Educação Permanente

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domingo, 6 de fevereiro de 2011

2011 – ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS

Pessoal, o prof.Tommy nos presenteou com um texto excelente para aprofundarmos a reflexão sobre a Feira do Conhecimento deste ano, referente às florestas e à química.
Boa leitura a todos.

2011 é o Ano Internacional das Florestas. O objetivo é sensibilizar a sociedade para a importância da preservação das florestas para a garantia da vida no planeta.
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo, de forma direita, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da biodiversidade terrestre.
Em pé, as florestas são capazes de movimentar cerca de $ 327 bilhões todos os anos, mas infelizmente as atividades que se baseiam na derrubada das matas ainda são bastante comuns em todo o mundo.
A idéia é promover, durante os próximos 12 meses, ações que incentivem a conservação e a gestão sustentável de todos os tipos de floresta do planeta, mostrando a todos que a exploração das matas sem um manejo sustentável pode causar uma série de prejuízos para o planeta.
Entre eles podemos citar:
- a perda da biodiversidade;
- o agravamento das mudanças climáticas;
- o incentivo a atividade econômicas ilegais, como caça de animais;
- o estímulo a assentamentos clandestinos;
- e ameaça à própria vida humana.

A IMPORTÂNCIA DAS FLORESTAS E A CONSCIENTIZAÇÃO DO MUNDO
O homem precisa satisfazer suas diversas necessidades, e para isso está sempre recorrendo à Natureza, retirando dela tudo aquilo que precisa. Para isso damos o nome de exploração.
Hoje, já sentimos as conseqüências da exploração indiscriminada dos recursos naturais no nosso dia-a-dia e temos conhecimento dos problemas enfrentados pelo planeta com tudo isso. Um dos maiores recursos naturais explorados pelo nosso país são as florestas.

A Exploração das Florestas
As florestas guardam uma grande riqueza em sua diversidade. Plantas e animais desconhecidos, madeira, minérios e outros recursos explorados fazem parte deste tesouro e são de grande interesse - principalmente econômico - para o homem.
A exploração leva à retirada da vegetação natural para a obtenção de madeira, usada pelas fábricas de móveis, pela indústria de papel e celulose ou para exportação. Com isso, a área devastada pode ser utilizada para a monocultura agrícola, para a formação de pastos, para criação de animais, e ainda explorada pela indústria mineradora.
Aos poucos, pela exploração descontrolada, as florestas vão desaparecendo. Animais e vegetais que poderiam ser utilizados pela Ciência e pela Medicina desaparecem, pois já não possuem mais seu habitat, os solos são compactados ou degradados pela erosão e os rios sofrem assoreamento devido à retirada da mata ciliar.
Precisamos, antes de tudo, repensar a importância que as florestas possuem em nossas vidas, assim como as áreas verdes em nossas cidades, e as conseqüências da real possibilidade de seu desaparecimento.
Precisamos pensar também na possibilidade de Exploração e Natureza poderem "conviver" de forma equilibrada sem causar danos maiores ao nosso ambiente e à nossa forma de viver.

Você sabia...
- que a Mata Atlântica cobria todo o litoral brasileiro (1 milhão de km2) e hoje está reduzida a apenas 4% do seu estado original?
- que a Floresta Amazônica brasileira representa 40% das reservas de florestas tropicais úmidas ainda existentes no planeta?
- que as queimadas contribuem para a emissão de grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa?
- que as matas, além de diminuírem os riscos de erosão, contribuem também para a manutenção do ciclo hidrológico e da estabilidade climática?
- que as florestas tropicais possuem solos muito pobres e que a sua manutenção é realizada pela rápida reciclagem dos materiais em decomposição encontrados nestes lugares?

Agora você já tem muitos motivos para preservar o pouco que restas das nossas florestas. E em 2011 vamos cuidar das florestas, do meio ambiente … vamos cuidar de nós!
Prof. Tommy
professor de Física - Curso G9

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Reflexão sobre o primeiro dia de aula

Primeiro dia de aula
Quebrando o gelo...

João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).


A retomada do trabalho nas escolas segue um ritmo aparentemente comum a quase todas as instituições que conheço. O administrativo retorna logo depois da virada do ano para lidar com a papelada; o staff pedagógico vai voltando aos poucos, primeiro os diretores, depois os coordenadores e orientadores, para a composição dos planos e projetos para o novo ano que se inicia; os professores entram na roda apenas a partir dos últimos dez dias do mês de janeiro, para o planejamento pedagógico e reuniões com a direção.
Aos alunos, por sua vez, cabe o regresso apenas na semana inicial de fevereiro. Quando entram pelas portas da escola nos dias iniciais do segundo mês do ano já encontram a estrutura preparada para as aulas, atividades extra-classe, projetos relativos as disciplinas, atendimento por parte da secretaria e da coordenação/direção,...
As aulas, que representam pelo menos 90% do tempo gasto pelo aluno na escola, devem ser, por esse motivo (entre outros), objeto de estudo, planejamento qualificado e realização primorosa por parte dos docentes para que a motivação seja a tônica entre os estudantes.
Quantos professores realmente se preocupam em pensar e repensar com seriedade sua realização profissional em sala de aula de um ano para o outro? A acomodação com as fórmulas já testadas e utilizadas anteriormente tende a ser a prática mais comum não apenas em escolas brasileiras, mas também em muitos países do mundo todo. O exercício a ser feito, diga-se de passagem, não deveria ser a reflexão sobre a aula apenas na passagem de um ano letivo para o próximo e, sim, aula a aula, semana a semana, mês a mês... Somente assim poderíamos realmente ter uma dimensão clara da efetividade e da qualidade de nosso trabalho na educação.

Torne as reuniões de planejamento encontros que sejam realmente
produtivos e inovadores para o trabalho e a prática pedagógica.


Nesse ínterim, vale ressaltar que os resultados colhidos ao longo do ano dependem muito da consistência da proposta pedagógica da escola, do envolvimento dos educadores e da persistência em buscar e atingir os objetivos propostos. Seriedade, embasada por critérios e diretrizes claras, sem a mudança de regras ao longo da jornada, contando com o apoio e a participação de todos os professores e funcionários dão a qualquer plano de trabalho a consistência necessária para que a realização se torne um sucesso.
Os alunos percebem desde os primeiros dias de aula a seriedade da proposta de cada professor e, a partir da prática de sala de aula, transformam a compreensão do imediato e local para o mais amplo tanto no que se refere ao tempo quanto ao espaço e seus protagonistas. Isso quer dizer que a visão da escola como um todo se relaciona, aos olhos dos educandos, a postura e as realizações e implementações dos educadores com os quais têm contato nas aulas.
O sucesso na educação é decorrente, portanto, de uma construção que acontece todos os dias no processo de ensino-aprendizagem e que exige paciência, determinação, objetivos criteriosamente definidos, incentivo a participação constante dos alunos, projetos instigantes que relacionem os temas trabalhados a realidade e a conhecimentos previamente adquiridos pelos estudantes (tanto na escola quanto na vida extra-escolar). É preciso igualmente ter consciência de que qualquer realização, seja ela qual for (nesse caso na educação), passará necessariamente por experiências boas e também por outras ruins, por acertos e erros...

Use o seu conhecimento em prol do grupo.
Argumente e participe suas opiniões sempre tendo em
vista o crescimento e a melhoria do trabalho de todos.


E os erros devem ser entendidos como oportunidades. Nossa completude é um sonho inconseqüente e irresponsável que cabe somente nas palavras de nossos melhores poetas e músicos. A perfeição não deve ser o nosso objetivo de vida e sim um horizonte que nos inspire em nossa trajetória para a obtenção de melhores resultados na busca por um mundo melhor, mais digno, justo e de paz.
Critique se for necessário. Pondere quando sentir que suas opiniões podem ajudar a compor um novo cenário nos trabalhos e projetos em que estiver envolvido. Argumente sempre tendo como matriz de seu pensamento idéias em que realmente acredite e relativamente às quais possua informações sólidas. Não utilize os erros dos outros para demolir suas proposições ou, principalmente, pessoas e grupos. Chega de competição nos moldes do mais selvagem capitalismo. O barco é o mesmo para todos e se não nos dispusermos a ajudar uns aos outros e estimular o crescimento conjunto de nossas instituições estamos fadados ao perecimento...
Aplauda e reconheça os méritos alheios. Participe opiniões em projetos vitoriosos para reforçar suas bases. Disponha-se a trabalhar sempre, em qualquer circunstância, seja ela de ventos favoráveis ou de tormentas da pior espécie.
Numa escola ou num hospital, numa grande indústria ou num banco, em um estabelecimento comercial ou numa fazenda, pouco importa o ramo de atuação profissional em que se trabalhe, deve-se levar em conta que o primeiro dia é sempre de fundamental importância para que imagens se consolidem entre os envolvidos e permitam uma melhor (ou pior) performance de cada indivíduo e do grupo como um todo.

O capitão e os marinheiros somente sobrevivem ao mar quando
atuam de forma harmônica, estabelecendo um ambiente de intercâmbio,
troca, compreensão e auxílio. Numa sala de aula não é diferente...


Como a escola tem como base e firmamento a sala de aula, logo se estabelece que é nesse espaço que se ganha ou que se perde o jogo. E nesse sentido vale destacar que o capitão do barco é o professor e os marujos são os estudantes. Todos sabem e reconhecem que o conhecimento mais amplo sobre a embarcação e também sobre as técnicas náuticas pertence ao experiente capitão (professor). Todos também reconhecem que o navio só conseguirá navegar e atingir os portos nos quais deseja chegar a partir da ação dos marinheiros (alunos).
Se o contato inicial desse capitão com sua tripulação não for bom o que se poderá esperar para as viagens futuras da referida embarcação? Deve ficar claro para todos que não há estabilidade plena nos oceanos pelos quais todos irão navegar. Um dia pode ser de tormenta e o outro pode ser de total calmaria...
Nesse sentido é preciso sempre quebrar o gelo entre professores e alunos na aula inicial deixando claros alguns limites e estabelecendo canais de comunicação constantes entre o capitão e os marinheiros. Conheço professores que afirmam categoricamente que na primeira aula devem-se mostrar os dentes e dizer com clareza quem manda nesse espaço coletivo chamado sala de aula; a outros que pretendem ser muito “chegados” dos estudantes... Discordo totalmente dessas iniciativas. Nem tanto ao sol, nem tanto a lua...
Creio que aos estudantes devem ser apresentadas idéias importantes quanto ao curso, às avaliações, a disciplina, os projetos, a pessoa do educador, a instituição e também relativas ao conteúdo. Deve-se falar e escutar. Abrir espaço para apresentações, dúvidas, troca de idéias, sugestões e apreciações dos estudantes quanto ao curso, à escola e mesmo quanto às propostas do professor.

Estabeleça o diálogo com os colegas e os estudantes. Fale e escute.
Aprenda a anotar as sugestões interessantes para poder implementá-las
posteriormente. Cresça em conjunto com seus pares no trabalho.


E não é só escutar. Ao professor cabe anotar as boas idéias e se mostrar disposto a pensar e eventualmente aplicar algumas dessas contribuições obtidas no contato com seus estudantes. Isso dá credibilidade ao curso e ao docente, estabelece uma comunicação que aproxima todos os presentes e ainda permite implementar o curso a partir da visão de quem está num outro importante papel, o de educandos.
E para melhorar ainda mais esse contato inicial e evitar os já habituais e exauridos modelos de apresentação formal dos estudantes e do próprio docente, que tal variar a fórmula e procurar incrementar a mesma adicionando elementos culturais, esportivos, geográficos, históricos, literários, artísticos ou científicos a esse exercício básico de toda a primeira aula do ano? Como? Que tal usar a imaginação...
Por exemplo, uma possibilidade seria trabalhar com trechos de músicas conhecidas (uns vinte ou trinta, de acordo com a quantidade de alunos de cada sala) que seriam disponibilizados para todos os estudantes. A cada um deles poderia ser pedido que escolhesse um daqueles trechos para falar de si mesmo. Alunos que selecionassem o mesmo trecho se reuniriam num mesmo grupo e trocariam informações sobre eles mesmos com os colegas e depois seriam apresentados por outras pessoas do grupo...
Outra alternativa seria a utilização de fotografias de personalidades da ciência, das artes ou dos esportes. Caberia aos alunos se agruparem de acordo com um sorteio ou pela preferência individual tendo uma dessas personalidades como base para uma conversa. Nesse bate-papo eles deveriam enumerar as qualidades do sujeito e, a partir de uma lista concebida pelo grupo, deveriam falar sobre si mesmos para o restante da turma.
Ainda a título de sugestão caberia, por exemplo, selecionar livros conhecidos do público-alvo de alunos e colocá-los em contato com os mesmos para que todos aqueles que já tivessem lido um determinado título pudessem se reunir para falar sobre a obra, o autor, a trama, os personagens e, com base no que conversaram sobre o livro, viessem a falar sobre as pessoas do grupo traçando paralelos com a trama do livro, os personagens, o autor,...
Há inúmeras alternativas que poderiam ser criadas. Todas demandam tempo de planejamento e criatividade. Libertem-se de suas amarras e mãos a obra para a concepção de uma alternativa que viabilize um começo de ano e de trabalho promissor para suas aulas e sua escola. Bom retorno a sala de aula!

Texto enviado pela profª Pollyanna, de Biologia e Ciências
Curso G9

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

SUCESSO E RECONHECIMENTO DOS QUE SUPERARAM O BULLYING

A volta por cima de um grande talento
Professor Vicente Carlos Martins
Você sabe o que é resiliência?
Um conceito físico: propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora da deformidade (um elástico, que mesmo depois que encolhe, pode ser esticado novamente).
Em termos de comportamento humano, é entendida como nossa capacidade de superar sofrimentos (muito evidente nas vítimas recentes das tragédias causadas pelas chuvas), dor, rancor, mágoa e transformar tudo isso em aprendizado e superação.
A resiliência pode ser então uma forma individual de reação ao bullying.
Um caso muito interessante de um excluído resiliente
Nem sempre a vida de uma personalidade famosa representou um mar de rosas. Durante a jornada estudantil muitas foram vítimas de bullying, mas com o desejo de ver o mundo de um ângulo diferente, elas superaram traumas e dificuldades. Transformaram dor, mágoas e sofrimentos em superação e transcendência, fizeram história em seu meio ou em toda sociedade como um todo.
A história que vou contar abaixo é um desses casos. Omitirei o nome da personalidade, o qual citarei apenas no final.
“Após o divórcio dos pais, ele e suas irmãs foram criados por sua mãe, mulher de personalidade forte, que teve papel marcante em sua história de vitórias. A ausência de seu pai foi só um dentre vários obstáculos em sua vida. No oitavo ano, ele foi diagnosticado com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Segundo seus professores, ele não prestava atenção nas aulas, não parava quieto e não fazia as tarefas escolares. De um deles recebeu o veredicto que jamais seria bem-sucedido na vida pela falta de concentração (um alerta para nós professores!).
Essas paisagens fizeram que ele sofresse bullying por anos consecutivos. Também era humilhado frequentemente por ser muito magro, alto, orelhudo e desengonçado. Uma vez, no ônibus escolar, alunos mais velhos arrancaram seu boné e atiraram pela janela.
Aos 11 anos de idade, em uma competição de natação, alguns meninos por pouco não mergulharam sua cabeça na privada. Ele escapou. “Estava formada uma raiva interior que ele não dividiu com ninguém, mas que soube usar como fonte motivadora, em especial na piscina”, descrito em Sem Limites, seu livre autobiográfico.
Ele encontrou na natação um refúgio frente às constantes brigas entre seus pais, além de poder direcionar seu foco. Sua mãe declarou à revista US MAGAZINE que o bullying e as adversidades fizeram com que ele se fortalecesse e batalhasse mais.
Este garoto, que era intimidado, “zoado” e agredido por valentões na escola, simplesmente trata-se do nadador americano que conquistou oito medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008): Michael Phelps.
Fonte:
Mentes Perigosas nas Escolas
Ana Beatriz Barbosa Silva
Editora Fontanar

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O limite na educação dos filhos

Transtorno Desafiador Opositivo

Quando os pais se tornam escravos do próprio filho

Todos nós temos requisitos para alcançar altos voos e, às vezes, precisamos de um impulso. Pode ser sofrido, desgastante, mas necessário! Aprendemos muito com os que discordam de nós. Algumas pessoas nos tiram dessa zona de conforto, e elas são eternos mestres em nossas vidas.
A criança responsável é aquela que entende perfeitamente que ela mesma sofrerá as consequências do seu desleixo; ela sente vergonha de ser chamada atenção, quer aprovação dos outros, tem curiosidade. Desde cedo, tem ambições positivas e quer caminhar com as próprias pernas.

Há crianças e adolescentes que, de uma forma muito perspicaz, jogam a culpa nos pais. Driblam as tarefas e se vitimizam. Há pais que são reféns. A última palavra em casa é a do filho. Mesmo pequenos podem ser verdadeiros tiranos em casa. São jovens que responsabilizam os outros pelo mau comportamento, desafiam autoridade, recusam-se a trabalhar em grupo, não aceitam ordens e críticas, querem tudo a seu modo, gritam, perturbam e têm “pavio curto”.

O quadro acima pode ser patológico denominando-se transtorno desafiador opositivo.

Transtorno Desafiador Opositivo

A pessoa apresenta um comportamento frequentemente negativista, desafiador, desobediente e hostil com figuras de autoridade, como pais, familiares e professores. As manifestações do transtorno são mais frequentes no lar, aparecendo também na escola ou em outros ambientes.
Os pacientes apresentam prejuízo significativo em seu desempenho acadêmico, constantemente se envolvem em brigas e discussões, sendo comumente rejeitados pelos colegas do grupo escolar, e há comprometimento da auto-estima.
O tratamento para crianças e adolescentes com esse diagnóstico é a utilização de técnicas de intervenção psicológica e comportamental associada a uma orientação a pais e professores. Um bom modo de a escola colaborar é através da realização de esportes coletivos que auxiliam na socialização e constroem conceitos como disciplina e respeito.
Finalizando, por trás de um filho tirano existem sempre pais complacentes que toleram atrasos, irresponsabilidades, desrespeito e permitem que a criança constitua as leis no lar, enquanto os pais deveriam ter o domínio e fazer a manutenção da ordem. E nós, professores, qual é a nossa culpa? Podemos ajudar?

Fonte:
SESSA, Tatiana.E agora? Meu filho não gosta de estudar! SP: Ed. Best Seller

Artigo publicado pelo prof. Vicente- Matemática
Curso G9

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Educação - paternalismo ou autonomia

A autoridade que espero
Contardo Calligaris - Folha de São Paulo- 13/01/2011

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Para o paternalismo, as autoridades podem mandar na gente porque nos amam como um pai ou uma mãe
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"O QUE ESPERAMOS", em português, é uma expressão complexa: pode significar o que gostaríamos que acontecesse (é o sentido do francês "espérer" e do inglês "to hope") ou apenas o que antecipamos (é o sentido do francês "s'attendre à" e do inglês "to expect").

Na semana retrasada, uma reportagem da revista "Veja" me perguntou o que eu esperava dos primeiros cem dias do governo Dilma. Respondi: "Espero ser tratado como gente grande. (...) Espero que a presidente não ache que é meu pai nem a minha mãe".
Minha resposta respeitou o duplo sentido de esperar: escolhi algo que desejo e também antevejo que possa acontecer no governo Dilma.

Na presidência Lula (que foi, ao meu ver, uma grande Presidência para o país), a única coisa que realmente me ouriçou foi o paternalismo. Disso não vou sentir falta. E ninguém deveria -pois, no balanço positivo dos oito anos, acredito que quase todas as manchas tenham sua origem no paternalismo.

O paternalismo explica a escolha de colaboradores mais por vínculos afetivos do que por competência ou probidade e explica, em geral, a dificuldade em reconhecer que a lei se situa acima dos laços de amizade e de família (veja-se o caso final dos passaportes diplomáticos concedidos aos filhos de Lula).

Por que o paternalismo me incomoda tanto?

Tive pai e mãe ótimos e, ainda hoje, às vezes, gostaria que estivessem aqui para me orientar. Mas não deixo ninguém se colocar no lugar deles. Isso não me exige um esforço grande, pois o lugar da minha mente que eles ocupavam antes que eu alcançasse minha (relativa) autonomia já não existe mais, há tempos.

Desfazer-me desse lugar não foi automático; em grande parte, foi o resultado do processo de minha análise. Uma psicanálise, aliás, poderia se definir como o esforço para se desfazer de figuras paternas internalizadas, que tiveram uma função no atrapalhado caminho pelo qual nos tornamos adultos, mas das quais não precisamos mais.

O paternalismo é o avesso desse esforço: ele quer que a experiência adulta da autoridade seja moldada pela nossa neurose familiar básica.

O paternalismo acha bom que, para nós, toda figura de autoridade se pareça com uma mamãe ou um papai, cuidadosos e/ou severos. Também o paternalismo acha bom que, do agente de trânsito ao presidente, do professor à enfermeira, as figuras de autoridade pensem que elas podem mandar na gente porque nos amam como os pais amam seus filhos.

A neurose faz com que, na vida adulta, nós tendamos a viver todas as relações como extensões dos afetos familiares no meio dos quais crescemos. No caso que nos interessa, estaríamos prontos a sermos bons meninos diante de um governante que nos convença de que ele é nosso pai ou nossa mãe (o que não vai ser difícil, pois isso é exatamente o que queremos acreditar).

Minha esperança é que, com Dilma, o governo não se prevaleça dessa neurose quase universal. Espero, por exemplo, que a presidente me peça para pagar mais impostos porque a boa administração do país exige esse esforço -não porque ela é uma mãe para mim, e, portanto, eu me comportarei bem.

Por que espero isso? Simples: a autoridade que se funda num vínculo afetivo é descontrolada e incontrolável. Quem ousaria discutir e limitar a suposta intenção amorosa dos "pais"? Como o "filho" ousaria inquirir o pai e a mãe? O paternalismo é quase sempre tentado pelo autoritarismo mais arbitrário. Por seu trajeto, espero que Dilma tenha pouca simpatia pelo autoritarismo sob todas suas formas.
Alguém, tendo lido minha resposta à "Veja", perguntou: mas não é normal que a relação com o pai e a mãe seja para nós o modelo de toda relação com a autoridade? Não é isso que a psicanálise nos diz?

Não é. A família é o sistema que inventamos para lidar com as crianças estranhamente prematuras que todos somos -crianças que precisam de cuidados e orientação durante um quinto de suas vidas. Pensar que a família, por ser o quadro em que descobrimos a autoridade, seja também seu modelo "natural" equivaleria a pensar que toda sexualidade, por ter começado com papai e mamãe, deva ser edípica, para sempre.
A psicanálise pensa (e espera) o contrário, ou seja, que a gente cresça e, no caso, que nossa (inevitável) relação com a autoridade deixe de ser parasitada pelos restos da neurose familiar.

Prof. Italo Mammini Filho
Prof. de Química do Curso G9

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Educação e Diversidade em Sala de Aula

Partilho com todos o artigo abaixo, sobre o impacto da diferença de gênero na aprendizagem

Gazeta do Povo, 11/01/2011 - Curitiba PR
Diferença entre gêneros reflete em desempenho
Avaliação aplicada no Brasil mostrou que meninas são melhores na leitura e meninos se destacam em Ciências e Matemática
Carolina Gabardo Belo

A última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), referente ao ano de 2009 e divulgado no início de dezembro, mostrou, entre ou¬¬tros dados, algo que os professores já perceberam há tempos: a diferença de gênero também se reflete no desempenho dos estudantes em sala de aula. A pesquisa avaliou alunos de 15 anos em 65 países e mostrou que, no Brasil, as meninas são mais eficazes em leitura, enquanto os meninos se destacam em Ciên¬¬cias e Matemática. Além de uma simples diferença, este quadro representa um amplo desafio aos docentes, que precisam lidar com as potencialidades de cada um e ao mesmo tempo estimular os alunos nas áreas em que eles não têm tanto interesse. A tarefa não é fácil, pois exige atenção e jogo de cintura dos professores na hora de passar os conteúdos aos jovens, que também apresentam características individuais no aprendizado.
“O professor precisa estruturar a maneira de ensino prevendo a diversidade na maneira de aprender. Estas diferenças são maiores que a questão do gênero, elas acontecem de pessoa para pessoa”, ressalta a doutora em Educação e professora do curso de Pedagogia da PUCPR, Evelise Portilho.
Ensino - Para chamar a atenção dos estudantes nas disciplinas, Evelise afirma que os professores precisam estar atentos aos interesses dos jovens, bem como estimular diferentes habilidades, as chamadas múltiplas inteligências. “Se o aluno tem predomínio em uma modalidade não podemos deixar de potencializar as outras, que também são importantes”, diz. O ideal é desenvolver atividades que se aproximam da realidade dos jovens e oportunizar a interação entre os alunos durante os estudos, promovendo apenas no professor, pois não existe uma única maneira de ensinar”, garante. Na prática, os docentes garantem que a iniciativa dá resultados, uma vez que alia as potencialidades de meninos e meninas nos grupos de estudo.

Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora do Ensino Médio e PV

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Gestão Escolar e Execução do Planejamento

Oi, professores e colegas

O ano começa e novos planos são feitos, novos projetos se preparam para serem executados. A educação sofre com um problema sério de gestão escolar: os projetos são de boa qualidade, mas não são executados a contento.
Penso que uma reflexão mais detalhada a respeito merece ser feita. Sugiro, pois, o artigo abaixo e, posteriormente, uma auto-avaliação de nossa própria gestão da educação. Boa leitura a todos!
Capacidade de execução na educação
Paulo Sertek
Ram Charan é considerado atualmente um dos mais influentes pensadores da arte de gestão, e faz imenso sucesso com o livro Execução: a disciplina para atingir resultados. Destaca que, independentemente do setor que se pretenda organizar, para atingir resultados é necessária a disciplina da execução. Por quê? Constatou que a maior parte dos planejamentos estratégicos das empresas públicas ou privadas padece do pecado de origem: por melhores que sejam os seus planos, eles naufragam, na grande maioria, por falta de capacidade de execução. Em geral, o planejamento ou as diretrizes padecem do mal do abstracionismo. As ideias são boas, não obstante sofrem com a falta de adequação à realidade da implementação. Os planejamentos nascem com irrealismo, pois não se preveem os verdadeiros gargalos. Os dirigentes não se antecipam às dificuldades sobre como transformar as diretrizes gerais em planos rigorosos e sistemáticos de seguimento das metas.

Diz Charan que: “Muitos (dirigentes) não compreendem o que precisa ser feito para converter uma visão em tarefas específicas, pois seu pensamento de alto nível é muito amplo. Eles não levam as coisas adiante e não fazem acontecer; os detalhes os aborrecem. Eles não cristalizam o pensamento ou preveem os obstáculos. Não sabem como escolher as pessoas com habilidade para executar. Sua falta de envolvimento os priva de um julgamento consistente sobre as pessoas, o que só se adquire com a prática”.
Artigo retirado do Jornal Gazeta do Povo, 11/01/2011 - Curitiba PR
Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora Pedagógica do Ensino Médio e PV

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A educação brasileira e o Pisa

Colegas, a entrevista abaixo, feita com um sociólogo e focada na avaliação do teste Pisa e as providências sugeridas em função dos resultados obtidos pelo Brasil, ajudam nossa reflexão sobre o trabalho educativo para 2011.
Gazeta do Povo, 14/12/2010 - Curitiba PR
Família é responsável por até 50% do desempenho do aluno
Julio Jacobo Waiselfisz, sociólogo e diretor de Pesquisa e Avaliação da Sangari, responsável pelo estudo “O Ensino de Ciências no Brasil e o Pisa”

Um ano a mais de ensino básico e uma carga horária maior no ensino de ciências são algumas das sugestões que o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz apresenta para tentar acelerar a melhora no desempenho dos estudantes brasileiros. Ao analisar os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2009, o especialista concorda com a opinião geral de diversos colegas, de que a melhora dos estudantes brasileiros em relação ao exame de 2006 está longe de colocar o Brasil num nível aceitável de qualidade na educação, e que o ritmo dessa melhora é insuficiente. Por isso Waiselfisz defende medidas concretas, com urgência, começando-se pelas menos complexas. Segundo o sociólogo, a adoção generalizada dos nove anos no ensino básico já poderia somar 44 pontos no resultado dos próximos exames, muito mais do que os festejados 17 pontos de alta observados entre 2006 e 2009. No ensino de ciências, que teve o menor crescimento entre as três disciplinas avaliadas pelo Pisa, uma hora de aula a mais por semana pode ter um resultado muito significativo.

Waiselfisz ocupa o cargo de diretor de Pesquisa e Avaliação da Sangari, onde produziu o estudo “O Ensino de Ciências no Brasil e o Pisa”, e afirma que “os estudantes dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm, em média, 3,2 horas semanais de aulas de Ciências dentro da escola, enquanto os brasileiros têm 2,2 horas semanais”. O resultado é simples de se observar: os países da OCDE têm quase cem pontos acima da média brasileira em Ciências. São os países líderes em desenvolvimento científico e tecnológico. O sociólogo ressalta ainda o papel da família na formação de crianças e adolescentes. Segundo ele, o nível familiar tem peso entre 30% e 50% no desempenho do aluno, para o bem e para o mal. O Brasil tem 42% de seus alunos no nível mais baixo da escala sociocultural elaborada pelo Pisa. Na Coreia, essa proporção está em 4%.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista com o sociólogo:
A avaliação geral do Brasil no Pisa 2009 é positiva?
Sim, mas pouco. Os dados de 2003 e 2006 mostraram estagnação, passando da média geral de 383 para 384 pontos, com o Brasil no fim do ranking. Em 2009 chegou a 401, ou 17 pontos acima. Ou seja, saímos da estagnação, mas pela ótica do atraso histórico em relação aos países mais desenvolvidos, é pouco se quisermos recuperar o terreno rapidamente, como pretende o Ministério da Educação com a implantação da Prova Brasil e do Ideb Nacional.

Em relação às três áreas avaliadas, leitura, matemática e ciências, há diferenças significativas?
Não. Como todas tiveram subidas discretas, todas tiveram o mesmo papel no desempenho relativamente fraco da média. A evolução de ciências foi a mais fraca entre as três, com apenas 15 pontos de elevação sobre 2006, de 390 pontos para 405 pontos. Leitura, que teve a alta maior, subiu apenas 19 pontos, passando de 393 para 412 e, matemática, de 370 para 386. Nenhuma das disciplinas conseguiu dar grande salto em favor da média geral.

Quais os fatores que levam o Brasil a ficar parado ou andar devagar nas avaliações do Pisa?
São vários fatores que se somam para criar um panorama complexo, mas a situação socioeconômico familiar é particularmente cruel. O nível familiar tem peso entre 30% e 50% no desempenho do aluno, para o bem e para o mal. O Brasil tem 42% de seus alunos no nível mais baixo da escala sociocultural elaborada pelo Pisa. Na Coreia, essa proporção está em 4%. Na média dos países ricos da OCDE, 10%. O Brasil está pior que o México e Colômbia, que têm 41% de seus estudantes em famílias de menor nível sociocultural.

De que forma influi o ambiente familiar?
A família influi de diversas formas. Ela pode criar um ambiente favorável ao estudo dentro de suas possibilidades. Está demonstrado que pais que conversam com seus filhos sobre diversos temas também influenciam na aprendizagem. Criar um pequeno espaço para o estudante em casa, uma mesinha e estimular uma criança a pegar um livro na biblioteca pública são atitudes que contam muito.

Falta investimento na educação brasileira ou o dinheiro é mal gasto?
As duas coisas, mas há uma distorção na leitura que se faz dos investimentos. Se tomarmos o quanto do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é investido em educação, cerca de 5% do PIB, estaremos igualados à Alemanha. Porém, como o PIB alemão é muito maior que o brasileiro, a Alemanha investe US$ 6.400 por aluno, enquanto o Brasil investe US$ 1.150. O investimento por aluno é muito melhor indicador do que o porcentual sobre o PIB. O Quênia, na África, investe 7% do seu PIB em educação, mas cada aluno tem investimento de US$ 245, e por isso a educação naquele país é uma das piores do mundo, apesar dos 7% de investimento sobre o PIB.

Que medidas o Brasil poderia tomar para tentar reverter rapidamente o quadro atual?
Algumas coisas simples e que já foram iniciadas, como o aumento de oito para nove anos de escolaridade no ciclo fundamental. Os alunos brasileiros que participaram do Pisa 2006 tinham 8,74 anos de estudo, melhor apenas do que a Estônia entre os 57 países que participaram. Reino Unido, por exemplo, tem 11 anos de estudo e a Nova Zelândia, 10,9. Há bem pouco tempo que essa distorção começou a ser corrigida. Segundo o Pisa, um ano a menos significou a perda de 12% no resultado de ciências de um estudante. Essa diferença significa nem mais nem menos do que 44 pontos, bem mais do que os 17 pontos ganhos entre 2006 e 2009. Só que os resultados de uma medida tão simples e correta só serão sentidos nas próximas edições do Pisa. Até agora, os alunos de 15 anos pertencem à época do ciclo de oito anos.

Especialistas colocam que um dos grandes problemas são os baixos salários dos professores brasileiros. O senhor concorda?
Em parte. Creio que é um dos problemas estratégicos, mas a questão dos docentes não se resume aos salários baixos. Há uma questão de formação dos professores que é tanto ou mais séria. E não é uma questão de competência do professor, mas sim de não cumprimento das legislações nacionais. Cerca de um quarto dos professores brasileiros não têm escolarização legalmente exigida. A maioria dos professores não está lecionando em suas áreas de formação. Apenas 43% dos professores de língua portuguesa têm diploma nessa área de conhecimento. Em matemática, são apenas 36%. Só 15% dos professores de física têm formação em física. Metade dos professores dessa disciplina é formada em Matemática. É um problema muito sério.

Qual outra solução o senhor apontaria?
Outra questão que afeta a eficiência do ensino é a jornada dos alunos, a quantidade de horas/aula ministradas para cada disciplina. Os países avaliados pelo Pisa com melhor desempenho têm jornadas maiores para os alunos. Isso é importante, sim. Os estudantes dos países da OCDE têm, em média, 3,2 horas semanais de aulas de ciências dentro da escola, enquanto os brasileiros têm 2,2 horas semanais. Essa diferença atinge as outras disciplinas também. Esse é um dos motivos do abismo que existe quando se compara o resultado em ciências entre Brasil e países da OCDE. A média dos países europeus está quase cem pontos acima. As escolas brasileiras não conseguem sequer cumprir as quatro horas diárias previstas legalmente. São greves, feriados, semanas de prova, atividades extras, faltas de professores sem reposição e até o horário do recreio que, somados, vão tirando muitas horas/aula dos estudantes. Uma perda irreparável.

Artigo postado pela Profª Marcia Gil de Souza
Coordenadora pedagógica

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O orgulho de SER professor

Tem-se tornado comum os canais de televisão divulgarem professores sofrendo agressões físicas praticadas pelos seus alunos adolescentes na própria sala de aula. No último dia 12, chegamos ao absurdo de ver uma agressão violenta, praticada por um estudante de enfermagem de 23 anos, de uma escola particular, contra a coordenadora.
Acredito que esses fatos também têm contribuído para que os nossos jovens não queiram seguir a carreira de professor, o que me deixa muito preocupado porque quando se discute os mais diversos problemas do nosso país, percebemos que as soluções sempre passam pela educação.
Neste momento, o que fazer? Nas reuniões de professores que realizo no Curso G9, tenho sempre dito que não podemos desanimar por fatos negativos ocorridos em nossa sociedade. Precisamos divulgar as inúmeras situações positivas que vivemos com nossos alunos em sala de aula, situações que, com raras exceções, a mídia tem interesse em divulgar. É preciso, cada vez mais, valorizar e se orgulhar da nossa profissão de professor. Essa deve ser a postura do Educador que sabe da importância de sua contribuição no mundo atual.
Este artigo foi escrito no início da manhã do dia 13 de novembro. Nessa data, às 7 horas da manhã, fui ao café do Vadinho, dei bom dia aos funcionários e a duas famílias que têm filhos no Curso G9. Todos eles retribuíram meu bom dia com a seguinte frase: Bom dia, Professor! Sinto-me orgulhoso de carregar junto ao meu nome o título de Professor.
Ao longo dos anos, construímos nossa história, influenciamos e contribuímos com as decisões de nossos alunos, portanto nossas atitudes servem de exemplo para eles. Pedi permissão à professora Maria Aparecida Fernandes para publicar o texto de uma carta enviada, neste mês, por uma ex-aluna dela, do colégio Major João Pereira:

“Na última eleição, ao entrar novamente, após anos e anos, na Escola Major Pereira, tive a surpresa de encontrar minha seção na antiga sala de aula, que um dia foi o espaço da 4ª série. Por um momento, uma imagem se formou. Profª Fernandes lendo a História de Narizinho, de Monteiro Lobato e nós, alunos, alimentados pelo silêncio e pela imaginação, dançávamos no ritmo daquela leitura. A sala guarda a magia de muitos momentos. Saí de lá, agradecendo por ter sido contaminada pelo gosto do saber, da leitura, das palavras. Obrigada, Fernandes.
Uma aluna dos anos 70.”

A verdadeira educação é uma arte realizada por pessoas especiais que têm a oportunidade de preparar nossos jovens para se transformarem em futuros líderes , os quais terão a responsabilidade de construir uma sociedade melhor, mais justa.
Para isso, como diz o professor Mario Sergio Cortella: “sejamos velozes sem pressa. A velocidade requer deixar as pessoas em estado de atenção permanente, enquanto pressa é deixá-las em estado de tensão permanente”.
Um conselho: inspire seus alunos pelos valores e pela força de seu trabalho e não apenas pelo seu carisma ou hierarquia.

Professor Hilson Háliz Dias Perlingeiro
Diretor Administrativo do Curso G9

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

OS EXCLUÍDOS DA LEI: O LONGO CAMINHO DA DEMOCRACIA

No dia 05 de outubro de 1988, exatamente há 22 anos atrás, era promulgada a atual Constituição Federal do Brasil, chamada de “Constituição Cidadã” por Ulysses Guimarães. Para demonstrar a mudança que estava havendo no sistema governamental brasileiro, que saía de um regime autoritário recente, a Constituição de 1988 qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o Estado democrático e a ordem constitucional, criando assim garantias constitucionais. Com a nova lei, o direito maior de um cidadão que vive em uma democracia foi conquistado: foi determinada a eleição direta, que previa uma maior responsabilidade fiscal e ainda ampliava os poderes do Congresso Nacional.
Este artigo, destarte, pretende analisar a conjuntura social decorrente da falta de uma participação política plena, embora atualmente a realidade brasileira seja inovadora politicamente, já que no ano de 2000 houve a primeira eleição totalmente informatizada do mundo, 110 milhões de pessoas escolheram prefeitos e vereadores de 5559 municípios. Ainda é um fato considerado extremamente novo na medida em que somente há 22 anos a legislação prevê a participação política aos analfabetos.
Atualmente, mais de 135 milhões de brasileiros podem votar para presidente, o que faz do país a terceira maior democracia do planeta. Um avanço extraordinário se comparado à época da ditadura militar, em que apenas 476 brasileiros dos mais de 100 milhões votavam para presidente da República.
Da fundação da Vila de São Vicente, em 1532, até a abertura democrática da Constituição de 1988, o direito do voto sofreu várias restrições, como a exigência de uma renda mínima e a exclusão feminina. O voto é a mais antiga ferramenta do brasileiro para exercer sua cidadania e escolher seus representantes.
O direito à participação política através do voto pelos analfabetos faz parte há pouco tempo da história do Brasil. A história do sufrágio universal, o direito do ser humano de escolher de forma livre seus representantes mediante o voto é recente, mas ainda incompleta. Neste momento, menos da metade das pessoas do planeta vive em regime democrático, mas essa situação já é considerada um grande avanço.
As primeiras eleições do Brasil colônia provavelmente ocorreram ainda no século XVI, na primeira vila fundada na América Portuguesa, São Vicente. Os moradores teriam elegido o Conselho Municipal seguindo a legislação portuguesa através do Livro das Ordenações. As decisões sobre a vida cotidiana dos colonos cabiam às Câmaras Municipais, responsáveis pelo governo das vilas e cidades. Somente os ‘homens-bons’, em geral proprietários de terras e de escravos, podiam ser eleitos vereadores. Aqueles que exerciam trabalhos manuais, os degredados e os não-cristãos não podiam ser eleitos. De forma que o comando político das vilas e das cidades estava nas mãos de uma minoria. A economia passava pela política, recorria ao sistema de mercês e a participação nas câmaras municipais para a formação das famílias poderosas.
Durante o período colonial brasileiro até quase o fim do Império, só podiam votar e ser votados nobres, burocratas, militares, comerciantes ricos, senhores de engenho, em resumo, homens de posse, mesmo sendo considerados analfabetos. Com a vinda da família real para o Brasil em 1808, o príncipe regente que mais tarde iria se tornar o rei do império português convocou eleições para os cargos da corte. As vagas sempre eram ocupadas por membros da elite brasileira. Nessa época, os iletrados poderiam participar das eleições, porque o requisito fundamental era a posição social e, consequentemente, a renda anual.
O Brasil e os brasileiros, tal como entendemos hoje, não existiam no período colonial. Os habitantes da colônia em geral se identificavam como súditos do rei de Portugal e integrantes do reino português, submetidos às leis do código português e aos interesses dos homens-bons. Com a Independência, em 1822, o Brasil surgiu como Estado nacional com instituições e leis próprias. Entretanto, o poder político ainda estava nas mãos de uma minoria que zelava pela manutenção de seus interesses e privilégios. A população, em sua maioria analfabeta e pobre, estava excluída da participação política.
O sistema eleitoral do Segundo Reinado continuou baseado no voto censitário e masculino. A população pobre e marginalizada, excluída das eleições pela exigência da renda mínima, não participava das disputas político-partidárias do período.
Aprovado em janeiro de 1881, um decreto do primeiro-ministro do Império, José Antonio Saraiva, estabelecia eleições diretas para as câmaras e assembleias. Algumas províncias foram divididas em distritos, e eleitores com renda mínima anual de 200 mil-réis foram cadastrados. Em 1882, foram excluídos os analfabetos, já que era necessário assinar um documento. Ainda durante o século XIX existia o eleitor fósforo, assim chamado porque, nessa época, a urna parecia com uma caixa de fósforos e esse tipo de eleitor participava várias vezes em uma única urna ou até mesmo em outras, usando identificações falsas ou de pessoas mortas.
A transição do Império para a República é a primeira grande mudança de regime político após a Independência. Tratava-se da implantação de um sistema de governo que propunha a participação política popular.
A Constituição de 1891 elimina o voto censitário, mas exige ainda a alfabetização, de modo que a grande maioria da população não participava da sociedade política. Retirava do Estado o ônus da educação, impossibilitando o processo de democratização.
Na verdade, 80% da população estava excluída do direito político. A República não tinha aumentado a participação política do povo. Ao contrário, o novo regime frustrara a população, não cumprindo suas promessas de cidadania. Em geral, as pessoas preferiam ser cidadãos inativos, porque as eleições eram marcadas pela violência.
Durante o início da primeira república, a Constituição de 1891 determinou a eleição direta, embora o primeiro presidente tenha sido eleito por uma assembleia. Nesse período, predominava uma prática que perdurou até a revolução de 30, a qual exercia poder de coerção e intimidação sobre os eleitores. Estabelecido na lei de 1904, denominada de Lei Rosa e Silva, o mecanismo funcionava da seguinte forma: haviam duas cédulas, uma para a urna e a outra que seria entregue para um fiscal eleitoral, que preenchia, datava e rubricava a cédula.
Em 1932 ficou estabelecido o voto secreto, obrigatório, para maiores de 21 anos sem distinção de sexo. Assim, inicia-se a participação política das mulheres. Contudo, em 1934 a idade mínima passou a ser 18 anos. O título eleitoral deveria ter foto, mas essa ideia só foi integrada ao sistema eleitoral em 1955.
Com o fim do Estado Novo e a deposição de Vargas do poder executivo. Dutra se tornou seu sucessor e proclamou a quarta Constituição brasileira, que não previa a maioria absoluta dos votos para os candidatos à presidência. Alguns presidentes eleitos como Getúlio na década de 50, JK e Jânio receberam menos da metade dos votos. A cédula passou a ser confeccionada pela Justiça Eleitoral, já que antes ficava na responsabilidade dos candidatos. Outro detalhe a ser destacado desse período é a chamada “lei do dedo sujo”, aprovada em 1955, na qual todos os eleitores teriam o dedo marcado à tinta para identificar aquele que já teria participado da eleição. Lei que foi revogada meses depois.
O chamado “voto colorido”, criado em 1962 e revogado logo depois de um mês de sua aprovação, consistia em que todos os partidos políticos escolheriam uma cor, para a realização de cédulas coloridas de modo a facilitar a identificação.
Com a redemocratização e a liberdade de imprensa, perdia-se o medo de denunciar os poderosos e se iniciava um período de ajustes de contas. Na verdade, os brasileiros esperavam que a democracia solucionasse todas as mazelas do país; a corrupção e a punição dos crimes cometidos em nome da ditadura eram apenas alguns deles. A esperança de que o Brasil se tornaria um país mais justo e próspero em um futuro próximo iria desmoronar em pouco tempo, com o fracasso do plano cruzado e a hiperinflação. Alguns temores não se concretizaram e as conquistas democráticas sobreviveram e se fortaleceram.
A República, passado o momento inicial de esperança de expansão democrática, consolidou-se sobre um mínimo de participação eleitoral, com a exclusão do movimento popular no governo. Na verdade, consolidou-se no poder oligárquico. Se a mudança de regime político despertou em vários setores da população a expectativa de expansão dos direitos políticos e de redefinição de seu papel na sociedade, as próprias condições sociais do país fizeram com que as expectativas se frustrassem. O setor vitorioso da elite civil republicana criou todos os obstáculos à democratização.
Ainda hoje, livre da tarefa de representar o país, e tendo conquistado o direito de eleger seus representantes, a população não consegue transformar sua capacidade de participação comunitária em participação cívica. A atitude popular perante o poder oscila entre a indiferença e a reação violenta.
Desde o início do período colonial até a proclamação da Constituição de 1988, o direito à participação política sofreu limitações, a população aparecia em muitos momentos como expectadora, e às vezes até figurante. Mas mesmo que a vitória não tenha sido traduzida em mudanças políticas imediatas, a luta pelo direito ao voto certamente deixou um sentimento de orgulho e auto-estima, passo importante para a formação da cidadania.
Texto elaborado pela profª Patrícia Abbud, que ministra História no Curso G9.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Tiririca, a prepotência e a Educação

O Tiririca, a prepotência e a Educação.

Como um dos mais antigos profissionais no mundo, o professor tem papel fundamental na formação do individuo, e não é por menos: para ser médico você precisa do professor, para ser arquiteto você precisa do professor, para ser turismólogo você precisa do professor, e até para ser professor você precisa do professor. Pelo menos um professor passa pela vida de cada pessoa no mundo, e mesmo que esta pessoa nunca tenha frequentado escola ela aprende algo com seus pais, vizinhos ou amigos, pois professor é aquele que orienta, educa e mostra.
E nesses tempos de eleição me pergunto que professor é este que ensina a 1.353.820 pessoas que Tiririca, aquele cujo slogan de campanha eleitoral foi “Pior que tá não fica”, é um bom candidato para Deputado Federal. Quem ensinou a essas pessoas que isso é fazer protesto? E como Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, aprendeu que é possivel brincar com coisa séria? Estas indagações não saem de minha mente, e a meu ver a culpada por tudo isso é a Educação prepotente.
Infelizmente ainda existe nas escolas formais uma atitude de pretensa superioridade, arrogância, tirania e de abuso de poder por parte de muitos professores. Estes acreditam que são detentores do conhecimento e da verdade absoluta, pessoas influentes e poderosas, capazes de abusar da autoridade que têm. Diante deles o aluno é vazio, pequeno e incapaz de alcançar sua força e sabedoria.
O resultado é o que vemos hoje: o aluno desinteressado pelo ensino, não tendo a educação como base para a formação de uma consciência crítica. Cresce acreditanto no “Rouba, mas faz”, e diante de um momento tão importante como o das eleições, faz piada. Na Internet é possivel encontrar propagandas eleitorais do Tiririca com comentarios do tipo “pelo menos ele é humilde e tem bom caráter”, “pelo menos ele lutou”, e “pelo menos ele vai fazer a gente rir”. Pelo menos? Sim, esta é a forma como o aluno da prepotência se consola hoje.
A minha certeza de que a Educação é a base de tudo foi fortalecida durante a Feira do Conhecimento do G9, quando nossos alunos apresentaram-se brilhantemente no palco e nos estandes, expondo sua sabedoria, timidez, e a grande capacidade de ensinar aos outros. Assim que começaram a falar, percebi que toda a minha inquietação sobre um possivel insucesso em atuar ou explicar sites e gráficos havia acabado. A escola toda me encantou com os cuidados que devemos tomar com a internet, com o túnel do passado, presente e futuro, a história do jornal, a educação digital para os deficientes, entre outros.
No entanto, o que me chamou muito a atenção foram os trabalhos dos pequeninos da educação infantil. Eles souberam explicar muito bem o que haviam feito, conseguindo inclusive fazer comentarios “extras” sobre o que estavam apresentando. A responsável por tudo isso, claro, é a educação. São as professoras extremamente dedicadas que pensam no livrinho da sala, no jornal dos acontecimentos, no gibi dos animais e nas caixinhas “O que é o que é”, e que educam as crianças com muito carinho e humildade.
Deixei a feira emocionada, feliz por ver tanta qualidade em educação, e ao mesmo tempo apreensiva com a possibilidade de haver mais pretensão do que humildade na professora dentro de mim. Percebi que TODOS nós, educadores, precisamos aprender muito com as professoras do ensino infantil, pois o futuro crítico de que tanto falamos e esperamos para os nossos jovens começa nas mãos delas.
Não podemos educar na expectativa de não termos mais Tiriricas. Devemos educar para não termos mais Tiriricas. O foco do professor tem que deixar de ser nele próprio, no quanto ele sabe mais, no quanto está certo e o quão melhor é em relação aos outros, e voltar-se para o aluno, contribuindo com sua transformação em um cidadão consciente e melhor a cada dia.
Texto elaborado pela profª Lívia Mota, que ministra Inglês no Curso G9.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Se um cachorro fosse professor, você aprenderia coisas assim:


Texto de Ramiro Ros

Se um cachorro fosse professor, você aprenderia coisas assim:

Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.
Nunca perca uma oportunidade de ir passear.
Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.
Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.
Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.
Corra, pule e brinque todos os dias.
Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas tocarem você.
Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.
Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquido e deite debaixo da sombra de uma árvore.
Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.
Não importa quantas vezes o outro o magoa, não se sinta culpado...volte e faça as pazes novamente.
Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
Se alimente com gosto e entusiasmo.
Coma só o suficiente.
Seja leal.
Nunca pretenda ser o que você não é.
E o MAIS importante de tudo....
Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por perto e mostre que você está ali para confortar.
A amizade verdadeira não aceita imitações!
E NÓS PRECISAMOS APRENDER ISTO COM UM ANIMAL QUE DIZEM SER IRRACIONAL!

Na Biologia é assim, os seres desenvolvem caracteristicas diferentes uns dos outros, mas se observarmos suas atitudes, são seres muito melhores e consequentemente mais próximos da grandeza de Deus. Afinal, foi Ele quem criou tudo isso para nossa contemplação! Basta que olhemos em volta e aprenderemos mais e mais com a VIDA (BIO)!

Professora Pollyanna M. Freitas Leite

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Como a Afetividade entre o Professor e o Aluno pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem

A Relação Professor-Aluno e a Afetividade:
Como a Afetividade entre o Professor e o Aluno pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem

Afetividade é um termo utilizado para designar e resumir não só os afetos em sua acepção mais estrita, mas também os sentimentos ligeiros ou matizes de sentimentais de agrado ou desagrado, enquanto o afeto é definido como qualquer espécie de sentimento e (ou) emoção associada a idéias ou a complexos de idéias ( CABRAL e NICK, 1999 ).
Nas escolas em geral, alunos experimentam diversos afetos: o prazer de conseguir realizar algo pela primeira vez, tristeza ao saber da doença de um amigo, raiva ao discutir com colegas. Além disso, podem gostar ou não de seus professores, sentir-se felizes quando seus companheiros de sala os aceitam e culpados quando não estudam o suficiente.
Vale dizer que os sentimentos e emoções do aluno precisam ser levados em conta, já que podem favorecer ou desfavorecer o desenvolvimento cognitivo – com o qual está intimamente relacionado desde que o bebê vem ao mundo. A emoção é a forma que o corpo encontra de exprimir o que é pessoal e socialmente agradável ou desagradável para determinado sujeito.
Sua manifestação depende do outro, isto é, para que haja o desencadeamento de uma reação emotiva é necessário que se tenha a presença de um espectador, pois a emoção não se manifesta sem “plateia”; mesmo que esta seja imaginária, é necessário que se faça presente.
O choro e o riso são as vias mais comuns de expressão da emoção. É importante salientar que ambos não podem ser considerados como emoções em si, mas como veículo de expressão. O corpo é o meio que a emoção tem de se expor e o choro e o riso muitas vezes são caminhos que as reações emotivas percorrem para se expressar livremente.
A emoção e a inteligência se relacionam durante todo o percurso psicológico do indivíduo. Wallon nos alerta sobre a importância que o ser humano deveria dar aos dois aspectos da personalidade humana. Entretanto, ele enfatiza que esta não é uma tarefa muito fácil quando se enfrenta a natureza insubordinada da emoção. Segundo ele, para que se produza intelectualmente, é imprescindível não se submeter ao poder da emoção, pois isso afetaria a percepção de mundo real e conseqüentemente reduziria o nível da afetividade intelectual do sujeito. É necessário tentar uma racionalização da situação emotiva, em casos de intensa reação emocional. Da mesma forma em algumas atividades intelectuais, é necessário um trabalho de emocionalização, para que se faça de tal atividade algo mais criativo e espontâneo.
Entretanto, geralmente é a racionalidade que cede aos caprichos da emoção. O ideal seria encontrar um equilíbrio entre as reações afetivas e inteligência, mas nem sempre isso é possível devido à intensa intelectualização social ou devido à intensa subordinação emocional em determinados indivíduos. Porém, a relação entre emoção e inteligência é realmente intensa. Na opinião de Wallon, as conquistas do plano emocional são também apreendidas pela racionalidade, e vice-versa. É exprimindo ao outro o que sentimos, por meio de palavras e gestos, que abolimos um estado emocional. A dissolução ocorre exatamente pela transformação da emoção em atividade mental.
A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das dimensões da pessoa: ela também é uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade direcionou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira.
A afetividade e a inteligência são aspectos indissociáveis, intimamente ligados e influenciados pela socialização. A afetividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca. No ambiente escolar é além de dar carinho, é aproximar-se do aluno, saber ouvi-lo, valoriza-lo e acreditar nele, dando abertura para a sua expressão. Carinho faz parte da trajetória, é apenas o começo do caminho.
O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas. “As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente”. (ALMEIDA, 1999) Compreendemos a afetividade como substância que nutre estas ações e não um puro ato de “melosidade”.
Para Jean Piaget, é irrefutável que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e conseqüentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria inteligência. A afetividade é atribuída como uma condição inevitável na construção da inteligência mas, também não é suficiente.
Ainda, define a afetividade como todos os movimentos mentais conscientes e inconscientes não-racionais (razão), sendo o afeto um elemento indiferenciado do domínio da afetividade. Afirma ele, que o afeto é uma importante energia para o desenvolvimento cognitivo e estudos que integram suas pesquisas e também de Freud especificam que a afetividade influi na construção do conhecimento de forma essencial através da pulsão de vida e da busca pela excelência.
A intensificação das relações entre professor-aluno, os aspectos afetivos emocionais, a dinâmica das manifestações da sala de aula e formas de comunicação devem ser caracterizadas como pressupostos básicos para o processo da construção do conhecimento e da aprendizagem e ainda, da condição organizativa do trabalho do professor.
Enquanto o indivíduo se desenvolve no seu espaço social e cultural afasta-se de uma submissão aprendendo a transferir suas motivações para outros objetos e situações, ao mesmo tempo que, condiciona afetivamente, suas relações vivenciais.
A relação professor-aluno deve estar amplamente ancorada na afetividade. A escola hoje, mais do que qualquer outro tempo é um espaço onde se constroem relações humanas. Por isso, é de fundamental importância trabalhar não só conteúdos mas também as relações afetivas: ensinando os alunos a tratar do outro, fazer amigos, exigindo do outro o respeito, a cooperação... É imperioso que os professores combinem projetos que dêem a seus alunos mais que seu saber, a riqueza insubstituível de sua amizade. E conseguimos isso através do diálogo. Os alunos não podem levar à escola apenas seus ouvidos e suas mãos. Eles devem levar, efetivamente, sua boca e seu cérebro.
O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.
A afetividade é uma condição indispensável de relacionamento com o mundo. Nossa relação com o mundo é em si afetiva; sempre estabelecemos um vínculo que envolve nossa afetividade, que nos agrada ou desagrada em diferentes níveis. Mas não amamos nem odiamos por predisposição genética.
É a partir das experiências prazerosas ou desagradáveis que se constituem nossas inclinações, nossas preferências, nossa forma de nos posicionarmos com o mundo, nossa forma de entende-lo. Este é um marco de uma cultura que nos provem dos significados socialmente construídos. Por isso que consideramos importante não esquecer o quão importante é esse conceito na hora de refletir nossas práticas, sociais em especial, a educação.
É preciso recuperar a ideia de homem como unidade, como indivíduo social, histórico cultural, para pensar que o aluno não é um depósito de conhecimento, dando lugar à uma forma de relacionamento com o mundo. Melhorar essa relação gerando experiências positivas de encontro com o conhecimento, talvez seja um conteúdo a mais que a formação docente tem que incorporar.

Professora Ludimila, Curso G9

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Educação e Identidade Humana

Educar para Transformar = Educar para a Identidade Humana
Educar para transformar é a filosofia do Curso G9, expressando a ideia de que o saber comprometido leva a atitudes que transformam.
Na Revista Pátio de maio/julho 2008, encontra-se um artigo do educador e psicólogo Yves de La Taille, professor titular do Instituto de Psicologia da USP, que vai ao encontro desta filosofia do Curso G9. Ele faz referência à sociedade de consumo, à educação dos jovens e à sobrevivência de nosso planeta. Tomei a liberdade de transcrever as principais ideias para este blog, na intenção de aprofundar nossa prática rumo ao alcance da filosofia do G9.
O autor destaca, inicialmente, uma fala de Pascalet, filósofo francês: “Nesse começo do século XXI, se todos os homens consumissem como os europeus, precisaríamos nada menos do que três planetas para satisfazer nossas necessidades. Se eles tivessem o modo de vida dos americanos,seriam necessários seis”.
O autor argumenta, então, que estratégias educacionais que visem a preparar os alunos para o bom trato do meio ambiente, para o chamado “desenvolvimento sustentável”, para a convivência harmoniosa dos homens com o seu planeta e para a própria sobrevivência da humanidade devem imperativamente focar o grave problema do consumo. Afirma, depois, que isso é muito difícil de ser feito numa sociedade que é justamente chamada de “sociedade do consumo”. Ter êxito em convencer alguém de que deve consumir menos e melhor implica enfrentar poderosos interesses. E implica também enfrentar os valores de uma cultura que ele chama de cultura da vaidade.
Exemplifica essa teoria falando das aparências. Tudo é feito para “encher os olhos”, para impressionar, para chamar e prender a atenção.
Afirma que até mesmo aulas e palestras, que deveriam primar pela clareza e pela simplicidade, assemelham-se cada vez mais a espetaculosos exercícios de retórica acompanhados de uma parafernália tecnológica digna de um Cirque du Soleil. Os fatos cotidianos tornam-se “fantástico show da vida”, e as celebridades não se privam de dar espetáculos de si. E todos acabam imitando-as, pois os indivíduos, além de serem levados a ver o mundo com as lentes do espetáculo, são incentivados a se tornar um dos seus participantes pela imitação do estilo de vida dos personagens da moda.
Lembra que é tal superficialidade que domina nossa sociedade, que na televisão, por exemplo, debates sobre temas relevantes, quando existem, são programados para altas horas da noite, ao passo que frivolidades ocupam o horário nobre. Normalmente, se dá um minuto para que um cientista explique determinada teoria, e uma hora para que um jogador de futebol comente seu gol ou seu casamento.
Reafirma que nossa cultura mostra-se vazia e vã em vários aspectos; portanto, merece, ao menos em parte, ser chamada de “cultura da vaidade”. A necessidade psicológica do consumo está mais nas marcas de visibilidade do que nas necessidades pragmáticas de sobrevivência e conforto. Consome-se para, por meio da ostentação daquilo que foi adquirido, dar um “espetáculo de si”. Consumo e superficialidade andam juntos. Infelizmente, consumo também acompanha a violência: o dinheiro obtido no assalto troca-se pelo tênis de marca, pela camisa de marca. O vestuário cumpre a função de diferenciar-se para destacar-se. Consome-se para não morrer psicologicamente, já que se vive uma vida imaginária no pensamento dos outros. E, às vezes, para não morrer, mata-se. E mata-se o planeta.
O autor conclui afirmando: “impõe-se que uma educação para o desenvolvimento sustentável não ignore o problema do consumo nem o dissocie da própria constituição da subjetividade. Trata-se de um problema moral: o direito de todos e das próximas gerações a uma vida digna em um planeta que a permita. Trata-se também de um problema ético: reavaliar o que seria, de fato, uma ”vida boa”. E como pensar sobre a vida que queremos viver implica refletir sobre quem queremos ser (identidade), uma educação que vise à conscientização dos alunos sobre o seu papel como habitantes da Terra não pode limitar-se aos aspectos técnicos da questão. Ela deve levar os jovens a pensar sobre o que, afinal, é ser humano”.
Referência:Revista Pátio, Ano XII Nº 46, maio/jul 2008, p 17 a 19.

Profª Francisca, Curso G9

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Internet e Redes Sociais


Colegas, neste tempo em que estamos refletindo sobre a fama adquirida pela internet, as novas configurações sociais advindas dessa rede de relacionamento, os prós e contras da internet na formação da identidade, a notícia abaixo traz mais um elemento para refletir: os famosos têm deixado de usar o twitter. Será o primeiro passo no ajuste do uso salutar desse relacionamento virtual?

Celebridades descobrem o lado ruim do Twitter
REUTERS
Por Zorianna Kit

LOS ANGELES (Reuters) - Será que a obsessão das celebridades pelo Twitter está começando a acabar?

Quando o cantor John Mayer, um dos mais célebres tuiteiros, com 3,7 milhões de seguidores, fechou sua conta na segunda-feira, engrossou a lista de celebridades que tem abandonado o serviço de microblog.

Alguns astros estão descobrindo que o Twitter pode ser ótimo como ferramenta promocional ou para falar com os fãs, mas que também tem seu lado negativo.

A cantora adolescente Miley Cyrus deletou sua conta há um ano, depois de ser convencida por seu novo namorado, Liam Hemsworth, a ficar em silêncio.

Amanda Bynes, de "Hairspray", cancelou sua conta na semana passada, sem dar satisfação aos fãs. No começo do mês, Demi Lovato, 18 anos, estrela da Disney, anunciou que iria dar "adeus ao Twitter" porque "o acesso que as outras pessoas têm é desconfortável para mim".

"A bênção de tuitar para as celebridades era essa ideia de que você poderia evitar o envio de um press release e ir diretamente àqueles que estão lhe seguindo", disse Robert Thompson, professor de Televisão e Cultura Popular da Universidade Syracuse.

Mas muitas celebridades estão passando constrangimentos por causa do que escrevem.

Bynes, 24 anos, não deu explicações para o fim do seu Twitter, mas aparentemente não se deu muito bem com esse universo. Neste ano, ela usou o serviço para anunciar que iria deixar a carreira de atriz, mas desanunciou a aposentadoria um mês depois.

Ela também brigou com usuários que discordavam das suas tuitadas, inclusive no que diz respeito a suas preferências em relação aos homens.

"Muitas celebridades estão descobrindo o velho ditado de que a familiaridade alimenta o desprezo", disse Thompson à Reuters. "Costumávamos achar que as celebridades eram pessoas distantes, com as quais jamais poderíamos nos comunicar. O Twitter reverteu isso, e algumas celebridades estão ficando cansadas."

Basta perguntar à cantora country LeAnn Rimes, que era uma usuária ativa do Twitter na época em que seu casamento acabou, depois de ela trair seu marido com o ator casado Eddie Cibrian.

Depois de Rimes e Cibrian se divorciarem dos respectivos cônjuges, a dupla foi fotografada se beijando, o que causou indignação. A cantora então começou a ser atacada no Twitter e, quando tentou se defender pelo microblog, foi ainda mais retaliada.

Em julho, Rimes fechou sua conta, declarando ser "insalubre para mim e para a minha família ler comentários negativos". Uma semana depois, no entanto, ela voltou ao microblog, contando que sentia saudade dos fãs e queria que eles soubessem "o quanto eu aprecio vocês".

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ética - o que é, o que foi e como está

O que é
Definir a Ética não é uma tarefa fácil, especialmente por que os calendários e as paisagens costumam mudar o significado da palavra. Ou seja, cada cultura, em lugares e tempos diferentes, mostrou o seu entendimento a respeito do que seria a ética.
Bem, primeiramente podemos ter certeza de que a Ética está ligada às ações dos homens, ou seja, tem por finalidade orientar e julgar as atitudes das pessoas mediante algum tipo de ponto de referência. A Ética visa moldar as ações humanas.
Já que a Ética tem a finalidade de reger a conduta e a prática das pessoas, outra coisa que podemos saber com segurança a seu respeito é que a Ética orienta e julga os atos através de um sistema de valores, através dos quais define o que deve ser feito e o que não deve ser feito. A Ética, portanto, deve ser capaz de realizar juízos de valor sobre os atos, classificando-os em bons ou ruins, fazendo isto a partir de um princípio fundamental.
Bem, agora que sabemos que a Ética deve fazer juízos de valor sobre os atos das pessoas, podemos dar um passo a mais: a Ética deve erguer seus juízos de valor sobre um princípio fundamental, uma pedra essencial que possa organizar e alinhar os juízos de valor.
E a finalidade vem a reboque: a finalidade da Ética é estabelecer padrões e limites de forma que o convívio social possa ser preservado e todos mantenham sua integridade física, psíquica e assim por diante. A ética visa regular as ações dos homens no meio social, a fim de que essas ações não venham a prejudicar os outros homens que estão implicados nesse mesmo meio.
Na tentativa de aproximação de uma definição, pode-se dizer que a ética é um conjunto de princípios que estabelecem juízos de valor sobre a conduta humana, visando orientar e regular a ação do homem na sociedade através de um conceito fundamental e essencial, com a finalidade de garantir a integridade dos membros dessa sociedade.

O que foi
Já sabemos que origem da Ética está lá na Grécia Antiga, mas para podermos compreender melhor teremos de olha o próprio sentido da palavra grega que deu origem ao termo “Ética”. Um dos primeiros a usar o termo foi o pré-socrático Heráclito. Para Heráclito, o centro a partir do qual se desdobram os atos, as ações dos homens é um lugar profundo e pessoal no ser humano, que seria a consciência ou a índole. Assim, as atitudes são o reflexo e resultado do que está no interior, a índole de uma pessoa, ou seja, o seu éthos (e,,,,,,,,,,,qos).
Contudo, Aristóteles compreendeu a questão da ação humana de forma diferente, visto que para ele o comportamento não é resultado de uma natureza que nasce com a pessoa, ou seja, a índole, mas sim de uma questão de repetir sempre os mesmos atos, ou seja, hábitos. Para ele, o que está no homem, em seu e,,,,,,,,,,,qos não é importante, mas sim os hábitos que ele vai aprendendo ao longo de sua vida, ou seja, os seus costumes, ou ethos (hqos).
Deve se reparar que a palavra que Heráclito usa para índole é idêntica à palavra que Aristóteles usa para costume, visto que na língua grega duas letras diferentes tem o mesmo som de “e”. Assim, as palavras são pronunciadas de forma idêntica, mas são duas palavras diferentes.
Como Aristóteles foi mais lido e mais traduzido para o latim, acabou predominando a concepção de que a Ética é uma questão de costumes, e isso pode nos ajudar a entender por que Ética e Moral estão sempre tão próximas que pensamos serem a mesma coisa. O que aconteceu é que a palavra “moral” vem do termo latino mores, que significa costumes, e como a concepção de Ética de Aristóteles acabou prevalecendo durante a Idade Média, então por muito tempo (e ainda hoje) muitos estudiosos afirmam não haver nenhuma distinção entre a Ética e a Moral, ou seja, ambas são relativas aos costumes de cada cultura, costumes estes que estabelecem o que é certo e o que é errado.
Embora os pré-socráticos já discutissem o tema da Ética, essa só veio para o centro do palco a partir de Sócrates e seus embates com os sofistas. Os sofistas pensavam uma Ética relativizada, pois como disse Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas". O problema da relatividade da verdade impedia que houvesse uma base universal sobre a qual pudesse repousar uma Ética de largo alcance.
Sócrates discordando dos sofistas sustentou que existe um saber universal e válido que decorre da essência humana daí se pode conceber a fundamentação de uma moral universal. Ao enunciar sua máxima: "Conhece-te a ti mesmo" traduz que o essencial a todos é a alma racional. Dessa forma, o fundamento da Ética de Sócrates esta no fato de que "o homem é essencialmente razão", e por isso a ética socrática é racionalista.
Platão apurou o conceito da distinção entre corpo e alma. Argumentava Platão que o corpo é a sede de desejos e paixões, e por isso mesmo muitas vezes desvia o homem de seu caminho para o bem. Logo, a base da Ética de Platão estava na virtude residente na alma, que deveria ser elevada ao mundo das idéias para vencer as paixões do corpo material.
Aristóteles desenvolveu também uma ética racionalista e mais realista de forma que a reflexão e a contemplação deveriam levar a pessoa a agir corretamente, através da prática das virtudes. A virtude é o ponto de equilíbrio entre extremos, um dos quais envolve o excesso e o outro a deficiência. A virtude é o princípio ético que leva à felicidade.
Tanto em Platão como em Aristóteles, a ética está vinculada à vida social, no meio da polis, mas o enlace da filosofia grega com o cristianismo vai mudar isso, visto que os cristãos não estão vinculados a uma nacionalidade ou cidade, mas sim a um Deus pessoal e transcendente.
Os filósofos cristãos acabam então herdando a discussão sobre ética dos pensadores gregos e redimensionam a questão da ética através da ótica cristã. É interessante notar que a ética judaico-cristã tem seu fundamento na pessoa do próprio Deus. A imagem mais clara disso está em dois relatos essenciais para se compreender a ética cristã, que são as Dez Palavras (conhecido como Dez Mandamentos) e o Sermão do Monte proferido por Jesus.
O fundamento da ética judaica expressa nas Dez Palavras é a própria pessoa de Deus, e por isso a tradição das duas tábuas, já que uma tábua conteria a ética com relação ao homem e Deus, e a segunda com relação ao homem e seu semelhante. O homem deve ser justo com o outro, por que sua ética se fundamenta no fato de que o mesmo Deus criou a ambos.
Sobre esse mesmo fundamento ético Jesus lança seus termos éticos no sermão do monte, que ocupa os capítulos de 5 a 7 do Evangelho de Mateus. A ética de Jesus continua repousando sobre o alicerce da pessoa de Deus Pai, com um avanço notável sobre as Dez Palavras, uma vez que Jesus coloca no seu projeto ético uma consideração sobre a intenção humana. Enquanto as Dez Palavras tratam das ações humanas, Jesus coloca a ética no centro do coração humano, levando as ordens até os recônditos do coração. Jesus diz que obedecer a Deus não é apenas uma questão de disposição exterior, mas também interior, uma vez que o coração tem de estar alinhado com o Reino e a sua justiça.
Os pensadores cristãos herdaram alguns elementos da tradição filosófica grega, reconfigurando-os na concepção cristã. A purificação da alma sugerida inicialmente por Platão para alcançar a virtude foi retomada Santo Agostinho (séc. II), adicionando a idéia da interioridade, pois ser santo é quando o homem faz o bem e para isso Agostinho ordena: “Ama e faz o que queres, porque se amas corretamente, tudo quanto faças será bom”.
São Tomás de Aquino (século XIII) distinguiu as virtudes éticas em virtudes teologais, que seriam acessíveis ao homem apenas pela graça de Deus, e as virtudes cardinais, acessíveis a qualquer homem, por meio de suas faculdades naturais.
Com o Renascimento houve uma retomada do humanismo que voltou a reflexão ética para a autonomia humana, rompendo ao menos em parte com o fundamento ético da pessoa de Deus. Este movimento acabou desembocando no Iluminismo, quando os filósofos passam a defender que a moral deve ser fundamentada não em valores religiosos e sim na compreensão sobre a natureza humana, em valores universais que possam ser compreendidos e aceitos por qualquer cultura em qualquer tempo, independentemente da religião ou nacionalidade.
Um exemplo claro da busca dessa universalidade pode ser encontrada em Immanuel Kant, que afirmava que a ética era um dever universal, independente da condição individual na qual cada um se encontra diante desse dever. Isto é, não importando as circunstâncias ou contextos, o dever é o mesmo e imutável por que está baseado em leis universais e imutáveis que a razão conhece. Por isso a Ética é um Imperativo Categórico, visto que é uma ordem que não admite hipóteses, não muda diante dos contextos.
Hegel foi crítico de Kant, no sentido em que considera a moral como uma questão que deve passar obrigatoriamente pelas instituições da cultura. Isso equivale a dizer que a ética não existiria em uma forma universal, válida para todos os tempos, mas a ética seria então o acordo e a junção entre a vontade do indivíduo e a vontade da sociedade. A Ética para Hegel nasce na harmonia entre a vontade pessoal e os costumes estabelecidos pela cultura, e por isso a Ética muda assim como mudam os costumes de cultura para cultura.
Nietzsche criticou o racionalismo ético que reprime, bem como se tornou um duro acusador da herança da ética judaico-cristã. Para ele, as noções de pecado, de culpa e inferno são apenas formas de dominação de uns poucos sobre muitos. Logo, a filosofia de Nietzsche acaba colocando sob ataque as próprias bases da Ética ocidental, que residem sobre a tradição judaico-cristã.
A discussão ética atual tem em Jürgen Habermas um de seus maiores representantes. Habermas desenvolve uma ética discursiva fundada no diálogo e no consenso entre os sujeitos. O que se busca no diálogo é a razão que, tendo sido reconhecida pelos participantes do diálogo, que serviria de base última para a ação moral.
O conceito de razão em Habermas é uma razão que se constrói a partir da argumentação. É uma razão interpessoal e não mais subjetiva, uma razão processual, não definitiva e não acabada. Logo, a Ética de Habermas é uma aposta na linguagem e na capacidade de entendimento entre as pessoas na busca da ética universal baseada em valores válidos e aceitos por consenso.

Como está
Para compreendermos a situação atual da discussão sobre Ética, devemos compreender ao menos superficialmente o que muitos historiadores e sociólogos têm chamado de Pós-Modernidade.
A Pós-Modernidade é uma corrente de pensamento que é uma espécie de reação à modernidade, rejeitando alguns aspectos da era moderna e repaginando alguns outros dentro de uma nova perspectiva. Alguns pontos do universo da modernidade que aparecem como maior alvo de rejeição por parte do pensamento pós-moderno são o racionalismo, a crença na ciência como redentora dos males da humanidade e a concepção de história como uma evolução social.
O homem pós-moderno mantém suas reservas de desconfiança da razão, que foi senhora absoluta no Iluminismo, bem como critica a ciência como refém dos interesses de uns poucos poderosos apenas. Algumas características essenciais da Pós-Modernidade são o individualismo tão exagerado que chega a ser narcisismo, a ausência de grandes sistemas filosóficos, como um grande buraco na área da reflexão, e um ambiente cada vez mais tecnológico que têm alterado o próprio ser humano.
Todas essas características têm se combinado em uma teia complexa, de forma que a Ética é uma matéria tão atual justamente por que se percebe que o novo tempo que está raiando esgotou as respostas éticas do passado, o que dá a impressão que a ética de nossos dias está falida, decadente.
Freqüentemente a pós-modernidade despreza o sentido da culpa e do erro, de forma a diminuir a ação da consciência. O extremo individualismo acarreta em um relativismo que dá direitos a todos de estabelecerem seus padrões éticos de acordo com as circunstâncias e contextos, o que mostra a tendência pós-moderna de basear sua ética no prazer e na satisfação pessoal.
Se por um lado a ética pós-moderna acabou presa aos interesses do indivíduo e moldada por ele segundo suas necessidades, por outro os novos campos de conhecimento tem aberto novos horizontes e a cada dia surgem novas questões que esperam por respostas de uma ética que ainda não surgiu. Essa nova ética deverá compreender tanto a perspectiva individualista dos nossos tempos, como a perspectiva ampla de um mundo globalizado.
No campo das pesquisas genéticas e médicas, desde a década de 80 vêm surgindo a chamada bioética. Neste campo ético se encontram diversos temas complexos, como as células tronco, clonagem de seres humanos, alimentos geneticamente modificados e até mesmo eutanásia.
No campo dos negócios e do mundo corporativo, tem surgido a Ética dos Business. A partir da década de 70 começou a se desenvolver nos EUA um debate diante dos escândalos envolvendo corrupção nas empresas e também o marketing enganoso e manipulador. Nos anos 80 mais de três quartos das grandes empresas dos EUA já possuíam um código de conduta e comitês de ética, que deveriam orientar desde a convivência dos executivos, estabelecendo uma ética de trabalho para convivência no ambiente da empresa, até a relação das empresas com os clientes, passando pela forma como os produtos seriam feitos e anunciados.
A proliferação das mídias de comunicação acabou levantando uma outra grande série de questões éticas, principalmente em torno dos interesses por trás da manipulação das mídias sobre os gostos e desejos de milhões de espectadores.
A Internet surge numa grande explosão de expansão em meados da década de 90, e logo começam a surgir debates sobre a necessidade de uma ética que pudesse abarcar essa nova rede de comunicação. O anonimato do internauta, os diversos recursos de exposição do outro, a possibilidade de uma existência virtual e diversas outras questões figuram entre um universo de interrogações éticas na web.
O maior temor dos pais é que a rede divulga temas como pornografia, violência, racismo, atividades ilegais, entre outros, e com o clique de um mouse acaba se entrando em um mundo de muitas armadilhas e perigos. Além do mais, a possibilidade de anonimato pode se tornar um atrativo para agressões a outros, que acabam se tornando presas fáceis. É o chamado cyberbullying.
A ética necessária para esclarecer os limites do uso da Internet não vai surgir sem reflexão e engajamento da sociedade, principalmente por parte daqueles que estão ligados à rede.
Jeferson Carvalho Alvarenga - Professor do Ensino Médio

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Educação - Família&Escola

Caros pais e profissionais da educação,
Repasso, abaixo, artigo sobre a educação e a parceria que deve ter escola e família nessa tarefa. O artigo aborda também a lei que tenta regulamentar os limites dos castigos dados aos filhos.
Gazeta do Povo, 29/08/2010 - Curitiba PR
O direito intransferível dos pais na educação - João Malheiro

Têm vindo à baila recentemente no noticiário algumas pretensões governamentais de legislar sobre como os pais devem educar os seus filhos, dispondo sobre os limites dos castigos, das palmadas e dos beliscões por parte dos progenitores. Nessa mesma direção, autoridades judiciárias do Rio Grande do Sul chegaram inclusive a afirmar que “os filhos não são propriedades dos pais. Eles são cidadãos e por isso pertencem ao Estado, dessa forma é perfeitamente cabível a interferência dele na educação da criança”. Diante dessas aberrações, é natural que todos nós educadores fiquemos alertas e apreensivos, pois de ideias desse tipo a nossa triste história está cheia. Já se comprovou que é por aí que Estados totalitários começaram a invadir direitos humanos, desrespeitando a dignidade humana. Felizmente, a maioria dos pais reagiu prontamente, como se devia esperar. Na pesquisa recente do Instituto DataFolha, de São Paulo, 54% dos 10.905 entrevistados afirmaram ser totalmente contra o projeto de lei e 10% não sabiam o que responder. 36% dos pais, entretanto, foram favoráveis. Diante desses fatos, talvez seja bom recordar alguns conceitos básicos de educação para esclarecer o pensamento tanto dos indecisos e favoráveis às intenções governamentais quanto do público em geral. A primeira ideia básica, indicada na Declaração Universal de Direitos Humanos no seu artigo 26, é que os pais têm o direito de escolher a educação que preferirem para os seus filhos, em todos os seus aspectos. Os países que assinaram esse acordo em 1948 chegaram a definir que esse princípio seria considerado entre os mais básicos, e que sob pretexto algum um Estado poderia interferir nele ou negá-lo. Esse direito dos pais de educar seus filhos fundamenta-se no direito que os filhos têm de receber uma educação adequada à sua dignidade humana e às suas necessidades básicas. Um atentado contra esse direito do filho, que em justiça deve ser reconhecido e amparado pela sociedade, é uma violência que jamais poderá ser permitida. Inclusive, no caso daqueles pais que se sintam incapazes de educar ou que acreditem que outras instituições possam fazê-lo melhor, o Estado terá de conscientizá-los de que não podem renunciar a serem educadores. Sempre é bom recordar que a família é o lugar natural por excelência em que as relações de amor, de serviço e de doação mútua se descobrem, valorizam e aprendem. É nesse ambiente que o “ser animal”, que todos nós somos quando nascemos, tem facilidade para se tornar um verdadeiro ser humano, com todas as suas potencialidades bem desenvolvidas. Pais, irmãos, primos, tios, avós devem ser, portanto, a primeira grande escola da vida. Se a educação é a atividade primordial de um pai e de uma mãe, qualquer outro agente educativo somente o será por delegação dos pais e sempre subordinado a eles. Quando colocam seus filhos numa escola, os pais não devem se sentir livres da tarefa árdua de educar ou, o que é pior, como se estivessem transferindo essa responsabilidade para outras pessoas, supostamente mais preparadas. É preciso recordar-lhes que a verdadeira competência para educar bem os próprios filhos nasce pelo simples fato de serem eles os pais. Portanto, como já dizia o Papa João Paulo II, em sua Carta às Famílias, “qualquer outro colaborador no processo educativo deve atuar em nome dos pais, com seu consentimento e, em certo modo, inclusive, por encargo seu”.
Parece ficar claro que, para evitar intromissões do Estado, como a apontada no início, é preciso mudar radicalmente a visão que muitos pais têm da escola. Ela deve ser vista, de acordo com um educador espanhol, David Isaacs, como “um projeto comum de melhora integral de pais, professores, funcionários e alunos”. Um local no qual os pais pedem a colaboração de professores e funcionários para ajudá-los a continuar nessa tarefa que já fazem em casa de auxiliar os filhos a serem melhores. A escola deverá ser sempre um prolongamento do lar. Um instrumento para a tarefa dos próprios pais, enquanto pais, de educar – e não só um lugar que proporcione uma série de conhecimentos. Por isso deverá haver sempre uma grande integração entre os pais e professores. Ambos devem estar motivados para alcançar uma série de objetivos educativos e formativos para os seus filhos/alunos. Naturalmente, muitos leitores diante dessas ideias terão sentimentos de culpa e pensarão: “preciso me dedicar mais à escola do meu filho..., mas como conseguir ter tempo para isso se na empresa...”. É evidente que, na vida que corre, isso parece quase impossível. Porém ter tempo para as obrigações é sempre uma questão do que valorizamos e priorizamos. De todas as formas, penso que ficou claro neste artigo que o pátrio poder é um direito intransferível que incumbe prioritamente à família como direito natural e humano. Jamais qualquer pai ou educador digno deste nome poderá ficar impassível diante de possíveis ameaças presentes ou futuras a este direito.
Profª Marcia Gil de Souza

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

EDUCAÇÃO E AFETO

"Ser mestre não é apenas lecionar. Ensinar não é apenas transmitir matérias. Ser mestre é ser instrutor e amigo, guia e companheiro. É caminhar com o aluno passo a passo, é transmitir a ele o segredo da caminhada." (PIAGET)

A afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. Inicia-se a partir do momento em que um sujeito se liga a outro pelo amor.
Nesta perspectiva é tarefa e desafio da escola assumir efetivamente, em parceria com os pais, a função de proporcionar aos alunos oportunidades de evoluir como seres humanos. Para isto, seu trabalho pedagógico e educacional é cuidar da sua formação, fazendo-os cumprir regras, impondo-lhes limites, e acima de tudo acreditando que os alunos tem capacidade de suportar frustrações. A escola realiza tais funções? Sabemos como é difícil e complicada essa tarefa. Os momentos de afetividade vividos na escola são fundamentais para a formação de personalidades sadias e capazes de aprender.
Sendo assim, o ensinar é um processo basicamente relacional, onde tanto o professor, como a escola, o meio social, e não só o aluno, são responsáveis pelo seu desenvolvimento, sucesso ou fracasso.
Como se relacionar bem sem afeto? Como se relacionar sem considerar sentimentos, desejos e necessidades, de ambos os lados: daquele que educa e daquele que é educado?
A verdade é que, embora o professor tenha alto nível intelectual e grande conhecimento de sua matéria, a maneira como ele se relaciona com seus alunos será a chave do sucesso da transmissão do que ensina.
Respeito pelas diferenças, abandono de pré-conceitos, vontade de aprender e não de exercer poder, saber ouvir, equilíbrio emocional, coerência, clareza de objetivos, saber elogiar em lugar de priorizar os erros, todos são itens fundamentais na construção de uma relação afetuosa do professor com seus alunos.
Considerando esses pontos, o relacionamento entre professor e aluno deve ser de amizade, de respeito mútuo, de troca de solidariedade, não aceitando de maneira alguma um ambiente hostil e opressor que semeie o medo e a raiva no contexto de sala de aula. A prática pedagógica deve sempre prezar o bem estar do educando. Quando o educador consegue entender o poder dessa pedagogia do amor e todo o bem que a mesma traz, mais e mais alunos aprenderão com maior facilidade e gosto e, acima de tudo, mais e mais professores notáveis e inesquecíveis passarão pela vida de nossos educandos deixando suas marcas positivas.
Helen Maria Carneiro professora da Educação Infantil do Curso G9.