Educação Permanente

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

UMA REFLEXÃO SOBRE A NOVA REFORMA ORTOGRÁFICA

Uma Reforma Ortográfica numa Língua em expansão, como o Português, inicialmente propõe modificar apenas uma das vertentes da língua: a língua escrita; porém acaba transgredindo o limite da escrita, tornando-se uma questão política e polêmica, capaz de provocar discussões em todos os âmbitos possíveis.
O primeiro deles é o linguístico, que discute o que as mudanças realmente são capazes de provocar na escrita, e se alguma delas chega a alterar a fala. José Saramago diz à Revista Língua Portuguesa: “Se escrevo a palavra objecto, gostava de a escrever com o c entalado lá no meio, mas um brasileiro escreverá sem c. Mas isso é grave? A pronúncia é igual”.
Em seguida, podemos enxergar a reforma num aspecto político. O que se alega é que o objetivo da reforma ortográfica é unificar as grafias e fortalecer o contato entre os países lusófonos. Mas essa unificação é um conceito mais amplo que transcende os “simples” limites ortográficos. A unificação de que se fala é puramente política, mas nada se unifica na pronúncia, muito menos nos costumes linguísticos, e tudo continuará como está ainda por muito tempo. Luiz Costa Pereira Junior, na mesma Revista Língua Portuguesa, diz: “A reforma unifica não tanto quanto se queria, pois há hábitos intransponíveis nos dois países, como alertam linguistas de lá e de cá”.
Analisa-se também o aspecto educacional: o que muda na hora de ensinar as crianças falantes do português e os estrangeiros que quiserem aprender a língua portuguesa, que em quero não se pronuncia o u, mas em linguiça sim, apesar de não haver nenhum sinal que marque essa pronúncia. Professores da língua possuem agora a responsabilidade de se interar o máximo possível sobre o caso e saber ensinar, apoiando-se nos materiais didáticos, que também estão mudando.
A mídia é mais um ramo que procura tomar a reforma como assunto. Dicionários, livros didáticos escolares de Língua Portuguesa, Gramáticas e manuais: tudo será reeditado, para conforto ou desconforto de quem ensina e de quem aprende. Especialistas falam sobre o tema em rede nacional e até programas de entretenimento destinam um de seus quadros para testar se as pessoas estão informadas sobre as mudanças ortográficas. Alguns estudiosos dizem que a adaptação a uma nova reforma é lenta. Porém, no Brasil, não parece que será tanto.
Todavia, pode-se inferir uma demasiada falta de detalhes nas mudanças ortográficas. A impressão que se tem é de um caráter meramente político, ou muito mais político que linguístico. Algumas mudanças parecem linguisticamente fazer sentido, como a abolição do acento diferencial, alegando que o contexto em que uma determinada frase está inserida é perfeitamente capaz de diferenciá-la quanto à sua classe gramatical.
A exclusão do hífen em algumas palavras é outro caso coerente e de certa forma positivo, pois simplifica uma das regras de uso mais complicadas da Língua Portuguesa, tanto na visão de quem ensina quanto na de quem aprende.
Por outro lado, a abolição do trema é infundada quando se leva em conta a sua função. O trema é um sinal gráfico criado para marcar a pronúncia de uma letra. Com sua exclusão, cria-se mais uma confusão de várias que já existem com relação à pronúncia de palavras da Língua Portuguesa.
Algumas mudanças beneficiam mais o Brasil; outras, os demais países lusófonos. O que importa é que a reforma vingará, e a maneira como cada um interpretará e se adequará a ela varia.
Vale também ressaltar que a unificação de que se fala não é tão completa nem tão simples quanto parece. Ao contrário: parece um tanto quanto utópica. Uma simplificação e uma tentativa de unificação escrita facilitam sim o acordo político entre os dois países, mas não unificam por uma série de fatores linguísticos, como dialetação, regionalismo e uso popular.
A reforma, assim como o acordo já existente, aborda o campo ortográfico. As consequências que uma mudança na escrita poderá causar em outros campos, como o da Fonética, são ainda hipóteses. No entanto, apenas serão sentidas a longo prazo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Lisboa, dezembro. 1990
Revista Língua Portuguesa. Editora Segmento. Ano III, nº30, abril. 2008
www.ciberduvidas.com
www.soportugues.com.br
www.folhaonline.com.br

ESCRITO POR: PROFESSORA BRUNA MACHADO MORAES – LÍNGUA PORTUGUESA

3 comentários:

  1. impressionante professora! É uma honra ter aula com você ;]

    Beijos *: Bruna Müller M-11

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  2. Olha olha...!
    Nao sei o que dizer sobre esse incomparavel texto, nao sei se realmente quem o escreveu deveria estar ensinando os outros como fazer isto ou melhor, ou deveria ja ter escrito series de livros, mas vejo que assim vove pode tambe passar a todos o que realmente significa o portugues e nao vemos mais a reforma ortografica com olhos de desleixo e despreso, mas sim com olhar de quem pode se pensar de quao amplo sao seus resultados e suas razoes para tal mudança..

    Thiago Sales m11

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