Educação Permanente

Educação Permanente

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Copa do Mundo e Calendário Escolar

Relator da Lei Geral propõe alterar férias escolares na Copa de 2014
Proposta antecipa início das aulas em janeiro e amplia férias de julho.
Objetivo é desafogar trânsito e desestimular feriados municipais e estaduais.

A copa do mundo no Brasil terá início no dia 12 de junho e vai até 13 de julho.Vocês acham que vale a pena fazer a alteração?

Profa Marcia Gil de Souza
Coordenadora pedagógica do Curso G9

domingo, 11 de dezembro de 2011

Trote nas Universidades

Trote solidário poderá contar pontos em avaliação do MEC
11 de dezembro de 2011

A partir de 2012, universidades que promoverem ações contra o trote violento vão receber pontos na avaliação do Ministério da Educação (MEC). A proposta do Ministério Público Federal abrange medidas preventivas e repressivas que coibam a prática de atitudes abusivas. Incentivar a integração dos novos alunos e promover atividades sociais também pode elevar a posição no ranking das instituições de ensino superior. Acatada pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes), a medida deve passar a valer no início do próximo ano.

Como alternativa à tradicional recepção com tintas coloridas e cortes de cabelo, muitas universidades já estimulam o trote solidário. Em muitos casos, a programação é organizada pelos próprios alunos. Segundo o assessor da Juventude da Universidade de Brasília (UnB), Rafael Moraes, o trote na instituição é organizado pelos veteranos e integra uma série de outras ações de boas-vindas, como palestras e oficinas. "Os trotes antigos sempre foram realizados por alunos, e a Unb entende que promover um trote solidário só tem sentido se partir do empenho deles", diz.

No início de 2011, uma polêmica envolveu a recepção dos calouros do curso de Agronomia da UnB. Na ocasião, 41 alunos levaram banho de tinta, ovos e farinha, andaram de mãos dadas na posição conhecida como elefantinho (fila indiana em que a pessoa tem de passar um de seus braços por entre as pernas e segurar a mão do colega da frente), cantaram o hino do curso e entraram em uma piscina feita com água, legumes e verduras. Além dessas brincadeiras, imagens divulgadas pela própria assessoria da instituição mostravam alunas lambendo linguiça, simulando sexo oral, o que chamou a atenção da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. O órgão considerou o caso uma discriminação contra a mulher e encaminhou uma representação cobrando explicações da UnB.

O caso rendeu a aplicação de uma medida pedagógica ao agressor, que foi convidado a ministrar seminários sobre o papel da mulher na sociedade. "Acreditamos que a perspectiva educadora, e não a punitiva, é mais eficaz", sublinha Moraes.

Segundo ele, o trote tradicional é condenado pela UnB, que estimulam o trote solidário para acabar com a guerra de tintas e o corte de cabelo no campus. "Mesmo que ainda exista em alguns cursos, esse tipo de comportamento é repreendido pela instituição e vem diminuindo por conta de medidas pedagógicas", diz. Em abril, durante o trote solidário promovido pelo Diretório Cetral dos Estudantes (DCE) da UnB, 300 alunos pintaram o muro e recuperaram a horta de uma escola na periferia de Brasília.

Em casos mais graves, a punição pode ir além da medida pedagógica: em 1998, a PUC-Sorocaca expulsou cinco jovens que atearam fogo ao corpo de Rodrigo Favoretto Peccini durante um trote em Sorocaba. O estudante teve 25% do corpo queimado. Em 2009, dois veteranos do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) foram suspensos por terem participado e ajudado a organizar uma brincadeira em que calouros deitavam no asfalto enquanto outros andavam por cima deles.

Coibir esse tipo de comportamento e estimular a integração saudável entre "bixos" e veteranos é uma das propostas do trote solidário, promovido por diversas universidades públicas e privadas do País. Na Universidade Federal de Pernambuco, a ideia é aproximar os calouros do ambiente acadêmico. O Diretório Acadêmico do curso de Direito leva os novos alunos para um passeio pelo campus. "É o momento em que eles conhecem aqueles caminhos escondidinhos, as escadas que não ficam à vista... Isso quebra a distância entre faculdade e aluno", diz Camila Laurentino Lopes, estudante do 6º período. "É um momento de integração. Foi quando conheci a maioria dos meus amigos." Durante as ações de boas-vindas, também são realizadas campanhas de doações de livros, roupas e sangue.

Na Unicamp, para tranquilizar os calouros que temem as brincadeiras, alunos dão orientações e apresentam o trote solidário no dia da matrícula. Michelli Civachia, formada em Pedagogia, fazia parte da comissão que organizava as atividades. Hoje, auxilia o grupo que continua na universidade. "Dividimos os quatro dias de trote em atividades que apresentem ao calouro o ambiente que ele vai frequentar pelos próximos anos", explica. "Visitando instituições infantis, por exemplo, também mostramos uma realidade social que talvez ele não conheça".
Quem quiser ver a reportagem completa, acesse http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5509100-EI8266,00-Trote+solidario+podera+contar+pontos+em+avaliacao+do+MEC.html

Marcia Gil de Souza
Coordenadora Curso G9

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

EPISÓDIO DA USP

Colegas, li o artigo abaixo e concordei plenamente com ele. Trata-se de uma análise sobre o comportamento dos jovens "rebeldes" da USP. Gostei da abordagem que Miro Hildebrando fez. Penso que contribuirá para nossas reflexões a respeito do assunto USP.
Boa leitura!

A Notícia, 14/11/2011 - Joinville SC
Alguma lição do episódio da USP?
Miro Hildebrando
Em quase todas as circunstâncias, tivemos a oportunidade de ver o idealismo da juventude, pari passu a movimentos sociais, manifestado às vezes de maneira radical, heroica e até mesmo absurda: os estudantes têm literalmente arriscado a pele por liberdade, justiça, igualdade e direitos humanos. A arte tem retratado alguns deles, cheios do vigor juvenil e da ardência própria, a desafiar governos, ditadores e burocratas usuais. Uma das imagens mais recorrentes e comoventes é a do jovem opondo-se a uma fileira de tanques chineses, na praça da Paz Celestial, em Beijing – e que, sintomaticamente, desapareceu da visão do mundo. Em Nova York, liliputianos combatem colossos financeiros de Wall Street pela humanização do capitalismo.

No Brasil, entretanto, após um período admirável de escaramuças com a ditadura militar, os estudantes foram se aquietando – especialmente sua liderança nacional, a UNE. Saíram do noticiário os protestos estudantis, faixas e cartazes e, no lugar disso, um silêncio atroador. Alguns veem nisso o resultado de relações espertas (e perigosas) com o poder; outros manifestam a certeza de que as principais lideranças estudantis foram cooptadas por meio de cavilosas manobras de políticos de visão dupla, enquanto outros entendem que os pesados financiamentos para custear obras de ampliações físicas da UNE foram simples moeda de troca. A manifestação agressiva na USP, supostamente em nome da autonomia universitária, contra a presença da polícia no campus e qualquer espécie de autoritarismo decorrente (como a de exigir documentos pessoais) merece algum exame.

Pedimos licença para utilizar a imagem shakespeariana do cego que, tendo seu pão roubado, desfere uma paulada no poste. Um pequeno e irritadiço grupo, surpreendido fumando maconha, acabou convencendo outros a se apossar de espaços físicos da universidade, exigindo liberdade irrestrita, inda que à custa da segurança individual e coletiva. E cabe perguntar: o que faz o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo no meio dos estudantes? Talvez a sociedade, as instituições e os governos tenham que balançar a cabeça, consternados e pacientes, e aguardar que o bom senso finalmente retorne. Existem causas muito mais dignas de serem discutidas – que tal o movimento contra a corrupção disseminada capilarmente pelo território nacional e que, por sinal, não mereceu a atenção da UNE e dos estudantes da USP? Talvez a tentativa de silenciar o CNJ, enquadrar a imprensa, o invasivo projeto de Belo Monte ou a impunidade de atropeladores embriagados pudessem sensibilizá-los. Mas, até agora, infelizmente, muito pouco ou quase nada vimos nesse sentido.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Ensino Médio e PV
Curso G9

sábado, 12 de novembro de 2011

Semana Global do Empreendedorismo

No período de 16 a 18 de novembro comemoraremos a semana global do empreendedorismo.
O Curso G9 tem três equipes do ensino médio participando dessa semana. Vamos torcer por eles no dia 18/11, às 16h, no auditório da FACESM. A torcida vale ponto na competição da qual eles participam. Compareçam.
Deixo abaixo a programação:



Profa Marcia Gil de Souza
Coordenadora Ensino Médio e PV

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Legislação educacional

Resolução do CNE sobre idade mínima para ingressar no ensino fundamental

O assunto da idade mínima para entrar no 1o ano do ensino fundamental é polêmico, penso que nunca terá fim, pois atinge interesses diversos e individuais.
A lei diz que só crianças com 6 anos podem ingressar no ensino fundamental. Para alguns pedagogos, decisão não contempla a diversidade natural do ser humano
Vejamos mais detalhes da lei. Analisem e participem da discussão.

Começa a valer, a partir de 2012, a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) que está provocando protesto de pais e escolas. A medida determina que apenas crianças com 6 anos completos até o dia 31 de março podem ser matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental – a antiga alfabetização. Então, se a criança está no fim do ensino Infantil, mas não completou 6 anos até esta data, ela não poderá ser matriculada no fundamental, tendo que repetir de ano. O argumento do CNE é que muitos alunos estão sendo alfabetizados cedo demais.

A orientação dada por alguns sindicatos é que os pais que se sentirem prejudicados procurem a escola, peçam um relatório psicopedagógico da criança e recorram à Justiça. “No momento em que ele tem um instrumento legal, como uma liminar, as escolas estarão obrigadas a fazer a matrícula”, explicam os sindicalistas.
Alguns pedagogos argumentam: “Como explicar que os coleguinhas vão passar de ano e ele vai ficar? Para um pai é uma situação absurda. Não tem como dizer isso às famílias. Pode mexer na autoestima da criança e até causar um trauma. Não pode se prender à idade, é preciso considerar o desenvolvimento social, emocional, o sistema motor, cognitivo... A lei não contempla a diversidade natural do ser humano”.

Fica aí a discussão, colegas. O que acham?

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora pedagógica do Curs G9

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

IDH e a Educação

Colegas, saiu a lista que classifica os países pelo IDH. Apesar de subir uma posição no ranking do IDH, as desigualdades sociais ainda são o principal fator que mantém o Brasil abaixo de nações como a Bósnia e o Cazaquistão Vejam abaixo a análise feita pelo jornal Estado de Minas, que destaca a importância da educação para a melhoria dos níveis de desenvolvimento humano:

Estado de Minas, 03/11/2011 - Belo Horizonte MG
O país (longe) do futuro
Gustavo Henrique Braga e Renata Mariz

Embora tenha subido uma posição – de 85º para 84º, entre 187 países – no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil continua atrás de países como Bósnia (74ª), Cazaquistão (68º), Kuwait (63º) e Trinidade e Tobago (62º). Ao mesmo tempo, vizinhos com economias bem mais modestas, como Argentina (45ª) e Chile (44º), integraram, neste ano, o seleto grupo de Estados com a mais alta qualidade de vida no mundo. O motivo fica evidente quando considerado o IDH ajustado à desigualdade social (IDHD). Nesse índice, calculado para 134 países, o Brasil subiria 41 posições caso eliminasse as disparidades internas, considerando as condições atuais nas demais nações. Essa ascensão levaria o país ao estágio “desenvolvimento humano muito elevado”, a classificação de elite do Pnud, onde estão incluídos Noruega, Canadá e Suécia.

Além da concentração de renda, responsável por 40% da desigualdade medida pelo IDHD, a educação é apontada como catalisador essencial para acelerar o desenvolvimento humano brasileiro – que, na última década, cresceu lentamente, a 0,69% ao ano, contra o ritmo verificado entre 1980 e 2000, de 0,87%. Para se ter ideia do tamanho do desafio, os brasileiros têm, em média, 7,2 anos de escolaridade, o mesmo número observado no Zimbábue, cuja posição no ranking do IDH é de 173º. O país está atrás, por exemplo, de Botswana, onde a média de escolaridade chega a 8,9 anos, e do Tajiquistão, com 9,8 anos. Já no quesito expectativa de vida – que completa o tripé renda, educação e saúde, usado no cálculo do índice –, o Brasil subiu de 73,1 anos, em 2010, para 73,5 em 2011.

Apesar do avanço destacado, a expectativa de vida dos brasileiros está bem abaixo não só dos primeiros colocados no ranking, como a Noruega, onde se espera viver 81 anos, como das nações com características semelhantes. Na Colômbia, por exemplo, a esperança ao nascer é de 73,7; na Argentina, de 75,9; e no México, de 77. O economista Marcelo Neri, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que o Brasil avançou na última década, quando a renda da população mais pobre cresceu 350%, mas destaca que a desigualdade permanece como principal característica negativa do país no cenário internacional. “A melhor forma para combater isso é atacar o problema da educação. Esse é o pilar que pode dar bases mais sólidas para a evolução do IDH brasileiro”, acrescenta.

TRANSFERÊNCIA DE RENDA Pós-doutor em sociologia do desenvolvimento e professor da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Medeiros explica que os programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, não causam qualquer impacto na redução das disparidades. “São desenhados para reduzir a extrema pobreza. Até porque, a quantidade de dinheiro usada no programa do governo federal está entre 0,5% e 1% do PIB. É pouco”, afirma o economista e sociólogo. Opinião semelhante tem João Talocchi, cientista político da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. “Se não houver uma política no campo da educação, os beneficiados permanecerão vulneráveis e dependentes da ajuda governamental”, argumenta. Flávio Comim, pós-doutor em economia e consultor do Relatório do Desenvolvimento Humano do ano passado, chama atenção para a expectativa de escolaridade no Brasil, que diminuiu de 14,5 anos em 2000 para 13,8, em 2011. “Isso significa que a qualidade do sistema educacional caiu, ou seja, por diversos fatores medidos dentro dos critérios estatísticos, espera-se que uma criança que entra hoje na escola estude menos do que se esperava no início da década”, afirma.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora Ensino Médio e PV

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ampliação do ano letivo

Colegas, novas notícias sobre a ampliação do ano letivo. O que acham?

Correio Braziliense, 20/10/2011 - Brasília DF
Governo desiste de ampliar ano letivo, diz secretária de Educação Básica
Agência Brasil
A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda, disse nesta quinta-feira(20/10), nas páginas pessoais dela no Twitter e no Facebook, que o governo desistiu da ideia de ampliar os dias letivos das escolas de educação básica. A proposta havia sido anunciada pelo ministro Fernando Haddad em setembro, como forma de ampliar o tempo de permanência dos alunos na escola. O MEC não confirma oficialmente a decisão, mas, segundo Pilar, o ministro reuniu-se com entidades que representam professores, estudantes, gestores e universidades e o consenso é que os atuais 200 dias letivos sejam mantidos. A ampliação deverá se dar pela ampliação da jornada diária. “O Legislativo receberá a proposta consensuada nessa reunião e assumida pelo MEC”, disse Pilar, sem definir qual seria o mínimo de horas-aula. Atualmente, o ano letivo tem 200 dias, com carga horária de 800 horas. O aumento de quatro para cinco horas diárias, por exemplo, ampliaria a carga horária para mil horas. Em alguns países da Europa, Ásia e até mesmo da América Latina, a jornada chega a 1,2 mil horas anuais, como no México, ou 1,1 mil horas, como na Argentina.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Ensino Médio

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Drogas lícitas na adolescência

Somos cidadãos de papel, já dizia Gilberto Dimenstein. Será que essa lei, que parece tão abrangente, irá "pegar" ou continuaremos sendo cidadãos de papel?

Lei começa a punir venda de bebida a adolescentes em 30 dias
TALITA BEDINELLI - Folha de São Paulo
A Lei Antiálcool, que punirá comerciantes onde menores de idade forem flagrados comprando ou consumindo bebidas, será sancionada hoje pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas entrará em vigor em 30 dias.
Neste período, haverá uma campanha de conscientização, com blitz informativas em bares, restaurantes e supermercados. Após os 30 dias, as sanções serão aplicadas. A fiscalização será feita por agentes da Vigilância Sanitária e do PROCON, além de policiais militares.
Os donos dos estabelecimentos poderão receber multas de R$ 1.745 a R$ 87.250, ter o comércio fechado por 30 dias e até perder a licença de funcionamento.
Pela nova lei, os donos de qualquer tipo de estabelecimento, incluindo postos de gasolina, hotéis e até hospitais podem ser punidos, caso o consumo seja feito em suas instalações, como acontece com a Lei Antifumo. A punição vale, inclusive, quando os menores estiverem acompanhados dos pais.
Uma emenda parlamentar, que tira a responsabilidade do dono do bar quando o adolescente estiver acompanhado de um adulto, será vetada pelo governador.
Segundo o secretário de Saúde, Giovanni Guido Cerri, o veto acontece porque a emenda prejudicaria a lei. "Se o dono do bar, do posto, do supermercado, não tiver a responsabilidade, não vamos avançar em nada."
Além da fiscalização, o governo ainda promete realizar ações educativas nas escolas estaduais e aumentar o número de leitos para o tratamento de dependentes.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora pedagógica

sábado, 24 de setembro de 2011

Ampliação do ano letivo

Colegas, posto a notícia para reflexão de todos. Será que vamos resolver o problema grave de qualidade na educação com a ampliação do ano letivo? Esse é o caminho?

Ampliação do ano letivo em dez dias aumenta aprendizado do aluno em até 44%, segundo estudo
Agência Brasil
O aumento de dez dias no ano letivo pode elevar o aprendizado do aluno em até 44% no período de um ano. É o que aponta estudo do secretário executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros. O trabalho levou o Ministério da Educação (MEC) a discutir a possibilidade de ampliar a carga horária mínima das redes de ensino, que hoje tem 800 horas distribuídas em 200 dias. Segundo Paes de Barros, a medida é importante para combater a desigualdade e tem efeito especial entre os alunos de baixa renda que não podem pagar reforço escolar ou contar com a ajuda dos pais, com baixa escolaridade, para aprender todo o conteúdo. “Ter férias muito prolongadas pode não ser a melhor ideia para um país que precisa acelerar seu desempenho em educação na velocidade em que o Brasil precisa.”

A ideia de aumentar a permanência do aluno na escola foi apresentada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, na semana passada. Entretanto, o governo ainda não definiu como será feita a mudança – se por meio da ampliação da carga horária diária ou do número de dias letivos. O assunto está sendo discutido com os secretários estaduais e municipais de Educação. De acordo com Paes de Barros, não há estudos que comprovem cientificamente que o aumento do número de horas diárias tenha eficácia no aprendizado. Em termos de custos, ele ressaltou que pode ser mais vantajoso aumentar o número de dias, já que não é necessário ampliar ou melhorar a infraestrutura das escolas já existentes. Ele citou exemplos de países como Japão, Coreia do Sul e Israel, que têm anos letivos de 243 dias, 220 dias e 216 dias, respectivamente.

Segundo Haddad, o governo trabalha com a ampliação máxima de 20 dias letivos no ano. Isso, acrescentou, não terá impacto na carreira do professor, que tem 30 dias de férias por ano, além de 15 dias de recesso. Mas não está descartada a possibilidade de, ao mesmo tempo, aumentar o número de horas por dia e de dias letivos por ano. “A qualidade da educação não vai vir por inércia, ela exige esforço. Acho que está mais do que na hora de rever a questão do número de horas por ano que a criança fica exposta ao professor. O que esse estudo mostra é que o impacto do aumento dos dias por ano é forte” defendeu o ministro.

Profa Marcia Gil de Souza
Coordenadora Ensino Médio e PV

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Olimpíadas Escolares

O Curso G9 tem se destacado de maneira especial nas olimpíadas, neste ano de 2011. Na Olimpíada de Matemática em 2010, por exemplo, não tivemos nenhum aluno promovido para a 2a fase. Em 2011, no entanto, quase a metade dos alunos participantes conseguiram passar para a 2a fase, que será realizada dia 03 de setembro. Na OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia), temos dois alunos selecionados para a pré-seleção para a 2a fase, que acontecerá no dia 02 de setembro. A Olimpíada de História, que destaco neste artigo, tem vários alunos participantes. Ela é bastante desafiadora, organizada pela UNICAMP, é semanal,exigindo muito da profa Patricia Abbud, que a coordena no G9 e dos alunos, que têm que estudar e pesquisar muito para conseguirem se manter na competição.
Parabéns a todos: alunos e professores, pelo profissionalismo e pelo empenho demonstrados até então.
Deixo, abaixo, uma entrevista com a coordenadora da Olimpíada de História. Vale a pena saber mais detalhes a respeito.

FOLHA.COM - 24/08/2011 - 09h30
Olimpíada de história tem 65 mil inscritos e desafios em grupo
ELTON BEZERRA - DE SÃO PAULO
Estimular os alunos a trocar ideias e a realizar pesquisas, além de promover a reciclagem de professores de escolas públicas e privadas. Essas são algumas características da Olimpíada Nacional em História do Brasil, segundo Cristina Meneguello, diretora do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, instituição responsável pela disputa.
Em entrevista à Folha ela conta detalhes da terceira edição da Olimpíada, que teve 65 mil inscritos de todo o país e utiliza testes online de múltipla escolha em que só uma alternativa está errada e as corretas variam conforme diferentes níveis de cognição. A disputa começou na semana passada e está em sua segunda fase. A final está marcada para o dia 15 de outubro, quando 1.200 estudantes farão uma prova dissertativa na Unicamp. A premiação consiste em 15 medalhas de ouro, 25 de prata e 35 bronze.
Podem participar estudantes do oitavo e nono anos do ensino fundamental, e também do ensino médio, que devem ser orientados por um professor de história. As inscrições são feitas pelo site.

Folha - Quando surgiu a ideia de fazer uma olimpíada de história?
Cristina Meneguello - A ideia de fazer a Olimpíada surgiu em 2008, quando concorremos no edital de olimpíadas científicas do Ministério de Ciência e Tecnologia, pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Nós fomos contemplados e a primeira Olimpíada aconteceu em 2009. Ano passado foi a segunda e hoje (15) começou a terceira.
Como ela funciona?
Existem cinco fases online, pela internet, e uma fase presencial, só para as esquipes que venceram os desafios e as eliminatórias anteriores. Ela dura cinco semanas pela internet. Aí convocamos os primeiros colocados, que vêm fazer uma prova dissertativa na Unicamp. Para a prova dissertativa, chamamos 1.200 participantes.
Concorrem estudantes de escolas públicas e privadas?
A maioria é de escola pública --para a nossa alegria. Temos mais de 60% de escolas públicas e o restante é escola privada. São estudantes de oitavo e nono anos, 1º, 2º e 3º anos de ensino médio. Mas a nossa Olimpíada tem um charme: cada equipe tem três alunos e o professor de história do colégio. Então ela é coletiva, não é individual. Eles resolvem as provas, fazem as tarefas em grupo. Para nós, de história, de ciências humanas, isso é fundamental. Essa possibilidade de eles trocarem ideias, discutirem temas, e não competirem uns contra os outros.
Mas não ocorre uma competição entre as equipes?
Todos eles estão disputando um lugar na grande final, mas temos percebido um comportamento bem diferente de competição entre eles. Primeiro, como ela é pela internet, eles começam a conviver tanto no ambiente da prova como em Facebook, Orkut etc, ao longo de toda a competição. Muitas vezes a gente vê, na final, aquela equipe do Pará procurando a equipe do Rio Grande do Sul, com a qual fizeram amizade há três meses para eles se verem de carne e osso. Ao todo, 15 equipes ganham ouro, 25 ganham prata e 35 ganham bronze. Isso dilui muito a ideia de competitividade. Eles se sentem meio vitoriosos só de chegar à final.
Na final há redação?
A final é uma prova dissertativa. Ano passado, por exemplo, nós conseguimos, junto com a família dos herdeiros do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, permissão para distribuir para essas equipes um capítulo do "Caminhos e Fronteiras", que é um clássico da historiografia. Eles estudaram por um mês esse capítulo. Na prova final, duas das perguntas foram sobre esse capítulo. Eles [alunos] se preparam mesmo para a prova e a fazem com muita maturidade.
Nas fases anteriores são questões objetivas?
São testes de múltipla escolha, só que de um jeito diferente, que nós inventamos. Existem as alternativas e só uma está errada. As outras estão certas e em diferentes níveis de acerto, em diferentes níveis de cognição. Uma é aquela alternativa mais simples, de leitura de enunciado, a outra é mais complexa, mais conceitual. Isso aumenta muito a chance de eles prosseguirem. E aumenta a dúvida também. Às vezes duas alternativas são igualmente razoáveis e pertinentes. Em vez de irem direto em qual é a certa, eles eliminam a errada rapidamente e depois têm que discutir entre si. Por que eles acham que essa resposta é melhor do que a outra? Fazendo isso eles aprendem e estudam. A nossa Olimpíada não é de correria. Nós subimos a página e deixamos seis dias online. Ele [aluno] pode ir à biblioteca, olhar na internet, perguntar para o professor. Ele pode, não. Ele deve. Por isso nós conseguimos fazer uma prova bem difícil, porque ele pode estudar para responder.
Nós apresentamos esse sistema que nós criamos em vários lugares, inclusive na Fundação Carlos Chagas, que prepara concursos, e eles ficaram interessadíssimos. Disseram que só nos EUA existem provas assim.
Quantos inscritos?
65 mil.
Há um diálogo com novas pesquisas nas áreas de didática e pedagogia?
Sim. Eles [alunos] acabam se familiarizando muito com o jeito que os historiadores trabalham, porque nós mostramos para eles não texto de livro. Nós mostramos documentos históricos. Imagens, documentos escritos, mapas. Nós os ensinamos a olhar aquele documento e questionar: "mas como é que o historiador escreve a história? De onde ele tira as informações? Como é que ele consegue contar uma coisa que aconteceu há 300 anos". Nós mostramos para eles como nós, historiadores, trabalhamos: olhando documentos, comparando, criticando, vendo inconsistências. É como se eles fossem mini-historiadores.
Que objetivos vocês tinham em mente quando elaboraram a Olimpíada?
Nós somos o Museu Exploratório de Ciências Unicamp, temos muitos programas de extensão para escolas e observamos que não tinha nenhuma Olimpíada em nível nacional do Ministério que fosse na área de ciências humanas. Absolutamente nenhuma. Aí resolvemos fazer uma proposta de uma Olimpíada em ciências humanas, mas com características das ciências humanas. Ou seja, você não precisa responder correndo, porque se você responder muito rápido ou mais lentamente não significa necessariamente que você sabe mais ou menos. E enfatizando esse caráter da equipe. Então montamos uma Olimpíada que podia ser feita em grupo, percebendo essa carência. As respostas que tivemos dos professores e dos alunos é um negócio impressionante. Temos equipes de todos os Estados do país. Ela virou rapidamente uma Olimpíada nacional.
O que os professores têm comentado?
Os professores gostam muito. Primeiro porque eles se sentem muito valorizados. Nós fazemos as equipes e ele é o capitão. Os alunos procuram, têm dúvida, perguntam e percebem o quanto ele [professor] tem para ensinar para além da sala de aula. Em segundo, para os professores é uma reciclagem interessante, porque deixamos disponível todos os documentos usados nas provas. Tem professor que fala assim pra mim: "eu monto minha aula usando o material que vocês deixaram".
E os alunos?
O aluno não precisa adorar história, querer ser historiador para participar da Olimpíada. Nas Olimpíadas de ciências exatas existe uma exclusão natural. O menino que é muito ruim em matemática não gosta, e ele não passa da primeira fase. O menino que não é o maioral em história, se ele lê a nossa prova com atenção, perguntar para o professor e estudar, ele passa de fase. E na hora que ele sente que passou de fase, ele começa a estudar mais ainda. Ela [a prova] tem um caráter inclusivo que não é para gênios historiadores. Já tivemos equipe medalhista na Olimpíada de História que também havia sido medalhista na Olimpíada de Química. As mesmas meninas eram medalha de ouro na Olimpíada de Química e foram medalha de prata na Olimpíada de História. O que isso mostra para nós? Que não é preciso fechar o conhecimento enquanto eles são tão jovens. Eles podem gostar e se apaixonar por várias coisas ao mesmo tempo. As duas iam prestar vestibular para engenharia, e não estavam muito a fim de fazer a Olimpíada de História, mas a escola insistiu, porque elas eram muito estudiosas. Quando acabou a Olimpíada de História, uma falou: "acho que não quero mais ser engenheira, meu pai vai ficar muito bravo com a senhora." Eu falei: "não, vai ser engenheira" [rindo].
Há alguma atividade para os professores?
Quando chamamos o finalista, nós sabemos qual é a equipe de cada Estado do país que teve a maior nota. Nós chamamos de "o melhor de cada Estado". Cada uma dessas equipes tem um professor. São 27 e mais cinco professores de escola pública. Para esses 32 professores nós fazemos um curso de formação na Unicamp. Acaba a Olimpíada e eles ficam aqui uma semana. Eles chamam o curso de "tendo aula com a bibliografia", porque eles vão ter aulas com professores que eles estudaram quando fizeram faculdade.

Profa Marcia Gil de Souza
Coordenadora Ensino Médio

domingo, 21 de agosto de 2011

ENEM - Novas Decisões do INEP para impedir uso mercadológico dos resultados

MEC muda critérios para divulgar resultados do Enem para impedir uso mercadológico de ranking pelas escolas
Jornal O Globo - Publicada em 18/08/2011 às 20h13m
Adauri Antunes Barbosa (adauri@sp.oglobo.com.br)
SÃO PAULO - A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, anunciou nesta quinta-feira em São Paulo que as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) serão divulgadas a partir de 2012 levando-se em consideração o número de alunos inscritos por escola, para evitar que sejam feitos os rankings que, invariavelmente, são utilizados como propaganda, principalmente de instituições privadas.
- Vão ser divulgadas por escola, classificando pelo número de alunos que são inscritos na prova. Vamos apresentar por categoria, e o básico dessas categorias é o número de alunos inscritos. Acho que isso já dá uma outra distribuição. Queremos que cada escola tenha acesso à sua nota e saiba qual foi o seu perfil no exame. O Enem não foi criado para a formação de ranking e não deve ser usado como propaganda - disse Malvina, observando que o detalhamento das novas regras deve ser divulgado em setembro.
Ao participar de um debate sobre o exame, no lançamento do programa "Nota 10 - Série Enem", produzido pelo Canal Futura e pela Editora Moderna, a presidente do Inep voltou a defender a prova como um instrumento para induzir novas formas de se construir conhecimento. Mas, admitiu, o resultado pode ser usado "tanto para o bem quanto para o mal", como instrumento de avaliação ou como propaganda de instituições privadas de ensino.
- O Enem deve medir o esforço que cada um fez no desenvolvimento do aluno e da escola. Não é para comparar a nota com a de outras escolas, mas que cada instituição veja onde pode melhorar. Não tem o menor sentido se fazer propagandas do tipo curso preparatório para o Enem.
Segundo ela, a partir da primeira edição do Enem de 2012 todos os alunos que quiserem ter acesso ao boletim de desempenho na prova, incluindo a correção da redação, poderão solicitar as notas pela internet.
- O Inep divulga as notas e, em um prazo que for possível, (o desempenho). Vocês imaginam quase 6 milhões (de inscritos)... É muita coisa. Essa será a nossa primeira experiência em relação a esse aspecto. É um passo importante e temos que fazer com total segurança, inclusive a questão dos acessos. Estamos nos preparando para isso, mas eu não posso dizer nesse momento quantos dias depois do resultado. Mas eu posso dizer que todos que desejarem terão acesso via internet tanto do espelho de sua prova objetiva quanto da redação, separadamente - afirmou.
Prática comum faltando dois meses para o Enem, escolas e cursinhos que querem ficar bem posicionados no ranking nacional promovem simulados do exame para preparar os alunos. Como o exame não é obrigatório para todos os estudantes, a escola pode escolher os seus melhores alunos para fazer a prova e, consequentemente, obter uma boa colocação no ranking. Conforme a concepção do Inep, o desempenho separado pelo número de estudantes inscritos poderia reduzir este artifício.
Malvina não quis comentar, por outro lado, uma possível influência política do Tribunal de Contas da União (TCU), que aprovou na quarta-feira uma medida cautelar para suspender o pagamento do Inep à Fundação Universidade de Brasília, ligada ao Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe-UnB), contratado sem licitação para a realização do Enem.
O ministro José Jorge, do TCU, que participou do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) questionou o fato do Inep ter publicado no Diário Oficial da União no último dia 10 o extrato da dispensa de licitação no valor de R$ 372,4 milhões para fazer as edições do Enem nos próximos 12 meses.
- Não tenho nenhuma posição sobre esse assunto. Acredito que o TCU está fazendo o papel dele de acompanhar, de controlar. E o Inep vai fazer, como sempre, o seu papel de prestar todas as informações devidas - disse Malvina Tuttman.
De acordo com o Inep, os R$ 372,4 milhões são considerados como "teto estimado" e devem custear pelo menos duas edições da prova: a próxima, marcada para os dias 22 e 23 de outubro, e a do primeiro semestre de 2012, prevista para os dias 28 e 29 de abril. O total para as duas provas é 190% maior em relação ao contrato anterior, também firmado com o Cespe, de R$ 128,5 milhões.
As provas do Enem que serão aplicadas para 5,4 milhões de inscritos nos dias 22 e 23 de outubro, conforme Malvina Tuttman, já estão sendo impressas na gráfica RR Donneley, que tem sedes em Osasco e Barueri (SP) e em Blumenau (SC) e, segundo ela, o trabalho obedece a um criterioso cronograma de produção. Este ano o processo gráfico do Enem terá pela primeira vez a certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), para evitar erros de impressão como os ocorridos na edição de 2010. De acordo com o Inep, as provas depois de impressas serão armazenadas em unidades do Exército sob intensa vigilância, para evitar que se repita o vazamento de provas ocorrido em 2009.
Nesta quinta, em São Paulo, a presidente do Inep participou de um debate sobre o Enem com os professores Carlos Artexes Simões, do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-Rio), e César Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação e diretor de Operações do Serviço Social da Indústria (Sesi) de São Paulo, no lançamento do programa "Nota 10 - Série Enem" do Canal Futura. O programa, que estreia no próximo dia 30, às 15h, no Canal Futura, foi feito em parceria com a Editora Moderna e vai revelar as mudanças que o Enem vem promovendo na relação ensino-aprendizagem e no sistema educacional do Brasil.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora Ensino Médio/PV

ENEM 2012

Deixo, abaixo, informações sobre o ENEM 2012, divulgadas pelo INEP, devido à importância que elas têm na vida escolar dos alunos do ensino médio. Vamos nos atualizar em relação ao ENEM, a fim de sermos fonte de informação aos alunos, levando a eles tranquilidade e esperança de aprovação no vestibular via ENEM.

O Enem 2012 será realizado em duas edições anuais pela primeira vez. Haverá então o Enem do Primeiro Semestre e o Enem do Segundo Semestre, a exemplo do que acontece com o Prouni 2012. O período de inscrições para o Enem 2012 terão início logo após a divulgação do resultado do Enem 2011. Segundo o INEP, as provas do Enem 2012 serão aplicadas nos dias 28 e 29 de abril de 2012.

Já o Gabarito Enem 2012 será divulgado três dias depois das provas e o Resultado Enem 2012 tem divulgação prevista para o mês de Junho 2012. Segundo o MEC (Ministério da Educação), o valor da taxa de inscrição deverá permanecer R$ 35,00 reais com isenção para alunos egressos do ensino médio em escola pública e para os participantes que firmarem declaração de carência.

O Enem 2012 continuará sendo a porta de entrada dos estudantes para Universidades Públicas Federais e demais instituições que utilizam o Exame como forma de seleção através do SiSU – Sistema de Seleção Unificada. Também será através do Enem que o MEC selecionará candidatos às bolsas de estudos do Prouni e aos financiamentos do FIES.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora Ensino Médio/PV

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Debate sobre o ensino médio

Transcrevo parte de uma entrevista do ministro Fernando Hadadd,referente a ENEM, vestibular e outras abordagens do nosso interesse.

O Estado de São Paulo, 08/08/2011 - São Paulo SP
'O fim do vestibular não é o fim do mérito'
O ministro Fernando Haddad (Educação) diz que o Enem ajuda a 'enxugar' o currículo do ensino médio

Lisandra Paraguassu e Rui Nogueira

Admitindo que o ensino médio foi o que menos reagiu às políticas públicas, o ministro da Educação, Fernando Haddad, espera que o Enem promova a racionalização do currículo e os governo estaduais invistam com prioridade. "Sem ufanismo", ele avalia que há uma reação na qualidade do ensino, que deve ser alavancada pelo Plano Nacional de Educação (PNE). O ministro não teme a profusão de emendas feitas pelos deputados, muitas delas preocupadas apenas com reivindicações trabalhistas dos professores. A seguir a íntegra da entrevista ao Estado:
O senhor diz que alguns temas da sua área precisam ser mais explorados e mais bem discutidos. Quais são eles?
FERNANDO HADDAD - O debate sobre educação não tem sido pautado pelas coisas relevantes. Temos três projetos importantes no Congresso sobre os quais eu tive pouco espaço para falar. Primeiro, o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), que é pouco noticiado e é um programa da maior importância para o País porque completa as reformas que foram iniciadas. Segundo, a reorganização dos hospitais universitários, cujo projeto de lei foi reenviado com regime de urgência. E, terceiro, o PNE (Plano Nacional de Educação). São três programas da maior importância e eu entendo que temos que falar mais disso. Porque, na nossa opinião, é o mais relevante para o País, sem prejuízo de outras questões que despertam interesse do leitor.

E a profusão de emendas ao PNE?
HADDAD - Esse número de emendas na verdade não assusta, em função de várias razões. Primeiro, o mesmo assunto foi tratado em várias emendas. No caso do financiamento, em mais de 100, por exemplo. Então, se você depurar vai ver que se está tratando de poucos temas e que as emendas não alteram substancialmente as metas, não elevam o número de metas para os patamares dos planos anteriores e trabalham mais com a estratégia, aperfeiçoando as estratégias que o Plano prevê. O Plano está sendo discutido em um momento muito feliz. A OCDE (Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) acaba de lançar um vídeo institucional sobre o Pisa (em português, Programa Internacional de Avaliação de Alunos) em que o Brasil é destaque. É a primeira vez na história que o País se destaca positivamente. Todos os destaques eram negativos. Foi o terceiro país que mais evoluiu no Pisa, o que nos valeu um documentário de 20 minutos que está sendo divulgado no mundo todo.

A aprovação do Pronatec, para ampliação do acesso ao ensino médio, não está demorando? O governo da presidente Dilma já está entrando no oitavo mês?
HADDAD - Está trancando a pauta (na Câmara). E nós não retiramos a urgência justamente porque entendemos que é um projeto prioritário. Porque eu estou convencido que o ensino médio brasileiro, que é o que menos reagiu aos estímulos do Ministério da Educação, depende de medidas que estão sendo tomadas - como, por exemplo, o fim do vestibular, a inclusão do no Fundeb, a extensão dos programas de apoio que eram restritos ao fundamental (alimentação, transporte, livro didático) - mas também de ampliarmos o horizonte do jovem. Precisamos ter um segundo turno que permita ao jovem diferenciar seu currículo. Primeiro, ter um currículo mais inteligente no primeiro turno, menos sobrecarregado de conteúdos que ele jamais vai utilizar. É um enxugamento que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) pretende promover e já está promovendo. O segundo movimento é um segundo turno que é direcionado para a cultura, o esporte e o trabalho. Se promovermos esse movimento a partir do Pronatec, com as medidas que já estão implantadas, vamos ressignificar essa etapa de ensino e permitir ao jovem que não deseja ou não está vocacionado para educação superior concluir a educação básica com condições de pleno exercício da cidadania.

Por que o ensino médio foi o que menos reagiu a essas políticas públicas?
HADDAD - Primeiro porque ele recebe menos atenção dos governos estaduais. Segundo, porque o Ensino Fundamental precisava reagir primeiro. Não havia como melhorar o Médio sem melhorar antes o Fundamental. Terceiro, por falta de um equivalente da Prova Brasil no Ensino Médio, que é um papel que o Enem vai cumprir. E quarto, porque precisamos, a partir do Ensino Médio, promover uma reforma que faça com que a escola responda às expectativas dos estudantes, e não só o estudante às expectativas da escola. Por isso essa diferenciação do currículo com um primeiro turno mais inteligente e um segundo turno mais abrangente do ponto de vista das possibilidades de desenvolvimento intelectual. Essa mudança é que vai completar a reforma dessa etapa.

Inicialmente, uma das fontes pensadas pelo MEC para o Pronatec era o dinheiro do "Sistema S". Como ficou o resultado dessa discussão?
HADDAD - Está prevista em lei a bolsa formação para estudantes do Ensino Médio que vão poder ou fazer o segundo turno em uma escola pública ou nas escolas do Senai e Senac. São duas questões. A do acordo, que vai até 2014, que prevê que 2/3 das verbas de contribuição compulsória sobre a folha de pagamentos seja destinada à gratuidade. Esse acordo vem sendo monitorado e está sendo cumprido. Paralelamente, há uma espécie de duplicação do "Sistema S", que tem outro foco, não exclusivo no trabalhador, mas nos estudantes de Ensino Médio, que nós pretendemos integrar ao Pronatec.

Mas, além disso, havia a questão de uma dívida do "Sistema S" com o governo federal por conta do recolhimento de recursos do salário-educação que foram repassados indevidamente ao Sistema. O MEC falava em usar esses recursos para o Pronatec, transformados em bolsas além do que já deveria ser gratuito por lei.
HADDAD - Isso não está dentro do Pronatec porque está sendo cuidado pelo Tesouro Nacional e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Isso não é da nossa alçada.

Um dos pontos que o sr. destaca para a melhoria do ensino médio é o fim do vestibular. O que há de meritório no fim ao vestibular?
HADDAD - As pessoas às vezes misturam dois debates diferentes. O fim do vestibular não significa o fim do processo seletivo ou o fim da meritocracia para o acesso à educação superior. Ao contrário, reforça a meritocracia. Segundo, nós estamos sintonizando o Brasil com os melhores sistemas do mundo. Os sistemas universitários chinês, americano, francês, alemão, não têm esse expediente de cada instituição fazer o seu processo seletivo, porque isso causa disfuncionalidades de toda ordem no sistema, com a sobreposição de conteúdos cobrados que acabam se transformando num mega currículo intransponível para a escola em três anos. É uma questão de racionalização e reorganização curricular. Se formos considerar um modelo que me parece o mais adequado eu penso que é o do SAT americano, porque permite que o estudante faça o teste mais de uma vez por ano e se valha da melhor nota em um período de tempo para oferecer à instituição na aplicação para uma vaga. Eu entendo que estamos, com essa reforma, dando uma chance real para o Ensino Médio se reorganizar em bases racionais e lógicas. E, na verdade, haverá um reforço da questão do mérito. Porque você morando em qualquer estado americano, se obtém um bom resultado no SAT, disputa uma vaga em Harvard. E ninguém lembra de Harvard como uma instituição do estado onde ela se encontra. É uma instituição, aliás, aberta para o mundo. Boa parte dos seus estudantes não são americanos.Então, na perspectiva de dar mais robustez para o nosso sistema universitário, eu penso que a seleção em bases nacionais é o que vai promover a convergência de talentos, inclusive por área. Determinadas universidades vão se desenvolver e atrair alunos para determinadas áreas, outras vão se desenvolver em outras. No fim, vai consolidar um sistema que está em expansão, mas precisa se qualificar.

O novo Enem já teve duas edições. O ministério já conseguiu verificar alguma diferença no currículo do ensino médio? Já houve alguma mudança significativa nesse enxugamento que o senhor diz ser necessário?
HADDAD - Eu tenho conversado com professores do ensino médio. A última conversa que tive foi com um professor de Cocal dos Alves (PI), que foi destaque este ano e é recordista de premiação na olimpíada de matemática. Nas palavras dele, o Enem mudou a escola. Eu tenho ouvido muito isso, especialmente daqueles professores muito comprometidos. Os cursinhos estão mudando, está todo mundo se mexendo. É sempre uma questão de ritmo. Em um universo de quase 200 mil escolas a adaptação a um novo regime não é simples.

O Programa Universidade para Todos (ProUni) cresceu muito nos últimos anos, mas nem todos os cursos podem ser considerados de boa qualidade ou mesmo de qualidade razoável. Não há aí um risco de financiamento da mediocridade?
HADDAD - A faculdade ruim não serve nem para o bolsista muito menos ainda para o pagante, que faz um esforço enorme para se formar. Então nós estamos procurando suspender processos seletivos, diminuir vagas de ingresso. Começamos por áreas muito estratégicas - medicina, direito e pedagogia - e já fechamos muitos cursos. Só de medicina já cortamos 800 vagas, mais de 8% das disponíveis. Isso em um País que precisa de mais médicos. A questão da qualidade precisa ser enfrentada. Mas não há como negar que, a partir do momento que se contempla 1 milhão de jovens - vamos fechar esse ano com 1 milhão de beneficiários no ProUni -, na média a vantagem para o jovem de escola pública de baixa renda é inquestionável. Nós estamos mudando a vida de muitas pessoas que não teriam outra oportunidade. É uma rede mais capilarizada que as universidades públicas e até por essa razão...

O MEC tem enfrentado problemas recorrentes de administração. Foi o furto das provas do Enem, os problemas do cabeçalho nas provas seguintes. Agora, recentemente, a cartilha em que o resultado de 10 menos 7 é igual a 4. Como esses erros passam?
HADDAD - É sempre lamentável quando acontece um erro de revisão. Mas o MEC trabalha com quase dois mil títulos. Então, do mesmo jeito que no governo Fernando Henrique Cardoso o Ceará sumiu do mapa, no governo Serra, em São Paulo, outro Paraguai apareceu no mapa. Acontece. Não estou com isso querendo justificar o erro. Tanto é que talvez essa tenha sido a primeira vez que um ministro tenha pedido apoio da CGU (Controladoria-Geral da União) para avaliar o que aconteceu exatamente nesse processo. Nós tomamos as providências cabíveis, reunimos as pessoas que estão usando o livro para fazer as correções devidas. É uma coisa que, infelizmente, acontece, e nós temos que tomar providências para aperfeiçoar o processo. Veja que estamos com o triplo de orçamento com a mesma estrutura. É um ministério que hoje responde pelo quarto ou quinto orçamento do País com a mesma estrutura. O volume de trabalho é muito grande. Isso não justifica, tem que ser apurado, mas em um grande volume de livros e títulos isso pode acontecer. Não deve, mas pode. E eu poderia citar aqui dezenas de falhas de revisão que, infelizmente, às vezes passam. O importante de responsabilizar e apurar é passar uma mensagem para o serviço público em geral que estamos lidando com coisas muito importantes e que esses descuidos não são aceitáveis. Não tive notícia de ninguém ter tomado providências tão duras quanto eu tomei nesses outros episódios que eu citei. As coisas não foram apuradas até fim.

O Enem era um exame de avaliação e passou a ser, na prática, um vestibular nacional. Isso não explica os erros (na impressão e logística) que tumultuaram os últimos exames?
HADDAD - Em relação ao Enem, ele se tornou o que é com o ProUni. Não foi com a reformulação da prova. Com o advento do ProUni nós tínhamos 1 milhão de inscritos e passamos a 3 milhões de inscritos. O grande salto aconteceu em 2005. O que entendemos naquela ocasião: o Enem está preparado para vir a ser o que é o SAT (prova americana). Desde 2005 esse debate vem sendo feito no Brasil. Ocorre que o Enem - e com isso não vai nenhum demérito da proposta original, que teve a melhor das intenções - simplesmente não era aceito pelas universidades de ponta. Porque era considerada uma prova muito fraca. Uma prova completamente insuficiente para o propósito de substituir o vestibular. Em segundo lugar, ele não estava ajustado à Teoria da Resposta ao Item (TRI, que permite comparar provas de anos diferentes). Então, quando o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) traz a proposta de reformular o exame para que ele atenda a esses propósitos a questão da logística já estava equacionada desde 2005, aos olhos do Inep. O Inep não colocou essa questão logística como um ponto importante na hora da tomada de decisão. Colocou a questão pedagógica.

E essa eu penso que o tempo provou que estava correta a mudança. É óbvio que o abalo que o Inep sofreu com a questão do furto teve repercussão no tempo. A logística já vinha sendo tratada desde 2005. O Enem já tinha 3 milhões de inscritos naquela ocasião. Fomos para 4 milhões. De 1 milhão para 3 milhões é uma mudança de patamar. De 3 para quatro milhões é uma evolução quase que natural. Agora, na minha opinião, o equívoco foram as ameaças constantes que o Inep sofria, e sofreu mesmo depois desse episódio, de ser obrigado a licitar o exame. Nenhum vestibular que é uma fração diminuta do Enem faz isso. O maior vestibular do Brasil, que é a Fuvest, representa 2 a 3% do tamanho do Enem. E o grande ponto ali é que, a cada momento que o Inep dizia que não tinha condições de contratar por menor preço por tudo que a operação envolvia, o Inep era ameaçado, inclusive através dos jornais. Esse nó que foi desatado. Naquela ocasião, como nunca apareceu um novo player na licitação, o Inep preferiu não enfrentar o debate com os órgãos de controle e, antes da edição de 2009, promover a mesma licitação que havia sido realizada nos anteriores 13 anos, na confiança de que aconteceria o mesmo que aconteceu. Então, se houve um erro, foi o de não ter, às vésperas daquele exame, ido ao encontro dos tribunais e órgãos de controle e ter explicitado: "Olha, não é possível fazer dessa maneira, nós estamos fazendo dessa maneira porque só tem um concorrente". Mas já é um faz de conta essa licitação porque não há pessoas habilitadas a promover um exame dessa escala. Então nós estamos aqui correndo um risco desnecessário. Vamos dar toda transparência à contratação, mas vamos fazer o que a USP faz. Tem uma fundação que cuida do seu vestibular e ela acumula conhecimento. Eu entendo que é esse ponto. E é óbvio o impacto que o furto teve. Não foi contratada nenhuma gráfica de fundo de quintal. Foi contratado o maior parque gráfico do País. Que no dia do roubo soltou uma nota dizendo que não havia sido ali, porque eles tinham todas as condições de segurança. Então a própria gráfica tinha segurança de que as suas condições de segurança estavam observadas. E isso foi o que o Inep viu.

O Enem só era usado por algumas universidades particulares, para 300 e poucas mil vagas do ProUni. De repente, ele passa a ser usado pelas universidades federais, que sempre tiveram a maior concorrência, o maior interesse. A importância do Enem passou a ser maior. Tanto que houve um furto. Ninguém tinha se interessado em furtar a prova do Enem antes.
HADDAD - Até hoje está um pouco mal explicado esse episódio do ponto de vista do que pretendia de fato aquele cidadão (que furtou a prova). Porque não era ganhar dinheiro, aparentemente. Alguém que se expõe tanto...

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Ensino Médio

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

ANESTESIA:

Conhecendo um pouco mais sobre uma das maravilhas do mundo moderno.


Se muitos de nós já passaram por alguma cirurgia, é quase certo que todos já estivemos numa cadeira de dentista. Sabendo que antigamente um bom cirurgião é o que operava rápido e que os anfiteatros de cirurgia nos primeiros hospitais ficavam na parte mais alta e isolada dos edifícios – as famosas cúpulas – pois os gritos de dor eram garantidos, devemos agradecer ao desenvolvimento das drogas e técnicas que permitem que desde uma simples extração dentária até uma complexa cirurgia possam ser realizadas sem que sintamos dor.

Enquanto os chineses se beneficiavam da acunpuntura, em 2000 aC, quase mil anos mais tarde os assírios comprimiam a carótida do paciente até que esse desmaiasse. Os incas peruanos mascavam folhas de coca e depois despejavam a saliva sobre as feridas dos doentes para anestesiá-las. Já no século I dC, Discorides de Anazarba, médico grego que serviu ao exército romano, utilizava a chamada esponja sonífera. Preparada à base de ópio e outras substâncias (entre elas o vinho), era colocada sob as narinas de seus pacientes para que adormecessem. Para acordá-los, outra esponja embebida em vinagre dava conta do trabalho. Atribui-se a Discorides o emprego da palavra anestesia, que significa “ausência de sensações”

Na Europa medieval era usada a técnica da concussão cerebral, em que a cabeça do paciente era protegida por uma tigela de madeira (será essa a origem do capacete?) e essa última era golpeada até que o infeliz desmaiasse – o crânio, porém, supostamente ficava intacto. Isso ocorria porque, segundo a cultura(?) cristã medieval, o uso de qualquer erva ou outras substâncias químicas para controle da dor podia ser considerado como bruxaria ou magia negra, já que a doença, a dor e o sofrimento eram vistos como castigos divinos para a purificação da alma.

Misturando-se o óleo de vitríolo, termo alquímico para o ácido sulfúrico, com o álcool etílico, obtém-se uma substância de odor e sabor adocicados. Chamado de óleo doce de vitríolo, foi provavelmente obtido já no século VIII e sua síntese descrita no século XVI. Hoje os alunos do ensino médio estudam essa reação – desidratação intermolecular de álcoois – e reconhecem o produto formado com o nome de éter dietílico (em farmácias ele é vendido com o nome de éter sulfúrico). Paracelso, médico e aquimista suiço, observou os efeitos anestésicos do éter ao administrá-los às suas galinhas e vê-las adormecerem.

No início do século XVIII, o médico Georg Stahl, procurando explicar o fenômeno da combustão, elaborou uma teoria que admitia que todas as substâncias que se queimam tem em comum um elemento: “o flogisto”. No final desse mesmo século, Antoine Laurent Lavoisier derruba a “teoria flogística” e dá grande contribuição à compreensão da fisiologia respiratória. Em 1800, o aprendiz de farmácia Humphry Davi inalou a substância óxido nitroso (N2O) e teve uma sensação muito agradável, chegando mesmo a “cair na gargalhada”. Graças a esse episódio, a substância que havia sido descoberta em 1776 pelo cientista inglês Joseph Priestley recebeu o nome de gás hilariante. Davi recomendou que ela fosse usada em cirurgias, já que possuía a propriedade de acalmar as dores físicas. Cerca de vinte anos mais tarde, Michael Faraday escreveu que a inalação do éter dietílico produzia efeitos calmantes semelhantes aos produzidos pelo óxido nitroso. Infelizmente, essas duas substâncias ganharam fama apenas em exibições circenses, nas quais espectadores eram chamados ao palco, inalavam o gás e punham-se a rir e dançar para deleite da plateia. Também eram comuns reuniões em que os participantes inalavam o éter (“folias do éter”) e o óxido nitroso (“festas do gás do riso”) para saborear seus efeitos – a humanidade se droga desde tempos imemoriais...

Há relatos dizendo que em uma dessas festas, o médico americano Crawford W. Long sentiu na própria pele os efeitos anestésicos do éter, ao se machucar e não sentir dor. Em 30 de março de 1842, removeu dois cistos do pescoço de um paciente após fazê-lo inalar éter.

Assistindo a uma apresentação de um circo, Horace Wells, um dentista americano, observou que um dos participantes sob a ação do gás hilariante sofrera um extenso ferimento na perna e não demonstrara qualquer sinal de dor. No dia seguinte, pedindo ao administrador do circo que o deixasse inalar o óxido nitroso, Wells teve um de seus dentes arrancado por um colega. Testou várias outras substâncias, inclusive o éter dietílico, para verificar os efeitos anestésicos de diversos gases (e, é claro, não extraiu todos os próprios dentes para isso). Escolhido o melhor, aprendeu a preparar e administrar o óxido nitroso a seus pacientes, conseguindo realizar várias extrações dentárias indolores, na pequena cidade de Hartford, em Connecticut, nos Estados Unidos.

Tentando mostrar ao mundo suas descobertas, Wells contratou um ex-aluno seu, William Thomas Green Morton (será que vem daí o nome daquele “guru” de Pouso Alegre - Rá?), que estava matriculado na Harvard Medical School, em Boston. Ao fazer a demonstração das propriedades anestésicas do gás hilariante num paciente, Wells provavelmente administrou uma dose menor do que a necessária, expondo a paciente à dor e Wells ao ridículo. No entanto, quase dois anos depois, já familiarizado com as propriedades do óxido nitroso assim como às do éter, Morton realizou com sucesso e no mesmo lugar do fracasso de seu ex-professor – nunca subestime um aluno – uma anestesia com inalação de éter dietílico para a retirada de tumores no pescoço de um jovem. O médico que realizou a cirurgia também estava presente na fracassada demonstração de Wells e se rendeu às evidências, proclamando que a anestesia não se tratava de uma fraude.

O substituto do éter, o clorofórmio, foi usado pela primeira vez em 1847 por um obstetra, James Simpson, ao realizar os procedimentos de um trabalho de parto. A própria Rainha Vitória solicitou os serviços desse obstetra, quando do nascimento de seus dois últimos filhos, Leopoldo e Beatriz. Livres das culpas cristãs e mais preocupadas com o próprio bem-estar, as mulheres acolheram imediatamente o clorofórmio. Naturalmente, qualquer problema que ocorresse com a criança recém-nascida era atribuído a uma punição divina aos males causados pelo “Doutor Clorofórmio”.

Atualmente, diversas substâncias são usadas para se obter os efeitos de anestesia, que pode ser geral, regional, local, por bloqueio de nervos periféricos e de sedação. As possibilidades são tantas e tão variadas que uma especialidade médica já existe há algum tempo – a anestesiologia.

Mesmo envolvendo riscos, (não podemos esquecer que Medicina não é uma ciência exata e é conduzida por seres humanos, portanto passíveis de cometer erros), podemos comparar uma anestesia a uma viagem de avião: a razão entre o número de acidentes e o número de eventos é tão pequena, que ninguém deixará de voar nem pedirá para fazer uma extração dentária “a seco” por medo de receber uma droga anestésica.

Italo Mammini Filho, professor de química do ensino médio e pré-vestibulares.

Fontes de consulta:
“O alvorecer da anestesia inalatória”
Ricardo Jakson de Freitas Maia, Cláudia Regina Fernandes
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-70942002000600015&script=sci_arttext
“História da anestesia”
http://apavet.com.br/media/historiaanestesia.pdf

terça-feira, 12 de julho de 2011

Discalculia

O Estado de São Paulo, 11/07/2011 - São Paulo SP

Doença que dificulta aprendizado de matemática é alvo de especialistas
Neurologistas, pedagogos e psicólogos chamam a atenção para a discalculia do desenvolvimento, enfermidade análoga à dislexia, mas que afeta operações com números; estudos apontam que 6% da população mundial sofre com o transtorno
Alexandre Gonçalves
Cerca de 6% da população mundial sofre de discalculia do desenvolvimento, transtorno neurológico que dificulta o aprendizado da matemática. A incidência é praticamente a mesma da dislexia, problema análogo - bem mais famoso - relacionado à leitura e à escrita. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros querem trazer a discalculia do desenvolvimento para a ordem do dia. Há poucas semanas, uma das principais revistas científicas do mundo - a Science - publicou um artigo sobre a doença. O texto recordava perdas sociais e econômicas para comprovar a gravidade do problema. Na Grã-Bretanha, por exemplo, estimou-se em R$ 6 bilhões os custos anuais do mau desempenho matemático entre os ingleses. O trabalho também apontava o caráter de transtorno negligenciado da discalculia. Desde 2000, a doença mereceu R$ 3,6 milhões em pesquisas do governo americano. No mesmo período, a dislexia recebeu quase R$ 170 milhões. "E há trabalhos que mostram que o impacto da discalculia é, pelo menos, tão grande quanto o da dislexia", diz Vitor Haase, do Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento da UFMG. "Mas há uma questão cultural: as pessoas não valorizam tanto a importância da matemática quanto a de ler e escrever."

Contextos. Para que uma criança seja diagnosticada com discalculia do desenvolvimento, é necessário comprovar que sua dificuldade no aprendizado da matemática não nasce de uma deficiência intelectual - que comprometeria outras áreas do conhecimento - ou de problemas afetivos. Também deve ser descartada a hipótese de que condições sociais concretas - como um ambiente de vulnerabilidade em casa ou na escola - bastariam para explicar o transtorno. José Alexandre Bastos, chefe do serviço de Neurologia Infantil da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), sublinha que os diagnósticos da discalculia do desenvolvimento são sempre feitos por uma equipe multidisplicinar que costuma incluir um neurologista, um neuropsicólogo, um pedagogo e um fonoaudiólogo. "Vale a pena lembrar o impacto do transtorno em reprovações, abandono escolar, bullying, além de prejuízos à autoestima da criança", afirma a coordenadora do Laboratório de Neuropsicologia da Unesp de Assis, Flavia Heloisa dos Santos. Há vários anos pesquisando o tema, Flavia descobriu que a música pode ser uma poderosa ferramenta para a reabilitação neuropsicológica de crianças com o problema.

Terapia. O tratamento da discalculia não envolve drogas, mas treinamento matemático. Só nos casos em que a criança tem transtorno de déficit de atenção e hipertatividade (TDAH) o médico costuma receitar algum medicamento. "Mas é para tratar o TDAH", afirma Bastos. "Cerca de 40% das pessoas com dislexia e discalculia tem TDAH." Casos concomitantes de dislexia e discalculia também são comuns. Sheila Guerra, de 11 anos, é um exemplo. Como reforço à escola, ela estuda matemática e português em uma unidade que aplica o método Kumon, em Belo Horizonte. Lá, realiza o treinamento necessário para superar as duas condições. Conta com o acompanhamento da psicopedagoga Miriam Moraes, que afirma que ela deve superar a discalculia em até um ano. Ruth Shalev, do Centro Médico Shaare Zedek, em Israel, publicou trabalhos comprovando que 47% das crianças que tratam a discalculia conseguem superar o problema. Mas o estudo mostrou que a taxa de sucesso cresce com o diagnóstico precoce.

PARA ENTENDER: "Discalculia não é dificuldade para fazer cálculos complexos", diz o neurologista José Alexandre Bastos. "É a incapacidade de lidar com operações triviais." Os problemas ocorrem em três campos: compreensão dos fatos numéricos (adição, subtração, multiplicação e divisão simples), realização de procedimentos matemáticos (como divisão de números grandes ou soma de frações) e semântica (compreensão da linguagem usada para formular problemas). Ao minar os fundamentos, a discalculia impede a aquisição de conhecimentos mais complexos.

Postado por Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Curso G9

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Reflexão socio-filosófica sobre o bullying

Quando não há vínculos, há o bullying

Atualmente, é recorrente no meio escolar a preocupação com um fenômeno bastante antigo, mas de conceituação recente, o bullying. Este artigo aborda o bullying como consequência de um processo de desvinculação humana promovido pela estrutura econômica acompanhada pelas novas tecnologias de comunicação, sem a pretensão de ser mais uma problematização dos efeitos desta prática no processo de ensino-aprendizagem e de formação e autoafirmação do indivíduo, promovidos pelo ambiente escolar. Para tanto, primeiro, definiremos o que entendemos por vínculo.
O vínculo é algo que sempre norteou a existência humana. Os primeiros hominídeos surgiram em um ambiente extremamente hostil, eram animais que estavam se deslocando de um estilo de vida nas árvores, para um nas savanas, portanto não eram realmente adaptados, nem para um nem para outro; eram animais frágeis, não possuíam grandes mecanismos de defesa, não possuíam garras, chifres, presas, veneno ou qualquer outro tipo de proteção, inclusive sua estatura era muito convidativa a ataques de predadores. É incrível pensar que este mesmo animal iniciou um processo evolutivo que o levaria ao topo da cadeia alimentar. Mas como?
Mesmo sendo impossível dar uma resposta definitiva para este questionamento, podemos ao menos levantar os fatores que contribuíram para esta escalada evolutiva. Dentre eles daremos destaque à capacidade humana de estabelecer vínculos.
O vínculo é um sentimento “de fazer parte”, que surge das relações sociais (institucionais ou não) e é expresso pela adesão do indivíduo aos valores do grupo. A sociologia entende o homem como um ser social, o que significa afirmar que só possuímos as qualidades do que consideramos “humano” quando vivemos em sociedade. Temos vários casos de pessoas que foram privadas do convívio social e desenvolveram comportamentos não aceitáveis pela sociedade como, por exemplo, o de Kaspar Hauser (Alemanha - século XIX) e o das irmãs Amala e Kamala (Índia - século XX). São as relações humanas que produzem os valores, ou seja, as ideias que dão significado às nossas ações. Ao conjunto de valores produzidos e reproduzidos por um povo damos o nome de cultura. A cultura, portanto, não é algo estático, pelo contrário, é uma eterna construção, o que nos faz afirmar que os valores de uma sociedade são históricos, dialogam com o espaço e o tempo.
Igualmente, a história é outro produto humano, a consciência da ação de seu grupo sobre o meio e o relacionamento dele com outros grupos ao longo do tempo é o motor do processo de formação de identidade, ou seja, de reconhecimento de sua história e de sua cultura. Fica claro, portanto, a importância do vínculo para a existência não só de uma identidade social, mas também de uma identidade individual, pois o indivíduo só tem consciência de si em oposição ao coletivo. Sendo assim, não seria exagero afirmar que a perda dos vínculos é algo que põe em risco a sociedade.
E afinal, onde se encaixa o bullying nesta reflexão? Simplesmente ele é o mais novo fenômeno desencadeado pelo sentimento “de não fazer parte” típico do processo de desvinculação. O foco deste problema deve ser, então, mais o porquê de hoje observarmos um aumento na ocorrência deste processo, do que os efeitos deste tipo de comportamento para o funcionamento social.
O processo de desvinculação do homem não é recente e, aliás, sempre existiu, pois seria ilusão acreditar que os valores de uma sociedade são aceitos unanimemente pelos indivíduos, a novidade é que a contemporaneidade intensificou este processo ao ritmo de uma progressão geométrica, efeito das estruturas adotadas pelo sistema capitalista.
Segundo Karl Marx, o capitalismo desumaniza o homem através do que conceituou como alienação do trabalho. Para o autor, o capitalismo reduziu a sociedade a duas classes: a burguesia, detentora dos meios de produção (terra, ferramentas, técnicas, matéria-prima); e o proletariado, detentor da força de trabalho. Como não possuem meios de produção, os proletários são obrigados a vender sua força de trabalho à burguesia, a alta oferta de mão de obra, por sua vez, diminui seu valor. Por fim, o salário recebido é baixo e raramente suficiente para garantir ao trabalhador o produto final de seu trabalho. Assim, no sistema capitalista, muitos são obrigados a viver em condições subumanas, o homem é privado de sua liberdade e a sociedade deixa de fazer sentido. Quebra-se assim o vínculo.
Mas não é apenas a estrutura produtiva a quem podemos responsabilizar, a questão se apresenta também como um problema ético-comportamental. Sob a perspectiva de outro teórico, Max Weber, o espírito capitalista contém muito do individualismo característico da ética protestante, outro componente contrário à identificação e ao vínculo. Mas o que realmente vamos problematizar é o desenvolvimento das tecnologias da comunicação e os efeitos que acarretam ao vínculo social.
A história das tecnologias da comunicação se relaciona de maneira direta com o capitalismo. Da invenção da escrita (4000 a.C.) até o Renascimento, não houve muitos progressos no que diz respeito às tecnologias de comunicação, as inovações se deram a partir da era Moderna. A invenção da prensa por Gutenberg significou algo semelhante à invenção da internet em nossa era; salvaguardadas as devidas proporções, a consequência foi uma dinamização no processo de produção e circulação de informações. Mas o efeito daquela invenção foi exatamente contrário aos de hoje: estimulou o vínculo social. Foi somente com o resgate dos valores e saberes clássicos promovidos pelo humanismo que pôde se desenvolver na Europa a ciência e a filosofia moderna.
Na filosofia, a modernidade foi marcada pelo Iluminismo, corrente de pensamento que trouxe a preocupação com o social, entendia o homem como um ser naturalmente bom, mas que sem a devida orientação e controle, tendia a ser corrompido por experiências ruins, daí a necessidade de promover à sociedade um maior controle. De fato, a sociedade como a conhecemos hoje, deve muito ao Iluminismo, ideias como os direitos inalienáveis (propriedade, liberdades individuais e isonomia), a organização política baseada no sistema de representatividade, a estrutura do Estado dividida entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, e o papel da educação como formadora do indivíduo e de cidadania. Fica patente a contribuição do Iluminismo para a formação do vínculo social, uma vez que incutiu na mentalidade humana valores que estreitaram o compromisso do homem pelo próprio homem.
Entretanto, com a revolução industrial, o mundo começa a se transformar de maneira drástica, as fronteiras naturais e culturais começam a ser transpostas pelo advento de novas tecnologias: energia elétrica, automóveis, telégrafo, telefone, rádio, cinema. Processo intensificado no século XX, cuja grande inovação talvez seja os veículos de comunicação de massa. A televisão, comunicação por satélites, os portáteis (telefonia móvel, computadores, GPS) e a internet, a maior de todas as revoluções. Nunca na história da humanidade se produziu e reproduziu tanta informação, mas além de um maior contato entre os povos e culturas, este processo trouxe várias espécies de intolerância, o ultranacionalismo, o genocídio e o racismo.
Atualmente, esses meios atuando em conjunto criaram um mundo literalmente paralelo, o mundo virtual. O que se percebe é que cada vez mais o homem vem se tornando dependente dessas tecnologias, ao ponto de nossas relações interpessoais estarem sendo intermediadas excessivamente por elas. Some a isto a já mencionada alienação, o individualismo, os problemas sociais e a intolerância, o resultado em nossa sociedade é o enfraquecimento do vínculo humano. A falta de contato ente os indivíduos é preocupante, pois somente ela poderia resgatar os valores necessários para frear esste processo e promover a identificação entre os indivíduos.
O fenômeno chamado bullying se enquadra perfeitamente nessa problemática e sua abordagem excessiva acaba por contribuir ainda mais para sua ocorrência. As novas gerações, precoce e totalmente integradas às novas tecnologias, se isolam cada vez mais do contato humano e, quando este acontece, muitas vezes é conflitante, pois, pelo pouco contato, há baixa tolerância às diferenças. Não acreditamos que não exista o bullying, mas sim que sua supervalorização torna problemas corriqueiros de relacionamento, que os indivíduos são obrigados a superar, um “crime”. Quando isso acontece, o problema acaba envolvendo autoridades: pais, professores e, em casos extremos, até mesmo o sistema judiciário, o que nos torna cada vez mais dependentes de intermediações para nossos relacionamentos.
Cabe, por fim, às instituições sociais e autoridades correspondentes, ficarem atentas ao bullying, para que saibam não apenas intervir menos nas relações interpessoais, para intervir melhor quando realmente necessário, caso contrário, estaremos banalizando não só o fenômeno em si, mas principalmente as relações humanas.

Artigo produzido pelo prof. de Sociologia Petrus Ferreira Ricetto - Curso G9

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Bullying nas escolas

Penso que a notícia abaixo interessa a todos. Boa leitura!

Senado aprova projeto que responsabiliza escolas por bullying
A Comissão de Educação do Senado aprovou no dia 14/06 o projeto de lei - de autoria do senador Gim Argello (PTB-DF) - que responsabiliza as escolas, públicas ou privadas, por episódios de bullying. A proposta foi aprovada em caráter terminativo e seguirá agora para apreciação da Câmara dos Deputados.
O senador quer que os estabelecimentos de ensino fiquem incumbidos de inibir situações em que os estudantes estejam expostos a agressões de colegas. Além disso, o texto aprovado prevê que as escolas devem garantir um ambiente seguro e prevenir o bullying.
Caso também seja aprovada na Câmara, a matéria deverá ser incluída na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
O bullying é caracterizado, na maior parte dos casos, por agressões físicas e verbais e perseguições de colegas a alunos. Em alguns casos, a vítima desenvolve depressão, perde o interesse pelos estudos e chega a abandonar a escola.

Vejam a legislação na íntegra:
SENADO FEDERAL
PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 228, DE 2010
Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional), para incluir entre as incumbências dos estabelecimentos de ensino a promoção de ambiente escolar seguro e a adoção de estratégias de prevenção e combate ao bullying.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º O art. 12 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IX:
“Art. 12. ......................................................................................................................................................
.......................................................................................
IX – promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção e combate a práticas de intimidação e agressão recorrentes entre os integrantes da comunidade escolar, conhecidas como bullying.” (NR)
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
O fenômeno do bullying vem ocupando espaço crescente entre as preocupações de educadores, pais e atores políticos. O termo em inglês, consagrado na literatura, refere-se a um conjunto de práticas recorrentes de intimidações e agressões, perpetradas sem motivação aparente contra uma mesma vítima. Assim, caracteriza-se como bullying extenso leque de comportamentos violentos observados sistematicamente nas escolas – e também em outros ambientes sociais, como prisões, quartéis e até mesmo ambientes de trabalho. Entre as manifestações desses comportamentos incluemse: insultos, intimidações, apelidos pejorativos, humilhações, amedrontamentos, quebra de pertences, isolamento, assédio moral, além de violência física propriamente dita.
Os efeitos do bullying são deletérios, causando enorme sofrimento às vítimas. Isso é ainda mais grave quando se trata de bullying nas escolas, por afetar indivíduos de tenra idade, cuja personalidade e sociabilidade estão em desenvolvimento.
Além disso, a vulnerabilidade das vítimas costuma ser acentuada pelo fato de apresentarem alguma característica que as torna “diferentes” da maioria dos alunos justamente o que as faz alvos preferenciais dos praticantes do bullying.
Embora os estudos sobre o problema sejam relativamente recentes, alguns amplos consensos já se estabeleceram entre os especialistas sobre as melhores formas de prevenir e combater o bullying nas escolas. A conscientização da comunidade escolar, o desenvolvimento de estratégias adaptadas a cada estabelecimento de ensino e o protagonismo dos próprios alunos nesse processo são alguns deles.
Do ponto de vista da legislação brasileira, embora o bullying não seja especificamente abordado, várias são as normas que, de maneira indireta, aplicam-se a ele. Entre elas, destacamos o próprio texto constitucional, em diversos dispositivos do art. 5º, que enumera os direitos e deveres individuais e coletivos, e também no art. 227, que trata do dever da família, da sociedade e do Estado de assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Da mesma forma, vários artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, podem ser invocados no combate ao bullying. Entre eles, incluem-se os arts. 3º, 4º, 5º, 15, 16, 17, 18, 56 e 70. Nos casos que chegam à Justiça, podem aplicar-se os dispositivos relativos à prática de atos infracionais e às medidas de proteção e socioeducativas correspondentes (arts. 98-130).
O art. 232, por sua vez, que define como crime “submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento”, punível com detenção de seis meses a dois anos, pode ser utilizado para garantir a responsabilização dos estabelecimentos de ensino que se omitirem contra o bullying.
Há, ainda, diversos dispositivos do Código Penal, do Código Civil e mesmo do Código de Defesa do Consumidor que têm sido utilizados pelo Poder Judiciário em decisões relativas ao tema. Tais decisões resultam na aplicação de sanções administrativas, trabalhistas, civis ou criminais aos agressores, a seus pais e à própria escola, dependendo do grau e da extensão dos danos causados pelo bullying.
Pelo presente projeto de lei, buscamos trazer o tema para a legislação educacional. Como só recentemente o problema do bullying passou a ser reconhecido e estudado – provavelmente pelas enormes proporções que atingiu com a disseminação das modernas tecnologias de informação e comunicação –, a Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional (LDB) não menciona especificamente o assunto.
Assim, pretendemos incluir na LDB, precisamente no dispositivo que enumera as incumbências dos estabelecimentos de ensino, a obrigação de promover ambiente escolar seguro, por meio de estratégias de prevenção e combate ao bullying.
Julgamos que essa abordagem seja a mais adequada, pois evita a padronização das medidas a serem adotadas – as quais devem ser definidas de acordo com a realidade vivida em cada escola –, além de contornar o risco de tipificar condutas já tratadas no arcabouço jurídico competente, de forma mais genérica.
Diante da gravidade do problema, estamos certos de contar com o apoio do Congresso Nacional para a aprovação do presente projeto de lei.
Sala das Sessões,
Senador GIM ARGELLO

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenação Pedagógica Curso G9

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A relação professor-aluno

A reflexão sobre a relação professor-aluno nunca é demais.
Esse assunto foi escolhido pelo Curso G9 neste ano para conduzir permanentemente nossa autoavaliação sobre o processo ensino-aprendizagem.
Deixo, portanto, abaixo, mais um texto para alimentar nossas reflexões a respeito.
Boa leitura a todos!

Gazeta de Alagoas, 10/06/2011 - Maceió AL
Professor-aluno na Andragogia
ROBERTA CAJUEIRO
Para que o professor consiga desenvolver seu trabalho com eficiência, é fundamental que exista um ambiente sadio, com um espaço adequado e com as ferramentas de trabalho em plenas condições de funcionamento, bem como de profissional docente familiarizado e articulado com essas ferramentas. Mas um ambiente sadio envolve também outros fatores, às vezes até mais importantes que o arsenal estrutural que a faculdade ou escola disponha. E, por isso, destaca-se um dos fatores mais importantes no processo ensino-aprendizagem, que é o relacionamento professor-aluno.

Já para um ambiente agradável, que favoreça o aprendizado, o professor deve provocar o aluno aproximando-o tanto para o conteúdo quanto para a sua interação e participação na aula com a exposição de seu pensamento. incluindo dúvidas. Esta é uma atitude estratégica que estimula o aprendizado, mas só funciona se ela for gratuita. Este envolvimento professor-aluno às vezes gera alguns questionamentos que transcendem os conteúdos curriculares pertinentes à disciplina, como: - Até que ponto o aluno pode ter um entrosamento amigável com o docente sem que isto interfira na sua autoridade? Onde se encontra o limite entre o profissional que exige produção, participação e bom desempenho e o modelo agradável que é compreensível e flexível?

A aproximação e a liberdade com que o aluno se apresenta hoje em dia é uma questão a ser discutida com cautela, pois esta liberdade pode ser confundida com intimidade. Às vezes, o aluno acaba confundindo tal abertura e apresenta uma postura deselegante, como por exemplo, ao se interessar por questões pessoais da vida do professor e de sua particularidade, ou expondo um ponto de vista não crítico, mas grosseiro em relação ao professor ou em relação a sua metodologia de ensino. Alguns alunos se sentem tão “folgados” neste “espaço” que lhes é fornecido, que se esquecem dos limites e de sua postura em sala de aula.
Tudo isso nos leva a recordar como antigamente o professor era tratado com tanta formalidade, cordialidade e respeito, de modo que não abria espaço para esta ocasião. Pode ser que esta distância gerada, característica do ensino tradicional, possibilitasse uma proteção que evitava que o docente se tornasse vulnerável a este desconforto; porém, esta barreira não contribuía para o aprendizado. O fundamental é que o docente saiba lidar com o discente, numa relação sadia e amigável, sem ditatorialismo ou autoritarismo – que não deve ser confundido com autoridade – e saber estabelecer os limites sempre que necessário. A flexibilização deve ser proporcional à sua eficiência no caminho ao objetivo. O docente que souber reunir tais características será verdadeiramente um modelo ideal de Educador e isso poderá definir o sucesso no aproveitamento da aula ou de toda a disciplina.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do ensino médio - Curso G9

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Semana do Meio Ambiente e o Curso G9

Pessoal, estamos na semana do meio ambiente. A prefeitura de Itajubá está promovendo várias atividades, das quais o Curso G9 participou na 2a, 3a e 4a feira.
Nosso objetivo foi estar ao lado da secretaria do meio ambiente na proposta de relembrar as ações sustentáveis que precisam ser feitas em prol do planeta Terra.
Além disso, divulgamos nossa Feira do Conhecimento de 2011, cujo tema é Mata Atlântica e a Química da Vida.
O slogan (Mata Atlântica: Por uma Química mais Verde) e a logomarca foram desenvolvidas pelos alunos do Ensino Médio do G9 sob a orientação da profª Bruna, de Redação e da profª Anabel, de Arte.
Vejam abaixo o resultado do trabalho:
A logomarca escolhida, através de eleição entre todos da escola, foi a dos alunos Gabriel Valente e Luyz Renó, da M22. O slogan escolhido foi o dos alunos Clésio, Eduardo, Thales e Débora, da M12. Parabéns aos professores e alunos pelo excelente trabalho realizado.



Para continuar a enriquecer nossas reflexões, deixo aqui uma reportagem sobre iniciativas tomadas por escolas para proteger o meio ambiente.
Sugiro que pensemos o que cada um de nós pode fazer ou sugerir ao G9 para promover o meio ambiente dentro de nossa escola.
Boa leitura a todos!
Em São Paulo e no Rio, instituições abrigam iniciativas para proteger o meio ambiente
Leonardo Cazes
RIO - É do mundo acadêmico que saem os mais importantes alertas sobre as ameaças ao futuro do planeta. Nada mais lógico, então, que as universidades ponham em prática em seus campi iniciativas ecologicamente sustentáveis. Em São Paulo, USP e Unicamp testam o empréstimo de bicicletas para a circulação dos alunos. Já no Rio, a PUC promove, até sexta, sua 17 Semana do Meio Ambiente. As bikes, que há um mês começaram a ganhar a Cidade Universitária da USP, no Butantã, eram só uma ideia na cabeça de Mauricio Villar e Maurício Matsumoto quando os dois voltaram de um intercâmbio na França, em 2005. Alunos de Engenharia Mecatrônica, na época, eles resolveram desenvolver um sistema de aluguel de bicicletas baseado no que viram por lá, como trabalho de conclusão de curso. - Mostramos o protótipo conceitual para a coordenação do campus, que gostou e financiou - conta Villar.

Com duas estações e quatro bicicletas, o projeto PedalUSP está em fase de testes, mas já tem números positivos: a média diária, até agora, é de 5 a 6 corridas por veículo, com 500 inscritos. Já na Unicamp, dez bikes vêm sendo usadas para transporte no campus central, por até quatro horas por pessoa, desde o início de maio. Na PUC-Rio, a semana será dedicada ao verde, com apresentação de trabalhos ligados ao tema, exibição de filmes e várias ações de educação ambiental. A coordenadora de eventos do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima), Fabiana Bellingrodt, explica que a iniciativa faz parte de um projeto da universidade. - No fim de 2009 foi lançado um documento com várias propostas para a PUC caminhar rumo à sustentabilidade. De hoje até quinta, quem entrar no estacionamento com três pessoas ou mais no carro não pagará nada. E, no dia 15 de junho, começa a coleta seletiva na universidade.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Ensino Médio

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Histórias Infantis e a formação de valores

O que fazer se os valores que deveriam nortear a vida em sociedade parecem cada vez mais esquecidos? Como educar nossas crianças e jovens num tempo em que a aparência vale mais do que a essência, o ter mais do que o ser? A competição e o individualismo ditam as regras dos relacionamentos, minando qualquer possibilidade de companheirismo, de amizade? Não podemos esperar que as novas gerações modifiquem o que está errado se não despertarmos para o fato de que cabe a nós, adultos, dar o exemplo.
As dificuldades, os conflitos, as guerras e a intolerância que se apoderam do mundo são resultado dessa inversão de valores que predomina na sociedade. É necessário reconhecer a importância de nosso papel como educadores e – com muita perseverança - amparar, reerguer, reavivar valores e atitudes que renovarão a confiança em dias melhores.
Com estas inquietações na alma Gabriel Chalita no seu livro “A Pedagogia do Amor”, por meio da análise de dez histórias escolhidas pela relevância de seus ensinamentos, resgata em nós - adultos comprometidos com o ato gratificante de educar - valores imprescindíveis para a formação da nova geração e a construção de um novo tempo.
Escolhi para compartilhar com meus colegas a história do Patinho Feio, criada por Hans Christian Andersen, pois ela aborda questões essenciais para os nossos dias como o respeito e a solidariedade. Quem não se comoveu, chorou ou sofreu acompanhando as peripécias do patinho feio, tão pequeno e indefeso?
A história narra a trajetória de uma ave que por sua feiura era desprezada por seus familiares e pelos animais do lugar onde nasceu. Porém, no final da trama consegue vencer as adversidades do destino, superando os obstáculos e provando sua superioridade.
Esse breve resumo, com certeza, é um passaporte mágico para nossa infância. Uma época singular, rica...
A riqueza da história reside na capacidade de despertar em nós o sentimento de amor ao próximo, de solidariedade e de respeito às diferenças.
Respeito! O que é respeito?
A palavra respeito vem do latim respectus que quer dizer “ação de olhar para trás; consideração”. No dicionário Houaiss da língua portuguesa, o vocábulo traz: “ato ou efeito de respeitar (-se), que leva alguém a tratar outrem ou alguma coisa com grande atenção, reverência, profunda deferência.“
O conceito de respeito está ligado às ações que levam à prática do bem coletivo e favorecem a manutenção da paz, da união e da boa vontade entre os povos.
Sobre o respeito Gabriel Chalita diz, “Infelizmente, o seu emprego tem sido relegado a ponto de observarmos a ascensão do preconceito, da competitividade exacerbada, da banalidade dos relacionamentos, do materialismo e da ambição desmedida.
Quando tomamos conhecimento dos infortúnios do patinho, é como se acordássemos para a necessidade de cuidar, de amar, de dedicar atenção a quem precisa, a quem está desamparado, carente, desprovido de apoio, perdido, fora do ninho.
O conto é rico em elementos e informações variadas que nos levam a questionar, a analisar, a debater e a refletir sobre os significados presentes na saga do pequeno protagonista. Um protagonista ímpar porque representa um herói às avessas, rejeitado por todos, a começar pela mãe, pelos irmãos e pelos membros da comunidade onde nasceu.
Esperamos como expectadores e, sobretudo, como seres humanos que se projetam no universo das histórias e das suas personagens, a superação das adversidades experimentadas pelo patinho feio. Desejamos que ele consiga vencer, devemos acompanhá-lo fielmente pelo universo negativo que pontua sua jornada. Uma jornada cheia de agressividade, de desdém, de preconceito e de intolerância – manifestações que jamais encontrariam eco se houvesse tanto no conto de Andersen quanto na vida real, o respeito às diferenças e o entendimento da importância dessa atitude para o crescimento emocional e intelectual de todos”.
O que tiramos dessa reflexão para nossa vida, como educadores, pais, cidadãos?
Temos a responsabilidade e o dever de orientar nossas crianças e jovens para a aceitação do outro, para a compreensão de que condutas preconceituosas ou intolerantes, só colaboram para a degradação das relações e para o desentendimento entre as pessoas. É preciso ensiná-los a respeitar a diversidade como algo inerente a um mundo pluralista, dinâmico, multicultural.
Podemos concluir também com a narrativa de Hans Christian Andersen que não há crescimento sem sofrimento; não há felicidade sem lutas, sem obstáculos. Não há sensação de pertencimento se não compartilharmos nossa vida, nossas experiências e nossos aprendizados com os que nos são ou não semelhantes. Devemos acreditar em nós e nos outros. Não há como nos sentir iguais se alimentarmos temores e receios em relação aos outros, mesmo que a princípio eles pareçam tão diferentes.

Prof.ª Maria dos Anjos

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Palavra, corpo e presença: a arte do professor contador de histórias

Quando contar histórias é uma arte
Dissertação aborda uso de recursos cênicos na sala de aula
MARIA ALICE DA CRUZ
Ainda na barriga, Lucas já deve estar atento às diferentes entonações da voz da mãe, Lívia Pinheiro, que ora parece alegre, ora calma, ora muito impostada, ora pianissimo. Daqui a alguns anos, quando fizer parte do universo escolar, talvez Lucas identifique essas oscilações da voz ao ser ensinado por um professor contador de histórias, assim como Lívia faz com seus alunos na rede estadual de ensino. A busca desse mestre capaz de envolver uma turma toda com o conteúdo expresso de forma prazerosa em sala de aula foi a motivação do trabalho de conclusão de curso (TCC) e também do mestrado de Lívia na Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. A dissertação “Palavra, corpo e presença: a arte do professor contador de histórias” é um presente a pequenos escolares, que de uma vez por todas querem entender o que o professor procura transmitir nas aulas de história, matemática, literatura, arte, entre outras. Nela, Lívia buscou compreender qual a contribuição da arte de contar histórias no processo de formação continuada de professores de ensino fundamental da rede estadual de ensino.
Há muito anos, mas bem depois do tempo em que os animais falavam, era uma vez uma jovem estudante de pedagogia da Unicamp, que, encantada pela magia dos contos, muitos deles contados por ela mesma na escola ou no grupo Manauê, de Campinas, decidiu saber o que a história tem de bom a ponto de mudar a relação professor e aluno em sala de aula. Dentro das condições que tinha, passou a usar seu próprio carro para transportar um grupo de oito professoras da escola onde trabalhavam, em Campinas, para o Laborarte, da Faculdade de Educação da Unicamp. O convite feito às amigas para participar de uma oficina de formação em narração de histórias teve como objetivo, em oito encontros, levar as professoras a refletirem sobre as possibilidades dessa arte em sua rotina na sala de aula. Mas o que Lívia queria mesmo era sensibilizá-las a utilizar recursos cênicos para trabalhar a expressão corporal, a refletir sobre as obras literárias e a pensar uma proposta própria para trabalhar com os contos populares em sala de aula.
Mas a realidade quase minou a dedicação de Lívia. Algumas professoras, por precisar trabalhar em mais de uma escola para defender seu salário ou por problemas de saúde, foram desistindo das atividades por falta de tempo. Outras manifestavam a dificuldade de se soltar para interpretar diante dos alunos. Tais declarações fizeram com que Lívia desanimasse, mas “quando pensei que estava tudo perdido alguém veio e me resgatou”. Esse alguém é o conto O Príncipe Adil e os leões. O encontro das professoras com o conto deu nova vida às oficinas, e Lívia pôde concluir seu trabalho. E com melhores resultados, de acordo com declarações suas.
As reminiscências da infância, memórias compartilhadas pelo grupo, também ajudaram a consolidar o trabalho. As mais diversas lembranças, desde o cheiro de pão até o ambiente da casa da avó foram colocadas na roda e aproximaram ainda mais o grupo, que percebeu o quanto a imagem de si mesmo pode potencializar a capacidade de recriar uma história. “É muito importante para o professor-contador revisitar essas lembranças, pois esse baú de sentimentos e sensações que acessamos no momento em que contamos as histórias é que dá vida às palavras. É desta forma que a história toca e transforma, tanto aquele que ouve, como principalmente, aquele que conta”, acrescenta a contadora.
Satisfeitas, como demonstraram em seus depoimentos ao final da pesquisa, as professoras expressaram o quanto a oficina fez com que lançassem um olhar diferente para seus alunos. Ouvir que a dissertação aprimorou a relação professor-aluno soou como uma bela história para Lívia, cuja prática como professora-contadora sempre surtiu momentos de afeto com seus alunos. Ao observar as professoras interagindo, explorando a expressão corporal, subindo em mesa para representar, chegou a imaginar se elas seriam capazes de ser assim com seus alunos. A resposta veio quando uma delas revelou que a maneira de narrar uma aula da disciplina de história como contadora encantou não só os alunos mas a si mesma.
Sempre à espera de uma proposta diferente de aula, pequenos aprendizes se aproximaram mais de uma das professoras da oficina por causa de sua forma de contar histórias, segundo seu depoimento. Ao relatar o valor da formação continuada em seu trabalho diário, esta mesma professora declarou a Lívia o quanto é importante para o professor saber das coisas e poder levar o conteúdo apreendido para o dia a dia. “Saber que uma forma, um agrado ou a frase ‘Nossa, gente, essa aqui é a história mais linda do mundo’ aproxima a criança a meu favor”, relata em seu depoimento a professora. Ela ainda afirma, segundo Lívia, que ler e estudar tudo o que foi proposto a ajudou a realizar com dignidade seu trabalho, “fazer bonito e fazer bem feito. Isso ainda não é perfeito, mas da sala que eu tinha... Nossa, está tão bom”, relata a mesma professora.
Atento ao movimento da professora em sala de aula, e encantado com sua maneira de narrar os textos, um aluno de ensino fundamental é motivado a escrever histórias. Esse foi um dos motivos que fizeram uma das participantes da pesquisa declarar que valeu a pena, segundo Lívia. “Professora, você lê para a classe?”, disse o aluno, que, tímido, queria ouvir seu texto “O menino e o lobisomen” sendo lido para os colegas de sala.
Depois do trabalho de Lívia, as mudanças foram evidentes não somente na produção de textos, mas também no aproveitamento geral do aluno, que envolve todas as disciplinas do ensino fundamental, segundo as professoras. A partir desse depoimento, Lívia percebeu que a prática da leitura diária apreciada pelas crianças e pelo professor pode trazer importantes benefícios para a aprendizagem.
“Não foi a prática da professora que mudou. E sim a forma como passou a enxergar próprio trabalho com as histórias e o significado dessa prática para o seu dia a dia em sala de aula”, acredita a jovem pesquisadora, que, como mãe, espera ver João Vitor e Lucas, que esta por vir, em uma sala comandada por quem saiba mandar o recado com a eficiência que a arte de contar histórias proporciona, como ficou comprovado em sua trajetória.
A forma de apresentar sua dissertação diante da banca examinadora, de amigos e da família não poderia ser outra senão a arte de contar história. O roteiro, em que o imaginário traduziu a realidade, foi criado a partir de sua própria trajetória. Surpresa com a forma escolhida por Lívia, a orientadora Márcia Strazzacappa, diretora associada da FE, conta que o momento mais emocionante da defesa foi quando Lívia narrou a resistência inicial e a desistência de algumas professoras no meio do projeto e também o momento em que recobrou as força para prosseguir: “Estava quase me afogando, quando alguém me puxou”, disse a autora diante da banca. Para Márcia, a dinâmica adotada pela orientanda quebrou um tabu criado não somente no processo de ensino na sala de aula, mas também no ambiente acadêmico, mais precisamente, da sala de tese. “A Lívia levou a artista para o ambiente da defesa”, reforça Márcia.
O final da defesa também foi surpreendente, segundo a orientadora, pois relatou, no formato de um cinema mudo, o que viria a ser o resultado da pesquisa, com a resposta que Lívia tanto desejou: as professoras dançando e interpretando, sem qualquer tabu, os personagens do conto O príncipe Adil e os leões. Mostrando o quanto um conto pode modificar uma história real. E mudar a realidade da educação a ser recebida por Lucas, João Victor, José, Joaquim, Carol, Ana Laura, Sofia, Beatriz... E o professor que quiser que conte outras.


MinC seleciona projeto
A arte de contar histórias motiva outras pesquisas. Uma delas transformou-se num grande projeto chamado “Era uma vez uma história contada outra vez”, único da região sudeste a ser selecionado pela primeira edição do Pró-Cultura, em uma parceria do Ministério da Cultura (MinC) e do Ministério da Educação (MEC) em 2009. O título do projeto deve-se à missão de buscar , dentro do patrimônio nacional, histórias tradicionais que ajudem a abordar temas presentes no universo escolar das crianças, entre eles bulling, perda de pessoas queridas, medo, tolerância, diferenças, preconceito racial, entre outros. “Elencamos as mais fortes questões vividas na escola hoje”, afirma Márcia Strazzacappa, uma das coordenadoras do projeto.
O projeto, coordenado ao lado das professoras Valéria Figueiredo, da Universidade Federal de Goiás, e Karenine Porpino, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, envolve pesquisa acadêmica e produção artística, por meio da criação e divulgação de mídias como CD, DVD, libreto e oficinas de formação continuada de narração de histórias a serem oferecidas no último ano do projeto. Para isso, a execução deverá contar com profissionais da área de educação e também de arte. De acordo com Márcia, o projeto está em fase de pesquisa acadêmica.
Para Márcia, o projeto é mais uma motivação para que o conto seja explorado em sala de aula e, dessa forma, a expressão artística. Professora da disciplina Educação, Corpo e Arte, ela explica que as atividades de expressão corporal têm tido impacto no trabalho de professores formados pelo curso de pedagogia. A disciplina que iniciou como eletiva, hoje é exigida no currículo do curso. Um episódio relatado por ela durante a entrevista ilustra a importância da matéria na formação dos profissionais que têm como missão dar as primeiras orientações para futuros trabalhadores. Conta Márcia que uma aluna acometida por um AVC decidiu dar continuidade ao curso, mas esbarrou no fato de a disciplina, além de obrigatória, não permitir exercícios domiciliares, exigindo aulas presenciais. No primeiro dia, a aluna questionou o fato de ter que ser levada pela filha à faculdade. Na segunda aula, a filha estava na porta da sala e, na terceira, já pedia para acompanhar as atividades. “Tamanho é o envolvimento com as atividades”, afirma Márcia.
No final do semestre, depois da apresentação de conclusão da disciplina, em que figurou como um dos personagens principais, a aluna relatou o quanto a disciplina teria tornado suas quintas-feiras mais importantes, pois senão seria mais um dia da semana dentro de sua casa, impossibilitada de sair. As frases finais da aluna são replicadas por Márcia: “Talvez eu não consiga fazer tudo o que vocês me ensinaram aqui, mas nunca mais olharei da mesma maneira para meus alunos”.
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Publicação
Tese: “Palavra, corpo e presença: a arte do professor contador de histórias”
Autora: Lívia Pinheiro
Orientadora: Márcia Strazzacappa
Unidade: Faculdade de Educação (FE)

Professora Lívia - Inglês