis. Diante desses fatos, talvez seja bom recordar alguns conceitos básicos de educação para esclarecer o pensamento tanto dos indecisos e favoráveis às intenções governamentais quanto do público em geral. A primeira ideia básica, indicada na Declaração Universal de Direitos Humanos no seu artigo 26, é que os pais têm o direito de escolher a educação que preferirem para os seus filhos, em todos os seus aspectos. Os países que assinaram esse acordo em 1948 chegaram a definir que esse princípio seria considerado entre os mais básicos, e que sob pretexto algum um Estado poderia interferir nele ou negá-lo. Esse direito dos pais de educar seus filhos fundamenta-se no direito que os filhos têm de receber uma educação adequada à sua dignidade humana e às suas necessidades básicas. Um atentado contra esse direito do filho, que em justiça deve ser reconhecido e amparado pela sociedade, é uma violência que jamais poderá ser permitida. Inclusive, no caso daqueles pais que se sintam incapazes de educar ou que acreditem que outras instituições possam fazê-lo melhor, o Estado terá de conscientizá-los de que não podem renunciar a serem educadores. Sempre é bom recordar que a família é o lugar natural por excelência em que as relações de amor, de serviço e de doação mútua se descobrem, valorizam e aprendem. É nesse ambiente que o “ser animal”, que todos nós somos quando nascemos, tem facilidade para se tornar um verdadeiro ser humano, com todas as suas potencialidades bem desenvolvidas. Pais, irmãos, primos, tios, avós devem ser, portanto, a primeira grande escola da vida. Se a educação é a atividade primordial de um pai e de uma mãe, qualquer outro agente educativo somente o será por delegação dos pais e sempre subordinado a eles. Quando colocam seus filhos numa escola, os pais não devem se sentir livres da tarefa árdua de educar ou, o que é pior, como se estivessem transferindo essa responsabilidade para outras pessoas, supostamente mais preparadas. É preciso recordar-lhes que a verdadeira competência para educar bem os próprios filhos nasce pelo simples fato de serem eles os pais. Portanto, como já dizia o Papa João Paulo II, em sua Carta às Famílias, “qualquer outro colaborador no processo educativo deve atuar em nome dos pais, com seu consentimento e, em certo modo, inclusive, por encargo seu”.
Parece ficar claro que, para evitar intromissões do Estado, como a apontada no início, é preciso mudar radicalmente a visão que muitos pais têm da escola. Ela deve ser vista, de acordo com um educador espanhol, David Isaacs, como “um projeto comum de melhora integral de pais, professores, funcionários e alunos”. Um local no qual os pais pedem a colaboração de professores e funcionários para ajudá-los a continuar nessa tarefa que já fazem em casa de auxiliar os filhos a serem melhores. A escola deverá ser sempre um prolongamento do lar. Um instrumento para a tarefa dos próprios pais, enquanto pais, de educar – e não só um lugar que proporcione uma série de conhecimentos. Por isso deverá haver sempre uma grande integração entre os pais e professores. Ambos devem estar motivados para alcançar uma série de objetivos educativos e formativos para os seus filhos/alunos. Naturalmente, muitos leitores diante dessas ideias terão sentimentos de culpa e pensarão: “preciso me dedicar mais à escola do meu filho..., mas como conseguir ter tempo para isso se na empresa...”. É evidente que, na vida que corre, isso parece quase impossível. Porém ter tempo para as obrigações é sempre uma questão do que valorizamos e priorizamos. De todas as formas, penso que ficou claro neste artigo que o pátrio poder é um direito intransferível que incumbe prioritamente à família como direito natural e humano. Jamais qualquer pai ou educador digno deste nome poderá ficar impassível diante de possíveis ameaças presentes ou futuras a este direito.
Profª Marcia Gil de Souza
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Educação dos Filhos X Nova Legislação
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
EDUCAÇÃO E AFETO
"Ser mestre não é apenas lecionar. Ensinar não é apenas transmitir matérias. Ser mestre é ser instrutor e amigo, guia e companheiro. É caminhar com o aluno passo a passo, é transmitir a ele o segredo da caminhada." (PIAGET)
A afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. Inicia-se a partir do momento em que um sujeito se liga a outro pelo amor.
Nesta perspectiva é tarefa e desafio da escola assumir efetivamente, em parceria com os pais, a função de proporcionar aos alunos oportunidades de evoluir como seres humanos. Para isto, seu trabalho pedagógico e educacional é cuidar da sua formação, fazendo-os cumprir regras, impondo-lhes limites, e acima de tudo acreditando que os alunos tem capacidade de suportar frustrações. A escola realiza tais funções? Sabemos como é difícil e complicada essa tarefa. Os momentos de afetividade vividos na escola são fundamentais para a formação de personalidades sadias e capazes de aprender.
Sendo assim, o ensinar é um processo basicamente relacional, onde tanto o professor, como a escola, o meio social, e não só o aluno, são responsáveis pelo seu desenvolvimento, sucesso ou fracasso.
Como se relacionar bem sem afeto? Como se relacionar sem considerar sentimentos, desejos e necessidades, de ambos os lados: daquele que educa e daquele que é educado?
A verdade é que, embora o professor tenha alto nível intelectual e grande conhecimento de sua matéria, a maneira como ele se relaciona com seus alunos será a chave do sucesso da transmissão do que ensina.
Respeito pelas diferenças, abandono de pré-conceitos, vontade de aprender e não de exercer poder, saber ouvir, equilíbrio emocional, coerência, clareza de objetivos, saber elogiar em lugar de priorizar os erros, todos são itens fundamentais na construção de uma relação afetuosa do professor com seus alunos.
Considerando esses pontos, o relacionamento entre professor e aluno deve ser de amizade, de respeito mútuo, de troca de solidariedade, não aceitando de maneira alguma um ambiente hostil e opressor que semeie o medo e a raiva no contexto de sala de aula. A prática pedagógica deve sempre prezar o bem estar do educando. Quando o educador consegue entender o poder dessa pedagogia do amor e todo o bem que a mesma traz, mais e mais alunos aprenderão com maior facilidade e gosto e, acima de tudo, mais e mais professores notáveis e inesquecíveis passarão pela vida de nossos educandos deixando suas marcas positivas.
Helen Maria Carneiro professora da Educação Infantil do Curso G9.
A afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. Inicia-se a partir do momento em que um sujeito se liga a outro pelo amor.
Nesta perspectiva é tarefa e desafio da escola assumir efetivamente, em parceria com os pais, a função de proporcionar aos alunos oportunidades de evoluir como seres humanos. Para isto, seu trabalho pedagógico e educacional é cuidar da sua formação, fazendo-os cumprir regras, impondo-lhes limites, e acima de tudo acreditando que os alunos tem capacidade de suportar frustrações. A escola realiza tais funções? Sabemos como é difícil e complicada essa tarefa. Os momentos de afetividade vividos na escola são fundamentais para a formação de personalidades sadias e capazes de aprender.
Sendo assim, o ensinar é um processo basicamente relacional, onde tanto o professor, como a escola, o meio social, e não só o aluno, são responsáveis pelo seu desenvolvimento, sucesso ou fracasso.
Como se relacionar bem sem afeto? Como se relacionar sem considerar sentimentos, desejos e necessidades, de ambos os lados: daquele que educa e daquele que é educado?
A verdade é que, embora o professor tenha alto nível intelectual e grande conhecimento de sua matéria, a maneira como ele se relaciona com seus alunos será a chave do sucesso da transmissão do que ensina.
Respeito pelas diferenças, abandono de pré-conceitos, vontade de aprender e não de exercer poder, saber ouvir, equilíbrio emocional, coerência, clareza de objetivos, saber elogiar em lugar de priorizar os erros, todos são itens fundamentais na construção de uma relação afetuosa do professor com seus alunos.
Considerando esses pontos, o relacionamento entre professor e aluno deve ser de amizade, de respeito mútuo, de troca de solidariedade, não aceitando de maneira alguma um ambiente hostil e opressor que semeie o medo e a raiva no contexto de sala de aula. A prática pedagógica deve sempre prezar o bem estar do educando. Quando o educador consegue entender o poder dessa pedagogia do amor e todo o bem que a mesma traz, mais e mais alunos aprenderão com maior facilidade e gosto e, acima de tudo, mais e mais professores notáveis e inesquecíveis passarão pela vida de nossos educandos deixando suas marcas positivas.
Helen Maria Carneiro professora da Educação Infantil do Curso G9.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Internet e Juventude
Colegas, segue um texto sobre o uso da internet pelos jovens. O texto refere-se a uma pesquisa feita sobre o tema. Achei muito enriquecedor. Recomendo a todos.
2/8/2010
Pesquisa informa que jovens não estão preparados para a web
Estudo ouviu mais de 2 mil alunos de 11 a 18 anos e registra suscetibilidade a violência, pornografia e pedofilia na internet
Exposição a pornografia, pedofilia e incitação à violência são os principais problemas
Pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos em Ética nos Meios Eletrônicos (Leeme), da Universidade Mackenzie revela que crianças e jovens não estão preparados para utilizar a internet. Segundo o estudo, que ouviu 2.039 jovens entre 11 e 18 anos, alunos de escolas públicas e particulares estão suscetíveis a problemas como exposição à pornografia, divulgação indevida de imagem e dados pessoais, boatos, pedofilia e incitação à violência.
A partir dos resultados, a equipe de pesquisadores, coordenada por Solange Palma Barros, propôs alternativas para a formação dos jovens quanto ao uso construtivo da web. Dois livros dirigidos ao ensino fundamental II e ensino médio foram produzidos pela equipe, com objetivo de relacionar os problemas ocorridos na internet com a ética e os valores. “Queremos que os jovens assumam uma postura mais crítica e segura no uso da Internet”, afirma Solange Palma Barros.
Por se tratar de um universo virtual, a Internet traz uma falsa sensação de anonimato e impunidade, diz a pesquisa. O uso desmedido do universo virtual pelas crianças e adolescentes traz à tona não apenas a questão do comportamento, mas também situações mais preocupantes como a exposição à pornografia, a divulgação indevida da imagem e dados pessoais, a divulgação de boatos, bem como a pedofilia e o uso da Internet para incitar a violência. Com os resultados em mãos, foram propostas alternativas concretas para a formação dos jovens quanto ao uso construtivo da Internet. Os pesquisadores produziram dois livros voltados para o Ensino Fundamental II e Médio, com o objetivo de relacionar os problemas que acontecem na Internet com a ética e os valores. “Queremos que os jovens assumam uma postura mais crítica e segura no uso da Internet”, afirma Solange Palma Barros, que pretende divulgar as obras nas escolas e, futuramente, lutar pela inserção da disciplina de ética e segurança na Internet no currículo escolar.
Além disso, o Leeme alerta sobre a falta de condições que muitos pais e professores têm para orientar os menores no uso da Internet: “nem todos estão preparados para acompanhar os jovens - que parecem estar anos à frente nas questões tecnológicas”, diz Solange, que ressalta a responsabilidade da escola em assumir o papel de orientador e formador. Para os pesquisadores, falta responsabilidade no controle do uso da ferramenta eletrônica. “A maior parte dos entrevistados utiliza a Internet sem nenhum adulto por perto, sem nenhum controle ou monitoração”, afirma Solange que também identificou que este uso é feito, em sua maioria, dentro do próprio quarto do jovem. Outro dado colhido pela pesquisa é que 45% dos entrevistados já tiveram medo em algum tipo de acesso que fizeram na rede mundial de computadores. “Este é um dos motivos que nos obriga, acima de tudo, a formar o lado virtual dos jovens cidadãos, prevenindo a ocorrência de problemas on line e minimizando os danos causados pelas diferentes problemáticas associadas à Internet”, diz Solange.
Fonte: http://tecnologia.br.msn.com/noticias/artigo.aspx?cp-documentid=25072348
Profª Marcia Gil de Souza
terça-feira, 27 de julho de 2010
Resultados do ENEM
Pessoal, no domingo passado,o jornalista Gilberto Dimenstein escreveu a respeito dos resultados do ENEM, sua manipulação por algumas escolas e fez outras considerações sobre educação. Penso que é um artigo que interessa a todos nós. Vale a pena ler.
Folha de São Paulo, 25/07/2010 - São Paulo SP
A melhor notícia da sucessão presidencial
Em começo de campanha, promessas dos candidatos mostram que sabem para onde vento está soprando - GILBERTO DIMENSTEIN
HÁ PERSISTENTES rumores de que determinadas escolas particulares, espalhadas pelo Brasil, estariam fazendo uma seleção de seus melhores alunos para prestar as provas do Enem, influenciando no resultado. As suspeitas sobre o truque fazem sentido do ponto de vista comercial. A boa pontuação aparece na imprensa como sinônimo de porta de entrada para as melhores faculdades e, depois, para os mais cobiçados empregos. Isso se traduz em valor da mensalidade. Há casais que fazem reserva de matrícula antes mesmo de terem filhos. Há pais que preparam as crianças para os futuros -e estressantes- vestibulinhos. O grupo Objetivo, por exemplo, viu-se obrigado a explicar, na semana passada, quando foi divulgada a lista do Enem, que não tinha como meta brilhar no "ranking" ao criar uma escola destinada aos seus melhores alunos, que lhes oferece prêmios de acordo com o desempenho em simulados. Se tivesse garantido a tempo o registro, fazendo valerem as notas, a "nova escola" estaria entre as cinco melhores instituições de ensino do Brasil. Há, nesse debate, um desconhecimento sobre como aferir a qualidade de uma escola. Mas há também a melhor notícia da sucessão presidencial e aí basta analisar as principais promessas dos candidatos.
O desconhecimento é baseado no fato de que boa parte (fala-se em até 70%) do desempenho de um estudante é resultado de fatores externos à sala de aula. Deve-se em geral às suas habilidades naturais -a inteligência, a disciplina e a força de vontade, por exemplo- combinadas com o "background" familiar. Daí se pode avaliar como o "ranking" é impreciso. As melhores instituições têm mais recursos e tendem a atrair as famílias que têm mais dinheiro e são mais atentas à educação dos filhos. Resta saber se tudo isso vai gerar os melhores profissionais, já que o mercado de trabalho tem suas regras próprias de seleção. Algumas escolas de elite criaram um índice, com a ajuda do Datafolha, para saber se seus ex-alunos estão empregados e quanto ganham muito tempo depois de formados. Independentemente da imprecisão, os indicadores criaram transparência e uma saudável competição, levando as instituições particulares a investir em qualidade, o que envolve cifras bilionárias. Depois da compra do Anglo pela Abril, a Pearson, dona do "Financial Times", arrematou, na semana passada, por R$ 900 milhões, o grupo COC. A competição começa a aparecer no setor público -não só entre governos mas também entre escolas. A melhor notícia da sucessão presidencial até agora é que, neste início de campanha, as principais promessas dos candidatos presidenciais estão ligadas ao ensino. É um óbvio sinal de que eles sabem para onde está soprando o vento. Na semana passada, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou que as mulheres são a maioria do eleitorado. E as pesquisas informam que elas dão mais atenção à educação do que os homens, fenômeno especialmente visível na classe C, em que elas vêm ocupando mais posições como chefe de família e abocanhando melhores empregos. São vários os trabalhos que mostram que, ao entrar no ensino médio, a mulher postergou a gravidez.
Na semana passada, o IBGE informou que o índice de desemprego está em 7%. Seria bem maior se os jovens não estivessem retardando a entrada no mercado de trabalho para ficar mais tempo na sala de aula. Estima-se que, sem isso, o indicador já estivesse acima de 10%. É uma tendência que se acentuará com a aprovação da obrigatoriedade de ir à escola até os 17 anos de idade. São sinais inequívocos de que estamos deixando para trás, embora lentamente, o pior dos dados divulgados na semana passada pelo TSE: 1 em cada 5 brasileiros (27 milhões) não foi à escola ou é analfabeto. Computando os analfabetos funcionais, gente que não entende um texto com um mínimo de complexidade, chegaríamos, pelo menos, à metade do eleitorado. De acordo com o TSE, o país ainda tem mais eleitores analfabetos do que formados numa faculdade. PS- Vale a pena ler o documento elaborado pelo Movimento Nossa São Paulo, divulgado na semana passada, em que são relatadas experiências bem-sucedidas de melhoria da qualidade de vida a partir das cidades. Verdadeiro manual de soluções inovadoras, dedica um capítulo às escolas.
Profª Marcia Gil de Souza
Folha de São Paulo, 25/07/2010 - São Paulo SP
A melhor notícia da sucessão presidencial
Em começo de campanha, promessas dos candidatos mostram que sabem para onde vento está soprando - GILBERTO DIMENSTEIN
HÁ PERSISTENTES rumores de que determinadas escolas particulares, espalhadas pelo Brasil, estariam fazendo uma seleção de seus melhores alunos para prestar as provas do Enem, influenciando no resultado. As suspeitas sobre o truque fazem sentido do ponto de vista comercial. A boa pontuação aparece na imprensa como sinônimo de porta de entrada para as melhores faculdades e, depois, para os mais cobiçados empregos. Isso se traduz em valor da mensalidade. Há casais que fazem reserva de matrícula antes mesmo de terem filhos. Há pais que preparam as crianças para os futuros -e estressantes- vestibulinhos. O grupo Objetivo, por exemplo, viu-se obrigado a explicar, na semana passada, quando foi divulgada a lista do Enem, que não tinha como meta brilhar no "ranking" ao criar uma escola destinada aos seus melhores alunos, que lhes oferece prêmios de acordo com o desempenho em simulados. Se tivesse garantido a tempo o registro, fazendo valerem as notas, a "nova escola" estaria entre as cinco melhores instituições de ensino do Brasil. Há, nesse debate, um desconhecimento sobre como aferir a qualidade de uma escola. Mas há também a melhor notícia da sucessão presidencial e aí basta analisar as principais promessas dos candidatos.
O desconhecimento é baseado no fato de que boa parte (fala-se em até 70%) do desempenho de um estudante é resultado de fatores externos à sala de aula. Deve-se em geral às suas habilidades naturais -a inteligência, a disciplina e a força de vontade, por exemplo- combinadas com o "background" familiar. Daí se pode avaliar como o "ranking" é impreciso. As melhores instituições têm mais recursos e tendem a atrair as famílias que têm mais dinheiro e são mais atentas à educação dos filhos. Resta saber se tudo isso vai gerar os melhores profissionais, já que o mercado de trabalho tem suas regras próprias de seleção. Algumas escolas de elite criaram um índice, com a ajuda do Datafolha, para saber se seus ex-alunos estão empregados e quanto ganham muito tempo depois de formados. Independentemente da imprecisão, os indicadores criaram transparência e uma saudável competição, levando as instituições particulares a investir em qualidade, o que envolve cifras bilionárias. Depois da compra do Anglo pela Abril, a Pearson, dona do "Financial Times", arrematou, na semana passada, por R$ 900 milhões, o grupo COC. A competição começa a aparecer no setor público -não só entre governos mas também entre escolas. A melhor notícia da sucessão presidencial até agora é que, neste início de campanha, as principais promessas dos candidatos presidenciais estão ligadas ao ensino. É um óbvio sinal de que eles sabem para onde está soprando o vento. Na semana passada, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou que as mulheres são a maioria do eleitorado. E as pesquisas informam que elas dão mais atenção à educação do que os homens, fenômeno especialmente visível na classe C, em que elas vêm ocupando mais posições como chefe de família e abocanhando melhores empregos. São vários os trabalhos que mostram que, ao entrar no ensino médio, a mulher postergou a gravidez.
Na semana passada, o IBGE informou que o índice de desemprego está em 7%. Seria bem maior se os jovens não estivessem retardando a entrada no mercado de trabalho para ficar mais tempo na sala de aula. Estima-se que, sem isso, o indicador já estivesse acima de 10%. É uma tendência que se acentuará com a aprovação da obrigatoriedade de ir à escola até os 17 anos de idade. São sinais inequívocos de que estamos deixando para trás, embora lentamente, o pior dos dados divulgados na semana passada pelo TSE: 1 em cada 5 brasileiros (27 milhões) não foi à escola ou é analfabeto. Computando os analfabetos funcionais, gente que não entende um texto com um mínimo de complexidade, chegaríamos, pelo menos, à metade do eleitorado. De acordo com o TSE, o país ainda tem mais eleitores analfabetos do que formados numa faculdade. PS- Vale a pena ler o documento elaborado pelo Movimento Nossa São Paulo, divulgado na semana passada, em que são relatadas experiências bem-sucedidas de melhoria da qualidade de vida a partir das cidades. Verdadeiro manual de soluções inovadoras, dedica um capítulo às escolas.
Profª Marcia Gil de Souza
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Educação e Avaliação pelo ENEM
sexta-feira, 23 de julho de 2010
PROFESSOR - ALUNO - PROFESSOR: FORMAR PARA TRANSFORMAR
Dois textos, dois autores, duas gerações, mesmo assunto, mesmo reconhecimento, mesma emoção. Foi impossível ler um e não me remeter ao outro.
“Goffredo: da morte à vida” ( Tendências/Debates - Folha de São Paulo, 27/06/2010 ). O autor é o advogado Tercio Sampaio Ferraz Junior, 68 anos, professor titular da Faculdade de Direito da USP. Nesse texto, Tercio Sampaio não só retrata seu pesar por um ano de falecimento do professor Goffredo da Silva Telles, mas, principalmente, expressa seus sinceros agradecimentos ao grande mestre e manifesta sua profunda admiração pelo exímio profissional o qual teve como professor e, certamente, como modelo de vida.
Marcou-me as passagens que transcrevo: “ ‘É da natureza do cérebro humano sentir dentro de estruturas, e perceber a parte dentro do todo e o todo dentro de um todo maior’, dizia ele. Essa preocupação primária com o todo sempre conformou o raciocínio vivo, didaticamente forte de Goffredo. Talvez daí derivasse o encanto reconhecido de suas aulas, aquela sensação envolvente de um espetáculo sem falhas, onde tudo se fechava e se completava, e que arrebatava o aluno que o ouvia, inspirando certeza, segurança e paz... Daí a razão de sua iniciação à ciência do direito(de conteúdo conhecido de gerações de alunos) ocupar-se inicialmente com uma teoria do ser para depois ali inserir o direito e este dentro da ética etc... Pois, se direito tem a ver com liberdade e esta, com o mistério de ser humano, talvez se entenda por que Goffredo, ao término de seus cursos, nunca se cansou de repetir que o direito tem suas raízes enterradas no coração humano.”
O professor, o mestre, ficou na memória do autor, do aluno, por ter sido uma referência marcante e clarificadora de como ser. Pelas palavras desse artigo, se respira, transpira, pelos poros atravessam saudades e admiração por um ser especial que, com certeza, foi o inspirador de uma escolha feita, de um caminho encontrado.
O segundo artigo, também escrito no mês de junho, para ser publicado no próximo número do GNovidade , é de autoria de Pedro Reno Gama, 13 anos, aluno da F81 do Curso G9. Pedro fala, com encanto reconhecido, sobre uma proposta de trabalho a partir da leitura de um livro. Registro aqui excertos significativos do texto desse adolescente, os quais manifestam o resultado de um trabalho envolvente que lhe inspira certeza, segurança e paz. : “ Um livro...do que é capaz um simples livro? E um trabalho de escola, será que a sua importância vai além de qualquer expectativa?...É, mas tudo mudou depois de uma proposta de trabalho sobre um livro, ou melhor, o livro...Junto com o livro, veio a proposta de trabalho, que propunha a criação de textos subjetivos relacionados a vários temas que nos rodeiam no dia a dia...Admito, foi a parte mais emocionante, foi algo realmente que guardarei para o resto da vida. Enquanto fazia o trabalho, refletia coisas que nunca refletiria na vida, coisas que só quando paramos para pensar, sentimos o quanto é grande o dom de viver. Família, amizade, escola, professores e vários outros valores que só sentimos como são preciosos, quando temos esse momento especial do refletir, esse momento que só um conjunto de mestres extremamente inteligentes poderiam proporcionar, que só professores como os meus conseguiriam proporcionar.”
Os trabalhos mencionados nos dois textos mostram professores transformadores do mundo, responsáveis por encaminhamentos significativos, por revelações, por descobertas decisivas, por paradigmas, por momentos iluminadores. Marcas provocantes e instigantes deixadas para repensar o papel do professor na vida de cada um. Marcas fundamentais na formação e transformação de seres humanos.
Profª Maria Aparecida Fernandes
“Goffredo: da morte à vida” ( Tendências/Debates - Folha de São Paulo, 27/06/2010 ). O autor é o advogado Tercio Sampaio Ferraz Junior, 68 anos, professor titular da Faculdade de Direito da USP. Nesse texto, Tercio Sampaio não só retrata seu pesar por um ano de falecimento do professor Goffredo da Silva Telles, mas, principalmente, expressa seus sinceros agradecimentos ao grande mestre e manifesta sua profunda admiração pelo exímio profissional o qual teve como professor e, certamente, como modelo de vida.
Marcou-me as passagens que transcrevo: “ ‘É da natureza do cérebro humano sentir dentro de estruturas, e perceber a parte dentro do todo e o todo dentro de um todo maior’, dizia ele. Essa preocupação primária com o todo sempre conformou o raciocínio vivo, didaticamente forte de Goffredo. Talvez daí derivasse o encanto reconhecido de suas aulas, aquela sensação envolvente de um espetáculo sem falhas, onde tudo se fechava e se completava, e que arrebatava o aluno que o ouvia, inspirando certeza, segurança e paz... Daí a razão de sua iniciação à ciência do direito(de conteúdo conhecido de gerações de alunos) ocupar-se inicialmente com uma teoria do ser para depois ali inserir o direito e este dentro da ética etc... Pois, se direito tem a ver com liberdade e esta, com o mistério de ser humano, talvez se entenda por que Goffredo, ao término de seus cursos, nunca se cansou de repetir que o direito tem suas raízes enterradas no coração humano.”
O professor, o mestre, ficou na memória do autor, do aluno, por ter sido uma referência marcante e clarificadora de como ser. Pelas palavras desse artigo, se respira, transpira, pelos poros atravessam saudades e admiração por um ser especial que, com certeza, foi o inspirador de uma escolha feita, de um caminho encontrado.
O segundo artigo, também escrito no mês de junho, para ser publicado no próximo número do GNovidade , é de autoria de Pedro Reno Gama, 13 anos, aluno da F81 do Curso G9. Pedro fala, com encanto reconhecido, sobre uma proposta de trabalho a partir da leitura de um livro. Registro aqui excertos significativos do texto desse adolescente, os quais manifestam o resultado de um trabalho envolvente que lhe inspira certeza, segurança e paz. : “ Um livro...do que é capaz um simples livro? E um trabalho de escola, será que a sua importância vai além de qualquer expectativa?...É, mas tudo mudou depois de uma proposta de trabalho sobre um livro, ou melhor, o livro...Junto com o livro, veio a proposta de trabalho, que propunha a criação de textos subjetivos relacionados a vários temas que nos rodeiam no dia a dia...Admito, foi a parte mais emocionante, foi algo realmente que guardarei para o resto da vida. Enquanto fazia o trabalho, refletia coisas que nunca refletiria na vida, coisas que só quando paramos para pensar, sentimos o quanto é grande o dom de viver. Família, amizade, escola, professores e vários outros valores que só sentimos como são preciosos, quando temos esse momento especial do refletir, esse momento que só um conjunto de mestres extremamente inteligentes poderiam proporcionar, que só professores como os meus conseguiriam proporcionar.”
Os trabalhos mencionados nos dois textos mostram professores transformadores do mundo, responsáveis por encaminhamentos significativos, por revelações, por descobertas decisivas, por paradigmas, por momentos iluminadores. Marcas provocantes e instigantes deixadas para repensar o papel do professor na vida de cada um. Marcas fundamentais na formação e transformação de seres humanos.
Profª Maria Aparecida Fernandes
segunda-feira, 19 de julho de 2010
AS GERAÇÕES “Y”, “Z” E AS PROFISSÕES
Muito se tem discutido atualmente sobre o comportamento das gerações “Y”, aqueles que completaram 21 anos a partir do ano 2000, e “Z”, nome dado aos nascidos a partir de meados dos anos 90.
Seus integrantes são classificados como consumidores vorazes de tecnologia, senhores de todo e qualquer aparelho eletrônico, altamente egocêntricos e insatisfeitos com o trabalho, mudando de emprego como quem muda de roupa.
Se essas observações são corretas, há dúvidas sobre o futuro de algumas profissões tradicionais e necessárias, como médicos, engenheiros, advogados e... professores.
Avanços tecnológicos sempre provocaram mudanças profundas no comportamento das pessoas. Após a popularização da televisão, acabaram as conversas na calçada; depois dos celulares com música, pouca gente é vista nas ruas sem estar com os fones ligados aos ouvidos. Eventualmente vejo alguém aparentemente falando sozinho e só depois percebo que está usando um “bluetooth” numa ligação telefônica.
Trabalhando com adolescentes e ajudando a prepará-los para os principais vestibulares do país há vários anos (acho que minha geração seria rotulada como “W”, se mantida a sequência), percebo que os alunos realmente vão se diferenciando ao longo do tempo, com dificuldades crescentes de concentração e expressão, notadamente quando têm de interpretar textos ou mesmo quando fazem perguntas em aula. Essas dificuldades talvez possam ser atribuídas à grande quantidade de informação à disposição nos computadores e na própria televisão, além da maneira pela qual essas informações são consumidas e produzidas. No “twitter” podem ser usados, no máximo, 140 caracteres para expressar um pensamento (normalmente fútil) e na tevê não há programa que não seja interrompido a cada 10 ou 15 minutos por intervalos comerciais (exceção feita ao futebol, que, convenhamos, não é a melhor fonte de cultura).
Dessa forma, parece justa a preocupação quanto ao futuro de determinadas profissões. Já imaginou um médico incapaz de se concentrar numa cirurgia por mais do que quinze minutos, um advogado que tenha que defender uma causa usando no máximo 140 caracteres ou, pior, um professor alienado que vive com fones no ouvido o tempo todo?
Não creio num futuro sem médicos, engenheiros e advogados.
Em vez de assumir uma postura pessimista com relação ao futuro desses jovens e temer por essas profissões (me incomoda o nome geração “Z”, pois parece que será a última), penso se não seria o nosso distanciamento em relação a eles que causa essa impressão, pois a cada ano que passa estamos mais velhos, mais resistentes às novas tecnologias, enquanto o adolescente tem sempre a “mesma idade”.
É fato que algumas pessoas dão bons médicos, engenheiros, advogados e professores, mas também é certo que nem todos nascem para a filosofia ou a arte. Não é demais lembrar que entre todos que se formam, alguns são excelentes no que fazem, a maioria não.
Mesmo tendo momentos de desânimo com o comportamento geral, continuo observando adolescentes com grande potencial, que certamente darão bons profissionais em quaisquer áreas. Gostam de ler, escrevem bem, são sensíveis e receptivos aos conhecimentos que transmitimos, especialmente quando conseguimos “tocá-los”. Será que o porcentual desses alunos não é o mesmo de sempre?
Devemos, como professores, procurar mostrar não as desvantagens do mundo moderno, mas as vantagens de manter um pensamento crítico com relação às coisas, de tal forma que usar poucas palavras para se expressar seja uma opção (alguém se lembra de telegrama?) e não a única forma possível de comunicação, que se as informações se sucedem como numa avalanche, a alguém interessa que não exista tempo para muita reflexão sobre o que é divulgado, que a internet é extremamente útil mas que também traz um amontoado de besteiras, que música feita por computador pode ser ótima para dançar, mas nada supera uma sinfonia em riqueza de sons, que a beleza de um texto só pode ser percebida se nos dispusermos a lê-lo com a atenção devida.
Li num artigo que o torcedor fanático por futebol cobra de seu time tudo aquilo que não consegue ser: organizado, disciplinado, ter grande capacidade de improvisação quando necessário e, acima de tudo, possuir garra e amor à camisa. Não estaríamos nós projetando nas gerações atuais nossas próprias deficiências? Afinal, quem é responsável pelo comportamento dos adolescentes?
“Se educarmos as crianças, não precisaremos punir os adultos” – Pitágoras.
Italo Mammini Filho, professor de química do ensino médio e pré-vestibulares.
Seus integrantes são classificados como consumidores vorazes de tecnologia, senhores de todo e qualquer aparelho eletrônico, altamente egocêntricos e insatisfeitos com o trabalho, mudando de emprego como quem muda de roupa.
Se essas observações são corretas, há dúvidas sobre o futuro de algumas profissões tradicionais e necessárias, como médicos, engenheiros, advogados e... professores.
Avanços tecnológicos sempre provocaram mudanças profundas no comportamento das pessoas. Após a popularização da televisão, acabaram as conversas na calçada; depois dos celulares com música, pouca gente é vista nas ruas sem estar com os fones ligados aos ouvidos. Eventualmente vejo alguém aparentemente falando sozinho e só depois percebo que está usando um “bluetooth” numa ligação telefônica.
Trabalhando com adolescentes e ajudando a prepará-los para os principais vestibulares do país há vários anos (acho que minha geração seria rotulada como “W”, se mantida a sequência), percebo que os alunos realmente vão se diferenciando ao longo do tempo, com dificuldades crescentes de concentração e expressão, notadamente quando têm de interpretar textos ou mesmo quando fazem perguntas em aula. Essas dificuldades talvez possam ser atribuídas à grande quantidade de informação à disposição nos computadores e na própria televisão, além da maneira pela qual essas informações são consumidas e produzidas. No “twitter” podem ser usados, no máximo, 140 caracteres para expressar um pensamento (normalmente fútil) e na tevê não há programa que não seja interrompido a cada 10 ou 15 minutos por intervalos comerciais (exceção feita ao futebol, que, convenhamos, não é a melhor fonte de cultura).
Dessa forma, parece justa a preocupação quanto ao futuro de determinadas profissões. Já imaginou um médico incapaz de se concentrar numa cirurgia por mais do que quinze minutos, um advogado que tenha que defender uma causa usando no máximo 140 caracteres ou, pior, um professor alienado que vive com fones no ouvido o tempo todo?
Não creio num futuro sem médicos, engenheiros e advogados.
Em vez de assumir uma postura pessimista com relação ao futuro desses jovens e temer por essas profissões (me incomoda o nome geração “Z”, pois parece que será a última), penso se não seria o nosso distanciamento em relação a eles que causa essa impressão, pois a cada ano que passa estamos mais velhos, mais resistentes às novas tecnologias, enquanto o adolescente tem sempre a “mesma idade”.
É fato que algumas pessoas dão bons médicos, engenheiros, advogados e professores, mas também é certo que nem todos nascem para a filosofia ou a arte. Não é demais lembrar que entre todos que se formam, alguns são excelentes no que fazem, a maioria não.
Mesmo tendo momentos de desânimo com o comportamento geral, continuo observando adolescentes com grande potencial, que certamente darão bons profissionais em quaisquer áreas. Gostam de ler, escrevem bem, são sensíveis e receptivos aos conhecimentos que transmitimos, especialmente quando conseguimos “tocá-los”. Será que o porcentual desses alunos não é o mesmo de sempre?
Devemos, como professores, procurar mostrar não as desvantagens do mundo moderno, mas as vantagens de manter um pensamento crítico com relação às coisas, de tal forma que usar poucas palavras para se expressar seja uma opção (alguém se lembra de telegrama?) e não a única forma possível de comunicação, que se as informações se sucedem como numa avalanche, a alguém interessa que não exista tempo para muita reflexão sobre o que é divulgado, que a internet é extremamente útil mas que também traz um amontoado de besteiras, que música feita por computador pode ser ótima para dançar, mas nada supera uma sinfonia em riqueza de sons, que a beleza de um texto só pode ser percebida se nos dispusermos a lê-lo com a atenção devida.
Li num artigo que o torcedor fanático por futebol cobra de seu time tudo aquilo que não consegue ser: organizado, disciplinado, ter grande capacidade de improvisação quando necessário e, acima de tudo, possuir garra e amor à camisa. Não estaríamos nós projetando nas gerações atuais nossas próprias deficiências? Afinal, quem é responsável pelo comportamento dos adolescentes?
“Se educarmos as crianças, não precisaremos punir os adultos” – Pitágoras.
Italo Mammini Filho, professor de química do ensino médio e pré-vestibulares.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Diretrizes Curriculares Nacionais e a interdisciplinaridade
Professores, coordenadores e diretores,
Existe, hoje, uma preocupação grande, por parte de todos os educadores, em promover a interdisciplinaridade nas escolas.
O CNE, composto por novos conselheiros eleitos recentemente, estabeleceu as diretrizes curriculares nacionais contemplando 20% dos 200 dias letivos para trabalho com projetos interdisciplinares. Penso que é uma boa reflexão para nós. Deixo abaixo a notícia a respeito.
Portal G1, 14/07/2010
Educação básica deve ser conjunto orgânico e articulado, afirma CNE
Ciclo engloba desde a educação infantil até o ensino médio. Diretrizes curriculares foram publicadas no Diário Oficial da União - Do G1, em São Paulo
O Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu, em resolução publicada nesta quarta-feira (14) no Diário Oficial da União, as diretrizes curriculares nacionais gerais para a educação básica, que servem como uma referência para os governos federal, estaduais e municipais. De acordo com a relatora do texto, Clélia Brandão, que é membro da Câmara da Educação Básica do conselho, e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás, a grande orientação do texto é que a educação básica, que engloba a educação infantil, o ensino fundamental e o médio, seja vista como um conjunto. “Não dá mais para pensar o ensino por etapas, mas de forma articulada, orgânica”, disse. O texto das diretrizes fala em "conjunto orgânico, sequencial e articulado das etapas e modalidades da Educação Básica".
O texto destaca também a importância da “qualidade social” da educação, que, segundo Clélia, é a capacidade de universalizar o acesso e promover a permanência do estudante e a conclusão dos estudos com um aprendizado real. “Esse é o grande desafio atual da educação”, afirmou. De acordo com as diretrizes, as escolas devem destinar 20% do total de 200 dias letivos com 800 horas de aula ao desenvolvimento de projetos interdisciplinares com os alunos. “É uma possibilidade de trazer novos temas às aulas, de inserir novas discussões”, disse Clélia.
Profª Marcia Gil
Existe, hoje, uma preocupação grande, por parte de todos os educadores, em promover a interdisciplinaridade nas escolas.
O CNE, composto por novos conselheiros eleitos recentemente, estabeleceu as diretrizes curriculares nacionais contemplando 20% dos 200 dias letivos para trabalho com projetos interdisciplinares. Penso que é uma boa reflexão para nós. Deixo abaixo a notícia a respeito.
Portal G1, 14/07/2010
Educação básica deve ser conjunto orgânico e articulado, afirma CNE
Ciclo engloba desde a educação infantil até o ensino médio. Diretrizes curriculares foram publicadas no Diário Oficial da União - Do G1, em São Paulo
O Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu, em resolução publicada nesta quarta-feira (14) no Diário Oficial da União, as diretrizes curriculares nacionais gerais para a educação básica, que servem como uma referência para os governos federal, estaduais e municipais. De acordo com a relatora do texto, Clélia Brandão, que é membro da Câmara da Educação Básica do conselho, e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás, a grande orientação do texto é que a educação básica, que engloba a educação infantil, o ensino fundamental e o médio, seja vista como um conjunto. “Não dá mais para pensar o ensino por etapas, mas de forma articulada, orgânica”, disse. O texto das diretrizes fala em "conjunto orgânico, sequencial e articulado das etapas e modalidades da Educação Básica".
O texto destaca também a importância da “qualidade social” da educação, que, segundo Clélia, é a capacidade de universalizar o acesso e promover a permanência do estudante e a conclusão dos estudos com um aprendizado real. “Esse é o grande desafio atual da educação”, afirmou. De acordo com as diretrizes, as escolas devem destinar 20% do total de 200 dias letivos com 800 horas de aula ao desenvolvimento de projetos interdisciplinares com os alunos. “É uma possibilidade de trazer novos temas às aulas, de inserir novas discussões”, disse Clélia.
Profª Marcia Gil
Marcadores:
Interdisciplinaridade na educação básica
Arte na educação básica - Lei 9394/96
Colegas, no jornal Estado de São Paulo saiu uma notícia que interessa a todos. Repasso abaixo.
Estadão.edu, 14/07/2010 - São Paulo SP
Ensino de Artes será obrigatório na educação básica
Objetivo é 'promover o desenvolvimento cultural dos alunos'; lei foi publicada na edição desta quarta-feira do DOU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou lei que obriga o ensino de Artes em todos os níveis da educação básica. A decisão foi publicada na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. A Lei 12.287, de 13 de julho de 2010, altera o segundo parágrafo do artigo 26 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Pela nova redação, os currículos do ensino fundamental e médio devem conter o "ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais". O objetivo, diz o texto, é "promover o desenvolvimento cultural dos alunos".
Para quem quiser acessar a LDB 9394/96, com as devidas alteraçoes, feitas no Art26 & 2º, deixo o link : Lei 9394/96
Profª Marcia Gil
Estadão.edu, 14/07/2010 - São Paulo SP
Ensino de Artes será obrigatório na educação básica
Objetivo é 'promover o desenvolvimento cultural dos alunos'; lei foi publicada na edição desta quarta-feira do DOU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou lei que obriga o ensino de Artes em todos os níveis da educação básica. A decisão foi publicada na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. A Lei 12.287, de 13 de julho de 2010, altera o segundo parágrafo do artigo 26 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Pela nova redação, os currículos do ensino fundamental e médio devem conter o "ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais". O objetivo, diz o texto, é "promover o desenvolvimento cultural dos alunos".
Para quem quiser acessar a LDB 9394/96, com as devidas alteraçoes, feitas no Art26 & 2º, deixo o link : Lei 9394/96
Profª Marcia Gil
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Alteração curricular na LDB 9394/96
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Agrotóxicos presentes no dia-a-dia aumentam o risco de déficit de atenção e hiperatividade nas crianças
A exposição a agrotóxicos organofosforados tem sido associada a uma série de efeitos adversos no desenvolvimento cerebral das crianças, como é o caso de problemas na capacidade cognitiva e no comportamento. As crianças realmente são mais vulneráveis aos efeitos desses pesticidas, primeiro por apresentarem um cérebro ainda em formação e também porque, por apresentarem menor peso, é maior a concentração relativa dessas substâncias no corpo quando comparado aos adultos. Além disso, as crianças têm um menor contingente de enzimas desintoxicantes.
Entre as crianças, a dieta é uma das principais fontes de contato com os agrotóxicos e as evidências dos seus riscos neurotóxicos têm origem em estudos que avaliaram populações com altos níveis de exposição aos pesticidas. Uma nova pesquisa publicada na última edição do jornal oficial da Academia Americana de Pediatria demonstrou que mesmo níveis habituais de agrotóxicos presentes no cotidiano da maioria das pessoas podem exercer mudanças no cérebro das crianças, aumentando a chance delas apresentarem o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Mais de 1100 crianças americanas com idades entre 8 e 15 anos foram estudadas. Os pais responderam a um questionário para diagnóstico de TDAH que revelou que cerca de 10% das crianças preenchiam os critérios diagnósticos necessários. As crianças foram submetidas a uma análise da concentração de traços de agrotóxicos na urina e os resultados apontaram que quanto maior essa concentração maior a chance das crianças serem classificadas como portadoras de TDAH. Aquelas que tinham a concentração desses elementos acima da média dos participantes tinham duas vezes mais chances de apresentar o diagnóstico quando comparadas às que não tinham sinais dos pesticidas na urina.
É importante ressaltar que as crianças incluídas no estudo representavam uma amostra aleatória e representativa da população americana, diferente dos estudos que o precederam, que avaliaram o efeito da superexposição aos agrotóxicos como, por exemplo, inalação de pesticidas por mulheres grávidas. A maior contribuição dessa pesquisa foi ter demonstrado que não só doses altas de organofosforados têm associação com a chance de uma criança apresentar TDAH, mas mesmo a exposição “inocente” a essas substâncias no cotidiano pode contribuir para o desenvolvimento do problema.
E quando se pensa na dieta das crianças, não são apenas os agrotóxicos que podem ter impacto no cérebro das crianças. Alguns estudos têm chamado a atenção de que alimentos com aditivos artificiais podem piorar os sintomas entre crianças com o diagnóstico de TDAH e também podem aumentar a chance de sintomas de hiperatividade, impulsividade e desatenção entre aquelas não portadoras de TDAH.
Fonte: consciencianodiaadia.com, em 02/06/2010
Glauber Luz – Professor do Ensino Fundamental II do Curso G9.
Entre as crianças, a dieta é uma das principais fontes de contato com os agrotóxicos e as evidências dos seus riscos neurotóxicos têm origem em estudos que avaliaram populações com altos níveis de exposição aos pesticidas. Uma nova pesquisa publicada na última edição do jornal oficial da Academia Americana de Pediatria demonstrou que mesmo níveis habituais de agrotóxicos presentes no cotidiano da maioria das pessoas podem exercer mudanças no cérebro das crianças, aumentando a chance delas apresentarem o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Mais de 1100 crianças americanas com idades entre 8 e 15 anos foram estudadas. Os pais responderam a um questionário para diagnóstico de TDAH que revelou que cerca de 10% das crianças preenchiam os critérios diagnósticos necessários. As crianças foram submetidas a uma análise da concentração de traços de agrotóxicos na urina e os resultados apontaram que quanto maior essa concentração maior a chance das crianças serem classificadas como portadoras de TDAH. Aquelas que tinham a concentração desses elementos acima da média dos participantes tinham duas vezes mais chances de apresentar o diagnóstico quando comparadas às que não tinham sinais dos pesticidas na urina.
É importante ressaltar que as crianças incluídas no estudo representavam uma amostra aleatória e representativa da população americana, diferente dos estudos que o precederam, que avaliaram o efeito da superexposição aos agrotóxicos como, por exemplo, inalação de pesticidas por mulheres grávidas. A maior contribuição dessa pesquisa foi ter demonstrado que não só doses altas de organofosforados têm associação com a chance de uma criança apresentar TDAH, mas mesmo a exposição “inocente” a essas substâncias no cotidiano pode contribuir para o desenvolvimento do problema.
E quando se pensa na dieta das crianças, não são apenas os agrotóxicos que podem ter impacto no cérebro das crianças. Alguns estudos têm chamado a atenção de que alimentos com aditivos artificiais podem piorar os sintomas entre crianças com o diagnóstico de TDAH e também podem aumentar a chance de sintomas de hiperatividade, impulsividade e desatenção entre aquelas não portadoras de TDAH.
Fonte: consciencianodiaadia.com, em 02/06/2010
Glauber Luz – Professor do Ensino Fundamental II do Curso G9.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Dia Mundial do Meio Ambiente 2010
Você sabia que você é um em um milhão? Ou, mais precisamente, uma espécie entre milhões que habitam o nosso planeta? Mesmo assim, humanos fazem parte de um número reduzido de espécies que apresentam crescimento em sua população. Enquanto isso, muitas outras estão se extinguindo.
Sabe-se que um total de 17.291 espécies estão ameaçadas de extinção - desde plantas e insetos pouco conhecidos até as mais carismáticas aves e mamíferos. E isso mal reflete a dimensão do problema; muitas espécies desaparecem antes mesmo de serem descobertas.
A razão? A atividade humana. Em busca do desenvolvimento, nós causamos o desaparecimento de grandes partes das florestas originais, drenamos metade dos pantanais do mundo, acabamos com três quartos das unidades populacionais de peixes e emitimos a quantidade suficiente de gases de efeito estufa para manter o nosso planeta aquecendo pelos próximos séculos. Nós pisamos no acelerador e provocamos um ritmo de extinção de espécies mil vezes maior do que o ritmo natural.
Consequentemente, nós estamos arriscando, de maneira progressiva, perder algo que é fundamental para a nossa sobrevivência. A variedade de vidas do nosso planeta - conhecida como "biodiversidade" - nos fornece alimentos, vestuário, combustível, remédios e muito, muito mais. Você pode até achar que aquele besouro do seu quintal ou a grama que cresce na rua não tem nenhuma conexão importante com a sua vida - mas tem. Mesmo quando uma única espécie é retirada dessa complexa teia da vida, o resultado pode ser catastrófico.
Por isso, a Organização das Nações Unidas declarou o ano de 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Essa é uma oportunidade para enfatizar a importância da biodiversidade para o bem-estar humano; reflete nas nossas conquistas para proteger e estimular a multiplicação dos nossos esforços para reduzir a taxa de perdas da biodiversidade.
O tema do Dia Mundial do Meio Ambiente 2010 (WED 2010, na sigla em inglês) é "Muitas espécies. Um planeta. Um futuro". Este tema reflete o apelo em prol da conservação da diversidade de vida no nosso planeta. Milhões de pessoas e milhões de espécies dividem o mesmo planeta e se agirmos juntos poderemos todos desfrutar de um futuro mais próspero e seguro.
Ao comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, nos permitimos considerar mais cuidadosamente as atitudes que devemos tomar pelo nosso objetivo comum de preservar a vida no planeta.
Para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente e o Ano Internacional da Biodiversidade, podemos empregar o nosso poder individual e coletivo para deter a extinção das espécies. Atividades de conservação já preveniram o desaparecimento de espécies e restauraram habitats naturais vitais do mundo. Não só neste ano, mas que se torne uma prática costumeira de todos, vamos nos determinar a fazer muito mais pela biodiversidade, para assim vencermos a corrida contra a extinção!
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Clóvis José Fernandes
Professor de Geografia do Ensino Fundamental II do Curso G9.
Sabe-se que um total de 17.291 espécies estão ameaçadas de extinção - desde plantas e insetos pouco conhecidos até as mais carismáticas aves e mamíferos. E isso mal reflete a dimensão do problema; muitas espécies desaparecem antes mesmo de serem descobertas.
A razão? A atividade humana. Em busca do desenvolvimento, nós causamos o desaparecimento de grandes partes das florestas originais, drenamos metade dos pantanais do mundo, acabamos com três quartos das unidades populacionais de peixes e emitimos a quantidade suficiente de gases de efeito estufa para manter o nosso planeta aquecendo pelos próximos séculos. Nós pisamos no acelerador e provocamos um ritmo de extinção de espécies mil vezes maior do que o ritmo natural.
Consequentemente, nós estamos arriscando, de maneira progressiva, perder algo que é fundamental para a nossa sobrevivência. A variedade de vidas do nosso planeta - conhecida como "biodiversidade" - nos fornece alimentos, vestuário, combustível, remédios e muito, muito mais. Você pode até achar que aquele besouro do seu quintal ou a grama que cresce na rua não tem nenhuma conexão importante com a sua vida - mas tem. Mesmo quando uma única espécie é retirada dessa complexa teia da vida, o resultado pode ser catastrófico.
Por isso, a Organização das Nações Unidas declarou o ano de 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Essa é uma oportunidade para enfatizar a importância da biodiversidade para o bem-estar humano; reflete nas nossas conquistas para proteger e estimular a multiplicação dos nossos esforços para reduzir a taxa de perdas da biodiversidade.
O tema do Dia Mundial do Meio Ambiente 2010 (WED 2010, na sigla em inglês) é "Muitas espécies. Um planeta. Um futuro". Este tema reflete o apelo em prol da conservação da diversidade de vida no nosso planeta. Milhões de pessoas e milhões de espécies dividem o mesmo planeta e se agirmos juntos poderemos todos desfrutar de um futuro mais próspero e seguro.
Ao comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, nos permitimos considerar mais cuidadosamente as atitudes que devemos tomar pelo nosso objetivo comum de preservar a vida no planeta.
Para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente e o Ano Internacional da Biodiversidade, podemos empregar o nosso poder individual e coletivo para deter a extinção das espécies. Atividades de conservação já preveniram o desaparecimento de espécies e restauraram habitats naturais vitais do mundo. Não só neste ano, mas que se torne uma prática costumeira de todos, vamos nos determinar a fazer muito mais pela biodiversidade, para assim vencermos a corrida contra a extinção!
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Clóvis José Fernandes
Professor de Geografia do Ensino Fundamental II do Curso G9.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Popularização da ciência e Nova Sociedade do Conhecimento
“Ninguém pode orgulhar-se de haver dito a última palavra sobre uma teoria, enquanto não a puder explicar em termos simples a qualquer um que encontre pelo caminho” Gorgonne (matemático do século XIX)
Popularização da ciência e Nova Sociedade do Conhecimento
Assistimos um avanço extraordinário, patrocinado pela ciência e tecnologia, que impactou profundamente a sociedade no século XX e continuará a impactar neste e certamente nos próximos séculos,o que conduzirá ao que muitos autores já prenunciam chamar de “Nova Sociedade do Conhecimento”. Sendo assim, a proposta deste post é discutir, ainda que brevemente, sobre uma possível e necessária popularização da ciência, que vem ganhando força e novos aliados nas diversas instâncias envolvidas com a produção e disseminação do conhecimento, que buscam elaborar e por em prática diversas iniciativas que tentam como objetivo minimizar o crescente afastamento entre ciência e povo.
Quando falamos sobre a necessidade da popularização da ciência, assumimos que a ciência (em especial a ciência clássica desenvolvida entre séculos XVI e XVIII) não é popular e por motivos diversos afastou-se de uma forma um tanto quanto perigosa do domínio público. Ao falarmos de popularização da ciência, também assumimos a premissa que é possível e necessário trabalhar no sentido de vencer o abismo crescente que se instalou entre o conhecimento científico e o povo, em especial entre as classes populares.
Várias questões nos vem a mente quando pensamos neste tema, como por exemplo como se iniciou o processo de afastamento entre o discurso científico e a linguagem popular, ou ainda como podemos chegar a Nova sociedade do conhecimento quando na verdade a maioria das pessoas encontra-se a margem do que se produz e se discuti nas academias e outros lugares de produção de conhecimento. Vem ainda a mente a real necessidade de se popularizar o conhecimento científico e como realmente fazer isso de uma forma eficaz.
Este século tem se glorificado dos inúmeros avanços científico-tecnológicos sem precedentes. As novas tecnologias que tem sido desenvolvidas afim de se aprimorar e criar novos meios e métodos de comunicação têm suscitado oportunidades inimagináveis para a comunidade científica e uma pequena parcela da população. No entanto, por terem sido produzidos sob as bases de uma sociedade capitalista e dividida em classes, a maior parte desses benefícios estão distribuídos de forma extremamente desigual, e certamente continuará assim e se agravará até atingir limites que não conseguimos imaginar.
Em sua dissertação de mestrado, Luisa Massarani afirma que “é possível para o público geral entender os fundamentos básicos da ciência, entender os métodos científicos de pensar, entender a abordagem prática para a investigação científica, entender as relações entre ciência e sociedade, entender as limitações dos cientistas...”.
Esse entendimento não apenas é possível como urgentemente necessário, sobretudo para garantir o mínimo controle social da ciência pela população. Principalmente, considerando que vários encaminhamentos de natureza científica envolvem riscos e custos, além de aspectos simbólico-culturais que deveriam necessariamente passar pelo crivo da maioria do povo. Questões como, produção de alimentos transgênicos, clonagem humana, eutanásia, utilização de células troncos e muitas outras, são exemplos de como um conhecimento mínimo de assuntos pertinentes a ciência e suas aplicações é fundamental para a garantia de uma democracia, pelo menos, representativa e de qualidade razoável. Nesse sentido, é importante fazer as mesmas perguntas de Ennio Candotti, professor da Universidade Federal de Campina Grande e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC): “Tudo que está ao nosso alcance em termos de desenvolvimento e aplicações do conhecimento científico, deve ser realizado? Tudo o que é possível fazer, deve ser feito? Quem deve decidir isso”?
Conforme o professor Candotti, um dos mais sérios problemas enfrentados pela SBPC tem sido a permanente cobrança dos governos em busca de pareceres da comunidade científica sobre questões polêmicas, como o conhecido caso dos transgênicos e da clonagem de seres humanos. Questões que segundo ele deveriam levar em consideração o parecer da maioria da população. No entanto, para poder opinar o povo precisaria dominar um conhecimento mínimo dos assuntos em pauta, o que não é o caso.
A população precisa ver o desenvolvimento científico como sendo um meio de manifestação cultural , e como qualquer outro destes meios, também é patrimônio da humanidade. Seus prejuízos sempre serão divididos igualmente com todos, mas os benefícios estão restritos a apenas alguns. O conhecimento científico é a forma mais eficaz de poder que conseguimos inventar. Não é justo, nem seguro que fique aos cuidados de algumas poucas minorias. Por isso, nós educadores científicos e/ou sociais temos que assumir o compromisso com a popularização da ciência e, unidos, procurar meios de vencer o abismo que há entre o povo e a ciência para então conseguirmos caminhar numa direção na qual tenhamos um novo mundo onde as desigualdades poderão ser minimizadas e a democracia realmente seja uma realidade entre os indivíduos que compõe os diferentes grupos e nações, construindo então uma verdadeira “Nova Sociedade do Conhecimento”.
Para saber mais vale ler:
ALVES, Ruben. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
CANDOTTI, Ennio, BARROS, Henrique, GERMANO, Marcelo. Mesa Redonda: Os desafios da Popularização da Ciência. Reunião Regional da SBPC, UFCG, novembro de 2003.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20, Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicação, UFRJ, 1998.
Glauber Luz – Professor do Ensino Fundamental II do Curso G9.
Popularização da ciência e Nova Sociedade do Conhecimento
Assistimos um avanço extraordinário, patrocinado pela ciência e tecnologia, que impactou profundamente a sociedade no século XX e continuará a impactar neste e certamente nos próximos séculos,o que conduzirá ao que muitos autores já prenunciam chamar de “Nova Sociedade do Conhecimento”. Sendo assim, a proposta deste post é discutir, ainda que brevemente, sobre uma possível e necessária popularização da ciência, que vem ganhando força e novos aliados nas diversas instâncias envolvidas com a produção e disseminação do conhecimento, que buscam elaborar e por em prática diversas iniciativas que tentam como objetivo minimizar o crescente afastamento entre ciência e povo.
Quando falamos sobre a necessidade da popularização da ciência, assumimos que a ciência (em especial a ciência clássica desenvolvida entre séculos XVI e XVIII) não é popular e por motivos diversos afastou-se de uma forma um tanto quanto perigosa do domínio público. Ao falarmos de popularização da ciência, também assumimos a premissa que é possível e necessário trabalhar no sentido de vencer o abismo crescente que se instalou entre o conhecimento científico e o povo, em especial entre as classes populares.
Várias questões nos vem a mente quando pensamos neste tema, como por exemplo como se iniciou o processo de afastamento entre o discurso científico e a linguagem popular, ou ainda como podemos chegar a Nova sociedade do conhecimento quando na verdade a maioria das pessoas encontra-se a margem do que se produz e se discuti nas academias e outros lugares de produção de conhecimento. Vem ainda a mente a real necessidade de se popularizar o conhecimento científico e como realmente fazer isso de uma forma eficaz.
Este século tem se glorificado dos inúmeros avanços científico-tecnológicos sem precedentes. As novas tecnologias que tem sido desenvolvidas afim de se aprimorar e criar novos meios e métodos de comunicação têm suscitado oportunidades inimagináveis para a comunidade científica e uma pequena parcela da população. No entanto, por terem sido produzidos sob as bases de uma sociedade capitalista e dividida em classes, a maior parte desses benefícios estão distribuídos de forma extremamente desigual, e certamente continuará assim e se agravará até atingir limites que não conseguimos imaginar.
Em sua dissertação de mestrado, Luisa Massarani afirma que “é possível para o público geral entender os fundamentos básicos da ciência, entender os métodos científicos de pensar, entender a abordagem prática para a investigação científica, entender as relações entre ciência e sociedade, entender as limitações dos cientistas...”.
Esse entendimento não apenas é possível como urgentemente necessário, sobretudo para garantir o mínimo controle social da ciência pela população. Principalmente, considerando que vários encaminhamentos de natureza científica envolvem riscos e custos, além de aspectos simbólico-culturais que deveriam necessariamente passar pelo crivo da maioria do povo. Questões como, produção de alimentos transgênicos, clonagem humana, eutanásia, utilização de células troncos e muitas outras, são exemplos de como um conhecimento mínimo de assuntos pertinentes a ciência e suas aplicações é fundamental para a garantia de uma democracia, pelo menos, representativa e de qualidade razoável. Nesse sentido, é importante fazer as mesmas perguntas de Ennio Candotti, professor da Universidade Federal de Campina Grande e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC): “Tudo que está ao nosso alcance em termos de desenvolvimento e aplicações do conhecimento científico, deve ser realizado? Tudo o que é possível fazer, deve ser feito? Quem deve decidir isso”?
Conforme o professor Candotti, um dos mais sérios problemas enfrentados pela SBPC tem sido a permanente cobrança dos governos em busca de pareceres da comunidade científica sobre questões polêmicas, como o conhecido caso dos transgênicos e da clonagem de seres humanos. Questões que segundo ele deveriam levar em consideração o parecer da maioria da população. No entanto, para poder opinar o povo precisaria dominar um conhecimento mínimo dos assuntos em pauta, o que não é o caso.
A população precisa ver o desenvolvimento científico como sendo um meio de manifestação cultural , e como qualquer outro destes meios, também é patrimônio da humanidade. Seus prejuízos sempre serão divididos igualmente com todos, mas os benefícios estão restritos a apenas alguns. O conhecimento científico é a forma mais eficaz de poder que conseguimos inventar. Não é justo, nem seguro que fique aos cuidados de algumas poucas minorias. Por isso, nós educadores científicos e/ou sociais temos que assumir o compromisso com a popularização da ciência e, unidos, procurar meios de vencer o abismo que há entre o povo e a ciência para então conseguirmos caminhar numa direção na qual tenhamos um novo mundo onde as desigualdades poderão ser minimizadas e a democracia realmente seja uma realidade entre os indivíduos que compõe os diferentes grupos e nações, construindo então uma verdadeira “Nova Sociedade do Conhecimento”.
Para saber mais vale ler:
ALVES, Ruben. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
CANDOTTI, Ennio, BARROS, Henrique, GERMANO, Marcelo. Mesa Redonda: Os desafios da Popularização da Ciência. Reunião Regional da SBPC, UFCG, novembro de 2003.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20, Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicação, UFRJ, 1998.
Glauber Luz – Professor do Ensino Fundamental II do Curso G9.
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