Partilho com todos uma leitura que fiz sobre bullying. Devido à enorme problemática que ele representa nas escolas, devemos nos alimentar desse assunto, para estarmos cada vez mais preparados para lidar com ele.
Gazeta de Cuiabá, 11/04/2011 - Cuiabá MT
Bullying, mortal para quem o sofre
Francisca Romana Giacometti Paris
Vítima constante de apelidos humilhantes e gozações inadequadas durante toda a infância e adolescência, um jovem aluno, de 18 anos, entra na escola onde estudava e, com um revólver calibre 38, faz vários disparos, ferindo oito pessoas, e se suicida em seguida. Esse triste fato aconteceu em 2004, na cidade de Taiuva, no interior de São Paulo. Passados sete anos, em abril de 2011, um jovem ex-aluno entra na escola onde cursou parte do Ensino Fundamental e com dois revólveres, calibre 32 e 38, faz muitos disparos, ferindo e matando vários alunos para suicidar-se em seguida, após a intervenção de um policial militar.
Esses trágicos acontecimentos, felizmente, não são comuns na realidade brasileira, porém sua natureza nos leva à perplexidade e angústia. Assim, interrogamo-nos: por que esses jovens escolheram suicidar-se em um cenário em que outros, sem culpa pela sua decisão, precisam morrer com eles? Por que voltar à escola e provocar a morte de inocentes? Certamente as respostas não são evidentes e nem singulares; todavia há uma possibilidade para tão bárbara determinação: trata-se de pessoas gravemente perturbadas mentalmente, portadores de males que lhes tiram a percepção da realidade.
Diante da violência praticada nos episódios de 2004 e 2011 há, entre outras, uma questão que merece reflexão: os dois jovens eram introspectivos, de pouco ou nenhum relacionamento. E, segundo relatos da mídia, sofreram bullying durante a vida escolar. As pessoas vitimizadas por bullying não alcançam a solidariedade imediata das escolas. Há poucos dias, uma cena gravada ganhou contornos midiáticos por conta do efeito YouTube: um rapaz australiano obeso, farto de ser vítima de bullying na escola, resolveu reagir e agredir com violência quem o insultava. O vídeo se tornou sucesso na internet e só então foi notado e discutido pelos educadores da escola.
Quando se trata de um jovem adolescente, a negação dos pares causa muito sofrimento, uma vez que, para construir sua autonomia, é preciso o "rompimento simbólico" das referências familiares, principalmente em relação aos pais, e a aquisição de outras referências que são exclusivas de seu grupo. Nessa direção, não ser aceito ou sofrer humilhação dos elementos do grupo pode significar a impossibilidade de se tornar autônomo, crescer, fazer escolhas e tomar decisões independentes. Em outras palavras, se ele não existe para seu grupo, não existe para ninguém, inclusive para si mesmo.
O grupo, por sua vez, escolhe alguns membros e os elege como "vítimas sacrificiais", são os "bodes expiatórios" nos quais o grupo projeta as limitações e imperfeições dos demais elementos. Isso para que o grupo sobreviva. As pessoas todas, sem exceção, vivem conflitos grupais e o único meio de se livrarem desses conflitos é escolher um bode expiatório e depositar nele suas frustrações. Se tal procedimento é vital ao grupo, torna-se mortal para quem o sofre. Não estou aqui para fazer a defesa dos jovens que cometeram os bárbaros disparos nas duas escolas, mesmo porque não conseguimos vislumbrar qualquer justificativa possível. Todavia, não podemos esquecer que os dois jovens violentos foram alunos daquelas escolas. Talvez pelo fato de serem "silenciosos", não foram motivo de discussão ou atenção nas reuniões de conselho de classe, uma vez que ficavam quietos em seus cantos, sem incomodar o transcurso das aulas. Ou talvez, por serem distanciados de si mesmos e dos outros, não foram alvo de uma relação pessoal e mais presente de algum educador.
É simplificar demais, mas, sendo professora, faço-me uma pergunta: será que tais barbáries tiveram, para eles, o objetivo de manifestar uma dor insuportável? Queriam ser reconhecidos como colegas abarbarados e temidos? Queriam ser notados? Gostariam de ser chamados pelo nome e não pelo número? Desejariam ter um olhar educador que os reconhecesse como de fato eram e não como o grupo os definia? Termino sem respostas, citando Bertolt Brecht: "A árvore que não dá fruto / É xingada de estéril. / Quem examinou o solo?/ O galho que quebra / É xingado de podre, mas não haveria neve sobre ele? Do rio que tudo arrasta / se diz que é violento / Ninguém diz violentas / as margens que o cerceiam".
Postado por Marcia Gil de Souza
Coordenadora Ensino Médio/PV
segunda-feira, 11 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
VOCÊ SABE OUVIR ?
Como você vem se comunicando na empresa, em casa e com seus amigos? Consegue ser entendido? Consegue entender o que te solicitam? É claro no que fala? Atende com qualidade os que o solicitam?
Na comunicação, ouvir é fundamental.
EU PRECISO ENTENDER PARA ATENDER
No processo de comunicação, o emissor é responsável por 50% do sucesso da mensagem transmitida, e o receptor os outros 50%.
Não espere pelo outro para que o processo de comunicação seja eficaz. Faça a sua parte. Garanta o entendimento. Quem não entende não atende.
Você é um bom ouvinte?
Se for, tem grandes chances de estabelecer uma boa comunicação.
Faça o teste a seguir e valide sua percepção.
VOCÊ SABE OUVIR?
1 – Para ouvir, você mantém postura firme defronte a quem vai lhe falar assegurando um ambiente favorável?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
2 – Para escutar você observa quem fala?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
3 – Decide, julgando pela aparência e maneira de falar do interlocutor, se o que ele tem a dizer vale a pena ou não?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
4 – Escuta procurando principalmente ideias?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
5 – Enquanto ouve você, se deixa levar pelas suas tendências e as justifica perante o que diz o outro?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
6 – Você presta atenção a quem está lhe falando?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
7 – Ouvindo uma opinião com a qual não concorda, você interrompe imediatamente quem lhe fala?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
8 – Antes de emitir sua opinião sobre alguma coisa que ouviu, você procura certificar-se de que compreendeu o que lhe foi dito?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
9 – Sentindo que as suas convicções estão sendo abaladas pelo que ouve, você trata de “se desligar”?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
10 – Você procura conscientemente avaliar o real significado da mensagem que ouve?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
Chave de correção:
Questões 1-2-4-6-8-10
Geralmente – 10 pontos
Às vezes – 05 pontos
Raramente – 0
Questões 3-5-7-9
Geralmente – 0 pontos
Às vezes – 05 pontos
Raramente –10
Resultado:
0 a 70 – Você tem maus hábitos de audição
75 a 85 – Ouve bem, mas pode melhorar
90 a 100 – Parabéns, você é um ótimo ouvinte
SABER OUVIR
A capacidade de ouvir ativamente é fundamental para se conseguir boas comunicações. Aqui estão alguns pontos que podem ajudar as pessoas a serem melhores ouvintes. Alguns podem parecer muito simples e óbvios, mas pergunte-se constantemente, à medida que você for lendo estas dicas: “Quão frequentemente as pessoas com quem convivo, profissional e pessoalmente, tomam tais cuidados? Quão frequentemente eu próprio me preocupo com tais pormenores?”.
PARE DE FALAR – Você não poderá ouvir enquanto estiver falando;
COLOQUE-SE NO LUGAR DO OUTRO - Procure colocar-se no lugar do outro para poder sentir onde ele está querendo chegar;
PERGUNTE QUANDO NÃO ENTENDER - Ou quando necessitar de esclarecimentos adicionais, e também quando desejar mostrar que está escutando;
NÃO SEJA APRESSADO - Não interrompa a outra pessoa, dê-lhe tempo para dizer aquilo que tem a dizer;
CONCENTRE-SE NO QUE ELE ESTÁ FALANDO - Focalize sua máxima atenção no que o outro estiver dizendo. Procure a mensagem
DÊ SINAIS DE QUE VOCÊ ESTÁ OUVINDO - Utilizando formas verbais e não verbais de comunicação;
CONTROLE SUAS EMOÇÕES – Elas podem constituir sérias barreiras à comunicação eficaz;
COMPARTILHE DA RESPONSABILIDADE PELA QUALIDADE DA COMUNICAÇÃO – Somente uma parte da responsabilidade pertence ao emissor. Você é o ouvinte e, como tal, desempenha um papel importante dentro do processo. Mostre ao outro que você está ouvindo;
REAJA ÀS IDEIAS E NÃO À PESSOA – Não permita que suas reações à pessoa influenciem no julgamento do que ela diz. As ideias podem ser boas, não obstante sua impressão sobre a pessoa;
NÃO “DISCUTA MENTALMENTE” – Quando você está procurando entender outra pessoa, é sempre problemático “discutir” com ela mentalmente, à medida que ela vai falando. Isto estabelece uma barreira entre você e o orador;
USE A DIFERENÇA ENTRE AS VELOCIDADES DE PENSAR E DE FALAR – Você pode pensar mais rápido do que fala. Use esta diferença em sua vantagem para permanecer no rumo certo, preparar o que vai dizer enquanto fala, pensar naquilo que a outra parte já disse e avaliar o desenvolvimento da comunicação. A diferença é falar entre 100 a 150 palavras por minuto e pensar entre 250 a 500 palavras por minuto;
“OUÇA” AQUILO QUE NÃO FOI DITO – Por meio de uma “audição ativa” pode-se captar muitas coisas além do que a pessoa está dizendo (ou seja, ouvir “nas entrelinhas”);
OUÇA COMO ALGO É DITO – Frequentemente concentramo-nos tão profundamente naquilo que é dito, que nos esquecemos da importância das reações emocionais e das atitudes relacionadas àquilo que foi dito. As atitudes e reações emocionais do emissor podem ser mais importantes para a compreensão da mensagem do que aquilo que está dito em palavras;
NÃO ANTAGONIZE O EMISSOR – Você pode, antagonizando-o, fazer com que ele esconda suas ideias, emoções e atitudes;
EVITE INFERIR SOBRE O EMISSOR – Evite inferir que o emissor não o encara porque está mentindo, que está tentando embaraçá-lo, que está distorcendo a verdade porque não concorda com o que você pensa, que está mentindo porque interpretou os fatos de forma diferente da sua, que é amoral porque está procurando convencê-lo a concordar com seus pontos de vista, que é inflamado porque se entusiasmou na apresentação de suas opiniões, etc. Inferências como estas podem afetar seu julgamento e compreensão do que está sendo dito;
EVITE CLASSIFICAR O EMISSOR – Muito frequentemente enquadramos uma pessoa dentro de determinado estereótipo. Agindo assim, nossa percepção daquilo que ele diz ou do que ele quis dizer fica condicionada ao que sentimos pelas pessoas classificadas nos estereótipos. Às vezes, essa classificação nos ajuda a conhecer as pessoas e a entender suas inclinações, mas, certamente, devemos estar cientes de que as pessoas são diferentes e que não podem ser estereotipadas;
EVITE JULGAMENTOS PRECIPITADOS – Espere até que todos os fatos sejam colocados antes de fazer qualquer julgamento;
RECONHEÇA SEUS PRÓPRIOS PRECONCEITOS – Procure estar seguro de sua imparcialidade com relação ao
Você conhece quais são os principais ruídos no processo de comunicação?
RUÍDOS
É identificado na comunicação humana como o conjunto de barreiras, obstáculos, acréscimos, erros e distorções que prejudicam a compreensão da mensagem em seu fluxo “emissor x receptor” e vice versa.
PRINCIPAIS RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO
Ausência de identificação entre o emissor e o receptor, com percepções e reações diversas sobre uma mesma mensagem e seu conteúdo.
Mensagem mal estruturada, seja no uso inadequado de códigos, seja no emprego deficiente de canais.
Deformação do conteúdo da mensagem durante o processo de sua transmissão entre a fonte e o destinatário.
Omissão de detalhes importantes da mensagem em nome de falsa objetividade ou comodidade.
Deformações nos modos de falar, escrever, ouvir e ler, tanto do emissor como do receptor.
Problemas de ordem pessoal entre emissor e receptor e vice-versa, prejudicando a boa assimilação da mensagem veiculada.
Manifestação de boatos.
Ausência de tempo hábil para codificar e decodificar a mensagem, prejudicando sua compreensão.
Sobrecarga ou, ao contrário, escassez de informações durante a transmissão da mensagem.
FATORES PARA SE COMUNICAR COM PROVEITO
- As palavras e frases usadas:
o Devem ser simples
o Devem ser claras
o Devem ser espontâneas .
- A maneira de transmitir:
o Atenciosa (atenção centrada/simpatia)
o Com sinceridade (pautada na verdade/fatos)
o Gerando confiança
o Sem afetação
o Com gesticulação (o corpo fala)
o Com dosado tom de voz e inflexões de acordo com o assunto em questão.
A comunicação possibilitará:
- Desenvolvimento de VISÃO DE FUTURO e definições de ESTRATÉGIAS.
- Definição clara dos OBJETIVOS e PRINCÍPIOS propostos.
- ALINHAMENTO do pessoal à FILOSOFIA e OBJETIVOS COMUNS.
- CAPACITAÇÃO e DESENVOLVIMENTO dos colaboradores.
- Ampliação de COMPETÊNCIAS HUMANAS.
- Formação e Consolidação de EQUIPES.
- Obtenção dos RESULTADOS contratados.
Profª Maria Lúcia Rodrigues Corrêa - Doutora em Administração pela Universidade FUMEC. Mestre em Administração pela FPL. Psicóloga pela UFMG com especialização em psicologia organizacional.
Artigo enviado pela professora Silvânia
Português
Na comunicação, ouvir é fundamental.
EU PRECISO ENTENDER PARA ATENDER
No processo de comunicação, o emissor é responsável por 50% do sucesso da mensagem transmitida, e o receptor os outros 50%.
Não espere pelo outro para que o processo de comunicação seja eficaz. Faça a sua parte. Garanta o entendimento. Quem não entende não atende.
Você é um bom ouvinte?
Se for, tem grandes chances de estabelecer uma boa comunicação.
Faça o teste a seguir e valide sua percepção.
VOCÊ SABE OUVIR?
1 – Para ouvir, você mantém postura firme defronte a quem vai lhe falar assegurando um ambiente favorável?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
2 – Para escutar você observa quem fala?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
3 – Decide, julgando pela aparência e maneira de falar do interlocutor, se o que ele tem a dizer vale a pena ou não?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
4 – Escuta procurando principalmente ideias?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
5 – Enquanto ouve você, se deixa levar pelas suas tendências e as justifica perante o que diz o outro?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
6 – Você presta atenção a quem está lhe falando?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
7 – Ouvindo uma opinião com a qual não concorda, você interrompe imediatamente quem lhe fala?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
8 – Antes de emitir sua opinião sobre alguma coisa que ouviu, você procura certificar-se de que compreendeu o que lhe foi dito?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
9 – Sentindo que as suas convicções estão sendo abaladas pelo que ouve, você trata de “se desligar”?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
10 – Você procura conscientemente avaliar o real significado da mensagem que ouve?
( ) Geralmente
( ) Às vezes
( ) Raramente
Chave de correção:
Questões 1-2-4-6-8-10
Geralmente – 10 pontos
Às vezes – 05 pontos
Raramente – 0
Questões 3-5-7-9
Geralmente – 0 pontos
Às vezes – 05 pontos
Raramente –10
Resultado:
0 a 70 – Você tem maus hábitos de audição
75 a 85 – Ouve bem, mas pode melhorar
90 a 100 – Parabéns, você é um ótimo ouvinte
SABER OUVIR
A capacidade de ouvir ativamente é fundamental para se conseguir boas comunicações. Aqui estão alguns pontos que podem ajudar as pessoas a serem melhores ouvintes. Alguns podem parecer muito simples e óbvios, mas pergunte-se constantemente, à medida que você for lendo estas dicas: “Quão frequentemente as pessoas com quem convivo, profissional e pessoalmente, tomam tais cuidados? Quão frequentemente eu próprio me preocupo com tais pormenores?”.
PARE DE FALAR – Você não poderá ouvir enquanto estiver falando;
COLOQUE-SE NO LUGAR DO OUTRO - Procure colocar-se no lugar do outro para poder sentir onde ele está querendo chegar;
PERGUNTE QUANDO NÃO ENTENDER - Ou quando necessitar de esclarecimentos adicionais, e também quando desejar mostrar que está escutando;
NÃO SEJA APRESSADO - Não interrompa a outra pessoa, dê-lhe tempo para dizer aquilo que tem a dizer;
CONCENTRE-SE NO QUE ELE ESTÁ FALANDO - Focalize sua máxima atenção no que o outro estiver dizendo. Procure a mensagem
DÊ SINAIS DE QUE VOCÊ ESTÁ OUVINDO - Utilizando formas verbais e não verbais de comunicação;
CONTROLE SUAS EMOÇÕES – Elas podem constituir sérias barreiras à comunicação eficaz;
COMPARTILHE DA RESPONSABILIDADE PELA QUALIDADE DA COMUNICAÇÃO – Somente uma parte da responsabilidade pertence ao emissor. Você é o ouvinte e, como tal, desempenha um papel importante dentro do processo. Mostre ao outro que você está ouvindo;
REAJA ÀS IDEIAS E NÃO À PESSOA – Não permita que suas reações à pessoa influenciem no julgamento do que ela diz. As ideias podem ser boas, não obstante sua impressão sobre a pessoa;
NÃO “DISCUTA MENTALMENTE” – Quando você está procurando entender outra pessoa, é sempre problemático “discutir” com ela mentalmente, à medida que ela vai falando. Isto estabelece uma barreira entre você e o orador;
USE A DIFERENÇA ENTRE AS VELOCIDADES DE PENSAR E DE FALAR – Você pode pensar mais rápido do que fala. Use esta diferença em sua vantagem para permanecer no rumo certo, preparar o que vai dizer enquanto fala, pensar naquilo que a outra parte já disse e avaliar o desenvolvimento da comunicação. A diferença é falar entre 100 a 150 palavras por minuto e pensar entre 250 a 500 palavras por minuto;
“OUÇA” AQUILO QUE NÃO FOI DITO – Por meio de uma “audição ativa” pode-se captar muitas coisas além do que a pessoa está dizendo (ou seja, ouvir “nas entrelinhas”);
OUÇA COMO ALGO É DITO – Frequentemente concentramo-nos tão profundamente naquilo que é dito, que nos esquecemos da importância das reações emocionais e das atitudes relacionadas àquilo que foi dito. As atitudes e reações emocionais do emissor podem ser mais importantes para a compreensão da mensagem do que aquilo que está dito em palavras;
NÃO ANTAGONIZE O EMISSOR – Você pode, antagonizando-o, fazer com que ele esconda suas ideias, emoções e atitudes;
EVITE INFERIR SOBRE O EMISSOR – Evite inferir que o emissor não o encara porque está mentindo, que está tentando embaraçá-lo, que está distorcendo a verdade porque não concorda com o que você pensa, que está mentindo porque interpretou os fatos de forma diferente da sua, que é amoral porque está procurando convencê-lo a concordar com seus pontos de vista, que é inflamado porque se entusiasmou na apresentação de suas opiniões, etc. Inferências como estas podem afetar seu julgamento e compreensão do que está sendo dito;
EVITE CLASSIFICAR O EMISSOR – Muito frequentemente enquadramos uma pessoa dentro de determinado estereótipo. Agindo assim, nossa percepção daquilo que ele diz ou do que ele quis dizer fica condicionada ao que sentimos pelas pessoas classificadas nos estereótipos. Às vezes, essa classificação nos ajuda a conhecer as pessoas e a entender suas inclinações, mas, certamente, devemos estar cientes de que as pessoas são diferentes e que não podem ser estereotipadas;
EVITE JULGAMENTOS PRECIPITADOS – Espere até que todos os fatos sejam colocados antes de fazer qualquer julgamento;
RECONHEÇA SEUS PRÓPRIOS PRECONCEITOS – Procure estar seguro de sua imparcialidade com relação ao
Você conhece quais são os principais ruídos no processo de comunicação?
RUÍDOS
É identificado na comunicação humana como o conjunto de barreiras, obstáculos, acréscimos, erros e distorções que prejudicam a compreensão da mensagem em seu fluxo “emissor x receptor” e vice versa.
PRINCIPAIS RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO
Ausência de identificação entre o emissor e o receptor, com percepções e reações diversas sobre uma mesma mensagem e seu conteúdo.
Mensagem mal estruturada, seja no uso inadequado de códigos, seja no emprego deficiente de canais.
Deformação do conteúdo da mensagem durante o processo de sua transmissão entre a fonte e o destinatário.
Omissão de detalhes importantes da mensagem em nome de falsa objetividade ou comodidade.
Deformações nos modos de falar, escrever, ouvir e ler, tanto do emissor como do receptor.
Problemas de ordem pessoal entre emissor e receptor e vice-versa, prejudicando a boa assimilação da mensagem veiculada.
Manifestação de boatos.
Ausência de tempo hábil para codificar e decodificar a mensagem, prejudicando sua compreensão.
Sobrecarga ou, ao contrário, escassez de informações durante a transmissão da mensagem.
FATORES PARA SE COMUNICAR COM PROVEITO
- As palavras e frases usadas:
o Devem ser simples
o Devem ser claras
o Devem ser espontâneas .
- A maneira de transmitir:
o Atenciosa (atenção centrada/simpatia)
o Com sinceridade (pautada na verdade/fatos)
o Gerando confiança
o Sem afetação
o Com gesticulação (o corpo fala)
o Com dosado tom de voz e inflexões de acordo com o assunto em questão.
A comunicação possibilitará:
- Desenvolvimento de VISÃO DE FUTURO e definições de ESTRATÉGIAS.
- Definição clara dos OBJETIVOS e PRINCÍPIOS propostos.
- ALINHAMENTO do pessoal à FILOSOFIA e OBJETIVOS COMUNS.
- CAPACITAÇÃO e DESENVOLVIMENTO dos colaboradores.
- Ampliação de COMPETÊNCIAS HUMANAS.
- Formação e Consolidação de EQUIPES.
- Obtenção dos RESULTADOS contratados.
Profª Maria Lúcia Rodrigues Corrêa - Doutora em Administração pela Universidade FUMEC. Mestre em Administração pela FPL. Psicóloga pela UFMG com especialização em psicologia organizacional.
Artigo enviado pela professora Silvânia
Português
domingo, 27 de março de 2011
A busca pela disciplina na sala de aula
ENTRE A PALMATÓRIA E A MORAL
Fim dos castigos físicos nas escolas brasileiras foi lento e precedido de intensos debates entre educadores, médicos e pais.
Empregados em larga escala nas escolas brasileiras, os castigos físicos só começaram a ser questionados na segunda metade do século XIX. Em seu lugar entrariam em cena outras formas de controle disciplinar, os castigos morais.
A mudança, entretanto, não ocorreu sem tensões. A partir de 1850 foram vários os debates sobre as formas de punição mais apropriadas. Essa longa discussão envolveu professores, educadores, funcionários do governo, os pais dos alunos e, sobretudo, os chamados médicos higienistas, que escreveram teses sobre educação. Esses médicos desenvolveram uma série de propostas sobre como os médicos poderiam atuar na regulação dos costumes e da vida social em geral, sendo a escola um de seus alvos principais.
Sob a ótica da lei, os castigos físicos eram proibidos. Na primeira lei geral do ensino do Império, de 1827, essa forma de punição aos alunos não era prevista, mas era praticada sem restrições, embora houvesse divergências entre educadores e professores sobre sua eficácia. O Regulamento de 1854 propunha a substituição dos castigos físicos por outras formas de punição como repreensão oral, realização de tarefas fora do horário escolar, advertência escrita enviada aos pais e expulsão da escola.
Muitas famílias, no entanto, desejavam que a escola mantivesse os castigos físicos como punição a seus filhos, devendo portanto enviar consentimento por escrito. Professores também insistiam na manutenção desta prática, o que os deixava em frequentes atritos com os órgãos públicos. Teses científicas, como a do médico Augusto Alvarez da Cunha, ainda procuravam legitimar a eficiência dos castigos.
Percebe-se, porém, uma sensível mudança na postura das famílias brasileiras nos anos finais do século XIX. Muitas eram as queixas enviadas à Inspetoria de Instrução e aos delegados de ensino por famílias indignadas com os castigos praticados nas escolas. Os jornais também eram usados como palanque para tais queixas. O governo, com vistas a eliminar professores que insistiam em mantê-los, passou a incluir o tema nas provas de seleção para o magistério com perguntas sobre “a forma de punição mais conveniente” e a punir severamente os profissionais denunciados por prática de castigos físicos.
Mais de um século se passou desde que as primeiras ações efetivas do Estado foram executadas no intuito de eliminar os castigos da prática pedagógica. As leis se tornaram, desde então, ainda mais severas. Esperamos que tais práticas tenham sido eliminadas.
Num momento em que a questão da disciplina discente ocupa espaço central nas reflexões da comunidade escolar, é necessário que se discutam novos caminhos para atingi-la, e que se entenda que esse “problema” não surgiu na atual geração de alunos e que as “soluções” não são estanques, pois acompanham a dinâmica do tempo histórico.
Artigo enviado pelo prof. Thiago
História
Fim dos castigos físicos nas escolas brasileiras foi lento e precedido de intensos debates entre educadores, médicos e pais.
Empregados em larga escala nas escolas brasileiras, os castigos físicos só começaram a ser questionados na segunda metade do século XIX. Em seu lugar entrariam em cena outras formas de controle disciplinar, os castigos morais.
A mudança, entretanto, não ocorreu sem tensões. A partir de 1850 foram vários os debates sobre as formas de punição mais apropriadas. Essa longa discussão envolveu professores, educadores, funcionários do governo, os pais dos alunos e, sobretudo, os chamados médicos higienistas, que escreveram teses sobre educação. Esses médicos desenvolveram uma série de propostas sobre como os médicos poderiam atuar na regulação dos costumes e da vida social em geral, sendo a escola um de seus alvos principais.
Sob a ótica da lei, os castigos físicos eram proibidos. Na primeira lei geral do ensino do Império, de 1827, essa forma de punição aos alunos não era prevista, mas era praticada sem restrições, embora houvesse divergências entre educadores e professores sobre sua eficácia. O Regulamento de 1854 propunha a substituição dos castigos físicos por outras formas de punição como repreensão oral, realização de tarefas fora do horário escolar, advertência escrita enviada aos pais e expulsão da escola.
Muitas famílias, no entanto, desejavam que a escola mantivesse os castigos físicos como punição a seus filhos, devendo portanto enviar consentimento por escrito. Professores também insistiam na manutenção desta prática, o que os deixava em frequentes atritos com os órgãos públicos. Teses científicas, como a do médico Augusto Alvarez da Cunha, ainda procuravam legitimar a eficiência dos castigos.
Percebe-se, porém, uma sensível mudança na postura das famílias brasileiras nos anos finais do século XIX. Muitas eram as queixas enviadas à Inspetoria de Instrução e aos delegados de ensino por famílias indignadas com os castigos praticados nas escolas. Os jornais também eram usados como palanque para tais queixas. O governo, com vistas a eliminar professores que insistiam em mantê-los, passou a incluir o tema nas provas de seleção para o magistério com perguntas sobre “a forma de punição mais conveniente” e a punir severamente os profissionais denunciados por prática de castigos físicos.
Mais de um século se passou desde que as primeiras ações efetivas do Estado foram executadas no intuito de eliminar os castigos da prática pedagógica. As leis se tornaram, desde então, ainda mais severas. Esperamos que tais práticas tenham sido eliminadas.
Num momento em que a questão da disciplina discente ocupa espaço central nas reflexões da comunidade escolar, é necessário que se discutam novos caminhos para atingi-la, e que se entenda que esse “problema” não surgiu na atual geração de alunos e que as “soluções” não são estanques, pois acompanham a dinâmica do tempo histórico.
Artigo enviado pelo prof. Thiago
História
domingo, 20 de março de 2011
Características dos Adolescentes
“Ser professor é passar horas e horas pensando em cada detalhe daquela aula que, mesmo ocorrendo todos os dias, é única e original...”
E foi à procura desse detalhe que ao manusear livros e mais livros em busca de um texto para elaborar uma prova, deparo-me com este título Entre maritacas e sabiás. Achei-o um pouco estranho, mas por que não me certificar da criatividade do autor ao desenvolvê-lo?
Assim, comecei a leitura, e, à medida que a avançava, verificava que a essência do cenário descrito fazia parte do meu dia a dia.
Não tinha outra saída, ali estava o texto que eu procurava.
.Entre maritacas e sabiás
Texto I
[...] É uma excursão. O ônibus está lotado. Seu itinerário o leva pelos mais fascinantes cenários. Passa pelos sopés de montanhas, atravessa florestas de árvores gigantescas, cruza planícies verdes cheias de animais, margeia cenários paradisíacos ao longo das praias, atravessa rios cristalinos... A viagem chega ao fim. Saem os excursionistas. Adolescentes. Gastaram todos os filmes de suas câmeras fotográficas. Reveladas as fotos, vem o espanto: nenhuma foto do cenário. Para dizer a verdade, o ônibus permaneceu com as cortinas fechadas o tempo todo. As fotografias são, todas elas, fotografias de adolescentes sorridentes.
Notei que, para os adolescentes, não importa o lugar para onde vão. Os olhos deles não veem cenários. O lugar é apenas o cenário aonde a turma vai se encontrar para representar a mesma peça que era representada na cidade de origem. Os adolescentes jamais desembarcaram deles mesmos. Os seus olhos registram uma coisa apenas: a turma. Na verdade, não é bem a turma. Seus olhos registram: “eu-na-turma”.
Para isso há uma explicação [...]. Todos nós temos uma profunda necessidade de reconhecimento. É preciso que o outro me olhe e que eu sinta que o seu olhar está dizendo: “Gosto de você. É bom que você exista”. [...]
[...] Se vocês prestarem atenção, perceberão que as relações entre os adolescentes, reduzidas à sua condição mínima, se resumem em: “Me vejam, me vejam, me vejam”. Essa é a razão por que se comportam como maritacas, todos gritando ao mesmo tempo. Não suportam ficar longe dos olhos dos outros. Longe dos olhos, agarram o telefone. A substância das conversas entre os adolescentes, ao telefone, não é aquilo que eles dizem, mas o fato de que há alguém que ouve. Longe dos olhos dos outros, eles se sentem perdidos. Nada mais terrível para um adolescente que passar um fim de semana no sítio paradisíaco dos pais, na tranquilidade da natureza, na beleza dos jardins, no gozo das mordomias sozinho.
[...] Para essa doença não há remédio. Ela se cura com o tempo.
(Campinas-SP: Papirus, 2008. p.38-40)
Texto II
Quando saio a andar de manhã cedo passam por mim bandos de adolescentes indo para a escola. Já consigo identificar os grupos, que vão alegremente maritacando suas coisas, na leve felicidade de pertencer a uma turma. Falam sobre beijos [...], festas.
Esses não me comovem. Comovem-me aqueles que estão sempre sozinhos. São diferentes. Na roupa, no corpo, no jeito de olhar fixado no chão. Não têm estórias nem de beijos nem de festas para contar. Comovo-me com eles porque eu também já fui assim. Fui um solitário na minha adolescência. Menino de cidade pequena do interior de Minas, minha família mudou-se para o Rio de Janeiro. E meu pai cometeu um grande erro, movido pelo desejo sincero de me dar o melhor: matriculou-me num dos colégios da elite carioca [...]
Albert Camus diz que ele sempre havia sido feliz até que entrou no Liceu. No Liceu, ele começou a fazer comparações. Eu poderia ter escrito a mesma coisa. Ali, eu me descobri motivo de risos dos outros. Eu falava devagar e cantado, dizia “uai” e falava os “erres” de carne e mar como falam os caipiras, torcendo a língua. Também os meus jeitos de vestir eram jeitos de caipiras. E o dinheiro que levava comigo era dinheiro de pobre. E os clubes que eles frequentavam não eram o meu eu não frequentava clube algum. Claro que jamais fui convidado para as festinhas e, se tivesse sido convidado, não teria ido. E também jamais convidei um colega para ir à minha casa. Tinha medo que minha casa fosse casa pobre demais.
É isso que eu gostaria de dizer aos adolescentes solitários, sem turma, sem festas, sem estórias de beijos e amores para contar, as noites de sábado em casa, o telefone em silêncio: vocês são meus companheiros. Eu andei pelos caminhos em que vocês andam.
Mas sou agradecido à vida por ter sido assim. Porque foi em meio ao sofrimento dessa terrível solidão que tratei de produzir minhas pérolas. “Ostra feliz não faz pérola.” Comecei então a andar sozinho pelos caminhos onde os outros adolescentes não iam: a música, a arte, a literatura, a poesia, a filosofia. Andando por esses caminhos, descobri aqueles que pareciam comigo. [...]
E foi então que comecei a olhar para as maritacas com um certo sentimento de superioridade. [...] O fato é que, compensação ou não, a partir daí, as alegrias que tive nas produções da minha solidão foram maiores que as tristezas da minha condição de adolescente solitário. A solidão passou a ser, para mim, uma fonte de alegria. Eu não precisava gritar como maritacas para ser ouvido.
As maritacas gritam, e todos as ouvem, mesmo sem querer. Mas o canto do sabiá solitário, ao final da tarde, em algum lugar da floresta, faz todo mundo se calar para poder ouvir... Isso eu lhes digo, solitários: há muita beleza escondida na sua tristeza. Não tenham dó de si mesmos. Tratem de usar o martelo e o cinzel...
(Idem, p. 43-6.)
Enfim, concluí a prova, e numa manhã de terça-feira, 10/11/2010, linda por sinal, os alunos começam a fazê-la. Lá fora, “as maritacas” aplaudem e vibram um gol feito. “As maritacas, professora!” e voltam a fazer a prova.
Após algum tempo, o silêncio toma conta do espaço onde estamos, e, ao longe, um sabiá canta. Alguns alunos, atentos, levantam a cabeça e me olham, querendo dizer: “ouça, professora, o sabiá solitário canta!”
E eu leio em seus olhos: entendi tudo, professora!
E nós, professores, temos entendido o canto de nossas maritacas e de nossos sabiás?
Profª Tereza
Os dois textos integram a obra E aí? Cartas aos adolescentes e aos seus pais, do psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro Rubem Alves.
Postado pela profª Tereza Francisca de Siqueira Montalvão
Professora de Língua Portuguesa do Curso G9
E foi à procura desse detalhe que ao manusear livros e mais livros em busca de um texto para elaborar uma prova, deparo-me com este título Entre maritacas e sabiás. Achei-o um pouco estranho, mas por que não me certificar da criatividade do autor ao desenvolvê-lo?
Assim, comecei a leitura, e, à medida que a avançava, verificava que a essência do cenário descrito fazia parte do meu dia a dia.
Não tinha outra saída, ali estava o texto que eu procurava.
.Entre maritacas e sabiás
Texto I
[...] É uma excursão. O ônibus está lotado. Seu itinerário o leva pelos mais fascinantes cenários. Passa pelos sopés de montanhas, atravessa florestas de árvores gigantescas, cruza planícies verdes cheias de animais, margeia cenários paradisíacos ao longo das praias, atravessa rios cristalinos... A viagem chega ao fim. Saem os excursionistas. Adolescentes. Gastaram todos os filmes de suas câmeras fotográficas. Reveladas as fotos, vem o espanto: nenhuma foto do cenário. Para dizer a verdade, o ônibus permaneceu com as cortinas fechadas o tempo todo. As fotografias são, todas elas, fotografias de adolescentes sorridentes.
Notei que, para os adolescentes, não importa o lugar para onde vão. Os olhos deles não veem cenários. O lugar é apenas o cenário aonde a turma vai se encontrar para representar a mesma peça que era representada na cidade de origem. Os adolescentes jamais desembarcaram deles mesmos. Os seus olhos registram uma coisa apenas: a turma. Na verdade, não é bem a turma. Seus olhos registram: “eu-na-turma”.
Para isso há uma explicação [...]. Todos nós temos uma profunda necessidade de reconhecimento. É preciso que o outro me olhe e que eu sinta que o seu olhar está dizendo: “Gosto de você. É bom que você exista”. [...]
[...] Se vocês prestarem atenção, perceberão que as relações entre os adolescentes, reduzidas à sua condição mínima, se resumem em: “Me vejam, me vejam, me vejam”. Essa é a razão por que se comportam como maritacas, todos gritando ao mesmo tempo. Não suportam ficar longe dos olhos dos outros. Longe dos olhos, agarram o telefone. A substância das conversas entre os adolescentes, ao telefone, não é aquilo que eles dizem, mas o fato de que há alguém que ouve. Longe dos olhos dos outros, eles se sentem perdidos. Nada mais terrível para um adolescente que passar um fim de semana no sítio paradisíaco dos pais, na tranquilidade da natureza, na beleza dos jardins, no gozo das mordomias sozinho.
[...] Para essa doença não há remédio. Ela se cura com o tempo.
(Campinas-SP: Papirus, 2008. p.38-40)
Texto II
Quando saio a andar de manhã cedo passam por mim bandos de adolescentes indo para a escola. Já consigo identificar os grupos, que vão alegremente maritacando suas coisas, na leve felicidade de pertencer a uma turma. Falam sobre beijos [...], festas.
Esses não me comovem. Comovem-me aqueles que estão sempre sozinhos. São diferentes. Na roupa, no corpo, no jeito de olhar fixado no chão. Não têm estórias nem de beijos nem de festas para contar. Comovo-me com eles porque eu também já fui assim. Fui um solitário na minha adolescência. Menino de cidade pequena do interior de Minas, minha família mudou-se para o Rio de Janeiro. E meu pai cometeu um grande erro, movido pelo desejo sincero de me dar o melhor: matriculou-me num dos colégios da elite carioca [...]
Albert Camus diz que ele sempre havia sido feliz até que entrou no Liceu. No Liceu, ele começou a fazer comparações. Eu poderia ter escrito a mesma coisa. Ali, eu me descobri motivo de risos dos outros. Eu falava devagar e cantado, dizia “uai” e falava os “erres” de carne e mar como falam os caipiras, torcendo a língua. Também os meus jeitos de vestir eram jeitos de caipiras. E o dinheiro que levava comigo era dinheiro de pobre. E os clubes que eles frequentavam não eram o meu eu não frequentava clube algum. Claro que jamais fui convidado para as festinhas e, se tivesse sido convidado, não teria ido. E também jamais convidei um colega para ir à minha casa. Tinha medo que minha casa fosse casa pobre demais.
É isso que eu gostaria de dizer aos adolescentes solitários, sem turma, sem festas, sem estórias de beijos e amores para contar, as noites de sábado em casa, o telefone em silêncio: vocês são meus companheiros. Eu andei pelos caminhos em que vocês andam.
Mas sou agradecido à vida por ter sido assim. Porque foi em meio ao sofrimento dessa terrível solidão que tratei de produzir minhas pérolas. “Ostra feliz não faz pérola.” Comecei então a andar sozinho pelos caminhos onde os outros adolescentes não iam: a música, a arte, a literatura, a poesia, a filosofia. Andando por esses caminhos, descobri aqueles que pareciam comigo. [...]
E foi então que comecei a olhar para as maritacas com um certo sentimento de superioridade. [...] O fato é que, compensação ou não, a partir daí, as alegrias que tive nas produções da minha solidão foram maiores que as tristezas da minha condição de adolescente solitário. A solidão passou a ser, para mim, uma fonte de alegria. Eu não precisava gritar como maritacas para ser ouvido.
As maritacas gritam, e todos as ouvem, mesmo sem querer. Mas o canto do sabiá solitário, ao final da tarde, em algum lugar da floresta, faz todo mundo se calar para poder ouvir... Isso eu lhes digo, solitários: há muita beleza escondida na sua tristeza. Não tenham dó de si mesmos. Tratem de usar o martelo e o cinzel...
(Idem, p. 43-6.)
Enfim, concluí a prova, e numa manhã de terça-feira, 10/11/2010, linda por sinal, os alunos começam a fazê-la. Lá fora, “as maritacas” aplaudem e vibram um gol feito. “As maritacas, professora!” e voltam a fazer a prova.
Após algum tempo, o silêncio toma conta do espaço onde estamos, e, ao longe, um sabiá canta. Alguns alunos, atentos, levantam a cabeça e me olham, querendo dizer: “ouça, professora, o sabiá solitário canta!”
E eu leio em seus olhos: entendi tudo, professora!
E nós, professores, temos entendido o canto de nossas maritacas e de nossos sabiás?
Profª Tereza
Os dois textos integram a obra E aí? Cartas aos adolescentes e aos seus pais, do psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro Rubem Alves.
Postado pela profª Tereza Francisca de Siqueira Montalvão
Professora de Língua Portuguesa do Curso G9
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Metodologia adequada aos adolescentes
sexta-feira, 18 de março de 2011
A Importância da Avaliação Física na Criança e no Adolescente em Fase Escolar
Este artigo vai ao encontro a proposta da Educação Física do curso G9.Foram feitas avalições em todos os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental,com o propósito de passar para eles a importância da avaliação física para seu desenvolvimento e acompanhamento anual.
Artigo postado pela Profª Valencia de Educação Física.
Artigo postado pela Profª Valencia de Educação Física.
sábado, 12 de março de 2011
Meditação e Relaxamento
Colegas, neste ano de 2011 iniciamos um processo de desenvolvimento da nossa capacidade de relaxamento, meditação e alongamento. Toda a escola está envolvida com isso, alunos, professores, funcionários, diretores, coordenadores...
Vale a pena, portanto, refletirmos sobre os benefícios dessa verdadeira terapia.
TAI + CHI + CHUAN
TAI - Nobreza de sentimentos
Equilíbrio
Magnanimidade
CHI - Força de vontade
Persistência
Resistência à adversidade
CHUAN - Agilidade
Rapidez
Flexibilidade (nas dificuldades)
DEFINIÇÃO E ORIGEM
É uma forma de meditação e movimento com mais de mil anos de história. Originou-se da filosofia taoísta, combinada com a arte marcial para fins de longevidade e conscientização cósmica, harmonização universal, saúde física e defesa pessoal. Evoluiu, de simples exercícios para fortalecer o corpo, para uma forma de auto-defesa.
Hoje, jogando e dançando em diversos países, é procurado como um método singular de preservação de juventude e saúde.
BENEFÍCIOS
Equilíbrio psico-somático - fortalece o corpo, movimentando simultaneamente todas as suas partes. A pessoa torna-se mais ágil e leve, com movimentos suaves e calmos. O corpo ganha nova estabilidade. Relaxa e acalma os nervos. Elimina pensamentos negativos. Ajuda no tratamento de doenças mentais. Promove a paz mental.
Conserva ou restaura a juventude e aplica a terapêutica para diversas doenças, tais como - doenças do coração, anormalidade de pressão, inflamação nas juntas, etc. O motivo é que sua prática melhora a circulação, chegando a sua influência até a extremidade dos nervos.
Melhora a memória e o raciocínio. Sua finalidade é promover a paz interior a toda hora, criando uma vida real e feliz.
Sua prática torna a pessoa mais pacífica consigo mesma e com o mundo.
Boa meditação a todos,
Um abraço,
Profª Valência
Educação Física
Vale a pena, portanto, refletirmos sobre os benefícios dessa verdadeira terapia.
TAI + CHI + CHUAN
TAI - Nobreza de sentimentos
Equilíbrio
Magnanimidade
CHI - Força de vontade
Persistência
Resistência à adversidade
CHUAN - Agilidade
Rapidez
Flexibilidade (nas dificuldades)
DEFINIÇÃO E ORIGEM
É uma forma de meditação e movimento com mais de mil anos de história. Originou-se da filosofia taoísta, combinada com a arte marcial para fins de longevidade e conscientização cósmica, harmonização universal, saúde física e defesa pessoal. Evoluiu, de simples exercícios para fortalecer o corpo, para uma forma de auto-defesa.
Hoje, jogando e dançando em diversos países, é procurado como um método singular de preservação de juventude e saúde.
BENEFÍCIOS
Equilíbrio psico-somático - fortalece o corpo, movimentando simultaneamente todas as suas partes. A pessoa torna-se mais ágil e leve, com movimentos suaves e calmos. O corpo ganha nova estabilidade. Relaxa e acalma os nervos. Elimina pensamentos negativos. Ajuda no tratamento de doenças mentais. Promove a paz mental.
Conserva ou restaura a juventude e aplica a terapêutica para diversas doenças, tais como - doenças do coração, anormalidade de pressão, inflamação nas juntas, etc. O motivo é que sua prática melhora a circulação, chegando a sua influência até a extremidade dos nervos.
Melhora a memória e o raciocínio. Sua finalidade é promover a paz interior a toda hora, criando uma vida real e feliz.
Sua prática torna a pessoa mais pacífica consigo mesma e com o mundo.
Boa meditação a todos,
Um abraço,
Profª Valência
Educação Física
quinta-feira, 10 de março de 2011
Semana do Curso de Letras - FEPI - Itajubá
Colegas e seguidores, a profª Bruna nos enviou a programação da Semana de Letras (SELETRAS) da FEPI, que está simplesmente ótima este ano, conforme avaliação da própria Bruna. Teremos a participação da Diretora Maria Aparecida Fernandes, ministrando um minicurso sobre Adélia Prado, e a participação da profª Bruna, reapresentando em forma de palestra o seu Trabalho de Conclusão de Curso. Seria muito interessante prestigiarmos nossos colegas. Segue o convite a toda a comunidade escolar, inclusive aos pais de alunos.
Deixo abaixo a programação:
Deixo abaixo a programação:

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
A PALAVRA
Outro dia lendo um artigo sobre a”palavra” do professor Edson Gonçalves Ferreira achei que seria interessante refletirmos sobre o assunto.
Inspirado na obra de Ziraldo “Menino Maluquinho”, em determinado momento, ele questiona:
_ “ Não sei porque as palavras têm masculinas e femininas. Palavra não tem sexo!”
Aí, fiquei pensando e agora?:
Nós temos uma mulher que subiu a rampa do Planalto e, então, segundo o dicionário, existe o feminino de presidente. O feminino é presidenta. Já perguntaram para Dilma se ela quer ser chamada de “a presidente” ou “a presidenta”. Segundo consta, ela aceitará as duas formas. Tudo bem.
Esquecendo de lado a gramática, creio que as mulheres precisam valorizar o seu poder. De fato, existe discriminação até no linguajar. Acho estranho chamar uma diretora de diretor, porque, afinal de contas, a maioria das diretoras de escolas são mulheres altamente competentes e deviam exigir o título de diretora mesmo ( como a diretora professora Maria Aparecida Fernandes o faz). Nada da bobagem de colocar abaixo do nome: fulana de tal- Diretor de...
E se você pensa que é só o caso de presidente/ presidenta, diretor/ diretora, está enganado (a). Veja, por exemplo, o caso de coronel cujo feminino é coronela; de general cujo feminino é generala. Soa estranho, soa e por quê? Porque esses cargos eram exclusivos do mundo masculino, atualmente, com competência, as mulheres os exercem. Nada mais justo que chamá-las da forma que elas quiserem, não é?
Já escuto alguém alegando que a Língua Portuguesa é difícil. Se compararmos com a Língua Inglesa – que é o que eu tenho por base por ser professora de Inglês _, é mesmo!
O engraçado é que , por exemplo, gente simples diz: “Ela é minha parenta” E pessoas “letradas” e da classe média riem e acham que essa pessoa errou. Não errou!!
O feminino de parente sempre foi parenta.O que falta mesmo é nós darmos mais valor nas palavras e pessoas “femininas”.
Quanto a Exma. Sra. Presidenta Dilma, podem escrever ou chamar Exma. Sra. Presidente Dilma, mas que ficará estranho, ah isso ficará!
Professora Patrícia Magalhães
Professora de Inglês - Curso G9
Inspirado na obra de Ziraldo “Menino Maluquinho”, em determinado momento, ele questiona:
_ “ Não sei porque as palavras têm masculinas e femininas. Palavra não tem sexo!”
Aí, fiquei pensando e agora?:
Nós temos uma mulher que subiu a rampa do Planalto e, então, segundo o dicionário, existe o feminino de presidente. O feminino é presidenta. Já perguntaram para Dilma se ela quer ser chamada de “a presidente” ou “a presidenta”. Segundo consta, ela aceitará as duas formas. Tudo bem.
Esquecendo de lado a gramática, creio que as mulheres precisam valorizar o seu poder. De fato, existe discriminação até no linguajar. Acho estranho chamar uma diretora de diretor, porque, afinal de contas, a maioria das diretoras de escolas são mulheres altamente competentes e deviam exigir o título de diretora mesmo ( como a diretora professora Maria Aparecida Fernandes o faz). Nada da bobagem de colocar abaixo do nome: fulana de tal- Diretor de...
E se você pensa que é só o caso de presidente/ presidenta, diretor/ diretora, está enganado (a). Veja, por exemplo, o caso de coronel cujo feminino é coronela; de general cujo feminino é generala. Soa estranho, soa e por quê? Porque esses cargos eram exclusivos do mundo masculino, atualmente, com competência, as mulheres os exercem. Nada mais justo que chamá-las da forma que elas quiserem, não é?
Já escuto alguém alegando que a Língua Portuguesa é difícil. Se compararmos com a Língua Inglesa – que é o que eu tenho por base por ser professora de Inglês _, é mesmo!
O engraçado é que , por exemplo, gente simples diz: “Ela é minha parenta” E pessoas “letradas” e da classe média riem e acham que essa pessoa errou. Não errou!!
O feminino de parente sempre foi parenta.O que falta mesmo é nós darmos mais valor nas palavras e pessoas “femininas”.
Quanto a Exma. Sra. Presidenta Dilma, podem escrever ou chamar Exma. Sra. Presidente Dilma, mas que ficará estranho, ah isso ficará!
Professora Patrícia Magalhães
Professora de Inglês - Curso G9
domingo, 6 de fevereiro de 2011
2011 – ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS
Pessoal, o prof.Tommy nos presenteou com um texto excelente para aprofundarmos a reflexão sobre a Feira do Conhecimento deste ano, referente às florestas e à química.
Boa leitura a todos.
2011 é o Ano Internacional das Florestas. O objetivo é sensibilizar a sociedade para a importância da preservação das florestas para a garantia da vida no planeta.
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo, de forma direita, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da biodiversidade terrestre.
Em pé, as florestas são capazes de movimentar cerca de $ 327 bilhões todos os anos, mas infelizmente as atividades que se baseiam na derrubada das matas ainda são bastante comuns em todo o mundo.
A idéia é promover, durante os próximos 12 meses, ações que incentivem a conservação e a gestão sustentável de todos os tipos de floresta do planeta, mostrando a todos que a exploração das matas sem um manejo sustentável pode causar uma série de prejuízos para o planeta.
Entre eles podemos citar:
- a perda da biodiversidade;
- o agravamento das mudanças climáticas;
- o incentivo a atividade econômicas ilegais, como caça de animais;
- o estímulo a assentamentos clandestinos;
- e ameaça à própria vida humana.
A IMPORTÂNCIA DAS FLORESTAS E A CONSCIENTIZAÇÃO DO MUNDO
O homem precisa satisfazer suas diversas necessidades, e para isso está sempre recorrendo à Natureza, retirando dela tudo aquilo que precisa. Para isso damos o nome de exploração.
Hoje, já sentimos as conseqüências da exploração indiscriminada dos recursos naturais no nosso dia-a-dia e temos conhecimento dos problemas enfrentados pelo planeta com tudo isso. Um dos maiores recursos naturais explorados pelo nosso país são as florestas.
A Exploração das Florestas
As florestas guardam uma grande riqueza em sua diversidade. Plantas e animais desconhecidos, madeira, minérios e outros recursos explorados fazem parte deste tesouro e são de grande interesse - principalmente econômico - para o homem.
A exploração leva à retirada da vegetação natural para a obtenção de madeira, usada pelas fábricas de móveis, pela indústria de papel e celulose ou para exportação. Com isso, a área devastada pode ser utilizada para a monocultura agrícola, para a formação de pastos, para criação de animais, e ainda explorada pela indústria mineradora.
Aos poucos, pela exploração descontrolada, as florestas vão desaparecendo. Animais e vegetais que poderiam ser utilizados pela Ciência e pela Medicina desaparecem, pois já não possuem mais seu habitat, os solos são compactados ou degradados pela erosão e os rios sofrem assoreamento devido à retirada da mata ciliar.
Precisamos, antes de tudo, repensar a importância que as florestas possuem em nossas vidas, assim como as áreas verdes em nossas cidades, e as conseqüências da real possibilidade de seu desaparecimento.
Precisamos pensar também na possibilidade de Exploração e Natureza poderem "conviver" de forma equilibrada sem causar danos maiores ao nosso ambiente e à nossa forma de viver.
Você sabia...
- que a Mata Atlântica cobria todo o litoral brasileiro (1 milhão de km2) e hoje está reduzida a apenas 4% do seu estado original?
- que a Floresta Amazônica brasileira representa 40% das reservas de florestas tropicais úmidas ainda existentes no planeta?
- que as queimadas contribuem para a emissão de grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa?
- que as matas, além de diminuírem os riscos de erosão, contribuem também para a manutenção do ciclo hidrológico e da estabilidade climática?
- que as florestas tropicais possuem solos muito pobres e que a sua manutenção é realizada pela rápida reciclagem dos materiais em decomposição encontrados nestes lugares?
Agora você já tem muitos motivos para preservar o pouco que restas das nossas florestas. E em 2011 vamos cuidar das florestas, do meio ambiente … vamos cuidar de nós!
Prof. Tommy
professor de Física - Curso G9
Boa leitura a todos.
2011 é o Ano Internacional das Florestas. O objetivo é sensibilizar a sociedade para a importância da preservação das florestas para a garantia da vida no planeta.
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo, de forma direita, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da biodiversidade terrestre.
Em pé, as florestas são capazes de movimentar cerca de $ 327 bilhões todos os anos, mas infelizmente as atividades que se baseiam na derrubada das matas ainda são bastante comuns em todo o mundo.
A idéia é promover, durante os próximos 12 meses, ações que incentivem a conservação e a gestão sustentável de todos os tipos de floresta do planeta, mostrando a todos que a exploração das matas sem um manejo sustentável pode causar uma série de prejuízos para o planeta.
Entre eles podemos citar:
- a perda da biodiversidade;
- o agravamento das mudanças climáticas;
- o incentivo a atividade econômicas ilegais, como caça de animais;
- o estímulo a assentamentos clandestinos;
- e ameaça à própria vida humana.
A IMPORTÂNCIA DAS FLORESTAS E A CONSCIENTIZAÇÃO DO MUNDO
O homem precisa satisfazer suas diversas necessidades, e para isso está sempre recorrendo à Natureza, retirando dela tudo aquilo que precisa. Para isso damos o nome de exploração.
Hoje, já sentimos as conseqüências da exploração indiscriminada dos recursos naturais no nosso dia-a-dia e temos conhecimento dos problemas enfrentados pelo planeta com tudo isso. Um dos maiores recursos naturais explorados pelo nosso país são as florestas.
A Exploração das Florestas
As florestas guardam uma grande riqueza em sua diversidade. Plantas e animais desconhecidos, madeira, minérios e outros recursos explorados fazem parte deste tesouro e são de grande interesse - principalmente econômico - para o homem.
A exploração leva à retirada da vegetação natural para a obtenção de madeira, usada pelas fábricas de móveis, pela indústria de papel e celulose ou para exportação. Com isso, a área devastada pode ser utilizada para a monocultura agrícola, para a formação de pastos, para criação de animais, e ainda explorada pela indústria mineradora.
Aos poucos, pela exploração descontrolada, as florestas vão desaparecendo. Animais e vegetais que poderiam ser utilizados pela Ciência e pela Medicina desaparecem, pois já não possuem mais seu habitat, os solos são compactados ou degradados pela erosão e os rios sofrem assoreamento devido à retirada da mata ciliar.
Precisamos, antes de tudo, repensar a importância que as florestas possuem em nossas vidas, assim como as áreas verdes em nossas cidades, e as conseqüências da real possibilidade de seu desaparecimento.
Precisamos pensar também na possibilidade de Exploração e Natureza poderem "conviver" de forma equilibrada sem causar danos maiores ao nosso ambiente e à nossa forma de viver.
Você sabia...
- que a Mata Atlântica cobria todo o litoral brasileiro (1 milhão de km2) e hoje está reduzida a apenas 4% do seu estado original?
- que a Floresta Amazônica brasileira representa 40% das reservas de florestas tropicais úmidas ainda existentes no planeta?
- que as queimadas contribuem para a emissão de grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa?
- que as matas, além de diminuírem os riscos de erosão, contribuem também para a manutenção do ciclo hidrológico e da estabilidade climática?
- que as florestas tropicais possuem solos muito pobres e que a sua manutenção é realizada pela rápida reciclagem dos materiais em decomposição encontrados nestes lugares?
Agora você já tem muitos motivos para preservar o pouco que restas das nossas florestas. E em 2011 vamos cuidar das florestas, do meio ambiente … vamos cuidar de nós!
Prof. Tommy
professor de Física - Curso G9
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Reflexão sobre o primeiro dia de aula
Primeiro dia de aula
Quebrando o gelo...
João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).

A retomada do trabalho nas escolas segue um ritmo aparentemente comum a quase todas as instituições que conheço. O administrativo retorna logo depois da virada do ano para lidar com a papelada; o staff pedagógico vai voltando aos poucos, primeiro os diretores, depois os coordenadores e orientadores, para a composição dos planos e projetos para o novo ano que se inicia; os professores entram na roda apenas a partir dos últimos dez dias do mês de janeiro, para o planejamento pedagógico e reuniões com a direção.
Aos alunos, por sua vez, cabe o regresso apenas na semana inicial de fevereiro. Quando entram pelas portas da escola nos dias iniciais do segundo mês do ano já encontram a estrutura preparada para as aulas, atividades extra-classe, projetos relativos as disciplinas, atendimento por parte da secretaria e da coordenação/direção,...
As aulas, que representam pelo menos 90% do tempo gasto pelo aluno na escola, devem ser, por esse motivo (entre outros), objeto de estudo, planejamento qualificado e realização primorosa por parte dos docentes para que a motivação seja a tônica entre os estudantes.
Quantos professores realmente se preocupam em pensar e repensar com seriedade sua realização profissional em sala de aula de um ano para o outro? A acomodação com as fórmulas já testadas e utilizadas anteriormente tende a ser a prática mais comum não apenas em escolas brasileiras, mas também em muitos países do mundo todo. O exercício a ser feito, diga-se de passagem, não deveria ser a reflexão sobre a aula apenas na passagem de um ano letivo para o próximo e, sim, aula a aula, semana a semana, mês a mês... Somente assim poderíamos realmente ter uma dimensão clara da efetividade e da qualidade de nosso trabalho na educação.

Torne as reuniões de planejamento encontros que sejam realmente
produtivos e inovadores para o trabalho e a prática pedagógica.
Nesse ínterim, vale ressaltar que os resultados colhidos ao longo do ano dependem muito da consistência da proposta pedagógica da escola, do envolvimento dos educadores e da persistência em buscar e atingir os objetivos propostos. Seriedade, embasada por critérios e diretrizes claras, sem a mudança de regras ao longo da jornada, contando com o apoio e a participação de todos os professores e funcionários dão a qualquer plano de trabalho a consistência necessária para que a realização se torne um sucesso.
Os alunos percebem desde os primeiros dias de aula a seriedade da proposta de cada professor e, a partir da prática de sala de aula, transformam a compreensão do imediato e local para o mais amplo tanto no que se refere ao tempo quanto ao espaço e seus protagonistas. Isso quer dizer que a visão da escola como um todo se relaciona, aos olhos dos educandos, a postura e as realizações e implementações dos educadores com os quais têm contato nas aulas.
O sucesso na educação é decorrente, portanto, de uma construção que acontece todos os dias no processo de ensino-aprendizagem e que exige paciência, determinação, objetivos criteriosamente definidos, incentivo a participação constante dos alunos, projetos instigantes que relacionem os temas trabalhados a realidade e a conhecimentos previamente adquiridos pelos estudantes (tanto na escola quanto na vida extra-escolar). É preciso igualmente ter consciência de que qualquer realização, seja ela qual for (nesse caso na educação), passará necessariamente por experiências boas e também por outras ruins, por acertos e erros...

Use o seu conhecimento em prol do grupo.
Argumente e participe suas opiniões sempre tendo em
vista o crescimento e a melhoria do trabalho de todos.
E os erros devem ser entendidos como oportunidades. Nossa completude é um sonho inconseqüente e irresponsável que cabe somente nas palavras de nossos melhores poetas e músicos. A perfeição não deve ser o nosso objetivo de vida e sim um horizonte que nos inspire em nossa trajetória para a obtenção de melhores resultados na busca por um mundo melhor, mais digno, justo e de paz.
Critique se for necessário. Pondere quando sentir que suas opiniões podem ajudar a compor um novo cenário nos trabalhos e projetos em que estiver envolvido. Argumente sempre tendo como matriz de seu pensamento idéias em que realmente acredite e relativamente às quais possua informações sólidas. Não utilize os erros dos outros para demolir suas proposições ou, principalmente, pessoas e grupos. Chega de competição nos moldes do mais selvagem capitalismo. O barco é o mesmo para todos e se não nos dispusermos a ajudar uns aos outros e estimular o crescimento conjunto de nossas instituições estamos fadados ao perecimento...
Aplauda e reconheça os méritos alheios. Participe opiniões em projetos vitoriosos para reforçar suas bases. Disponha-se a trabalhar sempre, em qualquer circunstância, seja ela de ventos favoráveis ou de tormentas da pior espécie.
Numa escola ou num hospital, numa grande indústria ou num banco, em um estabelecimento comercial ou numa fazenda, pouco importa o ramo de atuação profissional em que se trabalhe, deve-se levar em conta que o primeiro dia é sempre de fundamental importância para que imagens se consolidem entre os envolvidos e permitam uma melhor (ou pior) performance de cada indivíduo e do grupo como um todo.

O capitão e os marinheiros somente sobrevivem ao mar quando
atuam de forma harmônica, estabelecendo um ambiente de intercâmbio,
troca, compreensão e auxílio. Numa sala de aula não é diferente...
Como a escola tem como base e firmamento a sala de aula, logo se estabelece que é nesse espaço que se ganha ou que se perde o jogo. E nesse sentido vale destacar que o capitão do barco é o professor e os marujos são os estudantes. Todos sabem e reconhecem que o conhecimento mais amplo sobre a embarcação e também sobre as técnicas náuticas pertence ao experiente capitão (professor). Todos também reconhecem que o navio só conseguirá navegar e atingir os portos nos quais deseja chegar a partir da ação dos marinheiros (alunos).
Se o contato inicial desse capitão com sua tripulação não for bom o que se poderá esperar para as viagens futuras da referida embarcação? Deve ficar claro para todos que não há estabilidade plena nos oceanos pelos quais todos irão navegar. Um dia pode ser de tormenta e o outro pode ser de total calmaria...
Nesse sentido é preciso sempre quebrar o gelo entre professores e alunos na aula inicial deixando claros alguns limites e estabelecendo canais de comunicação constantes entre o capitão e os marinheiros. Conheço professores que afirmam categoricamente que na primeira aula devem-se mostrar os dentes e dizer com clareza quem manda nesse espaço coletivo chamado sala de aula; a outros que pretendem ser muito “chegados” dos estudantes... Discordo totalmente dessas iniciativas. Nem tanto ao sol, nem tanto a lua...
Creio que aos estudantes devem ser apresentadas idéias importantes quanto ao curso, às avaliações, a disciplina, os projetos, a pessoa do educador, a instituição e também relativas ao conteúdo. Deve-se falar e escutar. Abrir espaço para apresentações, dúvidas, troca de idéias, sugestões e apreciações dos estudantes quanto ao curso, à escola e mesmo quanto às propostas do professor.

Estabeleça o diálogo com os colegas e os estudantes. Fale e escute.
Aprenda a anotar as sugestões interessantes para poder implementá-las
posteriormente. Cresça em conjunto com seus pares no trabalho.
E não é só escutar. Ao professor cabe anotar as boas idéias e se mostrar disposto a pensar e eventualmente aplicar algumas dessas contribuições obtidas no contato com seus estudantes. Isso dá credibilidade ao curso e ao docente, estabelece uma comunicação que aproxima todos os presentes e ainda permite implementar o curso a partir da visão de quem está num outro importante papel, o de educandos.
E para melhorar ainda mais esse contato inicial e evitar os já habituais e exauridos modelos de apresentação formal dos estudantes e do próprio docente, que tal variar a fórmula e procurar incrementar a mesma adicionando elementos culturais, esportivos, geográficos, históricos, literários, artísticos ou científicos a esse exercício básico de toda a primeira aula do ano? Como? Que tal usar a imaginação...
Por exemplo, uma possibilidade seria trabalhar com trechos de músicas conhecidas (uns vinte ou trinta, de acordo com a quantidade de alunos de cada sala) que seriam disponibilizados para todos os estudantes. A cada um deles poderia ser pedido que escolhesse um daqueles trechos para falar de si mesmo. Alunos que selecionassem o mesmo trecho se reuniriam num mesmo grupo e trocariam informações sobre eles mesmos com os colegas e depois seriam apresentados por outras pessoas do grupo...
Outra alternativa seria a utilização de fotografias de personalidades da ciência, das artes ou dos esportes. Caberia aos alunos se agruparem de acordo com um sorteio ou pela preferência individual tendo uma dessas personalidades como base para uma conversa. Nesse bate-papo eles deveriam enumerar as qualidades do sujeito e, a partir de uma lista concebida pelo grupo, deveriam falar sobre si mesmos para o restante da turma.
Ainda a título de sugestão caberia, por exemplo, selecionar livros conhecidos do público-alvo de alunos e colocá-los em contato com os mesmos para que todos aqueles que já tivessem lido um determinado título pudessem se reunir para falar sobre a obra, o autor, a trama, os personagens e, com base no que conversaram sobre o livro, viessem a falar sobre as pessoas do grupo traçando paralelos com a trama do livro, os personagens, o autor,...
Há inúmeras alternativas que poderiam ser criadas. Todas demandam tempo de planejamento e criatividade. Libertem-se de suas amarras e mãos a obra para a concepção de uma alternativa que viabilize um começo de ano e de trabalho promissor para suas aulas e sua escola. Bom retorno a sala de aula!
Texto enviado pela profª Pollyanna, de Biologia e Ciências
Curso G9
Quebrando o gelo...
João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).

A retomada do trabalho nas escolas segue um ritmo aparentemente comum a quase todas as instituições que conheço. O administrativo retorna logo depois da virada do ano para lidar com a papelada; o staff pedagógico vai voltando aos poucos, primeiro os diretores, depois os coordenadores e orientadores, para a composição dos planos e projetos para o novo ano que se inicia; os professores entram na roda apenas a partir dos últimos dez dias do mês de janeiro, para o planejamento pedagógico e reuniões com a direção.
Aos alunos, por sua vez, cabe o regresso apenas na semana inicial de fevereiro. Quando entram pelas portas da escola nos dias iniciais do segundo mês do ano já encontram a estrutura preparada para as aulas, atividades extra-classe, projetos relativos as disciplinas, atendimento por parte da secretaria e da coordenação/direção,...
As aulas, que representam pelo menos 90% do tempo gasto pelo aluno na escola, devem ser, por esse motivo (entre outros), objeto de estudo, planejamento qualificado e realização primorosa por parte dos docentes para que a motivação seja a tônica entre os estudantes.
Quantos professores realmente se preocupam em pensar e repensar com seriedade sua realização profissional em sala de aula de um ano para o outro? A acomodação com as fórmulas já testadas e utilizadas anteriormente tende a ser a prática mais comum não apenas em escolas brasileiras, mas também em muitos países do mundo todo. O exercício a ser feito, diga-se de passagem, não deveria ser a reflexão sobre a aula apenas na passagem de um ano letivo para o próximo e, sim, aula a aula, semana a semana, mês a mês... Somente assim poderíamos realmente ter uma dimensão clara da efetividade e da qualidade de nosso trabalho na educação.

Torne as reuniões de planejamento encontros que sejam realmente
produtivos e inovadores para o trabalho e a prática pedagógica.
Nesse ínterim, vale ressaltar que os resultados colhidos ao longo do ano dependem muito da consistência da proposta pedagógica da escola, do envolvimento dos educadores e da persistência em buscar e atingir os objetivos propostos. Seriedade, embasada por critérios e diretrizes claras, sem a mudança de regras ao longo da jornada, contando com o apoio e a participação de todos os professores e funcionários dão a qualquer plano de trabalho a consistência necessária para que a realização se torne um sucesso.
Os alunos percebem desde os primeiros dias de aula a seriedade da proposta de cada professor e, a partir da prática de sala de aula, transformam a compreensão do imediato e local para o mais amplo tanto no que se refere ao tempo quanto ao espaço e seus protagonistas. Isso quer dizer que a visão da escola como um todo se relaciona, aos olhos dos educandos, a postura e as realizações e implementações dos educadores com os quais têm contato nas aulas.
O sucesso na educação é decorrente, portanto, de uma construção que acontece todos os dias no processo de ensino-aprendizagem e que exige paciência, determinação, objetivos criteriosamente definidos, incentivo a participação constante dos alunos, projetos instigantes que relacionem os temas trabalhados a realidade e a conhecimentos previamente adquiridos pelos estudantes (tanto na escola quanto na vida extra-escolar). É preciso igualmente ter consciência de que qualquer realização, seja ela qual for (nesse caso na educação), passará necessariamente por experiências boas e também por outras ruins, por acertos e erros...

Use o seu conhecimento em prol do grupo.
Argumente e participe suas opiniões sempre tendo em
vista o crescimento e a melhoria do trabalho de todos.
E os erros devem ser entendidos como oportunidades. Nossa completude é um sonho inconseqüente e irresponsável que cabe somente nas palavras de nossos melhores poetas e músicos. A perfeição não deve ser o nosso objetivo de vida e sim um horizonte que nos inspire em nossa trajetória para a obtenção de melhores resultados na busca por um mundo melhor, mais digno, justo e de paz.
Critique se for necessário. Pondere quando sentir que suas opiniões podem ajudar a compor um novo cenário nos trabalhos e projetos em que estiver envolvido. Argumente sempre tendo como matriz de seu pensamento idéias em que realmente acredite e relativamente às quais possua informações sólidas. Não utilize os erros dos outros para demolir suas proposições ou, principalmente, pessoas e grupos. Chega de competição nos moldes do mais selvagem capitalismo. O barco é o mesmo para todos e se não nos dispusermos a ajudar uns aos outros e estimular o crescimento conjunto de nossas instituições estamos fadados ao perecimento...
Aplauda e reconheça os méritos alheios. Participe opiniões em projetos vitoriosos para reforçar suas bases. Disponha-se a trabalhar sempre, em qualquer circunstância, seja ela de ventos favoráveis ou de tormentas da pior espécie.
Numa escola ou num hospital, numa grande indústria ou num banco, em um estabelecimento comercial ou numa fazenda, pouco importa o ramo de atuação profissional em que se trabalhe, deve-se levar em conta que o primeiro dia é sempre de fundamental importância para que imagens se consolidem entre os envolvidos e permitam uma melhor (ou pior) performance de cada indivíduo e do grupo como um todo.

O capitão e os marinheiros somente sobrevivem ao mar quando
atuam de forma harmônica, estabelecendo um ambiente de intercâmbio,
troca, compreensão e auxílio. Numa sala de aula não é diferente...
Como a escola tem como base e firmamento a sala de aula, logo se estabelece que é nesse espaço que se ganha ou que se perde o jogo. E nesse sentido vale destacar que o capitão do barco é o professor e os marujos são os estudantes. Todos sabem e reconhecem que o conhecimento mais amplo sobre a embarcação e também sobre as técnicas náuticas pertence ao experiente capitão (professor). Todos também reconhecem que o navio só conseguirá navegar e atingir os portos nos quais deseja chegar a partir da ação dos marinheiros (alunos).
Se o contato inicial desse capitão com sua tripulação não for bom o que se poderá esperar para as viagens futuras da referida embarcação? Deve ficar claro para todos que não há estabilidade plena nos oceanos pelos quais todos irão navegar. Um dia pode ser de tormenta e o outro pode ser de total calmaria...
Nesse sentido é preciso sempre quebrar o gelo entre professores e alunos na aula inicial deixando claros alguns limites e estabelecendo canais de comunicação constantes entre o capitão e os marinheiros. Conheço professores que afirmam categoricamente que na primeira aula devem-se mostrar os dentes e dizer com clareza quem manda nesse espaço coletivo chamado sala de aula; a outros que pretendem ser muito “chegados” dos estudantes... Discordo totalmente dessas iniciativas. Nem tanto ao sol, nem tanto a lua...
Creio que aos estudantes devem ser apresentadas idéias importantes quanto ao curso, às avaliações, a disciplina, os projetos, a pessoa do educador, a instituição e também relativas ao conteúdo. Deve-se falar e escutar. Abrir espaço para apresentações, dúvidas, troca de idéias, sugestões e apreciações dos estudantes quanto ao curso, à escola e mesmo quanto às propostas do professor.

Estabeleça o diálogo com os colegas e os estudantes. Fale e escute.
Aprenda a anotar as sugestões interessantes para poder implementá-las
posteriormente. Cresça em conjunto com seus pares no trabalho.
E não é só escutar. Ao professor cabe anotar as boas idéias e se mostrar disposto a pensar e eventualmente aplicar algumas dessas contribuições obtidas no contato com seus estudantes. Isso dá credibilidade ao curso e ao docente, estabelece uma comunicação que aproxima todos os presentes e ainda permite implementar o curso a partir da visão de quem está num outro importante papel, o de educandos.
E para melhorar ainda mais esse contato inicial e evitar os já habituais e exauridos modelos de apresentação formal dos estudantes e do próprio docente, que tal variar a fórmula e procurar incrementar a mesma adicionando elementos culturais, esportivos, geográficos, históricos, literários, artísticos ou científicos a esse exercício básico de toda a primeira aula do ano? Como? Que tal usar a imaginação...
Por exemplo, uma possibilidade seria trabalhar com trechos de músicas conhecidas (uns vinte ou trinta, de acordo com a quantidade de alunos de cada sala) que seriam disponibilizados para todos os estudantes. A cada um deles poderia ser pedido que escolhesse um daqueles trechos para falar de si mesmo. Alunos que selecionassem o mesmo trecho se reuniriam num mesmo grupo e trocariam informações sobre eles mesmos com os colegas e depois seriam apresentados por outras pessoas do grupo...
Outra alternativa seria a utilização de fotografias de personalidades da ciência, das artes ou dos esportes. Caberia aos alunos se agruparem de acordo com um sorteio ou pela preferência individual tendo uma dessas personalidades como base para uma conversa. Nesse bate-papo eles deveriam enumerar as qualidades do sujeito e, a partir de uma lista concebida pelo grupo, deveriam falar sobre si mesmos para o restante da turma.
Ainda a título de sugestão caberia, por exemplo, selecionar livros conhecidos do público-alvo de alunos e colocá-los em contato com os mesmos para que todos aqueles que já tivessem lido um determinado título pudessem se reunir para falar sobre a obra, o autor, a trama, os personagens e, com base no que conversaram sobre o livro, viessem a falar sobre as pessoas do grupo traçando paralelos com a trama do livro, os personagens, o autor,...
Há inúmeras alternativas que poderiam ser criadas. Todas demandam tempo de planejamento e criatividade. Libertem-se de suas amarras e mãos a obra para a concepção de uma alternativa que viabilize um começo de ano e de trabalho promissor para suas aulas e sua escola. Bom retorno a sala de aula!
Texto enviado pela profª Pollyanna, de Biologia e Ciências
Curso G9
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
SUCESSO E RECONHECIMENTO DOS QUE SUPERARAM O BULLYING
A volta por cima de um grande talento
Professor Vicente Carlos Martins
Você sabe o que é resiliência?
Um conceito físico: propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora da deformidade (um elástico, que mesmo depois que encolhe, pode ser esticado novamente).
Em termos de comportamento humano, é entendida como nossa capacidade de superar sofrimentos (muito evidente nas vítimas recentes das tragédias causadas pelas chuvas), dor, rancor, mágoa e transformar tudo isso em aprendizado e superação.
A resiliência pode ser então uma forma individual de reação ao bullying.
Um caso muito interessante de um excluído resiliente
Nem sempre a vida de uma personalidade famosa representou um mar de rosas. Durante a jornada estudantil muitas foram vítimas de bullying, mas com o desejo de ver o mundo de um ângulo diferente, elas superaram traumas e dificuldades. Transformaram dor, mágoas e sofrimentos em superação e transcendência, fizeram história em seu meio ou em toda sociedade como um todo.
A história que vou contar abaixo é um desses casos. Omitirei o nome da personalidade, o qual citarei apenas no final.
“Após o divórcio dos pais, ele e suas irmãs foram criados por sua mãe, mulher de personalidade forte, que teve papel marcante em sua história de vitórias. A ausência de seu pai foi só um dentre vários obstáculos em sua vida. No oitavo ano, ele foi diagnosticado com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Segundo seus professores, ele não prestava atenção nas aulas, não parava quieto e não fazia as tarefas escolares. De um deles recebeu o veredicto que jamais seria bem-sucedido na vida pela falta de concentração (um alerta para nós professores!).
Essas paisagens fizeram que ele sofresse bullying por anos consecutivos. Também era humilhado frequentemente por ser muito magro, alto, orelhudo e desengonçado. Uma vez, no ônibus escolar, alunos mais velhos arrancaram seu boné e atiraram pela janela.
Aos 11 anos de idade, em uma competição de natação, alguns meninos por pouco não mergulharam sua cabeça na privada. Ele escapou. “Estava formada uma raiva interior que ele não dividiu com ninguém, mas que soube usar como fonte motivadora, em especial na piscina”, descrito em Sem Limites, seu livre autobiográfico.
Ele encontrou na natação um refúgio frente às constantes brigas entre seus pais, além de poder direcionar seu foco. Sua mãe declarou à revista US MAGAZINE que o bullying e as adversidades fizeram com que ele se fortalecesse e batalhasse mais.
Este garoto, que era intimidado, “zoado” e agredido por valentões na escola, simplesmente trata-se do nadador americano que conquistou oito medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008): Michael Phelps.
Fonte:
Mentes Perigosas nas Escolas
Ana Beatriz Barbosa Silva
Editora Fontanar
Professor Vicente Carlos Martins
Você sabe o que é resiliência?
Um conceito físico: propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora da deformidade (um elástico, que mesmo depois que encolhe, pode ser esticado novamente).
Em termos de comportamento humano, é entendida como nossa capacidade de superar sofrimentos (muito evidente nas vítimas recentes das tragédias causadas pelas chuvas), dor, rancor, mágoa e transformar tudo isso em aprendizado e superação.
A resiliência pode ser então uma forma individual de reação ao bullying.
Um caso muito interessante de um excluído resiliente
Nem sempre a vida de uma personalidade famosa representou um mar de rosas. Durante a jornada estudantil muitas foram vítimas de bullying, mas com o desejo de ver o mundo de um ângulo diferente, elas superaram traumas e dificuldades. Transformaram dor, mágoas e sofrimentos em superação e transcendência, fizeram história em seu meio ou em toda sociedade como um todo.
A história que vou contar abaixo é um desses casos. Omitirei o nome da personalidade, o qual citarei apenas no final.
“Após o divórcio dos pais, ele e suas irmãs foram criados por sua mãe, mulher de personalidade forte, que teve papel marcante em sua história de vitórias. A ausência de seu pai foi só um dentre vários obstáculos em sua vida. No oitavo ano, ele foi diagnosticado com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Segundo seus professores, ele não prestava atenção nas aulas, não parava quieto e não fazia as tarefas escolares. De um deles recebeu o veredicto que jamais seria bem-sucedido na vida pela falta de concentração (um alerta para nós professores!).
Essas paisagens fizeram que ele sofresse bullying por anos consecutivos. Também era humilhado frequentemente por ser muito magro, alto, orelhudo e desengonçado. Uma vez, no ônibus escolar, alunos mais velhos arrancaram seu boné e atiraram pela janela.
Aos 11 anos de idade, em uma competição de natação, alguns meninos por pouco não mergulharam sua cabeça na privada. Ele escapou. “Estava formada uma raiva interior que ele não dividiu com ninguém, mas que soube usar como fonte motivadora, em especial na piscina”, descrito em Sem Limites, seu livre autobiográfico.
Ele encontrou na natação um refúgio frente às constantes brigas entre seus pais, além de poder direcionar seu foco. Sua mãe declarou à revista US MAGAZINE que o bullying e as adversidades fizeram com que ele se fortalecesse e batalhasse mais.
Este garoto, que era intimidado, “zoado” e agredido por valentões na escola, simplesmente trata-se do nadador americano que conquistou oito medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008): Michael Phelps.
Fonte:
Mentes Perigosas nas Escolas
Ana Beatriz Barbosa Silva
Editora Fontanar
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
O limite na educação dos filhos
Transtorno Desafiador Opositivo
Quando os pais se tornam escravos do próprio filho
Todos nós temos requisitos para alcançar altos voos e, às vezes, precisamos de um impulso. Pode ser sofrido, desgastante, mas necessário! Aprendemos muito com os que discordam de nós. Algumas pessoas nos tiram dessa zona de conforto, e elas são eternos mestres em nossas vidas.
A criança responsável é aquela que entende perfeitamente que ela mesma sofrerá as consequências do seu desleixo; ela sente vergonha de ser chamada atenção, quer aprovação dos outros, tem curiosidade. Desde cedo, tem ambições positivas e quer caminhar com as próprias pernas.
Há crianças e adolescentes que, de uma forma muito perspicaz, jogam a culpa nos pais. Driblam as tarefas e se vitimizam. Há pais que são reféns. A última palavra em casa é a do filho. Mesmo pequenos podem ser verdadeiros tiranos em casa. São jovens que responsabilizam os outros pelo mau comportamento, desafiam autoridade, recusam-se a trabalhar em grupo, não aceitam ordens e críticas, querem tudo a seu modo, gritam, perturbam e têm “pavio curto”.
O quadro acima pode ser patológico denominando-se transtorno desafiador opositivo.
Transtorno Desafiador Opositivo
A pessoa apresenta um comportamento frequentemente negativista, desafiador, desobediente e hostil com figuras de autoridade, como pais, familiares e professores. As manifestações do transtorno são mais frequentes no lar, aparecendo também na escola ou em outros ambientes.
Os pacientes apresentam prejuízo significativo em seu desempenho acadêmico, constantemente se envolvem em brigas e discussões, sendo comumente rejeitados pelos colegas do grupo escolar, e há comprometimento da auto-estima.
O tratamento para crianças e adolescentes com esse diagnóstico é a utilização de técnicas de intervenção psicológica e comportamental associada a uma orientação a pais e professores. Um bom modo de a escola colaborar é através da realização de esportes coletivos que auxiliam na socialização e constroem conceitos como disciplina e respeito.
Finalizando, por trás de um filho tirano existem sempre pais complacentes que toleram atrasos, irresponsabilidades, desrespeito e permitem que a criança constitua as leis no lar, enquanto os pais deveriam ter o domínio e fazer a manutenção da ordem. E nós, professores, qual é a nossa culpa? Podemos ajudar?
Fonte:
SESSA, Tatiana.E agora? Meu filho não gosta de estudar! SP: Ed. Best Seller
Artigo publicado pelo prof. Vicente- Matemática
Curso G9
Quando os pais se tornam escravos do próprio filho
Todos nós temos requisitos para alcançar altos voos e, às vezes, precisamos de um impulso. Pode ser sofrido, desgastante, mas necessário! Aprendemos muito com os que discordam de nós. Algumas pessoas nos tiram dessa zona de conforto, e elas são eternos mestres em nossas vidas.
A criança responsável é aquela que entende perfeitamente que ela mesma sofrerá as consequências do seu desleixo; ela sente vergonha de ser chamada atenção, quer aprovação dos outros, tem curiosidade. Desde cedo, tem ambições positivas e quer caminhar com as próprias pernas.
Há crianças e adolescentes que, de uma forma muito perspicaz, jogam a culpa nos pais. Driblam as tarefas e se vitimizam. Há pais que são reféns. A última palavra em casa é a do filho. Mesmo pequenos podem ser verdadeiros tiranos em casa. São jovens que responsabilizam os outros pelo mau comportamento, desafiam autoridade, recusam-se a trabalhar em grupo, não aceitam ordens e críticas, querem tudo a seu modo, gritam, perturbam e têm “pavio curto”.
O quadro acima pode ser patológico denominando-se transtorno desafiador opositivo.
Transtorno Desafiador Opositivo
A pessoa apresenta um comportamento frequentemente negativista, desafiador, desobediente e hostil com figuras de autoridade, como pais, familiares e professores. As manifestações do transtorno são mais frequentes no lar, aparecendo também na escola ou em outros ambientes.
Os pacientes apresentam prejuízo significativo em seu desempenho acadêmico, constantemente se envolvem em brigas e discussões, sendo comumente rejeitados pelos colegas do grupo escolar, e há comprometimento da auto-estima.
O tratamento para crianças e adolescentes com esse diagnóstico é a utilização de técnicas de intervenção psicológica e comportamental associada a uma orientação a pais e professores. Um bom modo de a escola colaborar é através da realização de esportes coletivos que auxiliam na socialização e constroem conceitos como disciplina e respeito.
Finalizando, por trás de um filho tirano existem sempre pais complacentes que toleram atrasos, irresponsabilidades, desrespeito e permitem que a criança constitua as leis no lar, enquanto os pais deveriam ter o domínio e fazer a manutenção da ordem. E nós, professores, qual é a nossa culpa? Podemos ajudar?
Fonte:
SESSA, Tatiana.E agora? Meu filho não gosta de estudar! SP: Ed. Best Seller
Artigo publicado pelo prof. Vicente- Matemática
Curso G9
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Educação - paternalismo ou autonomia
A autoridade que espero
Contardo Calligaris - Folha de São Paulo- 13/01/2011
______________________________________
Para o paternalismo, as autoridades podem mandar na gente porque nos amam como um pai ou uma mãe
________________________________________
"O QUE ESPERAMOS", em português, é uma expressão complexa: pode significar o que gostaríamos que acontecesse (é o sentido do francês "espérer" e do inglês "to hope") ou apenas o que antecipamos (é o sentido do francês "s'attendre à" e do inglês "to expect").
Na semana retrasada, uma reportagem da revista "Veja" me perguntou o que eu esperava dos primeiros cem dias do governo Dilma. Respondi: "Espero ser tratado como gente grande. (...) Espero que a presidente não ache que é meu pai nem a minha mãe".
Minha resposta respeitou o duplo sentido de esperar: escolhi algo que desejo e também antevejo que possa acontecer no governo Dilma.
Na presidência Lula (que foi, ao meu ver, uma grande Presidência para o país), a única coisa que realmente me ouriçou foi o paternalismo. Disso não vou sentir falta. E ninguém deveria -pois, no balanço positivo dos oito anos, acredito que quase todas as manchas tenham sua origem no paternalismo.
O paternalismo explica a escolha de colaboradores mais por vínculos afetivos do que por competência ou probidade e explica, em geral, a dificuldade em reconhecer que a lei se situa acima dos laços de amizade e de família (veja-se o caso final dos passaportes diplomáticos concedidos aos filhos de Lula).
Por que o paternalismo me incomoda tanto?
Tive pai e mãe ótimos e, ainda hoje, às vezes, gostaria que estivessem aqui para me orientar. Mas não deixo ninguém se colocar no lugar deles. Isso não me exige um esforço grande, pois o lugar da minha mente que eles ocupavam antes que eu alcançasse minha (relativa) autonomia já não existe mais, há tempos.
Desfazer-me desse lugar não foi automático; em grande parte, foi o resultado do processo de minha análise. Uma psicanálise, aliás, poderia se definir como o esforço para se desfazer de figuras paternas internalizadas, que tiveram uma função no atrapalhado caminho pelo qual nos tornamos adultos, mas das quais não precisamos mais.
O paternalismo é o avesso desse esforço: ele quer que a experiência adulta da autoridade seja moldada pela nossa neurose familiar básica.
O paternalismo acha bom que, para nós, toda figura de autoridade se pareça com uma mamãe ou um papai, cuidadosos e/ou severos. Também o paternalismo acha bom que, do agente de trânsito ao presidente, do professor à enfermeira, as figuras de autoridade pensem que elas podem mandar na gente porque nos amam como os pais amam seus filhos.
A neurose faz com que, na vida adulta, nós tendamos a viver todas as relações como extensões dos afetos familiares no meio dos quais crescemos. No caso que nos interessa, estaríamos prontos a sermos bons meninos diante de um governante que nos convença de que ele é nosso pai ou nossa mãe (o que não vai ser difícil, pois isso é exatamente o que queremos acreditar).
Minha esperança é que, com Dilma, o governo não se prevaleça dessa neurose quase universal. Espero, por exemplo, que a presidente me peça para pagar mais impostos porque a boa administração do país exige esse esforço -não porque ela é uma mãe para mim, e, portanto, eu me comportarei bem.
Por que espero isso? Simples: a autoridade que se funda num vínculo afetivo é descontrolada e incontrolável. Quem ousaria discutir e limitar a suposta intenção amorosa dos "pais"? Como o "filho" ousaria inquirir o pai e a mãe? O paternalismo é quase sempre tentado pelo autoritarismo mais arbitrário. Por seu trajeto, espero que Dilma tenha pouca simpatia pelo autoritarismo sob todas suas formas.
Alguém, tendo lido minha resposta à "Veja", perguntou: mas não é normal que a relação com o pai e a mãe seja para nós o modelo de toda relação com a autoridade? Não é isso que a psicanálise nos diz?
Não é. A família é o sistema que inventamos para lidar com as crianças estranhamente prematuras que todos somos -crianças que precisam de cuidados e orientação durante um quinto de suas vidas. Pensar que a família, por ser o quadro em que descobrimos a autoridade, seja também seu modelo "natural" equivaleria a pensar que toda sexualidade, por ter começado com papai e mamãe, deva ser edípica, para sempre.
A psicanálise pensa (e espera) o contrário, ou seja, que a gente cresça e, no caso, que nossa (inevitável) relação com a autoridade deixe de ser parasitada pelos restos da neurose familiar.
Prof. Italo Mammini Filho
Prof. de Química do Curso G9
Contardo Calligaris - Folha de São Paulo- 13/01/2011
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Para o paternalismo, as autoridades podem mandar na gente porque nos amam como um pai ou uma mãe
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"O QUE ESPERAMOS", em português, é uma expressão complexa: pode significar o que gostaríamos que acontecesse (é o sentido do francês "espérer" e do inglês "to hope") ou apenas o que antecipamos (é o sentido do francês "s'attendre à" e do inglês "to expect").
Na semana retrasada, uma reportagem da revista "Veja" me perguntou o que eu esperava dos primeiros cem dias do governo Dilma. Respondi: "Espero ser tratado como gente grande. (...) Espero que a presidente não ache que é meu pai nem a minha mãe".
Minha resposta respeitou o duplo sentido de esperar: escolhi algo que desejo e também antevejo que possa acontecer no governo Dilma.
Na presidência Lula (que foi, ao meu ver, uma grande Presidência para o país), a única coisa que realmente me ouriçou foi o paternalismo. Disso não vou sentir falta. E ninguém deveria -pois, no balanço positivo dos oito anos, acredito que quase todas as manchas tenham sua origem no paternalismo.
O paternalismo explica a escolha de colaboradores mais por vínculos afetivos do que por competência ou probidade e explica, em geral, a dificuldade em reconhecer que a lei se situa acima dos laços de amizade e de família (veja-se o caso final dos passaportes diplomáticos concedidos aos filhos de Lula).
Por que o paternalismo me incomoda tanto?
Tive pai e mãe ótimos e, ainda hoje, às vezes, gostaria que estivessem aqui para me orientar. Mas não deixo ninguém se colocar no lugar deles. Isso não me exige um esforço grande, pois o lugar da minha mente que eles ocupavam antes que eu alcançasse minha (relativa) autonomia já não existe mais, há tempos.
Desfazer-me desse lugar não foi automático; em grande parte, foi o resultado do processo de minha análise. Uma psicanálise, aliás, poderia se definir como o esforço para se desfazer de figuras paternas internalizadas, que tiveram uma função no atrapalhado caminho pelo qual nos tornamos adultos, mas das quais não precisamos mais.
O paternalismo é o avesso desse esforço: ele quer que a experiência adulta da autoridade seja moldada pela nossa neurose familiar básica.
O paternalismo acha bom que, para nós, toda figura de autoridade se pareça com uma mamãe ou um papai, cuidadosos e/ou severos. Também o paternalismo acha bom que, do agente de trânsito ao presidente, do professor à enfermeira, as figuras de autoridade pensem que elas podem mandar na gente porque nos amam como os pais amam seus filhos.
A neurose faz com que, na vida adulta, nós tendamos a viver todas as relações como extensões dos afetos familiares no meio dos quais crescemos. No caso que nos interessa, estaríamos prontos a sermos bons meninos diante de um governante que nos convença de que ele é nosso pai ou nossa mãe (o que não vai ser difícil, pois isso é exatamente o que queremos acreditar).
Minha esperança é que, com Dilma, o governo não se prevaleça dessa neurose quase universal. Espero, por exemplo, que a presidente me peça para pagar mais impostos porque a boa administração do país exige esse esforço -não porque ela é uma mãe para mim, e, portanto, eu me comportarei bem.
Por que espero isso? Simples: a autoridade que se funda num vínculo afetivo é descontrolada e incontrolável. Quem ousaria discutir e limitar a suposta intenção amorosa dos "pais"? Como o "filho" ousaria inquirir o pai e a mãe? O paternalismo é quase sempre tentado pelo autoritarismo mais arbitrário. Por seu trajeto, espero que Dilma tenha pouca simpatia pelo autoritarismo sob todas suas formas.
Alguém, tendo lido minha resposta à "Veja", perguntou: mas não é normal que a relação com o pai e a mãe seja para nós o modelo de toda relação com a autoridade? Não é isso que a psicanálise nos diz?
Não é. A família é o sistema que inventamos para lidar com as crianças estranhamente prematuras que todos somos -crianças que precisam de cuidados e orientação durante um quinto de suas vidas. Pensar que a família, por ser o quadro em que descobrimos a autoridade, seja também seu modelo "natural" equivaleria a pensar que toda sexualidade, por ter começado com papai e mamãe, deva ser edípica, para sempre.
A psicanálise pensa (e espera) o contrário, ou seja, que a gente cresça e, no caso, que nossa (inevitável) relação com a autoridade deixe de ser parasitada pelos restos da neurose familiar.
Prof. Italo Mammini Filho
Prof. de Química do Curso G9
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Educação e Diversidade em Sala de Aula
Partilho com todos o artigo abaixo, sobre o impacto da diferença de gênero na aprendizagem
Gazeta do Povo, 11/01/2011 - Curitiba PR
Diferença entre gêneros reflete em desempenho
Avaliação aplicada no Brasil mostrou que meninas são melhores na leitura e meninos se destacam em Ciências e Matemática
Carolina Gabardo Belo
A última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), referente ao ano de 2009 e divulgado no início de dezembro, mostrou, entre ou¬¬tros dados, algo que os professores já perceberam há tempos: a diferença de gênero também se reflete no desempenho dos estudantes em sala de aula. A pesquisa avaliou alunos de 15 anos em 65 países e mostrou que, no Brasil, as meninas são mais eficazes em leitura, enquanto os meninos se destacam em Ciên¬¬cias e Matemática. Além de uma simples diferença, este quadro representa um amplo desafio aos docentes, que precisam lidar com as potencialidades de cada um e ao mesmo tempo estimular os alunos nas áreas em que eles não têm tanto interesse. A tarefa não é fácil, pois exige atenção e jogo de cintura dos professores na hora de passar os conteúdos aos jovens, que também apresentam características individuais no aprendizado.
“O professor precisa estruturar a maneira de ensino prevendo a diversidade na maneira de aprender. Estas diferenças são maiores que a questão do gênero, elas acontecem de pessoa para pessoa”, ressalta a doutora em Educação e professora do curso de Pedagogia da PUCPR, Evelise Portilho.
Ensino - Para chamar a atenção dos estudantes nas disciplinas, Evelise afirma que os professores precisam estar atentos aos interesses dos jovens, bem como estimular diferentes habilidades, as chamadas múltiplas inteligências. “Se o aluno tem predomínio em uma modalidade não podemos deixar de potencializar as outras, que também são importantes”, diz. O ideal é desenvolver atividades que se aproximam da realidade dos jovens e oportunizar a interação entre os alunos durante os estudos, promovendo apenas no professor, pois não existe uma única maneira de ensinar”, garante. Na prática, os docentes garantem que a iniciativa dá resultados, uma vez que alia as potencialidades de meninos e meninas nos grupos de estudo.
Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Ensino Médio e PV
Gazeta do Povo, 11/01/2011 - Curitiba PR
Diferença entre gêneros reflete em desempenho
Avaliação aplicada no Brasil mostrou que meninas são melhores na leitura e meninos se destacam em Ciências e Matemática
Carolina Gabardo Belo
A última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), referente ao ano de 2009 e divulgado no início de dezembro, mostrou, entre ou¬¬tros dados, algo que os professores já perceberam há tempos: a diferença de gênero também se reflete no desempenho dos estudantes em sala de aula. A pesquisa avaliou alunos de 15 anos em 65 países e mostrou que, no Brasil, as meninas são mais eficazes em leitura, enquanto os meninos se destacam em Ciên¬¬cias e Matemática. Além de uma simples diferença, este quadro representa um amplo desafio aos docentes, que precisam lidar com as potencialidades de cada um e ao mesmo tempo estimular os alunos nas áreas em que eles não têm tanto interesse. A tarefa não é fácil, pois exige atenção e jogo de cintura dos professores na hora de passar os conteúdos aos jovens, que também apresentam características individuais no aprendizado.
“O professor precisa estruturar a maneira de ensino prevendo a diversidade na maneira de aprender. Estas diferenças são maiores que a questão do gênero, elas acontecem de pessoa para pessoa”, ressalta a doutora em Educação e professora do curso de Pedagogia da PUCPR, Evelise Portilho.
Ensino - Para chamar a atenção dos estudantes nas disciplinas, Evelise afirma que os professores precisam estar atentos aos interesses dos jovens, bem como estimular diferentes habilidades, as chamadas múltiplas inteligências. “Se o aluno tem predomínio em uma modalidade não podemos deixar de potencializar as outras, que também são importantes”, diz. O ideal é desenvolver atividades que se aproximam da realidade dos jovens e oportunizar a interação entre os alunos durante os estudos, promovendo apenas no professor, pois não existe uma única maneira de ensinar”, garante. Na prática, os docentes garantem que a iniciativa dá resultados, uma vez que alia as potencialidades de meninos e meninas nos grupos de estudo.
Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Ensino Médio e PV
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Gestão Escolar e Execução do Planejamento
Oi, professores e colegas
O ano começa e novos planos são feitos, novos projetos se preparam para serem executados. A educação sofre com um problema sério de gestão escolar: os projetos são de boa qualidade, mas não são executados a contento.
Penso que uma reflexão mais detalhada a respeito merece ser feita. Sugiro, pois, o artigo abaixo e, posteriormente, uma auto-avaliação de nossa própria gestão da educação. Boa leitura a todos!
Capacidade de execução na educação
Paulo Sertek
Ram Charan é considerado atualmente um dos mais influentes pensadores da arte de gestão, e faz imenso sucesso com o livro Execução: a disciplina para atingir resultados. Destaca que, independentemente do setor que se pretenda organizar, para atingir resultados é necessária a disciplina da execução. Por quê? Constatou que a maior parte dos planejamentos estratégicos das empresas públicas ou privadas padece do pecado de origem: por melhores que sejam os seus planos, eles naufragam, na grande maioria, por falta de capacidade de execução. Em geral, o planejamento ou as diretrizes padecem do mal do abstracionismo. As ideias são boas, não obstante sofrem com a falta de adequação à realidade da implementação. Os planejamentos nascem com irrealismo, pois não se preveem os verdadeiros gargalos. Os dirigentes não se antecipam às dificuldades sobre como transformar as diretrizes gerais em planos rigorosos e sistemáticos de seguimento das metas.
Diz Charan que: “Muitos (dirigentes) não compreendem o que precisa ser feito para converter uma visão em tarefas específicas, pois seu pensamento de alto nível é muito amplo. Eles não levam as coisas adiante e não fazem acontecer; os detalhes os aborrecem. Eles não cristalizam o pensamento ou preveem os obstáculos. Não sabem como escolher as pessoas com habilidade para executar. Sua falta de envolvimento os priva de um julgamento consistente sobre as pessoas, o que só se adquire com a prática”.
Artigo retirado do Jornal Gazeta do Povo, 11/01/2011 - Curitiba PR
Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora Pedagógica do Ensino Médio e PV
O ano começa e novos planos são feitos, novos projetos se preparam para serem executados. A educação sofre com um problema sério de gestão escolar: os projetos são de boa qualidade, mas não são executados a contento.
Penso que uma reflexão mais detalhada a respeito merece ser feita. Sugiro, pois, o artigo abaixo e, posteriormente, uma auto-avaliação de nossa própria gestão da educação. Boa leitura a todos!
Capacidade de execução na educação
Paulo Sertek
Ram Charan é considerado atualmente um dos mais influentes pensadores da arte de gestão, e faz imenso sucesso com o livro Execução: a disciplina para atingir resultados. Destaca que, independentemente do setor que se pretenda organizar, para atingir resultados é necessária a disciplina da execução. Por quê? Constatou que a maior parte dos planejamentos estratégicos das empresas públicas ou privadas padece do pecado de origem: por melhores que sejam os seus planos, eles naufragam, na grande maioria, por falta de capacidade de execução. Em geral, o planejamento ou as diretrizes padecem do mal do abstracionismo. As ideias são boas, não obstante sofrem com a falta de adequação à realidade da implementação. Os planejamentos nascem com irrealismo, pois não se preveem os verdadeiros gargalos. Os dirigentes não se antecipam às dificuldades sobre como transformar as diretrizes gerais em planos rigorosos e sistemáticos de seguimento das metas.
Diz Charan que: “Muitos (dirigentes) não compreendem o que precisa ser feito para converter uma visão em tarefas específicas, pois seu pensamento de alto nível é muito amplo. Eles não levam as coisas adiante e não fazem acontecer; os detalhes os aborrecem. Eles não cristalizam o pensamento ou preveem os obstáculos. Não sabem como escolher as pessoas com habilidade para executar. Sua falta de envolvimento os priva de um julgamento consistente sobre as pessoas, o que só se adquire com a prática”.
Artigo retirado do Jornal Gazeta do Povo, 11/01/2011 - Curitiba PR
Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora Pedagógica do Ensino Médio e PV
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
A educação brasileira e o Pisa
Colegas, a entrevista abaixo, feita com um sociólogo e focada na avaliação do teste Pisa e as providências sugeridas em função dos resultados obtidos pelo Brasil, ajudam nossa reflexão sobre o trabalho educativo para 2011.
Gazeta do Povo, 14/12/2010 - Curitiba PR
Família é responsável por até 50% do desempenho do aluno
Julio Jacobo Waiselfisz, sociólogo e diretor de Pesquisa e Avaliação da Sangari, responsável pelo estudo “O Ensino de Ciências no Brasil e o Pisa”
Um ano a mais de ensino básico e uma carga horária maior no ensino de ciências são algumas das sugestões que o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz apresenta para tentar acelerar a melhora no desempenho dos estudantes brasileiros. Ao analisar os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2009, o especialista concorda com a opinião geral de diversos colegas, de que a melhora dos estudantes brasileiros em relação ao exame de 2006 está longe de colocar o Brasil num nível aceitável de qualidade na educação, e que o ritmo dessa melhora é insuficiente. Por isso Waiselfisz defende medidas concretas, com urgência, começando-se pelas menos complexas. Segundo o sociólogo, a adoção generalizada dos nove anos no ensino básico já poderia somar 44 pontos no resultado dos próximos exames, muito mais do que os festejados 17 pontos de alta observados entre 2006 e 2009. No ensino de ciências, que teve o menor crescimento entre as três disciplinas avaliadas pelo Pisa, uma hora de aula a mais por semana pode ter um resultado muito significativo.
Waiselfisz ocupa o cargo de diretor de Pesquisa e Avaliação da Sangari, onde produziu o estudo “O Ensino de Ciências no Brasil e o Pisa”, e afirma que “os estudantes dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm, em média, 3,2 horas semanais de aulas de Ciências dentro da escola, enquanto os brasileiros têm 2,2 horas semanais”. O resultado é simples de se observar: os países da OCDE têm quase cem pontos acima da média brasileira em Ciências. São os países líderes em desenvolvimento científico e tecnológico. O sociólogo ressalta ainda o papel da família na formação de crianças e adolescentes. Segundo ele, o nível familiar tem peso entre 30% e 50% no desempenho do aluno, para o bem e para o mal. O Brasil tem 42% de seus alunos no nível mais baixo da escala sociocultural elaborada pelo Pisa. Na Coreia, essa proporção está em 4%.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista com o sociólogo:
A avaliação geral do Brasil no Pisa 2009 é positiva?
Sim, mas pouco. Os dados de 2003 e 2006 mostraram estagnação, passando da média geral de 383 para 384 pontos, com o Brasil no fim do ranking. Em 2009 chegou a 401, ou 17 pontos acima. Ou seja, saímos da estagnação, mas pela ótica do atraso histórico em relação aos países mais desenvolvidos, é pouco se quisermos recuperar o terreno rapidamente, como pretende o Ministério da Educação com a implantação da Prova Brasil e do Ideb Nacional.
Em relação às três áreas avaliadas, leitura, matemática e ciências, há diferenças significativas?
Não. Como todas tiveram subidas discretas, todas tiveram o mesmo papel no desempenho relativamente fraco da média. A evolução de ciências foi a mais fraca entre as três, com apenas 15 pontos de elevação sobre 2006, de 390 pontos para 405 pontos. Leitura, que teve a alta maior, subiu apenas 19 pontos, passando de 393 para 412 e, matemática, de 370 para 386. Nenhuma das disciplinas conseguiu dar grande salto em favor da média geral.
Quais os fatores que levam o Brasil a ficar parado ou andar devagar nas avaliações do Pisa?
São vários fatores que se somam para criar um panorama complexo, mas a situação socioeconômico familiar é particularmente cruel. O nível familiar tem peso entre 30% e 50% no desempenho do aluno, para o bem e para o mal. O Brasil tem 42% de seus alunos no nível mais baixo da escala sociocultural elaborada pelo Pisa. Na Coreia, essa proporção está em 4%. Na média dos países ricos da OCDE, 10%. O Brasil está pior que o México e Colômbia, que têm 41% de seus estudantes em famílias de menor nível sociocultural.
De que forma influi o ambiente familiar?
A família influi de diversas formas. Ela pode criar um ambiente favorável ao estudo dentro de suas possibilidades. Está demonstrado que pais que conversam com seus filhos sobre diversos temas também influenciam na aprendizagem. Criar um pequeno espaço para o estudante em casa, uma mesinha e estimular uma criança a pegar um livro na biblioteca pública são atitudes que contam muito.
Falta investimento na educação brasileira ou o dinheiro é mal gasto?
As duas coisas, mas há uma distorção na leitura que se faz dos investimentos. Se tomarmos o quanto do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é investido em educação, cerca de 5% do PIB, estaremos igualados à Alemanha. Porém, como o PIB alemão é muito maior que o brasileiro, a Alemanha investe US$ 6.400 por aluno, enquanto o Brasil investe US$ 1.150. O investimento por aluno é muito melhor indicador do que o porcentual sobre o PIB. O Quênia, na África, investe 7% do seu PIB em educação, mas cada aluno tem investimento de US$ 245, e por isso a educação naquele país é uma das piores do mundo, apesar dos 7% de investimento sobre o PIB.
Que medidas o Brasil poderia tomar para tentar reverter rapidamente o quadro atual?
Algumas coisas simples e que já foram iniciadas, como o aumento de oito para nove anos de escolaridade no ciclo fundamental. Os alunos brasileiros que participaram do Pisa 2006 tinham 8,74 anos de estudo, melhor apenas do que a Estônia entre os 57 países que participaram. Reino Unido, por exemplo, tem 11 anos de estudo e a Nova Zelândia, 10,9. Há bem pouco tempo que essa distorção começou a ser corrigida. Segundo o Pisa, um ano a menos significou a perda de 12% no resultado de ciências de um estudante. Essa diferença significa nem mais nem menos do que 44 pontos, bem mais do que os 17 pontos ganhos entre 2006 e 2009. Só que os resultados de uma medida tão simples e correta só serão sentidos nas próximas edições do Pisa. Até agora, os alunos de 15 anos pertencem à época do ciclo de oito anos.
Especialistas colocam que um dos grandes problemas são os baixos salários dos professores brasileiros. O senhor concorda?
Em parte. Creio que é um dos problemas estratégicos, mas a questão dos docentes não se resume aos salários baixos. Há uma questão de formação dos professores que é tanto ou mais séria. E não é uma questão de competência do professor, mas sim de não cumprimento das legislações nacionais. Cerca de um quarto dos professores brasileiros não têm escolarização legalmente exigida. A maioria dos professores não está lecionando em suas áreas de formação. Apenas 43% dos professores de língua portuguesa têm diploma nessa área de conhecimento. Em matemática, são apenas 36%. Só 15% dos professores de física têm formação em física. Metade dos professores dessa disciplina é formada em Matemática. É um problema muito sério.
Qual outra solução o senhor apontaria?
Outra questão que afeta a eficiência do ensino é a jornada dos alunos, a quantidade de horas/aula ministradas para cada disciplina. Os países avaliados pelo Pisa com melhor desempenho têm jornadas maiores para os alunos. Isso é importante, sim. Os estudantes dos países da OCDE têm, em média, 3,2 horas semanais de aulas de ciências dentro da escola, enquanto os brasileiros têm 2,2 horas semanais. Essa diferença atinge as outras disciplinas também. Esse é um dos motivos do abismo que existe quando se compara o resultado em ciências entre Brasil e países da OCDE. A média dos países europeus está quase cem pontos acima. As escolas brasileiras não conseguem sequer cumprir as quatro horas diárias previstas legalmente. São greves, feriados, semanas de prova, atividades extras, faltas de professores sem reposição e até o horário do recreio que, somados, vão tirando muitas horas/aula dos estudantes. Uma perda irreparável.
Artigo postado pela Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora pedagógica
Gazeta do Povo, 14/12/2010 - Curitiba PR
Família é responsável por até 50% do desempenho do aluno
Julio Jacobo Waiselfisz, sociólogo e diretor de Pesquisa e Avaliação da Sangari, responsável pelo estudo “O Ensino de Ciências no Brasil e o Pisa”
Um ano a mais de ensino básico e uma carga horária maior no ensino de ciências são algumas das sugestões que o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz apresenta para tentar acelerar a melhora no desempenho dos estudantes brasileiros. Ao analisar os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2009, o especialista concorda com a opinião geral de diversos colegas, de que a melhora dos estudantes brasileiros em relação ao exame de 2006 está longe de colocar o Brasil num nível aceitável de qualidade na educação, e que o ritmo dessa melhora é insuficiente. Por isso Waiselfisz defende medidas concretas, com urgência, começando-se pelas menos complexas. Segundo o sociólogo, a adoção generalizada dos nove anos no ensino básico já poderia somar 44 pontos no resultado dos próximos exames, muito mais do que os festejados 17 pontos de alta observados entre 2006 e 2009. No ensino de ciências, que teve o menor crescimento entre as três disciplinas avaliadas pelo Pisa, uma hora de aula a mais por semana pode ter um resultado muito significativo.
Waiselfisz ocupa o cargo de diretor de Pesquisa e Avaliação da Sangari, onde produziu o estudo “O Ensino de Ciências no Brasil e o Pisa”, e afirma que “os estudantes dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm, em média, 3,2 horas semanais de aulas de Ciências dentro da escola, enquanto os brasileiros têm 2,2 horas semanais”. O resultado é simples de se observar: os países da OCDE têm quase cem pontos acima da média brasileira em Ciências. São os países líderes em desenvolvimento científico e tecnológico. O sociólogo ressalta ainda o papel da família na formação de crianças e adolescentes. Segundo ele, o nível familiar tem peso entre 30% e 50% no desempenho do aluno, para o bem e para o mal. O Brasil tem 42% de seus alunos no nível mais baixo da escala sociocultural elaborada pelo Pisa. Na Coreia, essa proporção está em 4%.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista com o sociólogo:
A avaliação geral do Brasil no Pisa 2009 é positiva?
Sim, mas pouco. Os dados de 2003 e 2006 mostraram estagnação, passando da média geral de 383 para 384 pontos, com o Brasil no fim do ranking. Em 2009 chegou a 401, ou 17 pontos acima. Ou seja, saímos da estagnação, mas pela ótica do atraso histórico em relação aos países mais desenvolvidos, é pouco se quisermos recuperar o terreno rapidamente, como pretende o Ministério da Educação com a implantação da Prova Brasil e do Ideb Nacional.
Em relação às três áreas avaliadas, leitura, matemática e ciências, há diferenças significativas?
Não. Como todas tiveram subidas discretas, todas tiveram o mesmo papel no desempenho relativamente fraco da média. A evolução de ciências foi a mais fraca entre as três, com apenas 15 pontos de elevação sobre 2006, de 390 pontos para 405 pontos. Leitura, que teve a alta maior, subiu apenas 19 pontos, passando de 393 para 412 e, matemática, de 370 para 386. Nenhuma das disciplinas conseguiu dar grande salto em favor da média geral.
Quais os fatores que levam o Brasil a ficar parado ou andar devagar nas avaliações do Pisa?
São vários fatores que se somam para criar um panorama complexo, mas a situação socioeconômico familiar é particularmente cruel. O nível familiar tem peso entre 30% e 50% no desempenho do aluno, para o bem e para o mal. O Brasil tem 42% de seus alunos no nível mais baixo da escala sociocultural elaborada pelo Pisa. Na Coreia, essa proporção está em 4%. Na média dos países ricos da OCDE, 10%. O Brasil está pior que o México e Colômbia, que têm 41% de seus estudantes em famílias de menor nível sociocultural.
De que forma influi o ambiente familiar?
A família influi de diversas formas. Ela pode criar um ambiente favorável ao estudo dentro de suas possibilidades. Está demonstrado que pais que conversam com seus filhos sobre diversos temas também influenciam na aprendizagem. Criar um pequeno espaço para o estudante em casa, uma mesinha e estimular uma criança a pegar um livro na biblioteca pública são atitudes que contam muito.
Falta investimento na educação brasileira ou o dinheiro é mal gasto?
As duas coisas, mas há uma distorção na leitura que se faz dos investimentos. Se tomarmos o quanto do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é investido em educação, cerca de 5% do PIB, estaremos igualados à Alemanha. Porém, como o PIB alemão é muito maior que o brasileiro, a Alemanha investe US$ 6.400 por aluno, enquanto o Brasil investe US$ 1.150. O investimento por aluno é muito melhor indicador do que o porcentual sobre o PIB. O Quênia, na África, investe 7% do seu PIB em educação, mas cada aluno tem investimento de US$ 245, e por isso a educação naquele país é uma das piores do mundo, apesar dos 7% de investimento sobre o PIB.
Que medidas o Brasil poderia tomar para tentar reverter rapidamente o quadro atual?
Algumas coisas simples e que já foram iniciadas, como o aumento de oito para nove anos de escolaridade no ciclo fundamental. Os alunos brasileiros que participaram do Pisa 2006 tinham 8,74 anos de estudo, melhor apenas do que a Estônia entre os 57 países que participaram. Reino Unido, por exemplo, tem 11 anos de estudo e a Nova Zelândia, 10,9. Há bem pouco tempo que essa distorção começou a ser corrigida. Segundo o Pisa, um ano a menos significou a perda de 12% no resultado de ciências de um estudante. Essa diferença significa nem mais nem menos do que 44 pontos, bem mais do que os 17 pontos ganhos entre 2006 e 2009. Só que os resultados de uma medida tão simples e correta só serão sentidos nas próximas edições do Pisa. Até agora, os alunos de 15 anos pertencem à época do ciclo de oito anos.
Especialistas colocam que um dos grandes problemas são os baixos salários dos professores brasileiros. O senhor concorda?
Em parte. Creio que é um dos problemas estratégicos, mas a questão dos docentes não se resume aos salários baixos. Há uma questão de formação dos professores que é tanto ou mais séria. E não é uma questão de competência do professor, mas sim de não cumprimento das legislações nacionais. Cerca de um quarto dos professores brasileiros não têm escolarização legalmente exigida. A maioria dos professores não está lecionando em suas áreas de formação. Apenas 43% dos professores de língua portuguesa têm diploma nessa área de conhecimento. Em matemática, são apenas 36%. Só 15% dos professores de física têm formação em física. Metade dos professores dessa disciplina é formada em Matemática. É um problema muito sério.
Qual outra solução o senhor apontaria?
Outra questão que afeta a eficiência do ensino é a jornada dos alunos, a quantidade de horas/aula ministradas para cada disciplina. Os países avaliados pelo Pisa com melhor desempenho têm jornadas maiores para os alunos. Isso é importante, sim. Os estudantes dos países da OCDE têm, em média, 3,2 horas semanais de aulas de ciências dentro da escola, enquanto os brasileiros têm 2,2 horas semanais. Essa diferença atinge as outras disciplinas também. Esse é um dos motivos do abismo que existe quando se compara o resultado em ciências entre Brasil e países da OCDE. A média dos países europeus está quase cem pontos acima. As escolas brasileiras não conseguem sequer cumprir as quatro horas diárias previstas legalmente. São greves, feriados, semanas de prova, atividades extras, faltas de professores sem reposição e até o horário do recreio que, somados, vão tirando muitas horas/aula dos estudantes. Uma perda irreparável.
Artigo postado pela Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora pedagógica
terça-feira, 16 de novembro de 2010
O orgulho de SER professor
Tem-se tornado comum os canais de televisão divulgarem professores sofrendo agressões físicas praticadas pelos seus alunos adolescentes na própria sala de aula. No último dia 12, chegamos ao absurdo de ver uma agressão violenta, praticada por um estudante de enfermagem de 23 anos, de uma escola particular, contra a coordenadora.
Acredito que esses fatos também têm contribuído para que os nossos jovens não queiram seguir a carreira de professor, o que me deixa muito preocupado porque quando se discute os mais diversos problemas do nosso país, percebemos que as soluções sempre passam pela educação.
Neste momento, o que fazer? Nas reuniões de professores que realizo no Curso G9, tenho sempre dito que não podemos desanimar por fatos negativos ocorridos em nossa sociedade. Precisamos divulgar as inúmeras situações positivas que vivemos com nossos alunos em sala de aula, situações que, com raras exceções, a mídia tem interesse em divulgar. É preciso, cada vez mais, valorizar e se orgulhar da nossa profissão de professor. Essa deve ser a postura do Educador que sabe da importância de sua contribuição no mundo atual.
Este artigo foi escrito no início da manhã do dia 13 de novembro. Nessa data, às 7 horas da manhã, fui ao café do Vadinho, dei bom dia aos funcionários e a duas famílias que têm filhos no Curso G9. Todos eles retribuíram meu bom dia com a seguinte frase: Bom dia, Professor! Sinto-me orgulhoso de carregar junto ao meu nome o título de Professor.
Ao longo dos anos, construímos nossa história, influenciamos e contribuímos com as decisões de nossos alunos, portanto nossas atitudes servem de exemplo para eles. Pedi permissão à professora Maria Aparecida Fernandes para publicar o texto de uma carta enviada, neste mês, por uma ex-aluna dela, do colégio Major João Pereira:
“Na última eleição, ao entrar novamente, após anos e anos, na Escola Major Pereira, tive a surpresa de encontrar minha seção na antiga sala de aula, que um dia foi o espaço da 4ª série. Por um momento, uma imagem se formou. Profª Fernandes lendo a História de Narizinho, de Monteiro Lobato e nós, alunos, alimentados pelo silêncio e pela imaginação, dançávamos no ritmo daquela leitura. A sala guarda a magia de muitos momentos. Saí de lá, agradecendo por ter sido contaminada pelo gosto do saber, da leitura, das palavras. Obrigada, Fernandes.
Uma aluna dos anos 70.”
A verdadeira educação é uma arte realizada por pessoas especiais que têm a oportunidade de preparar nossos jovens para se transformarem em futuros líderes , os quais terão a responsabilidade de construir uma sociedade melhor, mais justa.
Para isso, como diz o professor Mario Sergio Cortella: “sejamos velozes sem pressa. A velocidade requer deixar as pessoas em estado de atenção permanente, enquanto pressa é deixá-las em estado de tensão permanente”.
Um conselho: inspire seus alunos pelos valores e pela força de seu trabalho e não apenas pelo seu carisma ou hierarquia.
Professor Hilson Háliz Dias Perlingeiro
Diretor Administrativo do Curso G9
Acredito que esses fatos também têm contribuído para que os nossos jovens não queiram seguir a carreira de professor, o que me deixa muito preocupado porque quando se discute os mais diversos problemas do nosso país, percebemos que as soluções sempre passam pela educação.
Neste momento, o que fazer? Nas reuniões de professores que realizo no Curso G9, tenho sempre dito que não podemos desanimar por fatos negativos ocorridos em nossa sociedade. Precisamos divulgar as inúmeras situações positivas que vivemos com nossos alunos em sala de aula, situações que, com raras exceções, a mídia tem interesse em divulgar. É preciso, cada vez mais, valorizar e se orgulhar da nossa profissão de professor. Essa deve ser a postura do Educador que sabe da importância de sua contribuição no mundo atual.
Este artigo foi escrito no início da manhã do dia 13 de novembro. Nessa data, às 7 horas da manhã, fui ao café do Vadinho, dei bom dia aos funcionários e a duas famílias que têm filhos no Curso G9. Todos eles retribuíram meu bom dia com a seguinte frase: Bom dia, Professor! Sinto-me orgulhoso de carregar junto ao meu nome o título de Professor.
Ao longo dos anos, construímos nossa história, influenciamos e contribuímos com as decisões de nossos alunos, portanto nossas atitudes servem de exemplo para eles. Pedi permissão à professora Maria Aparecida Fernandes para publicar o texto de uma carta enviada, neste mês, por uma ex-aluna dela, do colégio Major João Pereira:
“Na última eleição, ao entrar novamente, após anos e anos, na Escola Major Pereira, tive a surpresa de encontrar minha seção na antiga sala de aula, que um dia foi o espaço da 4ª série. Por um momento, uma imagem se formou. Profª Fernandes lendo a História de Narizinho, de Monteiro Lobato e nós, alunos, alimentados pelo silêncio e pela imaginação, dançávamos no ritmo daquela leitura. A sala guarda a magia de muitos momentos. Saí de lá, agradecendo por ter sido contaminada pelo gosto do saber, da leitura, das palavras. Obrigada, Fernandes.
Uma aluna dos anos 70.”
A verdadeira educação é uma arte realizada por pessoas especiais que têm a oportunidade de preparar nossos jovens para se transformarem em futuros líderes , os quais terão a responsabilidade de construir uma sociedade melhor, mais justa.
Para isso, como diz o professor Mario Sergio Cortella: “sejamos velozes sem pressa. A velocidade requer deixar as pessoas em estado de atenção permanente, enquanto pressa é deixá-las em estado de tensão permanente”.
Um conselho: inspire seus alunos pelos valores e pela força de seu trabalho e não apenas pelo seu carisma ou hierarquia.
Professor Hilson Háliz Dias Perlingeiro
Diretor Administrativo do Curso G9
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
OS EXCLUÍDOS DA LEI: O LONGO CAMINHO DA DEMOCRACIA
No dia 05 de outubro de 1988, exatamente há 22 anos atrás, era promulgada a atual Constituição Federal do Brasil, chamada de “Constituição Cidadã” por Ulysses Guimarães. Para demonstrar a mudança que estava havendo no sistema governamental brasileiro, que saía de um regime autoritário recente, a Constituição de 1988 qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o Estado democrático e a ordem constitucional, criando assim garantias constitucionais. Com a nova lei, o direito maior de um cidadão que vive em uma democracia foi conquistado: foi determinada a eleição direta, que previa uma maior responsabilidade fiscal e ainda ampliava os poderes do Congresso Nacional.
Este artigo, destarte, pretende analisar a conjuntura social decorrente da falta de uma participação política plena, embora atualmente a realidade brasileira seja inovadora politicamente, já que no ano de 2000 houve a primeira eleição totalmente informatizada do mundo, 110 milhões de pessoas escolheram prefeitos e vereadores de 5559 municípios. Ainda é um fato considerado extremamente novo na medida em que somente há 22 anos a legislação prevê a participação política aos analfabetos.
Atualmente, mais de 135 milhões de brasileiros podem votar para presidente, o que faz do país a terceira maior democracia do planeta. Um avanço extraordinário se comparado à época da ditadura militar, em que apenas 476 brasileiros dos mais de 100 milhões votavam para presidente da República.
Da fundação da Vila de São Vicente, em 1532, até a abertura democrática da Constituição de 1988, o direito do voto sofreu várias restrições, como a exigência de uma renda mínima e a exclusão feminina. O voto é a mais antiga ferramenta do brasileiro para exercer sua cidadania e escolher seus representantes.
O direito à participação política através do voto pelos analfabetos faz parte há pouco tempo da história do Brasil. A história do sufrágio universal, o direito do ser humano de escolher de forma livre seus representantes mediante o voto é recente, mas ainda incompleta. Neste momento, menos da metade das pessoas do planeta vive em regime democrático, mas essa situação já é considerada um grande avanço.
As primeiras eleições do Brasil colônia provavelmente ocorreram ainda no século XVI, na primeira vila fundada na América Portuguesa, São Vicente. Os moradores teriam elegido o Conselho Municipal seguindo a legislação portuguesa através do Livro das Ordenações. As decisões sobre a vida cotidiana dos colonos cabiam às Câmaras Municipais, responsáveis pelo governo das vilas e cidades. Somente os ‘homens-bons’, em geral proprietários de terras e de escravos, podiam ser eleitos vereadores. Aqueles que exerciam trabalhos manuais, os degredados e os não-cristãos não podiam ser eleitos. De forma que o comando político das vilas e das cidades estava nas mãos de uma minoria. A economia passava pela política, recorria ao sistema de mercês e a participação nas câmaras municipais para a formação das famílias poderosas.
Durante o período colonial brasileiro até quase o fim do Império, só podiam votar e ser votados nobres, burocratas, militares, comerciantes ricos, senhores de engenho, em resumo, homens de posse, mesmo sendo considerados analfabetos. Com a vinda da família real para o Brasil em 1808, o príncipe regente que mais tarde iria se tornar o rei do império português convocou eleições para os cargos da corte. As vagas sempre eram ocupadas por membros da elite brasileira. Nessa época, os iletrados poderiam participar das eleições, porque o requisito fundamental era a posição social e, consequentemente, a renda anual.
O Brasil e os brasileiros, tal como entendemos hoje, não existiam no período colonial. Os habitantes da colônia em geral se identificavam como súditos do rei de Portugal e integrantes do reino português, submetidos às leis do código português e aos interesses dos homens-bons. Com a Independência, em 1822, o Brasil surgiu como Estado nacional com instituições e leis próprias. Entretanto, o poder político ainda estava nas mãos de uma minoria que zelava pela manutenção de seus interesses e privilégios. A população, em sua maioria analfabeta e pobre, estava excluída da participação política.
O sistema eleitoral do Segundo Reinado continuou baseado no voto censitário e masculino. A população pobre e marginalizada, excluída das eleições pela exigência da renda mínima, não participava das disputas político-partidárias do período.
Aprovado em janeiro de 1881, um decreto do primeiro-ministro do Império, José Antonio Saraiva, estabelecia eleições diretas para as câmaras e assembleias. Algumas províncias foram divididas em distritos, e eleitores com renda mínima anual de 200 mil-réis foram cadastrados. Em 1882, foram excluídos os analfabetos, já que era necessário assinar um documento. Ainda durante o século XIX existia o eleitor fósforo, assim chamado porque, nessa época, a urna parecia com uma caixa de fósforos e esse tipo de eleitor participava várias vezes em uma única urna ou até mesmo em outras, usando identificações falsas ou de pessoas mortas.
A transição do Império para a República é a primeira grande mudança de regime político após a Independência. Tratava-se da implantação de um sistema de governo que propunha a participação política popular.
A Constituição de 1891 elimina o voto censitário, mas exige ainda a alfabetização, de modo que a grande maioria da população não participava da sociedade política. Retirava do Estado o ônus da educação, impossibilitando o processo de democratização.
Na verdade, 80% da população estava excluída do direito político. A República não tinha aumentado a participação política do povo. Ao contrário, o novo regime frustrara a população, não cumprindo suas promessas de cidadania. Em geral, as pessoas preferiam ser cidadãos inativos, porque as eleições eram marcadas pela violência.
Durante o início da primeira república, a Constituição de 1891 determinou a eleição direta, embora o primeiro presidente tenha sido eleito por uma assembleia. Nesse período, predominava uma prática que perdurou até a revolução de 30, a qual exercia poder de coerção e intimidação sobre os eleitores. Estabelecido na lei de 1904, denominada de Lei Rosa e Silva, o mecanismo funcionava da seguinte forma: haviam duas cédulas, uma para a urna e a outra que seria entregue para um fiscal eleitoral, que preenchia, datava e rubricava a cédula.
Em 1932 ficou estabelecido o voto secreto, obrigatório, para maiores de 21 anos sem distinção de sexo. Assim, inicia-se a participação política das mulheres. Contudo, em 1934 a idade mínima passou a ser 18 anos. O título eleitoral deveria ter foto, mas essa ideia só foi integrada ao sistema eleitoral em 1955.
Com o fim do Estado Novo e a deposição de Vargas do poder executivo. Dutra se tornou seu sucessor e proclamou a quarta Constituição brasileira, que não previa a maioria absoluta dos votos para os candidatos à presidência. Alguns presidentes eleitos como Getúlio na década de 50, JK e Jânio receberam menos da metade dos votos. A cédula passou a ser confeccionada pela Justiça Eleitoral, já que antes ficava na responsabilidade dos candidatos. Outro detalhe a ser destacado desse período é a chamada “lei do dedo sujo”, aprovada em 1955, na qual todos os eleitores teriam o dedo marcado à tinta para identificar aquele que já teria participado da eleição. Lei que foi revogada meses depois.
O chamado “voto colorido”, criado em 1962 e revogado logo depois de um mês de sua aprovação, consistia em que todos os partidos políticos escolheriam uma cor, para a realização de cédulas coloridas de modo a facilitar a identificação.
Com a redemocratização e a liberdade de imprensa, perdia-se o medo de denunciar os poderosos e se iniciava um período de ajustes de contas. Na verdade, os brasileiros esperavam que a democracia solucionasse todas as mazelas do país; a corrupção e a punição dos crimes cometidos em nome da ditadura eram apenas alguns deles. A esperança de que o Brasil se tornaria um país mais justo e próspero em um futuro próximo iria desmoronar em pouco tempo, com o fracasso do plano cruzado e a hiperinflação. Alguns temores não se concretizaram e as conquistas democráticas sobreviveram e se fortaleceram.
A República, passado o momento inicial de esperança de expansão democrática, consolidou-se sobre um mínimo de participação eleitoral, com a exclusão do movimento popular no governo. Na verdade, consolidou-se no poder oligárquico. Se a mudança de regime político despertou em vários setores da população a expectativa de expansão dos direitos políticos e de redefinição de seu papel na sociedade, as próprias condições sociais do país fizeram com que as expectativas se frustrassem. O setor vitorioso da elite civil republicana criou todos os obstáculos à democratização.
Ainda hoje, livre da tarefa de representar o país, e tendo conquistado o direito de eleger seus representantes, a população não consegue transformar sua capacidade de participação comunitária em participação cívica. A atitude popular perante o poder oscila entre a indiferença e a reação violenta.
Desde o início do período colonial até a proclamação da Constituição de 1988, o direito à participação política sofreu limitações, a população aparecia em muitos momentos como expectadora, e às vezes até figurante. Mas mesmo que a vitória não tenha sido traduzida em mudanças políticas imediatas, a luta pelo direito ao voto certamente deixou um sentimento de orgulho e auto-estima, passo importante para a formação da cidadania.
Texto elaborado pela profª Patrícia Abbud, que ministra História no Curso G9.
Este artigo, destarte, pretende analisar a conjuntura social decorrente da falta de uma participação política plena, embora atualmente a realidade brasileira seja inovadora politicamente, já que no ano de 2000 houve a primeira eleição totalmente informatizada do mundo, 110 milhões de pessoas escolheram prefeitos e vereadores de 5559 municípios. Ainda é um fato considerado extremamente novo na medida em que somente há 22 anos a legislação prevê a participação política aos analfabetos.
Atualmente, mais de 135 milhões de brasileiros podem votar para presidente, o que faz do país a terceira maior democracia do planeta. Um avanço extraordinário se comparado à época da ditadura militar, em que apenas 476 brasileiros dos mais de 100 milhões votavam para presidente da República.
Da fundação da Vila de São Vicente, em 1532, até a abertura democrática da Constituição de 1988, o direito do voto sofreu várias restrições, como a exigência de uma renda mínima e a exclusão feminina. O voto é a mais antiga ferramenta do brasileiro para exercer sua cidadania e escolher seus representantes.
O direito à participação política através do voto pelos analfabetos faz parte há pouco tempo da história do Brasil. A história do sufrágio universal, o direito do ser humano de escolher de forma livre seus representantes mediante o voto é recente, mas ainda incompleta. Neste momento, menos da metade das pessoas do planeta vive em regime democrático, mas essa situação já é considerada um grande avanço.
As primeiras eleições do Brasil colônia provavelmente ocorreram ainda no século XVI, na primeira vila fundada na América Portuguesa, São Vicente. Os moradores teriam elegido o Conselho Municipal seguindo a legislação portuguesa através do Livro das Ordenações. As decisões sobre a vida cotidiana dos colonos cabiam às Câmaras Municipais, responsáveis pelo governo das vilas e cidades. Somente os ‘homens-bons’, em geral proprietários de terras e de escravos, podiam ser eleitos vereadores. Aqueles que exerciam trabalhos manuais, os degredados e os não-cristãos não podiam ser eleitos. De forma que o comando político das vilas e das cidades estava nas mãos de uma minoria. A economia passava pela política, recorria ao sistema de mercês e a participação nas câmaras municipais para a formação das famílias poderosas.
Durante o período colonial brasileiro até quase o fim do Império, só podiam votar e ser votados nobres, burocratas, militares, comerciantes ricos, senhores de engenho, em resumo, homens de posse, mesmo sendo considerados analfabetos. Com a vinda da família real para o Brasil em 1808, o príncipe regente que mais tarde iria se tornar o rei do império português convocou eleições para os cargos da corte. As vagas sempre eram ocupadas por membros da elite brasileira. Nessa época, os iletrados poderiam participar das eleições, porque o requisito fundamental era a posição social e, consequentemente, a renda anual.
O Brasil e os brasileiros, tal como entendemos hoje, não existiam no período colonial. Os habitantes da colônia em geral se identificavam como súditos do rei de Portugal e integrantes do reino português, submetidos às leis do código português e aos interesses dos homens-bons. Com a Independência, em 1822, o Brasil surgiu como Estado nacional com instituições e leis próprias. Entretanto, o poder político ainda estava nas mãos de uma minoria que zelava pela manutenção de seus interesses e privilégios. A população, em sua maioria analfabeta e pobre, estava excluída da participação política.
O sistema eleitoral do Segundo Reinado continuou baseado no voto censitário e masculino. A população pobre e marginalizada, excluída das eleições pela exigência da renda mínima, não participava das disputas político-partidárias do período.
Aprovado em janeiro de 1881, um decreto do primeiro-ministro do Império, José Antonio Saraiva, estabelecia eleições diretas para as câmaras e assembleias. Algumas províncias foram divididas em distritos, e eleitores com renda mínima anual de 200 mil-réis foram cadastrados. Em 1882, foram excluídos os analfabetos, já que era necessário assinar um documento. Ainda durante o século XIX existia o eleitor fósforo, assim chamado porque, nessa época, a urna parecia com uma caixa de fósforos e esse tipo de eleitor participava várias vezes em uma única urna ou até mesmo em outras, usando identificações falsas ou de pessoas mortas.
A transição do Império para a República é a primeira grande mudança de regime político após a Independência. Tratava-se da implantação de um sistema de governo que propunha a participação política popular.
A Constituição de 1891 elimina o voto censitário, mas exige ainda a alfabetização, de modo que a grande maioria da população não participava da sociedade política. Retirava do Estado o ônus da educação, impossibilitando o processo de democratização.
Na verdade, 80% da população estava excluída do direito político. A República não tinha aumentado a participação política do povo. Ao contrário, o novo regime frustrara a população, não cumprindo suas promessas de cidadania. Em geral, as pessoas preferiam ser cidadãos inativos, porque as eleições eram marcadas pela violência.
Durante o início da primeira república, a Constituição de 1891 determinou a eleição direta, embora o primeiro presidente tenha sido eleito por uma assembleia. Nesse período, predominava uma prática que perdurou até a revolução de 30, a qual exercia poder de coerção e intimidação sobre os eleitores. Estabelecido na lei de 1904, denominada de Lei Rosa e Silva, o mecanismo funcionava da seguinte forma: haviam duas cédulas, uma para a urna e a outra que seria entregue para um fiscal eleitoral, que preenchia, datava e rubricava a cédula.
Em 1932 ficou estabelecido o voto secreto, obrigatório, para maiores de 21 anos sem distinção de sexo. Assim, inicia-se a participação política das mulheres. Contudo, em 1934 a idade mínima passou a ser 18 anos. O título eleitoral deveria ter foto, mas essa ideia só foi integrada ao sistema eleitoral em 1955.
Com o fim do Estado Novo e a deposição de Vargas do poder executivo. Dutra se tornou seu sucessor e proclamou a quarta Constituição brasileira, que não previa a maioria absoluta dos votos para os candidatos à presidência. Alguns presidentes eleitos como Getúlio na década de 50, JK e Jânio receberam menos da metade dos votos. A cédula passou a ser confeccionada pela Justiça Eleitoral, já que antes ficava na responsabilidade dos candidatos. Outro detalhe a ser destacado desse período é a chamada “lei do dedo sujo”, aprovada em 1955, na qual todos os eleitores teriam o dedo marcado à tinta para identificar aquele que já teria participado da eleição. Lei que foi revogada meses depois.
O chamado “voto colorido”, criado em 1962 e revogado logo depois de um mês de sua aprovação, consistia em que todos os partidos políticos escolheriam uma cor, para a realização de cédulas coloridas de modo a facilitar a identificação.
Com a redemocratização e a liberdade de imprensa, perdia-se o medo de denunciar os poderosos e se iniciava um período de ajustes de contas. Na verdade, os brasileiros esperavam que a democracia solucionasse todas as mazelas do país; a corrupção e a punição dos crimes cometidos em nome da ditadura eram apenas alguns deles. A esperança de que o Brasil se tornaria um país mais justo e próspero em um futuro próximo iria desmoronar em pouco tempo, com o fracasso do plano cruzado e a hiperinflação. Alguns temores não se concretizaram e as conquistas democráticas sobreviveram e se fortaleceram.
A República, passado o momento inicial de esperança de expansão democrática, consolidou-se sobre um mínimo de participação eleitoral, com a exclusão do movimento popular no governo. Na verdade, consolidou-se no poder oligárquico. Se a mudança de regime político despertou em vários setores da população a expectativa de expansão dos direitos políticos e de redefinição de seu papel na sociedade, as próprias condições sociais do país fizeram com que as expectativas se frustrassem. O setor vitorioso da elite civil republicana criou todos os obstáculos à democratização.
Ainda hoje, livre da tarefa de representar o país, e tendo conquistado o direito de eleger seus representantes, a população não consegue transformar sua capacidade de participação comunitária em participação cívica. A atitude popular perante o poder oscila entre a indiferença e a reação violenta.
Desde o início do período colonial até a proclamação da Constituição de 1988, o direito à participação política sofreu limitações, a população aparecia em muitos momentos como expectadora, e às vezes até figurante. Mas mesmo que a vitória não tenha sido traduzida em mudanças políticas imediatas, a luta pelo direito ao voto certamente deixou um sentimento de orgulho e auto-estima, passo importante para a formação da cidadania.
Texto elaborado pela profª Patrícia Abbud, que ministra História no Curso G9.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
O Tiririca, a prepotência e a Educação
O Tiririca, a prepotência e a Educação.
Como um dos mais antigos profissionais no mundo, o professor tem papel fundamental na formação do individuo, e não é por menos: para ser médico você precisa do professor, para ser arquiteto você precisa do professor, para ser turismólogo você precisa do professor, e até para ser professor você precisa do professor. Pelo menos um professor passa pela vida de cada pessoa no mundo, e mesmo que esta pessoa nunca tenha frequentado escola ela aprende algo com seus pais, vizinhos ou amigos, pois professor é aquele que orienta, educa e mostra.
E nesses tempos de eleição me pergunto que professor é este que ensina a 1.353.820 pessoas que Tiririca, aquele cujo slogan de campanha eleitoral foi “Pior que tá não fica”, é um bom candidato para Deputado Federal. Quem ensinou a essas pessoas que isso é fazer protesto? E como Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, aprendeu que é possivel brincar com coisa séria? Estas indagações não saem de minha mente, e a meu ver a culpada por tudo isso é a Educação prepotente.
Infelizmente ainda existe nas escolas formais uma atitude de pretensa superioridade, arrogância, tirania e de abuso de poder por parte de muitos professores. Estes acreditam que são detentores do conhecimento e da verdade absoluta, pessoas influentes e poderosas, capazes de abusar da autoridade que têm. Diante deles o aluno é vazio, pequeno e incapaz de alcançar sua força e sabedoria.
O resultado é o que vemos hoje: o aluno desinteressado pelo ensino, não tendo a educação como base para a formação de uma consciência crítica. Cresce acreditanto no “Rouba, mas faz”, e diante de um momento tão importante como o das eleições, faz piada. Na Internet é possivel encontrar propagandas eleitorais do Tiririca com comentarios do tipo “pelo menos ele é humilde e tem bom caráter”, “pelo menos ele lutou”, e “pelo menos ele vai fazer a gente rir”. Pelo menos? Sim, esta é a forma como o aluno da prepotência se consola hoje.
A minha certeza de que a Educação é a base de tudo foi fortalecida durante a Feira do Conhecimento do G9, quando nossos alunos apresentaram-se brilhantemente no palco e nos estandes, expondo sua sabedoria, timidez, e a grande capacidade de ensinar aos outros. Assim que começaram a falar, percebi que toda a minha inquietação sobre um possivel insucesso em atuar ou explicar sites e gráficos havia acabado. A escola toda me encantou com os cuidados que devemos tomar com a internet, com o túnel do passado, presente e futuro, a história do jornal, a educação digital para os deficientes, entre outros.
No entanto, o que me chamou muito a atenção foram os trabalhos dos pequeninos da educação infantil. Eles souberam explicar muito bem o que haviam feito, conseguindo inclusive fazer comentarios “extras” sobre o que estavam apresentando. A responsável por tudo isso, claro, é a educação. São as professoras extremamente dedicadas que pensam no livrinho da sala, no jornal dos acontecimentos, no gibi dos animais e nas caixinhas “O que é o que é”, e que educam as crianças com muito carinho e humildade.
Deixei a feira emocionada, feliz por ver tanta qualidade em educação, e ao mesmo tempo apreensiva com a possibilidade de haver mais pretensão do que humildade na professora dentro de mim. Percebi que TODOS nós, educadores, precisamos aprender muito com as professoras do ensino infantil, pois o futuro crítico de que tanto falamos e esperamos para os nossos jovens começa nas mãos delas.
Não podemos educar na expectativa de não termos mais Tiriricas. Devemos educar para não termos mais Tiriricas. O foco do professor tem que deixar de ser nele próprio, no quanto ele sabe mais, no quanto está certo e o quão melhor é em relação aos outros, e voltar-se para o aluno, contribuindo com sua transformação em um cidadão consciente e melhor a cada dia.
Texto elaborado pela profª Lívia Mota, que ministra Inglês no Curso G9.
Como um dos mais antigos profissionais no mundo, o professor tem papel fundamental na formação do individuo, e não é por menos: para ser médico você precisa do professor, para ser arquiteto você precisa do professor, para ser turismólogo você precisa do professor, e até para ser professor você precisa do professor. Pelo menos um professor passa pela vida de cada pessoa no mundo, e mesmo que esta pessoa nunca tenha frequentado escola ela aprende algo com seus pais, vizinhos ou amigos, pois professor é aquele que orienta, educa e mostra.
E nesses tempos de eleição me pergunto que professor é este que ensina a 1.353.820 pessoas que Tiririca, aquele cujo slogan de campanha eleitoral foi “Pior que tá não fica”, é um bom candidato para Deputado Federal. Quem ensinou a essas pessoas que isso é fazer protesto? E como Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, aprendeu que é possivel brincar com coisa séria? Estas indagações não saem de minha mente, e a meu ver a culpada por tudo isso é a Educação prepotente.
Infelizmente ainda existe nas escolas formais uma atitude de pretensa superioridade, arrogância, tirania e de abuso de poder por parte de muitos professores. Estes acreditam que são detentores do conhecimento e da verdade absoluta, pessoas influentes e poderosas, capazes de abusar da autoridade que têm. Diante deles o aluno é vazio, pequeno e incapaz de alcançar sua força e sabedoria.
O resultado é o que vemos hoje: o aluno desinteressado pelo ensino, não tendo a educação como base para a formação de uma consciência crítica. Cresce acreditanto no “Rouba, mas faz”, e diante de um momento tão importante como o das eleições, faz piada. Na Internet é possivel encontrar propagandas eleitorais do Tiririca com comentarios do tipo “pelo menos ele é humilde e tem bom caráter”, “pelo menos ele lutou”, e “pelo menos ele vai fazer a gente rir”. Pelo menos? Sim, esta é a forma como o aluno da prepotência se consola hoje.
A minha certeza de que a Educação é a base de tudo foi fortalecida durante a Feira do Conhecimento do G9, quando nossos alunos apresentaram-se brilhantemente no palco e nos estandes, expondo sua sabedoria, timidez, e a grande capacidade de ensinar aos outros. Assim que começaram a falar, percebi que toda a minha inquietação sobre um possivel insucesso em atuar ou explicar sites e gráficos havia acabado. A escola toda me encantou com os cuidados que devemos tomar com a internet, com o túnel do passado, presente e futuro, a história do jornal, a educação digital para os deficientes, entre outros.
No entanto, o que me chamou muito a atenção foram os trabalhos dos pequeninos da educação infantil. Eles souberam explicar muito bem o que haviam feito, conseguindo inclusive fazer comentarios “extras” sobre o que estavam apresentando. A responsável por tudo isso, claro, é a educação. São as professoras extremamente dedicadas que pensam no livrinho da sala, no jornal dos acontecimentos, no gibi dos animais e nas caixinhas “O que é o que é”, e que educam as crianças com muito carinho e humildade.
Deixei a feira emocionada, feliz por ver tanta qualidade em educação, e ao mesmo tempo apreensiva com a possibilidade de haver mais pretensão do que humildade na professora dentro de mim. Percebi que TODOS nós, educadores, precisamos aprender muito com as professoras do ensino infantil, pois o futuro crítico de que tanto falamos e esperamos para os nossos jovens começa nas mãos delas.
Não podemos educar na expectativa de não termos mais Tiriricas. Devemos educar para não termos mais Tiriricas. O foco do professor tem que deixar de ser nele próprio, no quanto ele sabe mais, no quanto está certo e o quão melhor é em relação aos outros, e voltar-se para o aluno, contribuindo com sua transformação em um cidadão consciente e melhor a cada dia.
Texto elaborado pela profª Lívia Mota, que ministra Inglês no Curso G9.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Se um cachorro fosse professor, você aprenderia coisas assim:

Texto de Ramiro Ros
Se um cachorro fosse professor, você aprenderia coisas assim:
Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.
Nunca perca uma oportunidade de ir passear.
Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.
Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.
Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.
Corra, pule e brinque todos os dias.
Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas tocarem você.
Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.
Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquido e deite debaixo da sombra de uma árvore.
Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.
Não importa quantas vezes o outro o magoa, não se sinta culpado...volte e faça as pazes novamente.
Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
Se alimente com gosto e entusiasmo.
Coma só o suficiente.
Seja leal.
Nunca pretenda ser o que você não é.
E o MAIS importante de tudo....
Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por perto e mostre que você está ali para confortar.
A amizade verdadeira não aceita imitações!
E NÓS PRECISAMOS APRENDER ISTO COM UM ANIMAL QUE DIZEM SER IRRACIONAL!
Na Biologia é assim, os seres desenvolvem caracteristicas diferentes uns dos outros, mas se observarmos suas atitudes, são seres muito melhores e consequentemente mais próximos da grandeza de Deus. Afinal, foi Ele quem criou tudo isso para nossa contemplação! Basta que olhemos em volta e aprenderemos mais e mais com a VIDA (BIO)!
Professora Pollyanna M. Freitas Leite
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