A pedido, posto novamente o hino nacional SEBRAE.
Vale a pena usá-lo, pois a mensagem e o formato são excepcionais.
Beijos a todos
Marcia
sábado, 13 de março de 2010
domingo, 31 de janeiro de 2010
Propostas pedagógicas para 2010
Professores e colegas,
Deixo, para quem quiser acessar, o arquivo usado na reunião de professores do dia 30/01, do Curso G9. Ele contem as indicações para o trabalho com alunos com necessidades especiais de aprendizagem, item da reunião que não pode ser bem discutido devido ao adiantado da hora.
Desejo que seja de bom proveito a todos.
Abraços,
Profª Marcia Gil
Deixo, para quem quiser acessar, o arquivo usado na reunião de professores do dia 30/01, do Curso G9. Ele contem as indicações para o trabalho com alunos com necessidades especiais de aprendizagem, item da reunião que não pode ser bem discutido devido ao adiantado da hora.
Desejo que seja de bom proveito a todos.
Abraços,
Profª Marcia Gil
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Reunião de Professores do Curso G9
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Atendimento de 0 a 3 anos
Colegas, esta notícia é bastante animadora, pois aponta ações concretas que levam a ações articuladas entre os diferentes setores sociais. É a busca pela intersetorialidade, grande desafio desta década.
Jornal do Commercio, 27/12/2009 - Recife PE
MEC promete ações integradas com a saúde
RIO – O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que apresentará, no ano que vem, proposta de ação interministerial para atendimento de crianças na faixa de 0 a 3 anos. A ideia é coordenar programas de educação, saúde e assistência social para suprir deficiências familiares e garantir que todas as crianças cheguem à escola aptas a aprender. Haddad quer que a proposta seja incluída no próximo Plano Nacional de Educação, a ser votado pelo Congresso, com diretrizes para a década de 2011 a 2020. A tarefa envolveria também Estados e municípios. “Estamos trabalhando há algum tempo num desenho interministerial para a faixa etária de 0 a 3 anos. Vai exigir um esforço tão grande quanto foi universalizar o ensino fundamental”, afirmou no mesmo seminário do qual participou Heckman.
Ele lembrou que o SUS já oferece uma série de serviços para recém-nascidos, crianças e gestantes, especialmente por meio do Programa Saúde da Família. No dia 16, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, instalou um comitê para articular ações para a primeira infância, num projeto chamado Brasileirinhos e Brasileirinhas Saudáveis. Na mesma linha, o Bolsa Família dá dinheiro à população pobre, exigindo contrapartidas educacionais e de saúde, enquanto o Ministério da Educação financia a construção de creches e ajuda prefeituras a manter pré-escolas e creches com repasses ao Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Essas políticas podem ser mais bem organizadas, no sentido de dar atendimento prioritário para a primeira infância. Não estamos falando só de educação”, afirmou Haddad. Segundo ele, um maior investimento na primeira infância teria impacto na melhoria de renda, na redução da violência, na saúde e na longevidade. Um grupo de trabalho começou a formular a proposta este ano, analisando experiências no País e exterior. No Rio Grande do Sul, o governo estadual buscou ajuda de especialistas cubanos e adotou um programa de visitação semanal de famílias com filhos de até 6 anos. O Programa Infância Melhor ou PIM, como foi batizado, atende 80 mil crianças, conforme o secretário da Saúde, Osmar Terra, que expôs o projeto a Haddad recentemente. De acordo com ele, 90% das conexões do cérebro se formam até os 3 anos. “O PIM cuida do desenvolvimento neuropsíquico, educando a família a atender melhor o bebê. É nessa fase que as crianças aprendem a aprender”, destacou Terra. O ministro citou dados do IBGE que mostram aumento da cobertura de creches no Brasil. Em 2002, segundo ele, 11% das crianças eram atendidas. Em 2008, o percentual chegou a 18%. A projeção de Haddad é que o índice tenha atingido 20% em 2009 e alcance 22% no ano que vem, dobrando o patamar de 2002.
Jornal do Commercio, 27/12/2009 - Recife PE
MEC promete ações integradas com a saúde
RIO – O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que apresentará, no ano que vem, proposta de ação interministerial para atendimento de crianças na faixa de 0 a 3 anos. A ideia é coordenar programas de educação, saúde e assistência social para suprir deficiências familiares e garantir que todas as crianças cheguem à escola aptas a aprender. Haddad quer que a proposta seja incluída no próximo Plano Nacional de Educação, a ser votado pelo Congresso, com diretrizes para a década de 2011 a 2020. A tarefa envolveria também Estados e municípios. “Estamos trabalhando há algum tempo num desenho interministerial para a faixa etária de 0 a 3 anos. Vai exigir um esforço tão grande quanto foi universalizar o ensino fundamental”, afirmou no mesmo seminário do qual participou Heckman.
Ele lembrou que o SUS já oferece uma série de serviços para recém-nascidos, crianças e gestantes, especialmente por meio do Programa Saúde da Família. No dia 16, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, instalou um comitê para articular ações para a primeira infância, num projeto chamado Brasileirinhos e Brasileirinhas Saudáveis. Na mesma linha, o Bolsa Família dá dinheiro à população pobre, exigindo contrapartidas educacionais e de saúde, enquanto o Ministério da Educação financia a construção de creches e ajuda prefeituras a manter pré-escolas e creches com repasses ao Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Essas políticas podem ser mais bem organizadas, no sentido de dar atendimento prioritário para a primeira infância. Não estamos falando só de educação”, afirmou Haddad. Segundo ele, um maior investimento na primeira infância teria impacto na melhoria de renda, na redução da violência, na saúde e na longevidade. Um grupo de trabalho começou a formular a proposta este ano, analisando experiências no País e exterior. No Rio Grande do Sul, o governo estadual buscou ajuda de especialistas cubanos e adotou um programa de visitação semanal de famílias com filhos de até 6 anos. O Programa Infância Melhor ou PIM, como foi batizado, atende 80 mil crianças, conforme o secretário da Saúde, Osmar Terra, que expôs o projeto a Haddad recentemente. De acordo com ele, 90% das conexões do cérebro se formam até os 3 anos. “O PIM cuida do desenvolvimento neuropsíquico, educando a família a atender melhor o bebê. É nessa fase que as crianças aprendem a aprender”, destacou Terra. O ministro citou dados do IBGE que mostram aumento da cobertura de creches no Brasil. Em 2002, segundo ele, 11% das crianças eram atendidas. Em 2008, o percentual chegou a 18%. A projeção de Haddad é que o índice tenha atingido 20% em 2009 e alcance 22% no ano que vem, dobrando o patamar de 2002.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Aula de educação financeira
Mais uma inovação do MEC
Folha de São Paulo, 21/12/2009 - São Paulo SP
Alunos terão aula de educação financeira
Programa atingirá estudantes da rede pública a partir de 2010; meta é ensinar também beneficiários do Bolsa Família. Na primeira fase, conteúdo relacionado a orçamento público, finanças pessoais e poupança será levado a 1.650 escolas do país
Estudantes de 1.650 escolas públicas de ensino médio em todo o país passarão a ter, a partir do próximo ano, aulas sobre educação financeira. Em uma outra etapa, no futuro, o alvo de lições sobre como lidar com o dinheiro serão os 11 milhões de beneficiários do Bolsa Família. Entre os conteúdos a serem ensinados nas escolas, estão orçamento público, finanças pessoais e poupança. O programa foi desenvolvido sob orientação do MEC -que promete formar os professores- e não vai estar inserido em uma só disciplina, mas em várias. Essas escolas integram um projeto-piloto para que, no futuro, a iniciativa seja realidade em todas as escolas do país. Escolas públicas e privadas que quiserem abordar o tema já poderão, no próximo ano, ter acesso aos conteúdos, informou o superintendente de proteção aos investidores da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), José Alexandre Vasco. É a primeira ação do grupo de trabalho formado em 2007 por governo e instituições financeiras para criar uma política de educação financeira. Entre os envolvidos, estão o Banco Central, a CVM, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) e o Ministério da Educação. Também faz parte o Comitê de Regulamentação e Fiscalização do Mercado de Capitais.
Falta de conhecimento - Segundo dados da CVM, apresentados em congresso sobre educação financeira, 82% dos consumidores brasileiros não conhecem os juros que pagam quando tomam empréstimos e 87% não poupam. É essa realidade que o grupo de trabalho formado há dois anos quer começar a mudar com programas de educação financeira como o das escolas. Atendendo a outra sugestão do grupo de trabalho, o governo assinará, no próximo ano, um decreto para criar o Conselho Nacional de Educação Financeira e um grupo de apoio pedagógico. Segundo o superintendente de proteção aos investidores da CVM, eles serão a base para que a educação financeira se torne uma política permanente do governo e das instituições financeiras. Ainda não se sabe quantas crianças serão atingidas, nem de quais Estados, já que os convênios com as escolas ainda estão sendo fechados. Mas, ao fim do ano, os conteúdos ensinados serão avaliados pelo MEC. O foco do programa para beneficiários do Bolsa Família dependerá de uma pesquisa nacional que será feita com essas pessoas no próximo ano. A criação do programa brasileiro de educação financeira está sendo apoiada pela OCDE (Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico), entidade que reúne 30 países ricos e mantém cooperação com cem outros países. Aart de Geus, vice-secretário da OCDE, afirma que o maior desafio para o Brasil levar educação financeira à população é o rápido crescimento da classe média que foi verificado nos últimos anos no país. "É um contingente enorme de pessoas, mas o apoio do governo para implantar uma estratégia de educação financeira coloca o país em situação melhor do que muitos outros."
Folha de São Paulo, 21/12/2009 - São Paulo SP
Alunos terão aula de educação financeira
Programa atingirá estudantes da rede pública a partir de 2010; meta é ensinar também beneficiários do Bolsa Família. Na primeira fase, conteúdo relacionado a orçamento público, finanças pessoais e poupança será levado a 1.650 escolas do país
Estudantes de 1.650 escolas públicas de ensino médio em todo o país passarão a ter, a partir do próximo ano, aulas sobre educação financeira. Em uma outra etapa, no futuro, o alvo de lições sobre como lidar com o dinheiro serão os 11 milhões de beneficiários do Bolsa Família. Entre os conteúdos a serem ensinados nas escolas, estão orçamento público, finanças pessoais e poupança. O programa foi desenvolvido sob orientação do MEC -que promete formar os professores- e não vai estar inserido em uma só disciplina, mas em várias. Essas escolas integram um projeto-piloto para que, no futuro, a iniciativa seja realidade em todas as escolas do país. Escolas públicas e privadas que quiserem abordar o tema já poderão, no próximo ano, ter acesso aos conteúdos, informou o superintendente de proteção aos investidores da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), José Alexandre Vasco. É a primeira ação do grupo de trabalho formado em 2007 por governo e instituições financeiras para criar uma política de educação financeira. Entre os envolvidos, estão o Banco Central, a CVM, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) e o Ministério da Educação. Também faz parte o Comitê de Regulamentação e Fiscalização do Mercado de Capitais.
Falta de conhecimento - Segundo dados da CVM, apresentados em congresso sobre educação financeira, 82% dos consumidores brasileiros não conhecem os juros que pagam quando tomam empréstimos e 87% não poupam. É essa realidade que o grupo de trabalho formado há dois anos quer começar a mudar com programas de educação financeira como o das escolas. Atendendo a outra sugestão do grupo de trabalho, o governo assinará, no próximo ano, um decreto para criar o Conselho Nacional de Educação Financeira e um grupo de apoio pedagógico. Segundo o superintendente de proteção aos investidores da CVM, eles serão a base para que a educação financeira se torne uma política permanente do governo e das instituições financeiras. Ainda não se sabe quantas crianças serão atingidas, nem de quais Estados, já que os convênios com as escolas ainda estão sendo fechados. Mas, ao fim do ano, os conteúdos ensinados serão avaliados pelo MEC. O foco do programa para beneficiários do Bolsa Família dependerá de uma pesquisa nacional que será feita com essas pessoas no próximo ano. A criação do programa brasileiro de educação financeira está sendo apoiada pela OCDE (Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico), entidade que reúne 30 países ricos e mantém cooperação com cem outros países. Aart de Geus, vice-secretário da OCDE, afirma que o maior desafio para o Brasil levar educação financeira à população é o rápido crescimento da classe média que foi verificado nos últimos anos no país. "É um contingente enorme de pessoas, mas o apoio do governo para implantar uma estratégia de educação financeira coloca o país em situação melhor do que muitos outros."
sábado, 19 de dezembro de 2009
Sugestão de livros pela internet
Meus Queridos(as) Amigos(as),
Estou postando as sugestões abaixo, pois o maravilhoso acervo literário de clássicos da literatura mundial que compõem a sugestão são de grande valor cultural.
Aproveitem todos(as).
É BOM PARA O BOLSO E PARA MENTE......
305 livros grátis
Acessem aqui
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domingo, 13 de dezembro de 2009
Hino Nacional SEBRAE
Olá, colegas
Posto novamente o vídeo contendo o Hino Nacional produzido pelo SEBRAE,mostrando as diferenças culturais existentes em nosso país. Vale a pena usá-lo quando for possível.
Baixem aqui: HINO NACIONAL MULTICULTURAL
Bom proveito a todos!
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Bom proveito a todos!
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Ingresso no ensino fundamental - novas notícias
Atualizem seus conhecimentos sobre legislação. Seguem notícias mais atuais sobre entrada da criança no ensino fundamental.
Folha de São Paulo – 09/12/09
MEC fixa data para criança entrar no 1º ano
Projeto a ser enviado ao Congresso prevê que só entra no ensino fundamental aluno que completar 6 anos até 31 de março. Idéia é padronizar sistemas adotados por Estados e municípios; Senado aprovou proposta contrária, que permite ingresso aos 5 anos
ANGELA PINHO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA / FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação decidiu enviar projeto de lei ao Congresso que prevê que só poderão entrar no ensino fundamental (1º ao 9º ano), público ou privado, crianças que completarem seis anos até 31 de março. Já o Senado aprovou ontem texto contrário, que permite o ingresso aos cinco anos. O MEC defendia que o "corte" deveria ser o "início do ano letivo", o que poderia variar entre as redes - de janeiro a março. Por isso, resolveu agora fixar uma data única. A mudança foi decidida anteontem, após reunião com gestores estaduais e municipais. O projeto deve ser enviado ao Legislativo ainda neste ano. O governo Lula tenta padronizar a entrada das crianças no fundamental, uma vez que Estados e municípios têm adotado lógicas diferentes, conforme a Folha mostrou mês passado. Com critérios divergentes, há dificuldades quando o estudante precisa mudar de rede. Além disso, escolas particulares disputam para ver quem aceita crianças mais novas. O Conselho Nacional de Educação recomenda o "corte" no início do ano letivo, o que é seguido por Estados como Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Quem completa seis anos após esse limite deverá estar na pré- escola e entrar no fundamental apenas no ano seguinte. Mas, como a recomendação não tem força de lei, Estados têm aceitado crianças com cinco anos na educação fundamental, desde que completem seis durante o ano letivo. O Conselho Estadual de São Paulo permite que o aluno complete seis anos até o fim de junho; Mato Grosso do Sul e Paraná aceitam até dezembro. O MEC pensava desde o meio do ano em padronizar uma data. Chegou a desistir da ideia, mas retomou depois que começaram a aparecer os critérios divergentes entre as redes. Se aprovada pelo Congresso, a nova lógica definida pelo governo valerá para alunos que ainda vão entrar na pré-escola. Não está definido o que ocorrerá com as que já cursam essa etapa e estão prestes a entrar na educação fundamental.
Divergências - Por trás da confusão, está a discussão de qual idade a criança deve ser alfabetizada. O MEC entende que uma criança de cinco anos é muito nova para entrar no ensino fundamental e começar o processo. O presidente da federação das escolas privadas, José Augusto de Mattos Lourenço, discorda da lógica. O próprio MEC, diz Lourenço, recomenda que o 1º ano do fundamental deva ser parecido com o último ano da antiga pré-escola. A partir do ano que vem, o fundamental passa de oito para nove anos de duração, incorporando um ano da pré-escola. "O que MEC anunciou agora não muda nada. Defendemos o "corte" em 31 de dezembro.
“Criança de cinco anos pode começar a ser alfabetizada, como já ocorre na pré-escola das particulares", afirmou Mattos. Projeto aprovado ontem pela Comissão de Educação do Senado tem caráter semelhante – libera a entrada da criança aos cinco anos. "Podemos ter um currículo adequado ao desenvolvimento da criança", disse o senador Flávio Arns (PSDB-PR), autor da proposta. Se não houver recurso de nenhum senador, o projeto segue para a Câmara; se aprovado, vai para análise de Lula. Além do fundamental de nove anos, o MEC planeja normatizar a pré-escola (quatro e cinco anos), que será obrigatória a partir de 2016, conforme regra que entrou em vigor em novembro. A idéia é proibir repetência e avaliação com nota nessa etapa. Colaborou JOHANNA NUBLAT , da Sucursal de Brasília.
Folha de São Paulo – 09/12/09
MEC fixa data para criança entrar no 1º ano
Projeto a ser enviado ao Congresso prevê que só entra no ensino fundamental aluno que completar 6 anos até 31 de março. Idéia é padronizar sistemas adotados por Estados e municípios; Senado aprovou proposta contrária, que permite ingresso aos 5 anos
ANGELA PINHO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA / FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação decidiu enviar projeto de lei ao Congresso que prevê que só poderão entrar no ensino fundamental (1º ao 9º ano), público ou privado, crianças que completarem seis anos até 31 de março. Já o Senado aprovou ontem texto contrário, que permite o ingresso aos cinco anos. O MEC defendia que o "corte" deveria ser o "início do ano letivo", o que poderia variar entre as redes - de janeiro a março. Por isso, resolveu agora fixar uma data única. A mudança foi decidida anteontem, após reunião com gestores estaduais e municipais. O projeto deve ser enviado ao Legislativo ainda neste ano. O governo Lula tenta padronizar a entrada das crianças no fundamental, uma vez que Estados e municípios têm adotado lógicas diferentes, conforme a Folha mostrou mês passado. Com critérios divergentes, há dificuldades quando o estudante precisa mudar de rede. Além disso, escolas particulares disputam para ver quem aceita crianças mais novas. O Conselho Nacional de Educação recomenda o "corte" no início do ano letivo, o que é seguido por Estados como Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Quem completa seis anos após esse limite deverá estar na pré- escola e entrar no fundamental apenas no ano seguinte. Mas, como a recomendação não tem força de lei, Estados têm aceitado crianças com cinco anos na educação fundamental, desde que completem seis durante o ano letivo. O Conselho Estadual de São Paulo permite que o aluno complete seis anos até o fim de junho; Mato Grosso do Sul e Paraná aceitam até dezembro. O MEC pensava desde o meio do ano em padronizar uma data. Chegou a desistir da ideia, mas retomou depois que começaram a aparecer os critérios divergentes entre as redes. Se aprovada pelo Congresso, a nova lógica definida pelo governo valerá para alunos que ainda vão entrar na pré-escola. Não está definido o que ocorrerá com as que já cursam essa etapa e estão prestes a entrar na educação fundamental.
Divergências - Por trás da confusão, está a discussão de qual idade a criança deve ser alfabetizada. O MEC entende que uma criança de cinco anos é muito nova para entrar no ensino fundamental e começar o processo. O presidente da federação das escolas privadas, José Augusto de Mattos Lourenço, discorda da lógica. O próprio MEC, diz Lourenço, recomenda que o 1º ano do fundamental deva ser parecido com o último ano da antiga pré-escola. A partir do ano que vem, o fundamental passa de oito para nove anos de duração, incorporando um ano da pré-escola. "O que MEC anunciou agora não muda nada. Defendemos o "corte" em 31 de dezembro.
“Criança de cinco anos pode começar a ser alfabetizada, como já ocorre na pré-escola das particulares", afirmou Mattos. Projeto aprovado ontem pela Comissão de Educação do Senado tem caráter semelhante – libera a entrada da criança aos cinco anos. "Podemos ter um currículo adequado ao desenvolvimento da criança", disse o senador Flávio Arns (PSDB-PR), autor da proposta. Se não houver recurso de nenhum senador, o projeto segue para a Câmara; se aprovado, vai para análise de Lula. Além do fundamental de nove anos, o MEC planeja normatizar a pré-escola (quatro e cinco anos), que será obrigatória a partir de 2016, conforme regra que entrou em vigor em novembro. A idéia é proibir repetência e avaliação com nota nessa etapa. Colaborou JOHANNA NUBLAT , da Sucursal de Brasília.
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Legislação Ensino Fundamental
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Idade para entrar no ensino fundamental
Vamos atualizar e acompanhar as notícias sobre educação:
Folha de São Paulo - 03/12/09
MEC limita idade para aluno entrar no 1º ano
Segundo projeto que será enviado ao Congresso, só crianças com 6 anos completos até início do ano letivo poderão começar ensino fundamental. As novas regras deverão valer apenas para estudantes que ainda não estão na escola; educadores defendem padronização - FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação decidiu enviar ao Congresso projeto que determina que só poderão entrar no ensino fundamental público e particular crianças que completem seis anos até o início do ano letivo. A medida visa padronizar os critérios adotados no país. Reportagem publicada pela Folha na semana passada mostrou que, sem regras claras, os Estados adotaram diferentes "cortes" para definir qual criança pode entrar no antigo primário. Muitos têm aceitado alunos com cinco anos. A confusão ocorreu devido à implementação da ampliação do fundamental de oito para nove anos, mudança que entra em vigor em 2010. Até então, não havia "corte" para entrada. Alguns Estados, como Pernambuco e Rio Grande do Sul, seguiram a deliberação do Conselho Nacional da Educação, defendida pelo MEC, de só aceitar alunos que completam seis anos até o início do ano letivo (geralmente em fevereiro).
Já o Conselho Estadual de Educação de SP escolheu fim de junho como "corte". Outros estipularam abril ou dezembro. Nesses casos, os alunos entram na etapa aos cinco anos. A legislação é dúbia sobre o papel do conselho nacional no caso. Ao mesmo tempo que ela dá ao órgão poder para normatizar os procedimentos no país, dá liberdade aos Estados. "Ao alterarmos a Lei de Diretrizes e Bases, todos terão de seguir a mesma lógica", afirmou ontem à Folha a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar. Os detalhes do projeto só serão fechados após reunião no dia 8, que reunirá gestores de todo o país. A ideia é que haja padronização para alunos a partir dos quatro anos. Assim, ao chegarem ao fundamental, já estarão na idade correta. O governo Lula afirma que enviará a proposta ao Congresso ainda neste ano. As novas regras valerão só para os alunos que ainda não estão na escola.
Divergências - A maioria dos educadores ouvidos pela reportagem defendeu que haja padronização da data para entrada na escola. "Crianças são transferidas de município, de Estado. A padronização ajuda nesses casos", afirmou Zilma Oliveira, coordenadora da pós-graduação do Instituto Superior de Educação Vera Cruz. "Também fica mais fácil para o Poder Público planejar a abertura de vagas."
Houve divergências, porém, quanto ao mês escolhido como limite adotado pelo MEC. O governo afirma ser prejudicial colocar crianças de cinco anos no ensino fundamental, por serem muito novas. A situação ocorreria se o "corte" fosse fixado em algum mês após o início do ano letivo. Já o presidente da entidade que representa as escolas particulares afirma que não haveria prejuízo se fossem aceitas crianças que completam seis anos até o final do ano. O próprio MEC, diz ele, recomenda que o primeiro ano do fundamental ampliado seja parecido com o último ano da pré-escola do sistema antigo. Com a regra federal, parte dos alunos se formará no novo ensino fundamental, de nove anos, mais velho do que se estivesse no sistema antigo, de oito anos. O secretário da Educação de São Paulo, Paulo Renato Souza, criticou a padronização. "Não sei por que o afã em regulamentar tudo. Um pouco de liberdade é bom." Ele diz ter dúvidas se a Lei de Diretrizes e Bases terá poder de impor a regra, uma vez que a Constituição dá liberdade aos sistemas locais. O Conselho Estadual de Educação paulista diz ser positiva a padronização, mas que é preciso discutir os critérios e prazos de implementação. Colaborou TAI NALON, colaboração para a Folha.
Projeto protegerá crianças mais novas, diz conselho
O Conselho Nacional de Educação diz que fixou o início do ano letivo como "corte" para entrada no fundamental para evitar que crianças de cinco anos entrem nessa etapa. "Elas não têm maturidade para um ambiente competitivo, disciplinado", afirmou o presidente da Câmara de Educação Básica do órgão, Cesar Callegari. Ele disse que, apesar de a recomendação do conselho e do MEC ser que o primeiro ano do novo fundamental seja semelhante à antiga pré-escola, muitas redes não seguem essa lógica. "Quando coloca o rótulo ensino fundamental, muitas já põem as crianças em fila, com tarefas. Isso é prejudicial." Callegari reconhece que, com o "corte" fixado no início do ano letivo, algumas crianças se formarão no novo ensino fundamental mais velhas do que se estivessem no fundamental de oito anos -ainda que a ideia inicial era que a escolarização começasse mais cedo e não terminasse mais tarde. "Mas deveremos aprovar uma deliberação na semana que vem deixando explícito que qualquer mudança não vai afetar as crianças que já estão no sistema", afirmou. Para Adriana Cury Sonnewend, diretora da escola Santi (zona sul de SP), o "corte" não deve trazer problemas. "Desde que haja tempo para adaptação e que mude apenas para os alunos que ainda vão entrar." (FT)
Medida fará aluno se formar mais velho, critica gestor
O presidente da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), José Augusto de Mattos Lourenço, defende que haja uma padronização na data de ingresso na escola. Ele critica, porém, o "corte" imposto pelo Ministério da Educação, pois parte dos alunos se formará um ano depois em relação o antigo fundamental, com oito anos de duração. Isso ocorrerá porque boa parte dos alunos do novo primeiro ano do fundamental terá sete anos -são crianças que nasceram entre fevereiro e dezembro, após o "corte" determinado pelo MEC, e só entrarão no fundamental um ano depois. Como terão de cumprir nove anos no ensino fundamental, acabarão a etapa com 15 anos de idade. No antigo fundamental, os alunos também ingressavam na etapa aos sete anos, mas, como cumpriam oito anos de estudo, se formavam aos 14. "Para as escolas do fundamental é bom, porque é um ano a mais de anuidade. Mas e para as famílias? Será mais um ano de gastos", disse Lourenço. Quando o ensino fundamental foi ampliado, a ideia era que a criança entrasse mais nova na escola (a idade de entrada caiu de sete para seis anos). "O corte estipulado pelo MEC anulou isso. O que vai ocorrer agora é que boa parte delas vai se formar mais tarde", afirmou o dirigente.
Folha de São Paulo - 03/12/09
MEC limita idade para aluno entrar no 1º ano
Segundo projeto que será enviado ao Congresso, só crianças com 6 anos completos até início do ano letivo poderão começar ensino fundamental. As novas regras deverão valer apenas para estudantes que ainda não estão na escola; educadores defendem padronização - FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação decidiu enviar ao Congresso projeto que determina que só poderão entrar no ensino fundamental público e particular crianças que completem seis anos até o início do ano letivo. A medida visa padronizar os critérios adotados no país. Reportagem publicada pela Folha na semana passada mostrou que, sem regras claras, os Estados adotaram diferentes "cortes" para definir qual criança pode entrar no antigo primário. Muitos têm aceitado alunos com cinco anos. A confusão ocorreu devido à implementação da ampliação do fundamental de oito para nove anos, mudança que entra em vigor em 2010. Até então, não havia "corte" para entrada. Alguns Estados, como Pernambuco e Rio Grande do Sul, seguiram a deliberação do Conselho Nacional da Educação, defendida pelo MEC, de só aceitar alunos que completam seis anos até o início do ano letivo (geralmente em fevereiro).
Já o Conselho Estadual de Educação de SP escolheu fim de junho como "corte". Outros estipularam abril ou dezembro. Nesses casos, os alunos entram na etapa aos cinco anos. A legislação é dúbia sobre o papel do conselho nacional no caso. Ao mesmo tempo que ela dá ao órgão poder para normatizar os procedimentos no país, dá liberdade aos Estados. "Ao alterarmos a Lei de Diretrizes e Bases, todos terão de seguir a mesma lógica", afirmou ontem à Folha a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar. Os detalhes do projeto só serão fechados após reunião no dia 8, que reunirá gestores de todo o país. A ideia é que haja padronização para alunos a partir dos quatro anos. Assim, ao chegarem ao fundamental, já estarão na idade correta. O governo Lula afirma que enviará a proposta ao Congresso ainda neste ano. As novas regras valerão só para os alunos que ainda não estão na escola.
Divergências - A maioria dos educadores ouvidos pela reportagem defendeu que haja padronização da data para entrada na escola. "Crianças são transferidas de município, de Estado. A padronização ajuda nesses casos", afirmou Zilma Oliveira, coordenadora da pós-graduação do Instituto Superior de Educação Vera Cruz. "Também fica mais fácil para o Poder Público planejar a abertura de vagas."
Houve divergências, porém, quanto ao mês escolhido como limite adotado pelo MEC. O governo afirma ser prejudicial colocar crianças de cinco anos no ensino fundamental, por serem muito novas. A situação ocorreria se o "corte" fosse fixado em algum mês após o início do ano letivo. Já o presidente da entidade que representa as escolas particulares afirma que não haveria prejuízo se fossem aceitas crianças que completam seis anos até o final do ano. O próprio MEC, diz ele, recomenda que o primeiro ano do fundamental ampliado seja parecido com o último ano da pré-escola do sistema antigo. Com a regra federal, parte dos alunos se formará no novo ensino fundamental, de nove anos, mais velho do que se estivesse no sistema antigo, de oito anos. O secretário da Educação de São Paulo, Paulo Renato Souza, criticou a padronização. "Não sei por que o afã em regulamentar tudo. Um pouco de liberdade é bom." Ele diz ter dúvidas se a Lei de Diretrizes e Bases terá poder de impor a regra, uma vez que a Constituição dá liberdade aos sistemas locais. O Conselho Estadual de Educação paulista diz ser positiva a padronização, mas que é preciso discutir os critérios e prazos de implementação. Colaborou TAI NALON, colaboração para a Folha.
Projeto protegerá crianças mais novas, diz conselho
O Conselho Nacional de Educação diz que fixou o início do ano letivo como "corte" para entrada no fundamental para evitar que crianças de cinco anos entrem nessa etapa. "Elas não têm maturidade para um ambiente competitivo, disciplinado", afirmou o presidente da Câmara de Educação Básica do órgão, Cesar Callegari. Ele disse que, apesar de a recomendação do conselho e do MEC ser que o primeiro ano do novo fundamental seja semelhante à antiga pré-escola, muitas redes não seguem essa lógica. "Quando coloca o rótulo ensino fundamental, muitas já põem as crianças em fila, com tarefas. Isso é prejudicial." Callegari reconhece que, com o "corte" fixado no início do ano letivo, algumas crianças se formarão no novo ensino fundamental mais velhas do que se estivessem no fundamental de oito anos -ainda que a ideia inicial era que a escolarização começasse mais cedo e não terminasse mais tarde. "Mas deveremos aprovar uma deliberação na semana que vem deixando explícito que qualquer mudança não vai afetar as crianças que já estão no sistema", afirmou. Para Adriana Cury Sonnewend, diretora da escola Santi (zona sul de SP), o "corte" não deve trazer problemas. "Desde que haja tempo para adaptação e que mude apenas para os alunos que ainda vão entrar." (FT)
Medida fará aluno se formar mais velho, critica gestor
O presidente da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), José Augusto de Mattos Lourenço, defende que haja uma padronização na data de ingresso na escola. Ele critica, porém, o "corte" imposto pelo Ministério da Educação, pois parte dos alunos se formará um ano depois em relação o antigo fundamental, com oito anos de duração. Isso ocorrerá porque boa parte dos alunos do novo primeiro ano do fundamental terá sete anos -são crianças que nasceram entre fevereiro e dezembro, após o "corte" determinado pelo MEC, e só entrarão no fundamental um ano depois. Como terão de cumprir nove anos no ensino fundamental, acabarão a etapa com 15 anos de idade. No antigo fundamental, os alunos também ingressavam na etapa aos sete anos, mas, como cumpriam oito anos de estudo, se formavam aos 14. "Para as escolas do fundamental é bom, porque é um ano a mais de anuidade. Mas e para as famílias? Será mais um ano de gastos", disse Lourenço. Quando o ensino fundamental foi ampliado, a ideia era que a criança entrasse mais nova na escola (a idade de entrada caiu de sete para seis anos). "O corte estipulado pelo MEC anulou isso. O que vai ocorrer agora é que boa parte delas vai se formar mais tarde", afirmou o dirigente.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Anistia de Paulo Freire
Vale a pena ler a notícia abaixo e nos espelharmos nesse grande educador brasileiro.
O Estadão - quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Concedida anistia post-mortem ao educador Paulo Freire
VANNILDO MENDES - Agencia Estado
BRASÍLIA - Diante de 15 mil pessoas, entre elas 2 mil educadores do Brasil e de outros 22 países, a Comissão de Anistia anunciou a concessão da anistia post-mortem ao educador brasileiro Paulo Freire, criador do método revolucionário de alfabetização que leva seu nome, adotado em diversas países. Preso em 1964 pelo regime militar, demitido da Universidade Federal de Pernambuco e expulso do País como subversivo, Freire morreu em 1997.
Seu "crime", comentou o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, foi ter identificado na alfabetização um processo de "libertação e conscientização política" das camadas mais pobres da população. Na avaliação de Abrão, a perseguição a Freire foi "um dos prejuízos mais severos e imensuráveis que a ditadura militar legou ao Brasil."
O julgamento do processo de reparação a Freire, movido pela família do educador, contou com a presença da viúva dele, Ana Maria Araújo Freire. O anúncio da anistia foi feito no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
Em mensagem enviada de Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se solidarizou com a família do educador. "Anistiar Freire é libertar o Brasil da cegueira moral e intelectual que levou governantes a considerarem inimigos da Pátria educadores que queriam libertar o País do analfabetismo", afirmou.
O Estadão - quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Concedida anistia post-mortem ao educador Paulo Freire
VANNILDO MENDES - Agencia Estado
BRASÍLIA - Diante de 15 mil pessoas, entre elas 2 mil educadores do Brasil e de outros 22 países, a Comissão de Anistia anunciou a concessão da anistia post-mortem ao educador brasileiro Paulo Freire, criador do método revolucionário de alfabetização que leva seu nome, adotado em diversas países. Preso em 1964 pelo regime militar, demitido da Universidade Federal de Pernambuco e expulso do País como subversivo, Freire morreu em 1997.
Seu "crime", comentou o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, foi ter identificado na alfabetização um processo de "libertação e conscientização política" das camadas mais pobres da população. Na avaliação de Abrão, a perseguição a Freire foi "um dos prejuízos mais severos e imensuráveis que a ditadura militar legou ao Brasil."
O julgamento do processo de reparação a Freire, movido pela família do educador, contou com a presença da viúva dele, Ana Maria Araújo Freire. O anúncio da anistia foi feito no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
Em mensagem enviada de Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se solidarizou com a família do educador. "Anistiar Freire é libertar o Brasil da cegueira moral e intelectual que levou governantes a considerarem inimigos da Pátria educadores que queriam libertar o País do analfabetismo", afirmou.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
13 anos da LDB 9394/96
Pessoal, saiu uma reportagem interessante sobre os 13 anos da LDB 9394/96. Penso que vale a pena ler.
Correio Braziliense, 24/11/2009 - Brasília DF
LDB representou avanço para educação, dizem ex-ministros
Da Agência Senado
Os primeiros 13 anos de vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) representaram um importante avanço para o setor, segundo concordaram quatro ex-ministros que participaram de audiência pública sobre o tema promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), nesta terça-feira (24). A audiência foi presidida pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). Ministro durante o período entre o fim de 1987 e o início de 1989, Hugo Napoleão ressaltou inicialmente o papel decisivo exercido pela educação, a seu ver, no desenvolvimento de países como a Alemanha e a Coréia do Sul. Depois de passar por duas guerras, recordou, a Alemanha chegou ao final do século 20 como maior potência européia graças à educação. E a Coréia do Sul desponta como grande potência econômica no início do século 21 pelo mesmo motivo, comparou o ex-ministro. Ao analisar as 23 leis que alteraram a LDB, ele observou que a maioria delas aperfeiçoou o texto original. Na sua opinião, a LDB está cumprindo bem o seu papel. - Houve indiscutivelmente um avanço sob a égide da nova lei - avaliou.
Para o ex-ministro Carlos Chiarelli - que ocupou a pasta entre 1990 e 1991 - as modificações foram "maquiagens" na lei, que até hoje não precisa, a seu ver, de uma "cirurgia reparadora". Em sua opinião, porém, a LDB deveria dar maior ênfase ao ensino a distância, em um país com as dimensões continentais do Brasil, e ao ensino especial profissional, dedicado às pessoas com deficiência. - Existe mais de um milhão de vagas no mercado de trabalho para pessoas deficientes, segundo estabelece a lei. Mas as vagas muitas vezes não são preenchidas por falta de habilitação dos candidatos - lamentou Chiarelli, para quem seria possível educar 500 mil pessoas com deficiência com investimentos de aproximadamente R$ 300 milhões.
O senador Marco Maciel (DEM-PE), que foi ministro de 1985 a 1986, disse que procurou antecipar, durante a sua gestão, alguns princípios que seriam incluídos na nova lei, como a descentralização da merenda escolar e a valorização das universidades. Mas lamentou que algumas inovações da LDB, como o estabelecimento da jornada ampliada para o ensino fundamental, ainda não tenham sido colocadas em prática. Ministro de 2003 a 2004, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) reconheceu o "avanço conceitual" trazido pela LDB, mas sugeriu uma atualização da lei, para que se possa promover um "avanço estrutural". A responsabilidade pela escola, a seu ver, deveria ser federal, apesar da gestão descentralizada, uma vez que há estados e municípios mais ricos do que outros. Caberia à união, para ele, estabelecer uma carreira única para o magistério, assim como critérios para que um estabelecimento escolar possa de fato ser considerado uma escola. Além disso, o governo federal deveria implantar o horário integral nas escolas.
Ao participar do debate, o senador Augusto Botelho (PT-RR) lembrou que existem escolas em Roraima que nem sequer possuem quadro negro. O acesso à internet, onde há, ainda é muito lento, observou. O senador Flávio Arns (PT-PR) disse que o aperfeiçoamento da educação exige mais investimentos e lamentou que metade da arrecadação federal seja feita por meio de contribuições, cujos recursos não são repassados a estados e municípios. - Hoje poderíamos ter o dobro de recursos para a educação. Lugar de criança é no orçamento - disse Arns. Ao final da reunião, o senador Raimundo Colombo (DEM-SC) afirmou que a educação foi um dos setores que mais evoluiu no serviço público, ao longo dos 13 anos de vigência da LDB. Ele chamou atenção, porém, para o crescimento da violência e do uso de drogas entre os jovens nos últimos anos.
Correio Braziliense, 24/11/2009 - Brasília DF
LDB representou avanço para educação, dizem ex-ministros
Da Agência Senado
Os primeiros 13 anos de vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) representaram um importante avanço para o setor, segundo concordaram quatro ex-ministros que participaram de audiência pública sobre o tema promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), nesta terça-feira (24). A audiência foi presidida pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). Ministro durante o período entre o fim de 1987 e o início de 1989, Hugo Napoleão ressaltou inicialmente o papel decisivo exercido pela educação, a seu ver, no desenvolvimento de países como a Alemanha e a Coréia do Sul. Depois de passar por duas guerras, recordou, a Alemanha chegou ao final do século 20 como maior potência européia graças à educação. E a Coréia do Sul desponta como grande potência econômica no início do século 21 pelo mesmo motivo, comparou o ex-ministro. Ao analisar as 23 leis que alteraram a LDB, ele observou que a maioria delas aperfeiçoou o texto original. Na sua opinião, a LDB está cumprindo bem o seu papel. - Houve indiscutivelmente um avanço sob a égide da nova lei - avaliou.
Para o ex-ministro Carlos Chiarelli - que ocupou a pasta entre 1990 e 1991 - as modificações foram "maquiagens" na lei, que até hoje não precisa, a seu ver, de uma "cirurgia reparadora". Em sua opinião, porém, a LDB deveria dar maior ênfase ao ensino a distância, em um país com as dimensões continentais do Brasil, e ao ensino especial profissional, dedicado às pessoas com deficiência. - Existe mais de um milhão de vagas no mercado de trabalho para pessoas deficientes, segundo estabelece a lei. Mas as vagas muitas vezes não são preenchidas por falta de habilitação dos candidatos - lamentou Chiarelli, para quem seria possível educar 500 mil pessoas com deficiência com investimentos de aproximadamente R$ 300 milhões.
O senador Marco Maciel (DEM-PE), que foi ministro de 1985 a 1986, disse que procurou antecipar, durante a sua gestão, alguns princípios que seriam incluídos na nova lei, como a descentralização da merenda escolar e a valorização das universidades. Mas lamentou que algumas inovações da LDB, como o estabelecimento da jornada ampliada para o ensino fundamental, ainda não tenham sido colocadas em prática. Ministro de 2003 a 2004, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) reconheceu o "avanço conceitual" trazido pela LDB, mas sugeriu uma atualização da lei, para que se possa promover um "avanço estrutural". A responsabilidade pela escola, a seu ver, deveria ser federal, apesar da gestão descentralizada, uma vez que há estados e municípios mais ricos do que outros. Caberia à união, para ele, estabelecer uma carreira única para o magistério, assim como critérios para que um estabelecimento escolar possa de fato ser considerado uma escola. Além disso, o governo federal deveria implantar o horário integral nas escolas.
Ao participar do debate, o senador Augusto Botelho (PT-RR) lembrou que existem escolas em Roraima que nem sequer possuem quadro negro. O acesso à internet, onde há, ainda é muito lento, observou. O senador Flávio Arns (PT-PR) disse que o aperfeiçoamento da educação exige mais investimentos e lamentou que metade da arrecadação federal seja feita por meio de contribuições, cujos recursos não são repassados a estados e municípios. - Hoje poderíamos ter o dobro de recursos para a educação. Lugar de criança é no orçamento - disse Arns. Ao final da reunião, o senador Raimundo Colombo (DEM-SC) afirmou que a educação foi um dos setores que mais evoluiu no serviço público, ao longo dos 13 anos de vigência da LDB. Ele chamou atenção, porém, para o crescimento da violência e do uso de drogas entre os jovens nos últimos anos.
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Avanços e retrocessos na LDB
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Inclusão
Alunos do 6º período de Pedagogia,
Deixo postado o vídeo que passei para vocês na aula do dia 23/11/2009.
Espero que consigam viver a experiência maravilhosa de participar do processo de inclusão das crianças com necessidades educativas especiais. É um grande privilégio para todo educador.
Vídeo: Inclusão Especial
Um beijo,
Profª Marcia Gil
Deixo postado o vídeo que passei para vocês na aula do dia 23/11/2009.
Espero que consigam viver a experiência maravilhosa de participar do processo de inclusão das crianças com necessidades educativas especiais. É um grande privilégio para todo educador.
Vídeo: Inclusão Especial
Um beijo,
Profª Marcia Gil
sábado, 14 de novembro de 2009
Exercícios de História da Educação I
Aos alunos que não compareceram no dia 14/11, deixo aqui os exercícios avaliativos que dei. Quem tiver interesse em me entregar, aceitarei até o dia 18/11/09.
Profª Marcia
FEPI - UNIVERSITAS – Centro Universitário de Itajubá
Curso de Pedagogia – 2º período - História da Educação I - Profª Marcia Gil de Souza
Exercícios de Avaliação – Herbart e Comte – 5 pontos
1-Leia o texto abaixo:
“Realizações, belas-artes, belles-lettres, e todas estas coisas que, como nós dizemos, constituem o florescimento da civilização, deveriam estar totalmente subordinadas àquele conhecimento e disciplina sobre os quais a civilização repousa. Assim como ocupar a parte de lazer da educação.” Com base na citação de Herbert Spencer, responda:
a-Qual seria a espécie de conhecimento “sobre o qual a civilização repousa”?
b-Identifique o pressuposto positivista do pensamento de acordo com esse tipo de subordinação.
c-Que programa de ensino esta concepção costuma estabelecer?
2-Qual a diferença entre governo e disciplina, para Herbart?
3-Qual foi a importância de Herbart para o fortalecimento da escola tradicional?
Profª Marcia
FEPI - UNIVERSITAS – Centro Universitário de Itajubá
Curso de Pedagogia – 2º período - História da Educação I - Profª Marcia Gil de Souza
Exercícios de Avaliação – Herbart e Comte – 5 pontos
1-Leia o texto abaixo:
“Realizações, belas-artes, belles-lettres, e todas estas coisas que, como nós dizemos, constituem o florescimento da civilização, deveriam estar totalmente subordinadas àquele conhecimento e disciplina sobre os quais a civilização repousa. Assim como ocupar a parte de lazer da educação.” Com base na citação de Herbert Spencer, responda:
a-Qual seria a espécie de conhecimento “sobre o qual a civilização repousa”?
b-Identifique o pressuposto positivista do pensamento de acordo com esse tipo de subordinação.
c-Que programa de ensino esta concepção costuma estabelecer?
2-Qual a diferença entre governo e disciplina, para Herbart?
3-Qual foi a importância de Herbart para o fortalecimento da escola tradicional?
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Escola Tradicional e Positivismo
Formação de Professores e Mitos na Educação
Pessoal, leia a reportagem abaixo. Ela é bastante útil para avaliarmos a qualidade da educação e os motivos que baixam ou aumentam essa qualidade.
Folha de São Paulo, 09/11/2009 - São Paulo SP - 7 mitos na educação
Pesquisas nacionais e internacionais mostram que, isoladas, "soluções" que parecem óbvias não melhoram o desempenho dos alunos - FABIANA REWALD DA REPORTAGEM LOCAL
Para melhorar a educação no Brasil basta investir mais, aumentar o salário dos professores e treiná-los constantemente, além de melhorar a infraestrutura das escolas, certo? Errado. Diversos estudos nacionais e internacionais mostram que as "soluções" acima, na verdade, não passam de mitos. São questões importantes para um projeto de longo prazo, mas que por si só não promovem melhoria na educação. Em relação ao investimento, por exemplo, municípios que gastam R$ 1.000 por aluno no fundamental tiveram a mesma nota na Prova Brasil (exame federal que avalia estudantes) que municípios que gastam R$ 3.000, segundo dados de 2005 que embasam pesquisa de Naercio Aquino Menezes Filho, do Insper (antigo Ibmec). Cingapura é outro exemplo de que gastos e qualidade na educação não têm uma relação direta. O país obteve ótimos resultados nos últimos anos apesar de ter aplicado menos recursos na educação primária que 27 dos 30 países da OCDE (organização de países desenvolvidos), segundo relatório de 2007 da consultoria McKinsey.
A relação entre desempenho dos alunos e salários de professores também não é tão direta. O Distrito Federal, por exemplo, paga os melhores salários do país, mas não tem o melhor resultado em exames federais como Prova Brasil e Saeb, segundo levantamento feito por Maria Helena Guimarães de Castro quando era secretária de Educação de SP, cargo que deixou neste ano. O problema da educação é muito mais complexo. Mas é consenso que o ponto central é ter professores bem formados, que saibam ensinar e dominem a disciplina que lecionam. Parece simples, mas não é. É comum, em muitas regiões do país, que professores de matemática sejam contratados para ensinar física. Segundo o censo da educação básica de 2007, dos professores de física no ensino médio do país, só 25% tinha formação na área. Isso porque os formados em física acabam atraídos por outras profissões com maior retorno financeiro. Mas, então, aumentar o salário significativamente não ajudaria? Estudiosos de educação acreditam que um reajuste assim só teria efeito no longo prazo. Aumentar sem critérios os salários de todos os professores não fará com que eles passem a ensinar melhor agora, pois já têm falhas na sua formação. Uma opção a curto prazo sugerida por Menezes Filho é atrelar o reajuste à melhora no desempenho. Assim, ele funcionaria como estímulo. Já no longo prazo, de fato, esse aumento no salário pode ser eficaz, a partir do momento em que a carreira de professor passa a interessar os melhores alunos do ensino médio. Abaixo, veja sete mitos derrubados por pesquisas :
• "Os Determinantes do Desempenho Escolar", de Naercio Menezes Filho (2007);
• "A Relação entre Gastos Educacionais e Desempenho Escolar", de Luiz Felipe Leite Estanislau do Amaral e Naércio Menezes Filho;
• "Avaliando o Impacto da Progressão Continuada nas Taxas de Rendimento e Desempenho Escolar no Brasil", de Naercio Menezes Filho, Ligia Vasconcellos, Sergio Werlang e Roberta Biondi (2004);
• "O Impacto dos Métodos Estruturados de Ensino na Proficiência dos Alunos da Rede Pública Municipal do Estado de São Paulo", de Maria Carolina da Silva Leme, Paula Louzano, Vladimir Ponczek e André Portela de Souza (2009);
• "Sistemas Estruturados de Ensino e Redes Municipais do Estado de São Paulo", coordenado por Paula Louzano (2009);
• "Sucesso Escolar nos Meios Populares - As Razões do Improvável", livro de Bernard Lahire (2004);
• "How the world's best performing school systems come out on top", da McKinsey&Company (2007);
• "Efficiency and Equity in Schools around the World", de Eric A. Hanushek e Javier A. Luque (2002);
• "Family, Classroom, and School Effects on Children's Educational Outcomes in Latin America", de J. Douglas Willms e Marie-Andree Somers (2001);
• "The Effect of School Resources on Student Achievement", de Rob Greenwald, Larry V. Hedges e Richard D. Laine (1996);
• "Interpreting Recent Research on Schooling in Developing Countries", de Eric A. Hanushek (1995);
• "Schooling Quality in a Cross Section of Countries", de Jong-Wha Lee e Robert J. Barro (1997);
• "Factores que Afectan el Rendimiento Academico en la Educacion Primaria", de Eduardo Velez, Ernesto Schiefelbein e Jorge Valenzuela (1993);
• "Teacher Quality and Student Achievement: A Review of State Policy Evidence", de Linda Darling-Hammond (2000);
• "Efficiency-Enhancing Investments in School Quality", de Eric A. Hanushek, João Batista Gomes Neto e Ralph W. Harbison;
• "Educação Secundária no Brasil: Chegou a Hora", de Alberto Rodríguez e Carlos A. Herrán (2000)
• "Brazil, Teachers Development and Incentives - A Strategic Framework", de Françoise Delannoy e Guilherme Sedlacek (2001).
Folha de São Paulo, 09/11/2009 - São Paulo SP - 7 mitos na educação
Pesquisas nacionais e internacionais mostram que, isoladas, "soluções" que parecem óbvias não melhoram o desempenho dos alunos - FABIANA REWALD DA REPORTAGEM LOCAL
Para melhorar a educação no Brasil basta investir mais, aumentar o salário dos professores e treiná-los constantemente, além de melhorar a infraestrutura das escolas, certo? Errado. Diversos estudos nacionais e internacionais mostram que as "soluções" acima, na verdade, não passam de mitos. São questões importantes para um projeto de longo prazo, mas que por si só não promovem melhoria na educação. Em relação ao investimento, por exemplo, municípios que gastam R$ 1.000 por aluno no fundamental tiveram a mesma nota na Prova Brasil (exame federal que avalia estudantes) que municípios que gastam R$ 3.000, segundo dados de 2005 que embasam pesquisa de Naercio Aquino Menezes Filho, do Insper (antigo Ibmec). Cingapura é outro exemplo de que gastos e qualidade na educação não têm uma relação direta. O país obteve ótimos resultados nos últimos anos apesar de ter aplicado menos recursos na educação primária que 27 dos 30 países da OCDE (organização de países desenvolvidos), segundo relatório de 2007 da consultoria McKinsey.
A relação entre desempenho dos alunos e salários de professores também não é tão direta. O Distrito Federal, por exemplo, paga os melhores salários do país, mas não tem o melhor resultado em exames federais como Prova Brasil e Saeb, segundo levantamento feito por Maria Helena Guimarães de Castro quando era secretária de Educação de SP, cargo que deixou neste ano. O problema da educação é muito mais complexo. Mas é consenso que o ponto central é ter professores bem formados, que saibam ensinar e dominem a disciplina que lecionam. Parece simples, mas não é. É comum, em muitas regiões do país, que professores de matemática sejam contratados para ensinar física. Segundo o censo da educação básica de 2007, dos professores de física no ensino médio do país, só 25% tinha formação na área. Isso porque os formados em física acabam atraídos por outras profissões com maior retorno financeiro. Mas, então, aumentar o salário significativamente não ajudaria? Estudiosos de educação acreditam que um reajuste assim só teria efeito no longo prazo. Aumentar sem critérios os salários de todos os professores não fará com que eles passem a ensinar melhor agora, pois já têm falhas na sua formação. Uma opção a curto prazo sugerida por Menezes Filho é atrelar o reajuste à melhora no desempenho. Assim, ele funcionaria como estímulo. Já no longo prazo, de fato, esse aumento no salário pode ser eficaz, a partir do momento em que a carreira de professor passa a interessar os melhores alunos do ensino médio. Abaixo, veja sete mitos derrubados por pesquisas :
• "Os Determinantes do Desempenho Escolar", de Naercio Menezes Filho (2007);
• "A Relação entre Gastos Educacionais e Desempenho Escolar", de Luiz Felipe Leite Estanislau do Amaral e Naércio Menezes Filho;
• "Avaliando o Impacto da Progressão Continuada nas Taxas de Rendimento e Desempenho Escolar no Brasil", de Naercio Menezes Filho, Ligia Vasconcellos, Sergio Werlang e Roberta Biondi (2004);
• "O Impacto dos Métodos Estruturados de Ensino na Proficiência dos Alunos da Rede Pública Municipal do Estado de São Paulo", de Maria Carolina da Silva Leme, Paula Louzano, Vladimir Ponczek e André Portela de Souza (2009);
• "Sistemas Estruturados de Ensino e Redes Municipais do Estado de São Paulo", coordenado por Paula Louzano (2009);
• "Sucesso Escolar nos Meios Populares - As Razões do Improvável", livro de Bernard Lahire (2004);
• "How the world's best performing school systems come out on top", da McKinsey&Company (2007);
• "Efficiency and Equity in Schools around the World", de Eric A. Hanushek e Javier A. Luque (2002);
• "Family, Classroom, and School Effects on Children's Educational Outcomes in Latin America", de J. Douglas Willms e Marie-Andree Somers (2001);
• "The Effect of School Resources on Student Achievement", de Rob Greenwald, Larry V. Hedges e Richard D. Laine (1996);
• "Interpreting Recent Research on Schooling in Developing Countries", de Eric A. Hanushek (1995);
• "Schooling Quality in a Cross Section of Countries", de Jong-Wha Lee e Robert J. Barro (1997);
• "Factores que Afectan el Rendimiento Academico en la Educacion Primaria", de Eduardo Velez, Ernesto Schiefelbein e Jorge Valenzuela (1993);
• "Teacher Quality and Student Achievement: A Review of State Policy Evidence", de Linda Darling-Hammond (2000);
• "Efficiency-Enhancing Investments in School Quality", de Eric A. Hanushek, João Batista Gomes Neto e Ralph W. Harbison;
• "Educação Secundária no Brasil: Chegou a Hora", de Alberto Rodríguez e Carlos A. Herrán (2000)
• "Brazil, Teachers Development and Incentives - A Strategic Framework", de Françoise Delannoy e Guilherme Sedlacek (2001).
domingo, 8 de novembro de 2009
Moral, Ética e Preconceito na Escola
Na semana passada tivemos um caso de repercussão nacional, ocorrido em uma universidade paulista, referente a roupa que uma aluna usou e a discriminação abusada que ela sofreu por parte dos colegas.
Os alunos mostraram preocupação com o bom nome da escola e um possível prejuízo com seu futuro profissional devido ao escândalo. A Universidade, parece-nos, tomou então a decisão de expulsá-la da escola, medida que acho sem sentido e preconceituosa.
Leiam a matéria abaixo, a respeito da posição que o MEC assumiu em relação ao assunto:
MEC pedirá explicações a Uniban sobre expulsão de aluna que usava minissaia
Plantão | Publicada em 08/11/2009 às 18h48m - Martha Beck , O Globo
BRASÍLIA - O Ministério da Educação pedirá à Universidade Bandeirante (Uniban) explicações sobre a expulsão da aluna Geisy Villa Nova Arruda, que foi hostilizada por seus colegas quando trajava minissaia nas dependências da instituição. Segundo a secretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari, o órgão quer averiguar por que os demais estudantes não receberam o mesmo tratamento dado a Geisy.
Para a secretária, a Uniban não exerceu seu papel de educar e formar cidadãos. Maria Paula Dallari avalia que a Uniban poderia, eventualmente, ter adotado uma solução interna.
- Haver um conflito não é um problema. O problema é como uma instituição que tem como dever educar e formar para a cidadania reage - afirmou.
O MEC pode fazer uma chamada pública à Uniban. Outro caminho seria trabalhar junto com o Ministério Público dando seu parecer sobre o caso. Além das explicações, o ministério pedirá uma cópia do processo de investigação feito pela universidade para saber o que realmente aconteceu.
Os alunos mostraram preocupação com o bom nome da escola e um possível prejuízo com seu futuro profissional devido ao escândalo. A Universidade, parece-nos, tomou então a decisão de expulsá-la da escola, medida que acho sem sentido e preconceituosa.
Leiam a matéria abaixo, a respeito da posição que o MEC assumiu em relação ao assunto:
MEC pedirá explicações a Uniban sobre expulsão de aluna que usava minissaia
Plantão | Publicada em 08/11/2009 às 18h48m - Martha Beck , O Globo
BRASÍLIA - O Ministério da Educação pedirá à Universidade Bandeirante (Uniban) explicações sobre a expulsão da aluna Geisy Villa Nova Arruda, que foi hostilizada por seus colegas quando trajava minissaia nas dependências da instituição. Segundo a secretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari, o órgão quer averiguar por que os demais estudantes não receberam o mesmo tratamento dado a Geisy.
Para a secretária, a Uniban não exerceu seu papel de educar e formar cidadãos. Maria Paula Dallari avalia que a Uniban poderia, eventualmente, ter adotado uma solução interna.
- Haver um conflito não é um problema. O problema é como uma instituição que tem como dever educar e formar para a cidadania reage - afirmou.
O MEC pode fazer uma chamada pública à Uniban. Outro caminho seria trabalhar junto com o Ministério Público dando seu parecer sobre o caso. Além das explicações, o ministério pedirá uma cópia do processo de investigação feito pela universidade para saber o que realmente aconteceu.
Artigo sobre prática pedagógica do professor
Aos alunos do 2º período de Pedagogia,
Deixo postado um modelo de artigo, montado por mim, a fim de ajudá-los na organização do próprio artigo que farão para entregar no final do bimestre. Na próxima 4ª feira comentaremos a respeito.
Bjs
Profª Marcia Gil
Deixo postado um modelo de artigo, montado por mim, a fim de ajudá-los na organização do próprio artigo que farão para entregar no final do bimestre. Na próxima 4ª feira comentaremos a respeito.
Bjs
Profª Marcia Gil
sábado, 7 de novembro de 2009
Material das aulas de História da Educação I
Aos alunos do 2º período de Pedagogia,
Posto aqui o material usado na aula de 07/11 (e que podem ser consultados para resolver os exercícios que dei a vocês) e os gráficos que foram gerados pela pesquisa que fizemos. Nós os utilizaremos na aula de 11/11.
Aula de 07/11 : Aula sobre Kant / Aula sobre Comenio e Rousseau
Gráficos da pesquisa
Posto aqui o material usado na aula de 07/11 (e que podem ser consultados para resolver os exercícios que dei a vocês) e os gráficos que foram gerados pela pesquisa que fizemos. Nós os utilizaremos na aula de 11/11.
Aula de 07/11 : Aula sobre Kant / Aula sobre Comenio e Rousseau
Gráficos da pesquisa
Marcadores:
Slides da aula de 07/11 e gráficos da pesquisa
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Educação Ambiental
A quem possa interessar, deixo aqui uma monografia sobre Recursos Hídricos e Educação Ambiental.
Penso que pode ajudar em futuros projetos a respeito.
Bom proveito!
Penso que pode ajudar em futuros projetos a respeito.
Bom proveito!
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Alteração da LDB 9394/96
Leiam a mudança que foi feita na Lei 9394/96 - é ótima para a educação pública.
O Globo - 29/10/09
Senado aprova educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos
O Senado alterou a idade de acesso às escolas públicas. Hoje, a educação gratuita é obrigatória para crianças que têm entre 7 e 14 anos. Em 2010, a idade mínima já passa para 6 anos. E, a partir de 2011, o ingresso na escola vai começar mais cedo: aos quatro anos. E a obrigatoriedade do ensino público vai terminar mais tarde: aos 17 anos.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi aprovada na noite desta quarta-feira. Essa mesma emenda também que acaba progressivamente com uma retenção de 20% sobre as verbas da educação, a chamada Desvinculação de Receitas da União (DRU). Com a medida, até 2011, a área pode receber cerca de R$ 10 bilhões, segundo o Ministério da Educação. A emenda agora será promulgada pelo Congresso Nacional.
O Globo - 29/10/09
Senado aprova educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos
O Senado alterou a idade de acesso às escolas públicas. Hoje, a educação gratuita é obrigatória para crianças que têm entre 7 e 14 anos. Em 2010, a idade mínima já passa para 6 anos. E, a partir de 2011, o ingresso na escola vai começar mais cedo: aos quatro anos. E a obrigatoriedade do ensino público vai terminar mais tarde: aos 17 anos.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi aprovada na noite desta quarta-feira. Essa mesma emenda também que acaba progressivamente com uma retenção de 20% sobre as verbas da educação, a chamada Desvinculação de Receitas da União (DRU). Com a medida, até 2011, a área pode receber cerca de R$ 10 bilhões, segundo o Ministério da Educação. A emenda agora será promulgada pelo Congresso Nacional.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Formação do Professor
Deixo postado aqui novas notícias sobre a legislação da formação do professor e das novas diretrizes curriculares da Educação Infantil.
Portal G1, 27/10/2009
Projeto que exige diploma para dar aula em creche ameaça curso de magistério Tempo de adaptação preocupa entidades e escolas. Aprovado pela Câmara, texto ainda precisa passar pelo Senado
Do G1, em São Paulo, com informações do ClicRBS
Ao mesmo tempo em que promete melhorar a qualidade do ensino em creches e pré-escolas, um projeto de lei ameaça o curso de formação de professores em nível médio Normal, conhecido como magistério, bem como os serviços prestados por entidades comunitárias. Aprovada pela Câmara dos Deputados, a proposição da deputada Angela Amin (PP-SC) exige diploma a todos professores do ensino básico, a começar pela Educação Infantil. Para entrar em vigor, o texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado, o que não tem data prevista. Embora em teoria todos concordem com o aumento da qualificação dos professores, a viabilidade da medida preocupa a comunidade escolar. A principal dúvida da presidente do Sindicreches, Susana Fogliatto, que representa 5 mil escolas privadas de Educação Infantil no Rio Grande do Sul, é quanto tempo as escolas terão para se adaptar. Segundo a deputada, autora do projeto, o prazo deve ser definido após a aprovação, quando a lei precisará ser regulamentada pelo Ministério da Educação. Com a esperada corrida às faculdades de licenciatura, uma das primeiras consequências deve ser o gradual fechamento dos cursos de formação de professores em nível médio, já decadentes nos últimos anos. No Instituto Estadual de Educação Flores da Cunha, em Porto Alegre, que chegou a ter 2 mil alunos no magistério, hoje restam cerca de 350 matriculados. Por falta de demanda, o Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama, também na capital gaúcha, está prestes a fechar as portas. Será em 2011, quando os últimos 45 alunos concluírem seus estudos. "A lei é boa, mas precisaria pelo menos uns 10 anos para a adaptação. Com a crescente exigência por faculdade, os alunos do Normal acabam em desvantagem no vestibular, porque o currículo tem menos aulas de química e matemática, por exemplo", avalia a diretora do Paulo da Gama, Nilse Christ.
Impacto - O impacto do projeto preocupa entidades comunitárias, que sobrevivem com doações e repasses públicos. "É simplesmente a inviabilidade de funcionar", preocupa-se Fernanda Ribas, consultora jurídica do Sindicato das Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação de Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul, temendo o risco de fechamentos em cascata entre as 600 creches comunitárias no estado, que atendem cerca de 40 mil alunos.
Na rede privada, o cenário é outro. Apostando na qualificação como diferencial, boa parte das escolas privadas já opta por contratar professores com diploma. Na Pato – Escola de Educação Infantil, por exemplo, apenas uma das oito professoras ainda não concluiu a faculdade, e há inclusive profissionais com pós-graduação, como a pedagoga Patrícia Dexheimer, 38 anos, especializada em psicopedagogia. "A escola divide com a família a base de todas as coisas que vão influenciar a criança, por isso é muito importante um bom preparo pedagógico. Educação infantil não é recreação", argumenta a coordenadora pedagógica da escola, Laura Hoppe.
SAIBA MAIS
COMO É HOJE - Docentes da Educação Infantil até o 5ª ano do Ensino Fundamental ainda podem exercer a profissão com nível médio
COMO FICARÁ - O projeto de lei 3971/2008 exige nível superior para todos os professores da Educação Básica, a começar pelas creches. Só será admitida a contratação de professores sem curso superior em locais onde comprovadamente não houver profissionais com essa formação
INCENTIVO À QUALIFICAÇÃO - O Ministério da Educação desenvolve o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica. O plano prevê a oferta de cursos superiores gratuitos para professores da rede pública.
Portal UOL Educação, 27/10/2009
CNE revisa Diretrizes Curriculares para Educação Infantil -Talita Mochiute
Qual é a especificidade do trabalho educativo na primeira etapa da educação básica? Como a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos interfere no papel da Educação Infantil? Qual é a relação da Educação Infantil com as diversidades? São algumas questões presentes no debate sobre a elaboração das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para Educação Infantil. Devido às mudanças pelas quais passou a educação brasileira nos últimos dez anos, a Câmara de Educação Básica (CEB) – integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC) – está revisando, desde o início deste ano, as normas que norteiam as propostas pedagógicas e os planejamentos curriculares das instituições de Educação Infantil. “A última resolução é de 1999. Frente às generalidades operacionais e curriculares é fundamental que o MEC oriente as propostas pedagógicas”, comentou a coordenadora-geral de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica, do MEC, Rita Coelho. As Diretrizes Curriculares Nacionais são normas obrigatórias que estabelecem os princípios, as metas e os objetivos a serem buscados por determinada etapa da educação brasileira. Para atualizar a normatização, o CNE promoveu consulta nacional e audiências públicas nas cidades de São Luís (MA) e São Paulo (SP).
No município paulista, membros do CNE/ MEC, instituições ligadas à primeira etapa da educação básica, à infância e especialistas se reuniram na última terça-feira (20/10) na Câmara dos Vereadores para discutir a revisão do Parecer CNE/CEB nº 22/98 e da Resolução CNE/CEB nº 01/99. A ideia era discutir o documento com as indicações para a elaboração das Diretrizes. Assim, a partir do debate, incorporar as modificações ou proposições da sociedade ao texto. “Pretendemos terminar o documento até 30 de outubro. Em novembro, apresentá-lo para votação no CNE”, explicou o relator das DCNs para Educação Infantil e membro do CNE, Moacir Feitosa. Segundo a professora da Universidade de São Paulo (USP) e consultora das Diretrizes, Zilma Oliveira, o novo documento deve manter o princípio da primeira diretriz: a Educação Infantil como um direito da criança. Já a professora da USP Ribeirão e consultora das DCNs, Ana Paula Soares, lembra que é preciso pensar como será o tratamento dado às diversidades. “Vamos destacar orientações específicas para populações não-urbanas (campo, indígena e quilombola) ou traremos essas questões nos fundamentos?”, questionou.
Indicações da sociedade civil - Os participantes da audiência pública em São Paulo foram favoráveis ao destaque dado à diversidade no documento preliminar. No entanto, reivindicaram também mais ênfase ao direito à igualdade. “Além do problema da desigualdade de acesso à creche, hoje a garantia de vaga não significa igualdade de oportunidade ao conhecimento”, apontou a professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Maria Malta Campos. Para Maria Malta, as novas diretrizes devem ainda destacar a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. “Como primeira etapa da educação básica, a Educação Infantil precisa oferecer atividades que propiciem o letramento e a alfabetização sem caráter obrigatório”.
A professora de Educação Infantil e secretária-executiva das Escolas Waldorf no Brasil, Maria Chantal Amarante, reforçou a preocupação com o ensino de crianças em fase de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. “Considero a alfabetização precoce um malefício para crianças em fase de desenvolvimento motor, corporal. A alfabetização é o fim de um processo de leitura de mundo, deve ser iniciado só a partir dos 6 anos de idade”. Além do período de transição, alguns participantes, como o presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, Arthur Fonseca Filho, levantaram a necessidade do documento detalhar as especificidades da creche e da pré-escola. “É absolutamente necessário tratar da creche em um bloco distinto, definindo com clareza o papel do educador em cada segmento”. A consultora Zilma Oliveira fez um contraponto a essa indicação. “É possível detalhar as orientações. A especificidade ajuda por um lado, mas atrapalha por outro. Também é preciso lembrar que é não estamos fazendo um documento de referências curriculares, mas de diretrizes”.
Por outro lado, o maior detalhamento do papel do educador da Educação Infantil foi um dos pontos de consenso. “Deve-se enfatizar a atuação intencional do professor para o desenvolvimento integral das crianças”, destacou Maria Malta. “Temos de pensar em quem faz o dia-a-dia da Educação Infantil”, complementou a integrante da comissão gestora do Fórum Paulista de Educação Infantil, Sylvie Klein. Sylvie comentou também que uma das conquistas da DCN anterior foi a definição do número máximo de alunos por professor. Por isso, o novo documento deve contemplar esse item. “Um professor não pode ficar com mais de 25 alunos em uma sala”, destacou a professora da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), Matilde Santos. Já os secretários municipais de Diadema e Santa Bárbara d’Oeste, Lúcia Couto e Herb Carlini, apontaram o problema da falta de recursos para Educação Infantil e a questão do acesso. “Não conseguimos atender a todos. Além disso, uma criança na creche custa o dobro de uma no Ensino Fundamental”, disse Carlini.
Articulação das DCNs - O relator das DCNs Moacir Feitosa disse que as contribuições da sociedade civil são importantes para a elaboração do documento. “Embora algumas questões levantadas sejam de gestão e financiamento, é preciso relacionar esses aspectos na hora de pensar as diretrizes”.De acordo com a assessora da organização Ação Educativa, Samantha Neves, o documento deve ser articulado com as diferentes políticas voltadas à Educação Infantil nas diferentes esferas. “Não adiantar alcançar um voo muito alto sem raízes firmes no chão”, ressaltou. Para que o documento chegue até quem está na ponta do processo educacional, como diretores, coordenadores e professores, o Núcleo de Desenvolvimento Infantil, da Universidade de Santa Catarina, representado pela professora Marilene Raupp, sugeriu que o MEC publique uma edição comentada sobre as diretrizes, esclarecendo conceitos presentes no documento.
Portal G1, 27/10/2009
Projeto que exige diploma para dar aula em creche ameaça curso de magistério Tempo de adaptação preocupa entidades e escolas. Aprovado pela Câmara, texto ainda precisa passar pelo Senado
Do G1, em São Paulo, com informações do ClicRBS
Ao mesmo tempo em que promete melhorar a qualidade do ensino em creches e pré-escolas, um projeto de lei ameaça o curso de formação de professores em nível médio Normal, conhecido como magistério, bem como os serviços prestados por entidades comunitárias. Aprovada pela Câmara dos Deputados, a proposição da deputada Angela Amin (PP-SC) exige diploma a todos professores do ensino básico, a começar pela Educação Infantil. Para entrar em vigor, o texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado, o que não tem data prevista. Embora em teoria todos concordem com o aumento da qualificação dos professores, a viabilidade da medida preocupa a comunidade escolar. A principal dúvida da presidente do Sindicreches, Susana Fogliatto, que representa 5 mil escolas privadas de Educação Infantil no Rio Grande do Sul, é quanto tempo as escolas terão para se adaptar. Segundo a deputada, autora do projeto, o prazo deve ser definido após a aprovação, quando a lei precisará ser regulamentada pelo Ministério da Educação. Com a esperada corrida às faculdades de licenciatura, uma das primeiras consequências deve ser o gradual fechamento dos cursos de formação de professores em nível médio, já decadentes nos últimos anos. No Instituto Estadual de Educação Flores da Cunha, em Porto Alegre, que chegou a ter 2 mil alunos no magistério, hoje restam cerca de 350 matriculados. Por falta de demanda, o Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama, também na capital gaúcha, está prestes a fechar as portas. Será em 2011, quando os últimos 45 alunos concluírem seus estudos. "A lei é boa, mas precisaria pelo menos uns 10 anos para a adaptação. Com a crescente exigência por faculdade, os alunos do Normal acabam em desvantagem no vestibular, porque o currículo tem menos aulas de química e matemática, por exemplo", avalia a diretora do Paulo da Gama, Nilse Christ.
Impacto - O impacto do projeto preocupa entidades comunitárias, que sobrevivem com doações e repasses públicos. "É simplesmente a inviabilidade de funcionar", preocupa-se Fernanda Ribas, consultora jurídica do Sindicato das Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação de Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul, temendo o risco de fechamentos em cascata entre as 600 creches comunitárias no estado, que atendem cerca de 40 mil alunos.
Na rede privada, o cenário é outro. Apostando na qualificação como diferencial, boa parte das escolas privadas já opta por contratar professores com diploma. Na Pato – Escola de Educação Infantil, por exemplo, apenas uma das oito professoras ainda não concluiu a faculdade, e há inclusive profissionais com pós-graduação, como a pedagoga Patrícia Dexheimer, 38 anos, especializada em psicopedagogia. "A escola divide com a família a base de todas as coisas que vão influenciar a criança, por isso é muito importante um bom preparo pedagógico. Educação infantil não é recreação", argumenta a coordenadora pedagógica da escola, Laura Hoppe.
SAIBA MAIS
COMO É HOJE - Docentes da Educação Infantil até o 5ª ano do Ensino Fundamental ainda podem exercer a profissão com nível médio
COMO FICARÁ - O projeto de lei 3971/2008 exige nível superior para todos os professores da Educação Básica, a começar pelas creches. Só será admitida a contratação de professores sem curso superior em locais onde comprovadamente não houver profissionais com essa formação
INCENTIVO À QUALIFICAÇÃO - O Ministério da Educação desenvolve o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica. O plano prevê a oferta de cursos superiores gratuitos para professores da rede pública.
Portal UOL Educação, 27/10/2009
CNE revisa Diretrizes Curriculares para Educação Infantil -Talita Mochiute
Qual é a especificidade do trabalho educativo na primeira etapa da educação básica? Como a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos interfere no papel da Educação Infantil? Qual é a relação da Educação Infantil com as diversidades? São algumas questões presentes no debate sobre a elaboração das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para Educação Infantil. Devido às mudanças pelas quais passou a educação brasileira nos últimos dez anos, a Câmara de Educação Básica (CEB) – integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC) – está revisando, desde o início deste ano, as normas que norteiam as propostas pedagógicas e os planejamentos curriculares das instituições de Educação Infantil. “A última resolução é de 1999. Frente às generalidades operacionais e curriculares é fundamental que o MEC oriente as propostas pedagógicas”, comentou a coordenadora-geral de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica, do MEC, Rita Coelho. As Diretrizes Curriculares Nacionais são normas obrigatórias que estabelecem os princípios, as metas e os objetivos a serem buscados por determinada etapa da educação brasileira. Para atualizar a normatização, o CNE promoveu consulta nacional e audiências públicas nas cidades de São Luís (MA) e São Paulo (SP).
No município paulista, membros do CNE/ MEC, instituições ligadas à primeira etapa da educação básica, à infância e especialistas se reuniram na última terça-feira (20/10) na Câmara dos Vereadores para discutir a revisão do Parecer CNE/CEB nº 22/98 e da Resolução CNE/CEB nº 01/99. A ideia era discutir o documento com as indicações para a elaboração das Diretrizes. Assim, a partir do debate, incorporar as modificações ou proposições da sociedade ao texto. “Pretendemos terminar o documento até 30 de outubro. Em novembro, apresentá-lo para votação no CNE”, explicou o relator das DCNs para Educação Infantil e membro do CNE, Moacir Feitosa. Segundo a professora da Universidade de São Paulo (USP) e consultora das Diretrizes, Zilma Oliveira, o novo documento deve manter o princípio da primeira diretriz: a Educação Infantil como um direito da criança. Já a professora da USP Ribeirão e consultora das DCNs, Ana Paula Soares, lembra que é preciso pensar como será o tratamento dado às diversidades. “Vamos destacar orientações específicas para populações não-urbanas (campo, indígena e quilombola) ou traremos essas questões nos fundamentos?”, questionou.
Indicações da sociedade civil - Os participantes da audiência pública em São Paulo foram favoráveis ao destaque dado à diversidade no documento preliminar. No entanto, reivindicaram também mais ênfase ao direito à igualdade. “Além do problema da desigualdade de acesso à creche, hoje a garantia de vaga não significa igualdade de oportunidade ao conhecimento”, apontou a professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Maria Malta Campos. Para Maria Malta, as novas diretrizes devem ainda destacar a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. “Como primeira etapa da educação básica, a Educação Infantil precisa oferecer atividades que propiciem o letramento e a alfabetização sem caráter obrigatório”.
A professora de Educação Infantil e secretária-executiva das Escolas Waldorf no Brasil, Maria Chantal Amarante, reforçou a preocupação com o ensino de crianças em fase de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. “Considero a alfabetização precoce um malefício para crianças em fase de desenvolvimento motor, corporal. A alfabetização é o fim de um processo de leitura de mundo, deve ser iniciado só a partir dos 6 anos de idade”. Além do período de transição, alguns participantes, como o presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, Arthur Fonseca Filho, levantaram a necessidade do documento detalhar as especificidades da creche e da pré-escola. “É absolutamente necessário tratar da creche em um bloco distinto, definindo com clareza o papel do educador em cada segmento”. A consultora Zilma Oliveira fez um contraponto a essa indicação. “É possível detalhar as orientações. A especificidade ajuda por um lado, mas atrapalha por outro. Também é preciso lembrar que é não estamos fazendo um documento de referências curriculares, mas de diretrizes”.
Por outro lado, o maior detalhamento do papel do educador da Educação Infantil foi um dos pontos de consenso. “Deve-se enfatizar a atuação intencional do professor para o desenvolvimento integral das crianças”, destacou Maria Malta. “Temos de pensar em quem faz o dia-a-dia da Educação Infantil”, complementou a integrante da comissão gestora do Fórum Paulista de Educação Infantil, Sylvie Klein. Sylvie comentou também que uma das conquistas da DCN anterior foi a definição do número máximo de alunos por professor. Por isso, o novo documento deve contemplar esse item. “Um professor não pode ficar com mais de 25 alunos em uma sala”, destacou a professora da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), Matilde Santos. Já os secretários municipais de Diadema e Santa Bárbara d’Oeste, Lúcia Couto e Herb Carlini, apontaram o problema da falta de recursos para Educação Infantil e a questão do acesso. “Não conseguimos atender a todos. Além disso, uma criança na creche custa o dobro de uma no Ensino Fundamental”, disse Carlini.
Articulação das DCNs - O relator das DCNs Moacir Feitosa disse que as contribuições da sociedade civil são importantes para a elaboração do documento. “Embora algumas questões levantadas sejam de gestão e financiamento, é preciso relacionar esses aspectos na hora de pensar as diretrizes”.De acordo com a assessora da organização Ação Educativa, Samantha Neves, o documento deve ser articulado com as diferentes políticas voltadas à Educação Infantil nas diferentes esferas. “Não adiantar alcançar um voo muito alto sem raízes firmes no chão”, ressaltou. Para que o documento chegue até quem está na ponta do processo educacional, como diretores, coordenadores e professores, o Núcleo de Desenvolvimento Infantil, da Universidade de Santa Catarina, representado pela professora Marilene Raupp, sugeriu que o MEC publique uma edição comentada sobre as diretrizes, esclarecendo conceitos presentes no documento.
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segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Reflexões sobre alfabetização e método fônico
O Jornal Folha de São Paulo trouxe uma reportagem muito interessante sobre alfabetização. Penso que vale a pena ler:
Folha de São Paulo, 26/10/2009 - São Paulo SP
Método fônico avança na alfabetização - HÉLIO SCHWARTSMAN DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Sem alarde, sistema que associa letras a sons ganha espaço no Brasil; em países desenvolvidos, houve embate contra construtivistas. No país, polêmica sobre escolha do método durou só dois meses, quando o MEC disse em 2006 que poderia priorizar um dos sistemas.
Nos EUA, elas ficaram conhecidas como "Reading Wars" (guerras de alfabetização). Foi uma disputa encarniçada e com fortes tintas ideológicas, que chegou a ser comparada à polêmica em torno do aborto. De um lado, estavam os defensores dos métodos fônicos, que enfatizam a necessidade de ensinar a criança a associar grafemas (letras) a fonemas (sons). Do outro, perfilavam-se os construtivistas, para quem o aprendizado da leitura deve ser um ato tão "natural" quanto possível, a ser exercido com textos originais e não com obras artificiais como cartilhas. No Brasil, a coisa lembra mais a não havida Batalha de Itararé: o que prometia ser o mais sangrento conflito pedagógico do país acabou não acontecendo, e a controvérsia agora caminha para decidir-se sem traumas maiores, com os métodos fônicos ganhando espaço pelas bordas do sistema. "Os construtivistas não gostam muito, mas a questão [dos métodos] vem se resolvendo de forma pouco explícita", declarou à Folha o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Na mesma toada vai o professor de psicologia da USP Fernando Capovilla. "Sem muito alarde, as coisas estão mudando. E é bom que seja assim. A ciência demonstrou que o fônico é mais eficaz, especialmente para os mais pobres". Nos países desenvolvidos, a polêmica remonta aos anos 50, atingiu seu ápice no final dos 90 e de algum modo se resolveu a partir dos 2000, depois que os governos dos EUA, da França e do Reino Unido, com base em vários estudos comparativos, recomendaram o ensino dos elementos fônicos no processo de alfabetização. No Brasil, o "confronto final" foi evitado. Em fevereiro de 2006, Haddad propôs o debate, sugerindo a revisão dos PCNs (parâmetros curriculares nacionais) da educação básica. Os fonetistas viram aí a oportunidade de lançar o que seria o golpe de misericórdia contra o método global. Os construtivistas, por seu turno, valendo-se da privilegiada posição de linha pedagógica predominante na maioria das escolas públicas e privadas do país, prometiam resistir por todos os meios.
Silvia Colello, professora de pedagogia da USP, é uma das que se opõem aos métodos fônicos. Para ela, quando o professor adota esses programas "cartilhescos" e enfatiza o domínio do código escrito, ele "tira da língua o que ela tem de mais precioso". O aluno, diz, não se reconhece nesse artificialismo e se desinteressa. Percebendo que o debate estava a gerar mais calor do que luz, dois meses depois, em abril, Haddad anunciou que o ministério desistira de recomendar um método oficial. "Levei tanta pancada, inclusive da Folha", disse o ministro. "Mas acho que serviu para preparar o terreno. Hoje há mais clima para discutir essas questões", acrescentou. A relativa indefinição favoreceu posições mais conciliatórias, como a de Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG.
Para ela, o construtivismo teve o inegável mérito de colocar a criança como sujeito ativo no processo de aprendizagem, mas, no caso da alfabetização, acabou se tornando uma teoria sem método que substituiu o método sem teoria das cartilhas do século passado. Soares, que prepara um livro sobre o assunto, diz que existe "produção riquíssima" lá fora demonstrando a necessidade de trabalhar com elementos fônicos. Para ela, o ponto-chave para o sucesso na alfabetização é a "formação dos formadores". Experiência no molde defendido por Soares está em curso em Lagoa Santa (região metropolitana de Belo Horizonte). Ali a pedagoga Juliana Storino coordena um programa que, sem esquecer pressupostos construtivistas, como a adequação do currículo à realidade do aluno, busca desde cedo despertar a consciência fonológica dos alunos. "Apesar de já operarmos há três anos, ainda encontramos resistências por parte de professores."
Folha de São Paulo, 26/10/2009 - São Paulo SP
"Trocadilhos" deram origem a alfabeto - DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Como o arco e a flecha, a escrita é uma tecnologia que foi inventada mais de uma vez. Os dois primeiros sistemas de que se tem notícia, o hieroglífico egípcio, que parece ter surgido por volta de 3100 a.C., e o cuneiforme sumério, mais ou menos de 3300 a.C., mas cujos sinais precursores remontam a 8000 a.C., partiram de uma representação ideográfica do que se desejava representar. Isso significa que o hieróglifo egípcio correspondente a um touro significa mesmo "touro". De forma já um pouco mais sofisticada, o desenho de uma orelha de vaca significa "ouvir". Num grau ainda maior de elaboração, os antigos egípcios passaram a valer-se também de trocadilhos, vá lá, infames. Feitas as adaptações para o português, o desenho de um rei, seguido do de uma casa e do de uma rainha significaria "o rei [se] casa com a rainha". Esse é o truque que, numa evolução posterior, resultará na escrita alfabética. As representações ideográficas cedem lugar a novas formas em que os sinais já não se referem às coisas, mas a sons da língua falada. Com isso, pode-se registrar virtualmente tudo, inclusive nomes próprios e ideias abstratas, que antes representavam um obstáculo difícil de contornar. O alfabeto, mais ou menos como nós o conhecemos, em que as letras correspondem apenas a sons, surge no segundo milênio antes de Cristo. Ao que tudo indica, foram os fenícios, com o alfabeto proto-sinaítico, que radicalizam o que já se insinuava nas escritas suméria e egípcia e passam a fazer com que cada sinal corresponda a um som da língua, decompondo-a em elementos mínimos. A partir disso, surgem quase todos demais alfabetos.
Folha de São Paulo, 26/10/2009 - São Paulo SP
Cérebro não se adaptou à escrita, o que dificulta a aprendizagem
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Alfabetizar uma pessoa é difícil porque nossos cérebros ainda não tiveram tempo de adaptar-se à escrita, uma conquista relativamente recente. A comparação cabível é com a aquisição da linguagem. Para uma criança aprender um idioma, é só atirá-la numa comunidade onde se fale a língua em questão. Em pouco tempo ela estará proficiente e corrigindo seus pais, se eles não forem falantes nativos. Não há necessidade de instrução formal. Essa foi uma das razões que levou o linguista Noam Chomsky a postular a hipótese, hoje bem aceita, de que nossos cérebros já vêm de fábrica com um órgão da linguagem. Com a escrita é bem diferente. As mais recentes evidências colhidas pela psicolinguística mostram que a alfabetização não vem "naturalmente". Isso contraria pressupostos do método construtivista, nos quais se apresentam ao aluno palavras inteiras esperando que ele decomponha o código e deduza os elementos que o constituem.
Folha de São Paulo, 26/10/2009 - São Paulo SP
Método fônico avança na alfabetização - HÉLIO SCHWARTSMAN DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Sem alarde, sistema que associa letras a sons ganha espaço no Brasil; em países desenvolvidos, houve embate contra construtivistas. No país, polêmica sobre escolha do método durou só dois meses, quando o MEC disse em 2006 que poderia priorizar um dos sistemas.
Nos EUA, elas ficaram conhecidas como "Reading Wars" (guerras de alfabetização). Foi uma disputa encarniçada e com fortes tintas ideológicas, que chegou a ser comparada à polêmica em torno do aborto. De um lado, estavam os defensores dos métodos fônicos, que enfatizam a necessidade de ensinar a criança a associar grafemas (letras) a fonemas (sons). Do outro, perfilavam-se os construtivistas, para quem o aprendizado da leitura deve ser um ato tão "natural" quanto possível, a ser exercido com textos originais e não com obras artificiais como cartilhas. No Brasil, a coisa lembra mais a não havida Batalha de Itararé: o que prometia ser o mais sangrento conflito pedagógico do país acabou não acontecendo, e a controvérsia agora caminha para decidir-se sem traumas maiores, com os métodos fônicos ganhando espaço pelas bordas do sistema. "Os construtivistas não gostam muito, mas a questão [dos métodos] vem se resolvendo de forma pouco explícita", declarou à Folha o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Na mesma toada vai o professor de psicologia da USP Fernando Capovilla. "Sem muito alarde, as coisas estão mudando. E é bom que seja assim. A ciência demonstrou que o fônico é mais eficaz, especialmente para os mais pobres". Nos países desenvolvidos, a polêmica remonta aos anos 50, atingiu seu ápice no final dos 90 e de algum modo se resolveu a partir dos 2000, depois que os governos dos EUA, da França e do Reino Unido, com base em vários estudos comparativos, recomendaram o ensino dos elementos fônicos no processo de alfabetização. No Brasil, o "confronto final" foi evitado. Em fevereiro de 2006, Haddad propôs o debate, sugerindo a revisão dos PCNs (parâmetros curriculares nacionais) da educação básica. Os fonetistas viram aí a oportunidade de lançar o que seria o golpe de misericórdia contra o método global. Os construtivistas, por seu turno, valendo-se da privilegiada posição de linha pedagógica predominante na maioria das escolas públicas e privadas do país, prometiam resistir por todos os meios.
Silvia Colello, professora de pedagogia da USP, é uma das que se opõem aos métodos fônicos. Para ela, quando o professor adota esses programas "cartilhescos" e enfatiza o domínio do código escrito, ele "tira da língua o que ela tem de mais precioso". O aluno, diz, não se reconhece nesse artificialismo e se desinteressa. Percebendo que o debate estava a gerar mais calor do que luz, dois meses depois, em abril, Haddad anunciou que o ministério desistira de recomendar um método oficial. "Levei tanta pancada, inclusive da Folha", disse o ministro. "Mas acho que serviu para preparar o terreno. Hoje há mais clima para discutir essas questões", acrescentou. A relativa indefinição favoreceu posições mais conciliatórias, como a de Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG.
Para ela, o construtivismo teve o inegável mérito de colocar a criança como sujeito ativo no processo de aprendizagem, mas, no caso da alfabetização, acabou se tornando uma teoria sem método que substituiu o método sem teoria das cartilhas do século passado. Soares, que prepara um livro sobre o assunto, diz que existe "produção riquíssima" lá fora demonstrando a necessidade de trabalhar com elementos fônicos. Para ela, o ponto-chave para o sucesso na alfabetização é a "formação dos formadores". Experiência no molde defendido por Soares está em curso em Lagoa Santa (região metropolitana de Belo Horizonte). Ali a pedagoga Juliana Storino coordena um programa que, sem esquecer pressupostos construtivistas, como a adequação do currículo à realidade do aluno, busca desde cedo despertar a consciência fonológica dos alunos. "Apesar de já operarmos há três anos, ainda encontramos resistências por parte de professores."
Folha de São Paulo, 26/10/2009 - São Paulo SP
"Trocadilhos" deram origem a alfabeto - DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Como o arco e a flecha, a escrita é uma tecnologia que foi inventada mais de uma vez. Os dois primeiros sistemas de que se tem notícia, o hieroglífico egípcio, que parece ter surgido por volta de 3100 a.C., e o cuneiforme sumério, mais ou menos de 3300 a.C., mas cujos sinais precursores remontam a 8000 a.C., partiram de uma representação ideográfica do que se desejava representar. Isso significa que o hieróglifo egípcio correspondente a um touro significa mesmo "touro". De forma já um pouco mais sofisticada, o desenho de uma orelha de vaca significa "ouvir". Num grau ainda maior de elaboração, os antigos egípcios passaram a valer-se também de trocadilhos, vá lá, infames. Feitas as adaptações para o português, o desenho de um rei, seguido do de uma casa e do de uma rainha significaria "o rei [se] casa com a rainha". Esse é o truque que, numa evolução posterior, resultará na escrita alfabética. As representações ideográficas cedem lugar a novas formas em que os sinais já não se referem às coisas, mas a sons da língua falada. Com isso, pode-se registrar virtualmente tudo, inclusive nomes próprios e ideias abstratas, que antes representavam um obstáculo difícil de contornar. O alfabeto, mais ou menos como nós o conhecemos, em que as letras correspondem apenas a sons, surge no segundo milênio antes de Cristo. Ao que tudo indica, foram os fenícios, com o alfabeto proto-sinaítico, que radicalizam o que já se insinuava nas escritas suméria e egípcia e passam a fazer com que cada sinal corresponda a um som da língua, decompondo-a em elementos mínimos. A partir disso, surgem quase todos demais alfabetos.
Folha de São Paulo, 26/10/2009 - São Paulo SP
Cérebro não se adaptou à escrita, o que dificulta a aprendizagem
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Alfabetizar uma pessoa é difícil porque nossos cérebros ainda não tiveram tempo de adaptar-se à escrita, uma conquista relativamente recente. A comparação cabível é com a aquisição da linguagem. Para uma criança aprender um idioma, é só atirá-la numa comunidade onde se fale a língua em questão. Em pouco tempo ela estará proficiente e corrigindo seus pais, se eles não forem falantes nativos. Não há necessidade de instrução formal. Essa foi uma das razões que levou o linguista Noam Chomsky a postular a hipótese, hoje bem aceita, de que nossos cérebros já vêm de fábrica com um órgão da linguagem. Com a escrita é bem diferente. As mais recentes evidências colhidas pela psicolinguística mostram que a alfabetização não vem "naturalmente". Isso contraria pressupostos do método construtivista, nos quais se apresentam ao aluno palavras inteiras esperando que ele decomponha o código e deduza os elementos que o constituem.
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