Educação Permanente

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sexta-feira, 23 de julho de 2010

PROFESSOR - ALUNO - PROFESSOR: FORMAR PARA TRANSFORMAR

Dois textos, dois autores, duas gerações, mesmo assunto, mesmo reconhecimento, mesma emoção. Foi impossível ler um e não me remeter ao outro.
“Goffredo: da morte à vida” ( Tendências/Debates - Folha de São Paulo, 27/06/2010 ). O autor é o advogado Tercio Sampaio Ferraz Junior, 68 anos, professor titular da Faculdade de Direito da USP. Nesse texto, Tercio Sampaio não só retrata seu pesar por um ano de falecimento do professor Goffredo da Silva Telles, mas, principalmente, expressa seus sinceros agradecimentos ao grande mestre e manifesta sua profunda admiração pelo exímio profissional o qual teve como professor e, certamente, como modelo de vida.
Marcou-me as passagens que transcrevo: “ ‘É da natureza do cérebro humano sentir dentro de estruturas, e perceber a parte dentro do todo e o todo dentro de um todo maior’, dizia ele. Essa preocupação primária com o todo sempre conformou o raciocínio vivo, didaticamente forte de Goffredo. Talvez daí derivasse o encanto reconhecido de suas aulas, aquela sensação envolvente de um espetáculo sem falhas, onde tudo se fechava e se completava, e que arrebatava o aluno que o ouvia, inspirando certeza, segurança e paz... Daí a razão de sua iniciação à ciência do direito(de conteúdo conhecido de gerações de alunos) ocupar-se inicialmente com uma teoria do ser para depois ali inserir o direito e este dentro da ética etc... Pois, se direito tem a ver com liberdade e esta, com o mistério de ser humano, talvez se entenda por que Goffredo, ao término de seus cursos, nunca se cansou de repetir que o direito tem suas raízes enterradas no coração humano.”
O professor, o mestre, ficou na memória do autor, do aluno, por ter sido uma referência marcante e clarificadora de como ser. Pelas palavras desse artigo, se respira, transpira, pelos poros atravessam saudades e admiração por um ser especial que, com certeza, foi o inspirador de uma escolha feita, de um caminho encontrado.
O segundo artigo, também escrito no mês de junho, para ser publicado no próximo número do GNovidade , é de autoria de Pedro Reno Gama, 13 anos, aluno da F81 do Curso G9. Pedro fala, com encanto reconhecido, sobre uma proposta de trabalho a partir da leitura de um livro. Registro aqui excertos significativos do texto desse adolescente, os quais manifestam o resultado de um trabalho envolvente que lhe inspira certeza, segurança e paz. : “ Um livro...do que é capaz um simples livro? E um trabalho de escola, será que a sua importância vai além de qualquer expectativa?...É, mas tudo mudou depois de uma proposta de trabalho sobre um livro, ou melhor, o livro...Junto com o livro, veio a proposta de trabalho, que propunha a criação de textos subjetivos relacionados a vários temas que nos rodeiam no dia a dia...Admito, foi a parte mais emocionante, foi algo realmente que guardarei para o resto da vida. Enquanto fazia o trabalho, refletia coisas que nunca refletiria na vida, coisas que só quando paramos para pensar, sentimos o quanto é grande o dom de viver. Família, amizade, escola, professores e vários outros valores que só sentimos como são preciosos, quando temos esse momento especial do refletir, esse momento que só um conjunto de mestres extremamente inteligentes poderiam proporcionar, que só professores como os meus conseguiriam proporcionar.”
Os trabalhos mencionados nos dois textos mostram professores transformadores do mundo, responsáveis por encaminhamentos significativos, por revelações, por descobertas decisivas, por paradigmas, por momentos iluminadores. Marcas provocantes e instigantes deixadas para repensar o papel do professor na vida de cada um. Marcas fundamentais na formação e transformação de seres humanos.
Profª Maria Aparecida Fernandes

Um comentário:

  1. Fernandes, esse é o grande papel que o professor desempenha de maneira inconsciente na relação professor-aluno: é referência e significado para com aqueles que estão em formação.
    Penso que se tivéssemos noção profunda dessa dimensão social da educação, talvez nos empenhássemos mais no que fazemos, evitando tantos problemas de relacionamento que existem nas escolas.

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