Educação Permanente

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Como a Afetividade entre o Professor e o Aluno pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem

A Relação Professor-Aluno e a Afetividade:
Como a Afetividade entre o Professor e o Aluno pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem

Afetividade é um termo utilizado para designar e resumir não só os afetos em sua acepção mais estrita, mas também os sentimentos ligeiros ou matizes de sentimentais de agrado ou desagrado, enquanto o afeto é definido como qualquer espécie de sentimento e (ou) emoção associada a idéias ou a complexos de idéias ( CABRAL e NICK, 1999 ).
Nas escolas em geral, alunos experimentam diversos afetos: o prazer de conseguir realizar algo pela primeira vez, tristeza ao saber da doença de um amigo, raiva ao discutir com colegas. Além disso, podem gostar ou não de seus professores, sentir-se felizes quando seus companheiros de sala os aceitam e culpados quando não estudam o suficiente.
Vale dizer que os sentimentos e emoções do aluno precisam ser levados em conta, já que podem favorecer ou desfavorecer o desenvolvimento cognitivo – com o qual está intimamente relacionado desde que o bebê vem ao mundo. A emoção é a forma que o corpo encontra de exprimir o que é pessoal e socialmente agradável ou desagradável para determinado sujeito.
Sua manifestação depende do outro, isto é, para que haja o desencadeamento de uma reação emotiva é necessário que se tenha a presença de um espectador, pois a emoção não se manifesta sem “plateia”; mesmo que esta seja imaginária, é necessário que se faça presente.
O choro e o riso são as vias mais comuns de expressão da emoção. É importante salientar que ambos não podem ser considerados como emoções em si, mas como veículo de expressão. O corpo é o meio que a emoção tem de se expor e o choro e o riso muitas vezes são caminhos que as reações emotivas percorrem para se expressar livremente.
A emoção e a inteligência se relacionam durante todo o percurso psicológico do indivíduo. Wallon nos alerta sobre a importância que o ser humano deveria dar aos dois aspectos da personalidade humana. Entretanto, ele enfatiza que esta não é uma tarefa muito fácil quando se enfrenta a natureza insubordinada da emoção. Segundo ele, para que se produza intelectualmente, é imprescindível não se submeter ao poder da emoção, pois isso afetaria a percepção de mundo real e conseqüentemente reduziria o nível da afetividade intelectual do sujeito. É necessário tentar uma racionalização da situação emotiva, em casos de intensa reação emocional. Da mesma forma em algumas atividades intelectuais, é necessário um trabalho de emocionalização, para que se faça de tal atividade algo mais criativo e espontâneo.
Entretanto, geralmente é a racionalidade que cede aos caprichos da emoção. O ideal seria encontrar um equilíbrio entre as reações afetivas e inteligência, mas nem sempre isso é possível devido à intensa intelectualização social ou devido à intensa subordinação emocional em determinados indivíduos. Porém, a relação entre emoção e inteligência é realmente intensa. Na opinião de Wallon, as conquistas do plano emocional são também apreendidas pela racionalidade, e vice-versa. É exprimindo ao outro o que sentimos, por meio de palavras e gestos, que abolimos um estado emocional. A dissolução ocorre exatamente pela transformação da emoção em atividade mental.
A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das dimensões da pessoa: ela também é uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade direcionou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira.
A afetividade e a inteligência são aspectos indissociáveis, intimamente ligados e influenciados pela socialização. A afetividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca. No ambiente escolar é além de dar carinho, é aproximar-se do aluno, saber ouvi-lo, valoriza-lo e acreditar nele, dando abertura para a sua expressão. Carinho faz parte da trajetória, é apenas o começo do caminho.
O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas. “As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente”. (ALMEIDA, 1999) Compreendemos a afetividade como substância que nutre estas ações e não um puro ato de “melosidade”.
Para Jean Piaget, é irrefutável que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e conseqüentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria inteligência. A afetividade é atribuída como uma condição inevitável na construção da inteligência mas, também não é suficiente.
Ainda, define a afetividade como todos os movimentos mentais conscientes e inconscientes não-racionais (razão), sendo o afeto um elemento indiferenciado do domínio da afetividade. Afirma ele, que o afeto é uma importante energia para o desenvolvimento cognitivo e estudos que integram suas pesquisas e também de Freud especificam que a afetividade influi na construção do conhecimento de forma essencial através da pulsão de vida e da busca pela excelência.
A intensificação das relações entre professor-aluno, os aspectos afetivos emocionais, a dinâmica das manifestações da sala de aula e formas de comunicação devem ser caracterizadas como pressupostos básicos para o processo da construção do conhecimento e da aprendizagem e ainda, da condição organizativa do trabalho do professor.
Enquanto o indivíduo se desenvolve no seu espaço social e cultural afasta-se de uma submissão aprendendo a transferir suas motivações para outros objetos e situações, ao mesmo tempo que, condiciona afetivamente, suas relações vivenciais.
A relação professor-aluno deve estar amplamente ancorada na afetividade. A escola hoje, mais do que qualquer outro tempo é um espaço onde se constroem relações humanas. Por isso, é de fundamental importância trabalhar não só conteúdos mas também as relações afetivas: ensinando os alunos a tratar do outro, fazer amigos, exigindo do outro o respeito, a cooperação... É imperioso que os professores combinem projetos que dêem a seus alunos mais que seu saber, a riqueza insubstituível de sua amizade. E conseguimos isso através do diálogo. Os alunos não podem levar à escola apenas seus ouvidos e suas mãos. Eles devem levar, efetivamente, sua boca e seu cérebro.
O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.
A afetividade é uma condição indispensável de relacionamento com o mundo. Nossa relação com o mundo é em si afetiva; sempre estabelecemos um vínculo que envolve nossa afetividade, que nos agrada ou desagrada em diferentes níveis. Mas não amamos nem odiamos por predisposição genética.
É a partir das experiências prazerosas ou desagradáveis que se constituem nossas inclinações, nossas preferências, nossa forma de nos posicionarmos com o mundo, nossa forma de entende-lo. Este é um marco de uma cultura que nos provem dos significados socialmente construídos. Por isso que consideramos importante não esquecer o quão importante é esse conceito na hora de refletir nossas práticas, sociais em especial, a educação.
É preciso recuperar a ideia de homem como unidade, como indivíduo social, histórico cultural, para pensar que o aluno não é um depósito de conhecimento, dando lugar à uma forma de relacionamento com o mundo. Melhorar essa relação gerando experiências positivas de encontro com o conhecimento, talvez seja um conteúdo a mais que a formação docente tem que incorporar.

Professora Ludimila, Curso G9

3 comentários:

  1. Interessante e direto, sem rodeios ou floreios "a vida como ela é" me instiga a buscar a ampliação desse conhecimento do afetivo na relação professor-aluno.

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  2. Oi, Ana. É muito positivo buscar esse aprofundamento sobre a afetividade na relação professor-aluno. Muito das dificuldades de aprendizagem estão relacionadas à baixo autoestima. Se a afetividade puder trabalhar esse problema, o aluno acreditará mais nele e melhorará sua produtivdade na escola. Boa sorte nessa busca! Um grande abraço.

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  3. Olha vou precisar de ajuda quero escrever um artigo sobre esse assunto, mas recebo muitas critica dizem que vivo iludida que os alunos não merecem minha preocupação mas não importa eu acredito que com afetividade a gente consegue muito mais do que querer bater de frente temos que conquista o respeito e a amizade de nossos alunos.

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